"Pressão Máxima" dos EUA contra o Irã
Entre os meses de outubro e meados de dezembro de 2019 ocorreram “revoltas populares” no Líbano, Iraque e Irã. Essa foi a primeira jornada internacional de protestos na região desde a chamada "primavera árabe", ocorrida há quase uma década. Essas manifestações seguiram roteiros repetidos na última década e nos dão boas pistas de como o jogo é jogado hoje. Surgem como espontâneas rebeliões contra a corrupção, inflação, ditaduras, opressão clerical. Mas, em um certo estágio de seu desenvolvimento, manipuladas por direções contrarrevolucionárias, pró-imperialistas, são desviadas para atender aos interesses do grande capital internacional. Alguns destes protestos populares, como o que ocorreu na Líbia em 2011, se revelam como manipulados desde o princípio. São operações de guerra híbrida manipuladas pelos EUA e Israel, que possuem e financiam ditaduras monárquicas, corruptas, teocráticas e sanguinárias, como a da Arábia Saudita, seu principal governo aliado na região.
"Eu levantei três tópicos principais com o Secretário Pompeo: Irã, Irã e Irã", disse o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em Lisboa no dia quatro de dezembro.
"Estamos apoiando o povo do Líbano na sua luta contra a corrupção e o terrorismo. Hoje denunciamos dois empresários libaneses proeminentes cujas atividades financeiras ilícitas apoiam o Hezbollah. Continuaremos a usar todas as ferramentas à nossa disposição para combater a ameaça que o Hezbollah representa. ” Secretário Pompeo, 13 de dezembro de 2019.
Pompeu
apareceu no cenário político estadunidense como o “congressista dos irmãos
Koch”, os empresários dos EUA que mais patrocinaram diretamente com o golpe de
Estado contra o PT no Brasil. Pompeu substituiu o antiquado e ineficaz Rex
Tillerson na Secretaria de Estado dos EUA.
A
corrupção é uma das características dos governos capitalistas. O executivo,
judiciário e legislativo dos Estados modernos, mais do que nunca, são comitês
gestores dos negócios burgueses. Aprovam leis para tornar legal e público esses
negócios e quando não aprovam, os gerenciam da forma mais conveniente, ilegal
mesmo. Mas, chama a atenção que as rebeliões atuais no Oriente Médio foram
desatadas poucas semanas depois da ofensiva econômica e militar dos EUA e Grã
Bretanha contra o Irã.
A ofensiva, conhecida como "pressão máxima" foi derrotada pela ação decidida da nação persa de revidar na base do "olho por olho, dente por dente" as escaramuças com drones, apreensão de navios e contra-ataques bem sucedidos à Arábia Saudita via guerrilha huti Iemenita. Depois da surra histórica no Vietnã, os EUA evitam entrar em guerra contra qualquer país se a vitória não for certa.
A ofensiva, conhecida como "pressão máxima" foi derrotada pela ação decidida da nação persa de revidar na base do "olho por olho, dente por dente" as escaramuças com drones, apreensão de navios e contra-ataques bem sucedidos à Arábia Saudita via guerrilha huti Iemenita. Depois da surra histórica no Vietnã, os EUA evitam entrar em guerra contra qualquer país se a vitória não for certa.
Trump
então mudou de tática, demitiu o Conselheiro de Segurança Nacional, John
Bolton, a quem responsabilizou pelo fracasso da ofensiva anti-iraniana. Segundo
o jornal "The New York Times, o motivo da demissão foram
"discordâncias fundamentais" sobre como lidar com políticas externas
em relação ao Irã, Coreia do Norte e Afeganistão. Em seu lugar, Trump nomeou Robert
O’Brien, um negociador de reféns. Trata-se da mudança de um assessor de
tendências belicista, habituado a ofensivas, por um articulador de ações não
belicistas.
Em seguida, a Casa Branca retirou as tropas dos EUA da Síria e tentou uma reaproximação com a Turquia, aliada da Rússia e a China desde a tentativa fracassada de Golpe militar arquitetada pela CIA contra Erdogan, em 2016.
Em seguida, a Casa Branca retirou as tropas dos EUA da Síria e tentou uma reaproximação com a Turquia, aliada da Rússia e a China desde a tentativa fracassada de Golpe militar arquitetada pela CIA contra Erdogan, em 2016.
Trump
ordenou a evacuação das tropas do norte da Síria no dia sete de outubro de
2019. A medida, consumou, depois de nove anos de guerra, a vitória de Assad,
apoiado por Putin, na carnificina patrocinada por Obama e Hillary, fortaleceu
ao Hezbollah, partido xiita guerrilheiro, apoiada pelo Irã e ao bloco de países
composto pela própria Síria, Rússia, Turquia, mas sobretudo do Irã, na região.
Líbano
Ainda em
outubro, teve início uma revolta popular no Líbano contra o estabelecimento de
uma taxa equivalente a U$ 0,20 em cada primeira ligação diária pelo Whatsapp,
que poderia levar ao um custo de seis dólares mensais. Os protestos se
estenderam para outras pautas, sobretudo contra a corrupção, mas também, e não
por coincidência, reabriu antigas divisões, como as causadas pela chamada
“Revolução do Cedro”, de 2005, que dividiu o país entre manifestantes pró-síria
e pró-ocidente (leia-se, EUA, UE e Israel). Logo os protestos conseguiram
derrubar o primeiro ministro apoiado por uma coalizão formada pelo Hezbollah.
Como afirmam as declarações do Secretário de Estado Mike Pompeu, reproduzidas
no início desse artigo, o objetivo do apoio dos EUA ao apoiar os protestos é
perseguir as frações empresariais associadas ao Hezbollah, e por fim, tirar
proveitos do caos regional e quiça de uma nova guerra civil.
No Líbano, desde o início dos protestos, o preço das mercadorias subiu muito alto. Faltam medicamentos e bens no mercado e a lira libanesa perdeu mais de 40% de seu valor para o dólar americano. Muitos libaneses perderam o emprego ou se viram com um salário reduzido à metade. O Líbano chegou perto da guerra civil quando os partidos políticos pró-EUA fecharam as estradas principais e tentaram principalmente bloquear a ligação xiita do sul do Líbano à capital, nos arredores de Beirute e de Beirute ao vale de Bekaa. A guerra foi evitada quando o Hezbollah emitiu uma diretiva instruindo todos os seus membros e apoiadores a saírem das ruas, pedindo aos membros que parassem e persuadissem qualquer membro aliado a sair das ruas e a evitar o uso de motocicletas para assediar manifestantes. As instruções eram claras: 'Se alguém te bater na face direita, vire a ele a outra também.' O Hezbollah entendeu o que os cantos de Beirute estão escondendo: um convite para iniciar uma guerra, principalmente quando por mais de um mês o exército libanês se recusou a abrir as estradas principais, permitindo que não apenas manifestantes legítimos, mas também bandidos governassem. (What have the US and protestors in Lebanon achieved over Iran and its Allies? 08/12/2019, Elijah J Magnier).
Iraque
Ato contínuo aos caos intalado no Líbano, eclodiram protestos no Iraque contra a influência iraniana no governo de Bagdá. Protestos estranhos em defesa da soberania iraquiana porque, como todo o planeta bem sabe, são os EUA e não o Irã o país que vem destroçando o Iraque desde, pelo menos, a chamada Guerra do Golfo, em 1990, depois de ter conduzido Bagdá a uma guerra fratricida contra o Irã na década anterior. Em seguida, Washington impôs a fome ao país por meio de bloqueios econômicos cruéis e, por fim, em nome de uma descarada mentira de que o país representava uma ameaça mundial e de que seria produtor de armas de destruição em massa, Geoge W. Bush realizou uma sanguinária ocupação militar do país mesopotâmico. Segundo estimou o Serviço de Pesquisa do Congresso dos EUA, ao final do ano fiscal de 2011, os Estados Unidos gastaram 802 bilhões de dólares para financiar a guerra no Iraque. Esse dinheiro foi destinado ao Complexo Militar industrial.
Desde 2003 até hoje, morreram 288 mil pessoas, segundo o Iraq Body Count. O relatório do Instituto Watson de Assuntos Internacionais e Públicos, da Universidade Brown, calculou o número de mortes da "Guerra ao Terror" no Iraque, Afeganistão e Paquistão entre 480 mil e 507 mil, mas assegurou que o número é provavelmente maior. Há também outras fontes que registram igualmente o Terror imposta pelos criminosos de guerra dos EUA que criaram a "Guerra ao Terror"
Ato contínuo aos caos intalado no Líbano, eclodiram protestos no Iraque contra a influência iraniana no governo de Bagdá. Protestos estranhos em defesa da soberania iraquiana porque, como todo o planeta bem sabe, são os EUA e não o Irã o país que vem destroçando o Iraque desde, pelo menos, a chamada Guerra do Golfo, em 1990, depois de ter conduzido Bagdá a uma guerra fratricida contra o Irã na década anterior. Em seguida, Washington impôs a fome ao país por meio de bloqueios econômicos cruéis e, por fim, em nome de uma descarada mentira de que o país representava uma ameaça mundial e de que seria produtor de armas de destruição em massa, Geoge W. Bush realizou uma sanguinária ocupação militar do país mesopotâmico. Segundo estimou o Serviço de Pesquisa do Congresso dos EUA, ao final do ano fiscal de 2011, os Estados Unidos gastaram 802 bilhões de dólares para financiar a guerra no Iraque. Esse dinheiro foi destinado ao Complexo Militar industrial.
Desde 2003 até hoje, morreram 288 mil pessoas, segundo o Iraq Body Count. O relatório do Instituto Watson de Assuntos Internacionais e Públicos, da Universidade Brown, calculou o número de mortes da "Guerra ao Terror" no Iraque, Afeganistão e Paquistão entre 480 mil e 507 mil, mas assegurou que o número é provavelmente maior. Há também outras fontes que registram igualmente o Terror imposta pelos criminosos de guerra dos EUA que criaram a "Guerra ao Terror"
Outros relatórios e pesquisas apresentaram uma variedade de estimativas de números de iraquianos mortos. A Pesquisa sobre a Saúde da Família Iraquiana, que contou com o apoio da ONU, estimou que ocorreram 151 mil mortes violentas no período entre março de 2003 e junho de 2006. Enquanto isto, a revista especializada The Lancet publicou em 2006 uma estimativa de 654.965 mortes entre iraquianos relacionadas à guerra, das quais 601.027 foram causadas por violência. Esta pesquisa da revista The Lancet e a Pesquisa sobre a Saúde da Família Iraquiana incluem mortes de combatentes e civis iraquianos. (BBC, Guerra no Iraque custou bilhões e deixou milhares de mortos, 15/12/2011)
Toda a
lucrativa campanha de opressão de mais de três décadas desmascarou a propaganda
midiática anti-Irã e fortalecer politicamente a influência iraniana no Iraque.
Seria inclusive natural esperar uma revolta popular contra o histórico de
diversas agressões inomináveis dos EUA contra o Iraque. Todavia, estranhamente,
eis que surge uma rebelião anti-iraniana e pró-EUA no Iraque.
Irã
Acossado pelos bloqueio, sabotagens, sanções, guerras comerciais e ameaças de guerra que quase se transformou em guerra real com direitos a apreensão de navios e escaramuças com mísseis e drones em 2019, o governo do Irã se viu obrigado a subir o preço dos combustíveis em 50%. A medida, realizada sem explicações e o convencimento prévio da população por parte do governo foi rechaçada. Foi a senha para que tivesse início a maior onda de protestos contra o governo do país no dia 16 de novembro.
Após o fracasso de sua política de "pressão máxima" contra a República Islâmica, os americanos lançaram o projeto de "criação de insegurança" no Irã, como fizeram no Iraque e no Líbano. O secretário de Estado dos EUA havia afirmado:
“Os EUA ouvem você. Os EUA apoiam você. Os EUA estão com você." no que foi reforçado por sua porta voz, Morgan Ortagus, em uma declaração intervencionista, afirmou: “Os EUA estão com o povo iraniano sofredor enquanto eles protestam contra a mais recente injustiça do regime corrupto no poder. Condenamos a tentativa de desligamento da Internet. Deixe-os falar ”. (Tehran Times, Onda de protestos populares no Irã: diabo disfarçado de salvador, 19/11/2019).
Segundo, o jornalista Pepe Escobar, as manifestações, por motivos justos, foram originalmente espontâneas e pacíficas. Mas, a partir de um dado momento foram transformadas em uma tentativa de “revolução colorida” e passaram a ser violentas. Acostumado com esse tipo de ofensiva "democrática" por parte dos EUA desde a revolução de 1979, o regime dos Aiatolás agiu energicamente. O líder supremo da Revolução Islâmica, o aiatolá Khamenei, falando com os estudantes de teologia, apontou para inferência estrangeira nos protestos, dizendo:
“Todos os centros maliciosos do mundo, que trabalham contra nós, incentivaram essas ações. Esses centros - desde a sinistra e maliciosa dinastia Pahlavi até o mal e o culto terrorista ao monafeqin - estão constantemente incentivando essas ações por meio de redes sociais e outros meios de comunicação. ” (idem).O governo suspendeu as liberdades democráticas, “derrubou” a internet por quatro dias, prendeu cerca de 7 mil pessoas. Não se sabe quantos manifestantes morreram ao certo, mas, segundo fontes ocidentais suspeitas, como a Anistia Internacional, 106 pessoas foram executadas. A repressão e o apagão nas comunicações encerraram os protestos.
Esses movimentos simultâneos possuem em comum o fato de buscarem debilitar a força do Irã com um ataque informacional e cibernético. Trump e o Deep State substituem o recuo das tropas de ocupação convencionais com operações de guerra híbrida contra o principal inimigo do imperialismo e do sionismo na região e que se fortaleceu com a derrota dos EUA na Síria.
"Essa é uma política que os EUA vêm adotando em relação ao Irã na última década, especialmente após a sedição de 2009, que se seguiu às alegações de fraude eleitoral nas eleições presidenciais. Naquela época, as autoridades americanas fizeram todos os esforços para incentivar os manifestantes e usaram todos os meios de comunicação, no entanto, a trama de Washington acabou sendo frustrada pela sabedoria e vigilância da nação iraniana. Ignorando suas derrotas, especialmente a da sedição de 2009, os EUA novamente escolheram o mesmo método.Esse tipo de operação, que quando bem sucedida, resultam em golpes de Estados (foram derrotados heroicamente na Síria, Venezuela e agora, mais uma vez no Irã), mais frequentes ultimamente, são muito mais eficaz e politicamente mais econômicas que os esforços de guerra, a invasão e a ocupação militares externas. São realizadas pela CIA desde 1953, contra o próprio Irã. Essas operações são a própria marca do imperialismo estadunidense desde a consolidação de sua hegemonia mundial após a segunda guerra mundial.
Após a revolta de 2017 a janeiro de 2018, os EUA lançaram o projeto de criação de caos no Irã. Na época, os EUA apoiaram alguns vândalos e aqueles que tentaram minar a segurança pública, mas seu apoio não levou a um avanço, assim como a agitação de 2009. Outro fracasso foi adicionado à história dos EUA pelo fim precoce da agitação. Agora, os americanos estão tentando se apresentar como defensores da nação e dos direitos iranianos, aplicando as mesmas políticas intervencionistas. Esse esforço desesperado está sendo realizado pelos EUA, enquanto o país impôs qualquer tipo de sanções, inclusive sanções medicamentosas, aos iranianos nas últimas quatro décadas. As sanções visam ferir as mesmas pessoas que Washington afirma que ouvem sua voz! Estas são as medidas dicotômicas que sempre foram observadas nos EUA
A verdade é que as intervenções dos EUA nos assuntos iranianos e também seu apoio contínuo a movimentos caóticos esporádicos em algumas partes do país em 2009, de dezembro de 2017 a janeiro de 2018, e agora em 2019, representam um fracasso total da política de "pressão máxima" contra o Irã. Desde que a política de impor sanções pesadas e formar coalizões internacionais anti-Irã fracassou, os EUA estão tentando alcançar seus objetivos apoiando os manifestantes.
Para cumprir suas metas anti-Irã, os EUA usaram toda a mídia afiliada, incluindo BBC, Al-Arabiya, Al-Hadath, Reuters e Sky News Arabia para ampliar a agitação dispersa no Irã entre a opinião pública. Este assunto também é outra evidência das falhas que os EUA sofreram em suas várias políticas em relação ao Irã." (idem).
A invasão
externa e a ocupação militar são determinações pré-imperialistas estadunidense,
onde a dominação era exercida pela exploração colonial. A representação
política típica desse período anterior era a da relação entre as metrópoles e
as colônias, sem independência política.
Na era imperialista, da política expansionista do capital financeira, inaugurada pela exportação de capitais e controles monopólicos do mercado, os países imperializados precisam gozar de autonomia política manipulada por ações externas que vão desde a influência do poder econômico monopólico e financeiro nas eleições, passando por golpes de estado e só em situações extremas, a invasão militar. Mas, é bom destacar que esse último não é a forma principal de dominação imperialista sobre os países subalternos.
Na era imperialista, da política expansionista do capital financeira, inaugurada pela exportação de capitais e controles monopólicos do mercado, os países imperializados precisam gozar de autonomia política manipulada por ações externas que vão desde a influência do poder econômico monopólico e financeiro nas eleições, passando por golpes de estado e só em situações extremas, a invasão militar. Mas, é bom destacar que esse último não é a forma principal de dominação imperialista sobre os países subalternos.
A ação
dos agentes imperialistas reside fundamentalmente em potenciar as contradições
internas, a corrupção, a opressão clerical, a deterioração econômica das
condições de vida da maioria da população, acentuada principalmente pelas
próprias sanções, bloqueios e inúmeros mecanismos de estrangulamento próprios
da guerra econômica imperialista contra o Irã.
Não negamos que as contradições existem, como existem em toda existência material. São elementos reais do modo de vida da classe que vive do trabalho, problemas acentuados com a guerra comercial entre o imperialismo e a nação oprimida, detonadores de protestos de massas, demandas econômicas imediatas que sem uma ação consciente anti-imperialista e anticapitalistas dos trabalhadores são exploradas pelo imperialismo a seu favor.
Ao avançar sobre a soberania de países como Líbia, Ucrânia, Brasil, Bolívia ou Líbano, o imperialismo acentua em quantidade e qualidade a exploração da classe trabalhadora, apropriando-se de uma maior parcela da mais valia que antes, desbancando também no processo monopolista setores burgueses nacionais.
Não negamos que as contradições existem, como existem em toda existência material. São elementos reais do modo de vida da classe que vive do trabalho, problemas acentuados com a guerra comercial entre o imperialismo e a nação oprimida, detonadores de protestos de massas, demandas econômicas imediatas que sem uma ação consciente anti-imperialista e anticapitalistas dos trabalhadores são exploradas pelo imperialismo a seu favor.
Ao avançar sobre a soberania de países como Líbia, Ucrânia, Brasil, Bolívia ou Líbano, o imperialismo acentua em quantidade e qualidade a exploração da classe trabalhadora, apropriando-se de uma maior parcela da mais valia que antes, desbancando também no processo monopolista setores burgueses nacionais.
Basta
lembrar como a administração Obama explorou o descontentamento popular com as
consequências da crise econômica mundial de 2008-2010 nas operações de regime
change durante a primavera árabe durante a primavera árabe. Já vimos isso
várias vezes antes, e mais agora em nossa época: enquanto as explosões são
espontâneas, as direções e a manipulação do processo de rebelião são
centralizados e profissionais por agentes da CIA e Mossad.
Durante a "Pax Americana", os EUA aperfeiçoaram a arte de golpes militares infinitamente mais do que fizeram no Irã em 1953. Acabamos de ver isso na Bolívia, mais uma vez, utilizando inclusive a "guerra santa" das novas igrejas neopentecostais, que também foram usadas no Brasil e estão sendo usadas na Venezuela e em Cuba agora.
Durante a "Pax Americana", os EUA aperfeiçoaram a arte de golpes militares infinitamente mais do que fizeram no Irã em 1953. Acabamos de ver isso na Bolívia, mais uma vez, utilizando inclusive a "guerra santa" das novas igrejas neopentecostais, que também foram usadas no Brasil e estão sendo usadas na Venezuela e em Cuba agora.
Ofensiva
Ideológica e a Questão da Direção Política
A
manipulação midiática, o lawfare, guerra híbrida, a manipulação virtual
de algoritmos e redes sociais contemporâneas fazem Goeebles parecer uma criança
ingênua. Isso só é possível porque também, depois das derrotas acumuladas desde
o fim da URSS, a classe trabalhadora deu vários passos qualitativos atrás em
sua consciência. A ofensiva ideológica anticomunista e pró-neoliberal
exponenciou a alienação do trabalho, converteu mentalidades conservadoras em
reacionárias e criou camadas masoquistas entre as classes sociais subalternas,
apoiadoras no neonazismo. Esse fenômeno está bem evidente no Brasil de
Bolsonaro, apoiado por 30% da população, segundo a pesquisa da Datafolha
divulgada no dia 08 de dezembro de 2019.
Prefaciando
a 3ª edição do 18 Brumário de Marx, Engels notou que
“a lei segundo a qual todas as lutas históricas travadas no âmbito político, religioso, filosófico ou em qualquer outro campo ideológico são de fato apenas a expressão mais ou menos nítida de lutas entre classes sociais, a lei segundo a qual a existência e, portanto, também as colisões entre essas classes são condicionadas, por sua vez, pelo grau de desenvolvimento da sua condição econômica, pelo modo da sua produção e pelo modo do seu intercâmbio condicionado pelo modo de produção.”
Por trás
da luta contra a taxação do uso do whatsapp há luta de classes. Por trás do
colapso do sistema bancário libanês, de uma dívida pública de 154% do PIB
catapultada pela burguesia libanesa, que repassou a população o custo da crise
financeira através da adoção de novos impostos, há luta de classes.
O
imperialismo aprendeu a impulsionar e encabeçar movimentos espontâneos da
população trabalhadora contra os governos capitalistas para manipulá-los a seu
favor, aprendeu que se aumentar a pressão no interior da nação oprimida através
da guerra comercial internacional. A partir de uma sacudida no intercâmbio
internacional (baixa de juros do FED, câmbio, gangorra dos preços de
commodities e combustíveis, fuga de capitais, pressão de credores, sanções,
boicotes) poderá colher frutos políticos. Aprendeu que essa luta de classes no
interior de cada nação pode ser instabilizada por condições desfavoráveis ao
modo de produção habitual.
Em outras
palavras, o imperialismo usa a luta de classes no interior de cada país para,
sob uma direção pró-imperialista realizar revoltas que o permitam a
reconquistar o governo dos países capitalistas atrasados. No caso do Líbano,
trata-se de alijar do poder o Hezbollah e setores próximos ao governo de
Damasco.
O Líbano não é uma democracia fundada no equilíbrio de poderes entre o
Executivo, o Legislativo e o Judiciário, mas um sistema confessional fundado
sobre as 17 comunidades religiosas, frações vinculadas ao aparato militar
oficial ou para militar, como a guerrilha xiita e frações burguesas
tradicionalmente ligadas as potências capitalistas como França, EUA e Israel.
Sem
consciência de classe, sem teoria nem direção revolucionárias o movimento
popular não se converte em movimento revolucionário, mais bem pode ser uma arma
contrarrevolucionária do grande capital para sua política de regime change
contra o próprio povo e a favor da ampliação do parasitismo financeiro.
Desgraçadamente, o problema transcendeu o caráter vacilante e conservador das
direções políticas das classes subalternas, tais direções, que são parte
integrante e camada superior de um todo social, são retroalimentadas e
potenciadas dialeticamente pelas derrotas materiais e pelo retrocesso na
consciência popular, bem maior do que aquele que existiu na década de 1930 e
favoreceu ao fascismo, nazismo e franquismo.
Em alguns
casos, como na Venezuela e na Síria, toda parafernália da guerra hibrida e
militar convencional não foi suficiente ainda para a derrubada os regimes
malditos aos olhos da Casa Branca. Mas, na maioria das aventuras imperiais,
como no Paraguai, Brasil, Bolívia, a conspiração imperialista tem contado a seu
favor com a política de conciliação e concessões crescentes por parte das direções populares e de esquerda aos
agentes golpistas. Nesses três casos, a ofensiva da direita foi bem sucedida e
não precisou disparar um tiro.
A nova
onda neonazista é bem mais ampla, consensual e turbinada por meios de
comunicação de massa e redes sociais que nenhum outro regime ditatorial dispôs.
Quem diria há poucos anos, em meio a uma aparentemente infinita série de vitórias
do PT, que o Brasil se transformaria nesse experimento neonazista? Quem diria
há poucos meses, durante quase uma década e meia de governos de Evo Morales,
que eles realizaram esse golpe brutal na Bolívia?
A
derrubada do governo iraniano e de sua influência na Síria, Líbano, Palestina,
Iraque, Iêmen é fundamental para conter a decadência da hegemonia dos EUA e
seus aliados como Israel e Arábia Saudita no Oriente Médio, cada vez mais
integrado a nova rota da sede chinesa. Esse projeto globalizante chinês,
demonstra-se cada vez mais imparável, que vem superando, pela via capitalista,
o modo de dominação imperialista e sionista convencional na região e no
globo.
As lições desses tempos não são então as
de que se deve temer e opor indistintamente a todos os protestos populares,
espontâneos e por direitos elementares e democráticos, mas de identificar e
derrotar suas tendências pró-imperialistas.
A luta pela revolução socialista no Irã e no Oriente Médio não faz nenhuma aliança com o diabo disfarçado de salvador. Esse combate tem como tática a frente única antiimperialista e como estratégia a revolução permanente a partir da crítica de que as direções nacionais burguesas se opõem ao imperialismo apenas e na medida em que desejam garantir sua parte da exploração dos trabalhadores e dos recursos naturais do país para si e não para o conjunto da nação nem tão pouco para a maioria da sociedade. Por isso, tomam medidas burocráticas e antipopulares como a do aumento de tarifas, impostos e combustíveis. No interior da frente única com seus irmãos libaneses, sírios, iranianos e iraquianos contra o grande capital internacional, os trabalhadores podem ser convencidos de que a libertação definitiva de toda exploração se dará pela unidade internacional de toda classe para a realização das tarefas que revoluções como a de 1979 deixaram pendentes.
A luta pela revolução socialista no Irã e no Oriente Médio não faz nenhuma aliança com o diabo disfarçado de salvador. Esse combate tem como tática a frente única antiimperialista e como estratégia a revolução permanente a partir da crítica de que as direções nacionais burguesas se opõem ao imperialismo apenas e na medida em que desejam garantir sua parte da exploração dos trabalhadores e dos recursos naturais do país para si e não para o conjunto da nação nem tão pouco para a maioria da sociedade. Por isso, tomam medidas burocráticas e antipopulares como a do aumento de tarifas, impostos e combustíveis. No interior da frente única com seus irmãos libaneses, sírios, iranianos e iraquianos contra o grande capital internacional, os trabalhadores podem ser convencidos de que a libertação definitiva de toda exploração se dará pela unidade internacional de toda classe para a realização das tarefas que revoluções como a de 1979 deixaram pendentes.