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segunda-feira, 9 de maio de 2016

TEORIA REVOLUCIONÁRIA - LENIN: SOBRE O GOVERNO KERENSKY E GOLPE DE KORNILOV

Combater o Golpe sem defender o governo

Durante a atual luta contra o governo golpista de Temer, precisamos rever e estudar as causas do Golpe, comparar essa com outras situações históricas da luta de classes, compreender os erros e acertos para reorganizar as forças, superando os limites das direções tradicionais para poder triunfar no futuro. Um dos ensinamentos está na tática em relação ao governo Dilma, ao PT e a CUT.

Em agosto de 1917, fugindo da perseguição política do governo Kerenski, Lenin escreve uma carta a direção do seu partido sobre a mudança de tática em relação ao governo burguês, em virtude da ameaça de Golpe encabeçada por um dos Generais de Kerenski chamado Kornilov. Lenin acredita que a linha política correta é conformar uma frente única de combate com o governo Kerenski contra o Golpe de Estado contrarrevolucionário e apoiado pelo imperialismo na Rússia.

Lenin todavia chama a atenção que essa política não pode ser confundida com o apoio dos bolcheviques ao governo burguês, o que seria uma falta de princípios, uma capitulação dos bolcheviques ao oportunismo, como defendia Volodárski [1].

A frente única não significava abandonar as hostilidades do partido em relação a politica burguesa nem o combate ao governo provisório, seria modificar a forma do combate, fazendo "reivindicações parciais" ao governo Kerenski na luta contra o Golpe de Estado. Dentre essas reivindicações estão a prisão dos ministros favoráveis ao golpismo, o armamento do proletariado, a convocação das tropas, a dissolução da Duma, a entrega das terras dos latifundiários aos camponeses, o controle operário sobre o pão e as fábricas, etc., reivindicações que devem ser estendidas para entusiasmá-las ainda mais no curso da da luta contra Kornílov, o fechamento da imprensa golpista e empurrar nesta direção os centristas «de esquerda». Lenin destaca que é preciso "ter em conta o momento; não vamos derrubar Kerenski agora; nós agora abordamos de outra maneira a tarefa da luta contra ele, a saber: explicando ao povo (que luta contra Kornílov), a fraqueza e as hesitações de Kerenski. Também anteriormente fazíamos isto. Mas, agora isto tornou-se o principal: nisto consiste a mudança". Essa política principista de frente única foi um dos elementos centrais que conduziu o POSDR a conquistar a maioria dos delegados Conselhos Populares na Rússia de 1917, até então hegemonizados pelos mencheviques.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

SOBRE A QUESTÃO DO REGIME DE PARTIDO 1

Centralismo democrático,
greves e militância trotskista

Documento do Congresso da FCT proposto por Humberto Rodrigues, elaborado a partir do documento “A consciência de classe e o partido revolucionário”, de Gerry Downing, do Socialist Fight britânico, publicado na Revista “En Defesa del Trotskismo” #3, inverno de 2011-2012.

O Centralismo Democrático deve ser mais democrático e menos centralizado quanto mais democrático for o regime político do país onde ele se desenvolve. O regime partidário está condicionado então ao grau de liberdades públicas existentes, e da relação de forças entre os trabalhadores, a burguesia e seu Estado. Centralismo e Democracia não são elementos contraditórios ou inflexíveis. São variáveis que se combinam a partir da discussão livre e da ação centralizada da militância, estabelecendo um regime partidário onde a disciplina seja justa às necessidades do partido de combate em cada momento da luta de classes. A função do regime centralista democrático é propiciar as condições para a elaboração e execução do programa partidário que deve expor aos oprimidos a verdade para abrir-lhes o caminho para a revolução.

domingo, 19 de julho de 2015

TEORIA LENINISTA

A revisão de Lenin do "Que fazer?"
Acerca da organização de revolucionários profissionais, da superação do sectarismo pela construção de um partido de trabalhadores comunistas, da relação entre o espontâneo e o consciente e entre a luta econômica, o partido e os sindicatos

No texto abaixo, após a experiência de Revolução de 1905 e seus primeiros desdobramentos para a luta de classes na Rússia, Lenin justifica os "exageros" da luta pela criação de uma organização de revolucionários profissionais contra a tendência ao economicismo nos primeiros anos do século XX. Simultaneamente o fundador do bolchevismo assinala a importância histórica da luta pela afluência de elementos proletários ao partido ligada a uma atividade legal do mesmo junto às massas como condição para que a organização supere o estágio germinal inevitável de círculos intelectuais desarticulados e isolados das massas, rompendo com as tradições sectárias, de 'luta de extermínio' entre os pequenos núcleos e deixando de lado as querelas inerentes à vida desses círculos para consagrar suas melhores forças às obrigações dos bolcheviques as tarefas correspondentes ao momento histórico. Lenin defende o justo combate por estabelecer os métodos organizativos do marxismo revolucionário contra os inimigos do bolchevismo e também retifica suas posições acerca da relação entre o espontâneo e o consciente e a relação entre o partido e os sindicatos. Lenin revisa o bolchevismo, aprimorando-o até que 15 anos depois de fundado este partido dirige a primeira revolução comunista da história da humanidade.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

TEORIA: DIALÉTICA

Dialética, ciência e luta de classes
Humberto Rodrigues

Dialética é a ciência das leis gerais do movimento tanto do mundo exterior quanto de seus reflexos no pensamento. A dialética parte do princípio de que todas as coisas estão em um processo contínuo de mudança. A diferença entre o pensamento comum e o pensamento dialético é a diferença entre uma fotografia e um filme. O pensamento vulgar, inclusive entre a militância  de esquerda, trabalha com conceitos como moral, liberdade, capitalismo, Estado, considerando-os como abstrações fixas, presumindo que capitalismo é igual a capitalismo, moral é igual a moral, Estado é igual a Estado,... O pensamento dialético analisa todas as coisas e fenômenos em suas mudanças e contradições permanentes que alteram objetiva e subjetivamente a todo o universo e que tais processos de mudanças podem converter escravidão em liberdade, jovialidade em velhice, ou seja, os fenômenos em seus opostos.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

CARTA ABERTA AO PCO

Sobre as ilusões e perigos contidos na palavra de ordem de
“Assembleia Constituinte” para a atual conjuntura brasileira

Em seu programa televisivo de 26/12, na edição do JCO 774, um artigo no dia 08/02/2014, o PCO adota como eixo político para o momento um chamado a uma Assembleia Constituinte. A razão, segundo o PCO, para a adoção deste eixo é uma análise de conjuntura que enfatiza o caráter antidemocrático do regime político que vivemos, o recrudescimento da repressão, com projeto de leis repressivas contra a classe operária e os direitos do povo. Para o PCO o Brasil precisa de uma Assembleia Constituinte neste momento “para colocar abaixo a estrutura carcomida do Estado que apenas recebeu uma fachada nova com a Constituição de 1988”.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

JORNAIS DA LC

LC disponibiliza on
line todas as antigas edições de seu "militante número 1"

A LC torna disponível, na íntegra, todos os números dos seus jornais, desde o Bolchevique número zero, nossa carta de fundação, até a reformulação de nossa imprensa, quando o jornal passou a se chamar Folha do Trabalhador. Da primeira edição, em 2010 até a número 16, em agosto de 2013, nosso jornal partidário chamava-se "O Bolchevique", a partir de então "O Bolchevique" passou a ser a nossa revista teórica e o jornal passou a se chamar Folha do Trabalhador, com uma nova dinâmica e formato. Estas alterações e nossa compreensão da imprensa partidária estão descritas em "Por um jornal a serviço dos interesses históricos dostrabalhadores". Abaixo estão todos na forma como foram impressos. Para acessá-los, clique no conjunto de imagens ao lado:

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

MORTE DE ARIEL SHARON

Morreu um neonazista-sionista 
e carrasco do povo palestino
Erwin Wolf

Morreu na Palestina ocupada, no dia 11 de janeiro passado, aos 85 anos de idade, o carrasco do povo palestino, Ariel Sharon, ex-primeiro ministro, parlamentar e general israelense-sionista. O carrasco do povo palestino estava em coma há oito anos por causa de um derrame cerebral, sendo que poucos dias antes teve um piora em seu estado de saúde, que culminou na falência de seus órgãos.

Desde os seus 15 anos Sharon vinha praticando o genocídio contra o povo palestino, tendo participado da criação do enclave imperialista-sionista, apelidado de Israel, em 1948, impulsionada pelo covil de bandidos, como disse Lênin, da Sociedade das Nações, hoje Organização das Nações Unidas – ONU.

Aos 24 anos, em 1953, Sharon comandou o massacre sobre a aldeia de Qibya, na Cisjorndânia. Pelo menos sessenta e nove palestinos árabes habitantes, dois terços dos quais mulheres e crianças, foram mortos. Quarenta e cinco casas, uma escola e uma mesquita foram destruídos. O ataque seguiu incursões transfronteiriças na Cisjordânia ocupada sob a justificativa de que era necessária uma represália contra a morte de civis israelenses. De tão bárbaro o massacre, foi condenado com as lágrimas de crocodilo de sempre, pelo Departamento de Estado dos EUA, pelo Conselho de Segurança da ONU, e por comunidades judaicas em todo o mundo. O Departamento de Estado descreveu o ataque como "chocante". A operação recebeu o codinome de Operação Shoshana pelas Forças de Defesa de Israel (IDF). Foi realizado por duas unidades israelenses durante a noite: a companhia de pára-quedistas e Unidade 101, de forças especiais do IDF, como os Fallschirmjäger da Luftwaffe nazista.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

2013: RETROSPECTIVA REVOLUCIONÁRIA

2013 foi um bom ano para a Liga Comunista
Que 2014 seja um ano de muitas vitórias do proletariado!
De participação em grandes lutas da classe operária e de nucleação
em importantes categorias no centro da luta de classes no Brasil

Ao finalizar o ano de 2013, a Liga Comunista se dirige aos seus militantes, simpatizantes e leitores do Jornal Folha do Trabalhador e deste Blog, realizando uma breve prestação de contas à vanguarda classista da classe trabalhadora de nossas contribuições (modestas é certo, mas produto do melhor de nossos esforços) para o avanço da luta pela organização política independente, internacional revolucionária e comunista no interior do movimento operário e do conjunto dos trabalhadores.

Desde 2010 formamos uma organização que hoje atua no movimento metalúrgico, construção civil, bancário, de professores e de trabalhadores da Saúde no Estado de São Paulo. Em 2012 ampliamos nossa atividade militante para os professores e metalúrgicos, em 2013, para os trabalhadores da saúde e construção civil além de refundarmos nosso militante número 1, o Jornal Folha do Trabalhador, ampliado em tamanho e tiragem. Em 2014, trataremos de consolidar o conjunto destas inserções estruturais e orgânicas na classe trabalhadora, pois como dizia o poeta alemão Goethe “uma vez que se consiga uma coisa, há que reconquistá-la muitas vezes para possuí-la efetivamente.” (citado por Trotsky na obra “Stalin, o grande organizador de derrotas - A III Internacional despois de Lênin”). Também não ficaremos na expectativa para saber se a direita tentará se apropriar das manifestações de massa de 2014 em meio ao crescimento da insatisfação social e as vésperas das eleições presidenciais, dentro de nossos limites vamos tomar a iniciativa de disputar a consciência política das massas e o caráter de cada uma de suas lutas em favor da construção do partido da revolução socialista no Brasil.

sábado, 28 de dezembro de 2013

UCRÂNIA - DECLARAÇÃO DO CLQI

Derrota da União Europeia e EUA na batalha
pela Ucrânia acentua declínio da “pax estadunidense”
Declaração do Comitê de Ligação pela IV Internacional
Liga Comunista (Brasil),
Socialist Fight (Grã Bretanha),
Tendência Militante Bolchevique (Argentina)


O acordo da Rússia com a Ucrânia dissipou temporariamente as tensões que criaram a “EuroMaidan”, as manifestações em favor da recolonização da Ucrânia pela União Europeia (UE) na “Praça Maidan” (Praça da Independência), no centro da capital Kiev. Mas o atual talvez não dure meses podendo voltar em forma de guerra civil aberta em um futuro próximo ou já de um conflito de proporções mundiais, pavimentando o caminho de uma III Guerra Mundial.

Está marcada para abril uma nova ofensiva diplomática oficial da União Europeia sobre a Ucrânia. A onda de protestos foi uma resposta contra a negativa do atual governo ucraniano em aceitar as condições estabelecidas ao país em novembro pela Cimeira na Lituânia, no flanco oriental da UE, que pretendia celebrar a integração de seis ex-repúblicas soviéticas da Europa Oriental e do Cáucaso: Bielorússia, Ucrânia, Moldávia, Geórgia, Armênia e Azerbaijão ao bloco das 28 nações da UE.

sábado, 21 de dezembro de 2013

PARA REFLEXÃO DAS NOVAS GERAÇÕES DE LUTADORES

Sem partido, sem centralização política
da ação revolucionária, não há revolução
Do Especial 96 anos da Revolução Bolchevique 4/8, no Folha do Trabalhador # 19
Humberto Rodrigues
Dentre todos os socialistas e rebeldes sociais de toda sorte, incluindo os precussores anarquistas e os terroristas populistas, foram os bolcheviques os responsáveis por conduzir a luta de classes até a expropriação do capital. Isto não foi por acaso. Não foram as bombas populistas contra personalidades e instituições odiadas pelas massas, não foi a mera rebeldia espontânea, nem a “auto-organização” da população, concepções que voltaram a moda hoje, que catapultaram o movimento ao seu estágio superior e universal que a revolução de outubro atingiu. Foi um partido comunista de vanguarda da classe trabalhadora centralizado democraticamente e hierarquicamente disciplinado que dirigiu o maior passo dado pelas massas em toda a história da luta de classes. Sem teoria revolucionária, não haveria movimento revolucionário como já insistia Lenin mesmo antes da revolução de 1905, revolução que criou os sovietes.

Lenin aprimora suas concepções de “O Que fazer?” de 1902, quando teve como principais adversários o espontaneísmo, o tradeunismo e o populismo. Sob as ricas experiências do combate a degeneração social democrata, tanto dos mencheviques quanto da social democracia alemã, do curso do processo revolucionário de 1917 quando lança suas famosas “teses de abril”, da derrota da revolução alemã de 1918 e da própria guerra civil russa, as concepções se aprimoram e se desdobram nas principistas resoluções dos quatro primeiros congressos da III Internacional.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

TEORIA MARXISTA - PARA ENTENDER A REVOLUÇÃO 8/8

O que foi a revolução bolchevique?
Do especial 96 anos da revolução bolchevique, no Folha do Trabalhador #19

Trotsky, discursa, abaixo no palanque: Lenin e Kamenev
O acontecimento da grande revolução bolchevique está a quatro anos de completar um século. Ela ocorreu no dia 7 de novembro de 1917. Foi o maior passo dado pelos trabalhadores em toda sua luta contra as classes dominantes. E este passo fundou pela primeira vez na história o primeiro Estado dos trabalhadores. Ele se chamou União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), ou simplesmente União Soviética.

Esta revolução social foi possível pela fusão entre a consciência teórica dos objetivos estratégicos da luta e os próprios trabalhadores em luta contra a guerra entre as grandes nações burguesas, contra o imperialismo, contra o latifúndio e contra o capital. Esta consciência foi adquirida pelos dirigentes da luta que estudaram e compreenderam as experiências das lutas anteriores, aprendendo com seus erros e seus acertos. Os principais dirigentes deste partido bolchevique e desta revolução foram Vladimir Lenin e de Leon Trotsky. Organizados neste partido os trabalhadores tomaram a força, dos representantes dos patrões, o poder político e os seus locais de trabalho.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

ESPECIAL 96 ANOS DA REVOLUÇÃO BOLCHEVIQUE 2/4

A revolução proletária renascerá
em proporções ainda mais gigantescas!

“A burguesia produz, acima de tudo, seus próprios coveiros. Seu declínio e a vitória do proletariado são igualmente inevitáveis” (MARX e ENGELS, Manifesto do Partido Comunista, 1848)

A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS, ou em russo, Союз Советских Социалистических Республик, CCCP) sobreviveu por 74 anos durante o século XX, muito além dos 72 dias do primeiro governo operário instaurado na capital francesa no século anterior. Com a derrota de Napoleão para os exércitos da reacionária Santa Aliança em Waterloo em 1814, também se concluiu em derrota um ciclo de expansão para a Europa das vitórias da revolução burguesa francesa sobre o absolutismo feudal, derrotado em 1789.

Todavia, entre 1814 e 1871 teve início a organização política do proletariado em partido político próprio diante da incapacidade dos partidos liberais burgueses e pequeno burgueses de realizarem a luta democrática e menos ainda de servirem como instrumento para que o proletariado conquistasse melhores condições de vida e de trabalho. O cartismo foi o primeiro ensaio da constituição de um partido operário. Com um programa burguês, depois constituindo-se em um partido operário burguês, o Partido Trabalhista.

1848: A PRIMEIRA GRANDE BATALHA
ENTRE AS CLASSES DO CAPITALISMO;

No continente, ainda que derrotada, a revolução de 1848 foi, segundo Marx,

“a primeira grande batalha entre ambas as classes em que se divide a sociedade moderna. Uma luta pela manutenção outra pela destruição da ordem burguesa”.

sábado, 12 de outubro de 2013

DA IMPRENSA OPERÁRIA REVOLUCIONÁRIA

Por uma imprensa que sirva de instrumento para a
conquista dos interesses históricos do proletariado

A LC reformulou sua imprensa, aprimorando os instrumentos de divulgação de seu programa para que realizem melhor as três formas de luta: teórica, econômica e política [1]. Deste modo, damos um passo adiante na tarefa de construção do partido comunista revolucionário dos trabalhadores. A partir de agora, refletindo o crescimento (ainda que molecular) e o amadurecimento da LC na contramão da moda da "militância virtual", nossos impressos vão adquirir maior peso em nossa atividade militante, estreitando o contato pessoal, "homem a homem", com nossos leitores.

Com estas medidas, não estamos criando a pólvora, apenas retomando os bons e velhos métodos dos revolucionários que nos antecederam, em meio a deserção hegemônica na esquerda em direção ao mundo da "revolução" virtual e individual. De nossa parte, os nossos instrumentos virtuais blog e facebook servirão de auxiliares da nossa propaganda impressa. Teremos então três tipos de órgãos impressos: O Bolchevique, Folha do Trabalhador e os Boletins da LC, uma revista teórica, um jornal e panfletos, respectivamente. O Bolchevique e Folha do Trabalhador serão completamente reformulados, assumindo funções distintas em relação às que tiveram até agora.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

SIRIA DECLARACIÓN DEL CVCI

¡Por la victoria militar de Siria
contra el ataque imperialista!
Declaracion del Comité de Vinculacion de la lV internacional (CVCI) en defensa incondicional de Siria contra el imperialismo: ¡Saquen las manos de Siria!
El CVCI es compuesto por la Liga Comunista (Brasil) por el Socialist Fight (Inglaterra) y por la Tendencia Militante Bolchevique (Argentina)
28 de agosto de 2013

Nosotros nos oponemos incondicionalmente al ataque imperialista contra Siria y luchamos por su derrota. La tarea fundamental de este momento para todos los verdaderos socialistas y antiimperialistas es defender la soberanía nacional de Siria contra este ataque imperialista.

Ofensiva que es lanzada con apoyo de Israel y de otros aliados de EUA en la guerra contra Damasco. Como el “Ejército Libre Sirio” (FSA) y varios grupos “rebeldes”, Al Queada, Frente Al Nustra, etc. No hay socialistas revolucionarios y antiimperialista combatiendo a Assad en Siria. Hablar esto es fantasear sobre un supuesto ejército revolucionario fantasma ante la obvia realidad de lo que está en juego en esta guerra.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

CONTRIBUIÇÃO INTERNACIONALISTA AO CONGRESSO DA CSP-CONLUTAS

Combater a burocratização imposta pela política pró-imperialista e governista dentro de nossas organizações de massa!
Construir oposições classistas em todas as centrais e reconquistar os sindicatos para os trabalhadores sob uma política marxista e revolucionária!

distribuída no plenário do Congresso da Conlutas no dia 30 de abril
Ao longo de quase dois séculos, nós trabalhadores adquirimos experiência na luta de classes contra os patrões, o Estado capitalista e o imperialismo. Mas esta experiência vem sendo jogada na lata do lixo por grande parte das organizações sindicais hoje e isto inclui lamentavelmente a CSP-Conlutas. Trata-se de uma política estranha à unidade sindical e à completa independência política financeira das organizações dos trabalhadores em relação aos patrões, ao Estado burguês, seu aparato repressivo e ao imperialismo, temas muito caros que vêm sendo abandonados e os quais achamos fundamental defender com unhas e dentes.

A QUESTÃO DA UNIDADE SINDICAL

Os revolucionários devem atuar também nos sindicatos mais reacionários e até fascistas como nos ensinaram Lenin e Trotsky. A quase totalidade das direções sindicais hoje é reacionária e os sindicatos profundamente burocratizados fazem o jogo do patrão e dos governos. Mais ainda são as centrais que mais distantes estão das assembléias de base e das lutas cotidianas do proletariado. Seja como for e da forma como a repressão política burocrática exigir, os revolucionários devem atuar em todos os sindicatos e centrais reacionárias, pró-imperialistas e fascistas defendendo a unidade de toda a classe para a luta de seus interesses imediatos, a unidade de toda a classe em uma só central sindical.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

BRASIL “6o PIB MUNDIAL” 4/5

ECONOMIA POLÍTICA MARXISTA X MACROECONOMIA BURGUESA
O Brasil é uma semi-colônia, um país imperialista ou sub-imperialista?
dO Bolchevique #8 – janeiro de 2012

Tanto o PIB, o PIB per capita, o PNB, os Índices Gini, de Theil e de Desenvolvimento Humano (baseado em expectativa de vida, educação e PIB per capita) são fórmulas da macroeconomia e da sociologia burguesa.
 Diferente dos economistas burgueses que visam esconder a exploração social da classe que lhes paga, os marxistas se apropriam da economia política tendo como objeto não apenas a “produção”, mas buscam as diferenças sociais que existem entre os homens na produção, ou seja a estrutura social da produção. A medição do PIB não reflete as relações intrínsecas à sua produção e portanto não reflete a realidade capitalista.
Tanto a oposição de direita (DEM, PSDB) como a oposição pequeno burguesa (PSOL, PSTU e Cia) recorreram ao cálculo do PIB per capita para criticar o ufanismo do governo Dilma. “Embora o PIB esteja entre os maiores do mundo, quando vemos o PIB per capita, ou seja, esse valor divido pela população, a coisa muda. Enquanto no Brasil ele foi de 10,7 mil dólares em 2010, no Reino Unido ele supera os 36 mil dólares.” (site do PSTU, 27/12/2011, Crescimento para quem?). O PIB per capita é freqüentemente usado como um indicador, seguindo a idéia de que os “cidadãos” se beneficiariam de um aumento na produção agregada do seu país. Entretanto, o PIB pode aumentar enquanto a maioria dos “cidadãos” de um país ficam mais pobres, pois o PIB não considera o nível de desigualdade de renda de uma sociedade.


quinta-feira, 21 de julho de 2011

RESPOSTA DA LC À RÁDIO PIÃO E A SEUS LEITORES

Dilemas da construção do partido no proletariado fabril

Para começar, gostaríamos de agradecer aos companheiros da Rádio Pião pelo esforço que realizaram por sistematizar vossas críticas ao documento “Nasce a Liga Comunista” (O Bolchevique #1, 10/2010). Agradecemos também a divulgação na íntegra que fizeram de nosso documento, alvo de vossa crítica.

Agora foi nossa vez de dispor de vossa paciência. Compreendemos o atraso de novembro de 2010 a março de 2011 em nos responderem e agora foi a nossa vez de poder contar com a vossa compreensão. Que fique claro, não se trata de nenhum revanchismo de nossa parte, afinal, o retardo na organização entre os trabalhadores só fortalece aos seus inimigos, mas de acúmulo de tarefas políticas de construção nacional e internacional de nossa organização.

Esperamos deixar claro, a partir da avaliação da “Critica a Liga Comunista” e dos Boletins que possuímos da RP, nossos acordos e diferenças com vossa organização.

domingo, 13 de março de 2011

ESPECIAL - ÁFRICA DO NORTE E ORIENTE MÉDIO 1/4


“Revolução” ou Reação “com forma democrática”?

Artigo do ESPECIAL - ÁFRICA DO NORTE E ORIENTE MÉDIO
dO Bolchevique #3

HONDURAS: A conspiração bem sucedida da CIA para derrubar um governo burguês
Não é possível compreender o que se passa na África hoje desprezando a atual situação da luta de classes mundial. Hillary Clinton em recente declaração no Conselho dos Direitos Humanos da ONU, em Genebra, falando sobre a queda dos regimes despóticos nos países árabes, disse que “nossos valores e interesses convergentes no apoio a essas transições não é apenas um ideal, é um imperativo estratégico”. A representante do imperialismo foi clara ao definir os seus objetivos, apoiando-se nos levantes populares espontâneos e outros nem tanto (Líbia!), ocorridos nas últimas semanas. Trata-se de uma nova ofensiva imperialista pós-crise econômica de 2007-2008, assim como a guerra contra o terror de Bush foi a reação em forma de investimentos massivos na indústria bélica e na especulação com o petróleo para o capital se recuperar do crash da Nasdaq (2000-2001).

O ato inaugural da nova ofensiva, dias antes da posse de Obama, mas orquestrado pelo ministro da defesa dos EUA da era Bush mantido no cargo pelo democrata, foi o maior massacre vivido pela comunidade palestina de Gaza perpetrado por Israel. Os atos seguintes foram o incremento da ocupação militar no Afeganistão e no Haiti, a substituição das tropas regulares por imensos exércitos de mercenários de empresas paramilitares multinacionais no Iraque, o cerco crescente, em forma de guerra de movimentos contra Irã e Coréia do Norte. Sob a atual administração “democrata” na Casa Branca assistimos até a volta dos Golpes de Estado na América Latina, em Honduras. Tudo isto indica que estamos vivendo a continuidade da recolonização militar dos EUA sobre o globo. A chamada “primavera árabe” abre uma nova etapa dentro dessa ofensiva. Como indicou o discurso de Hillary a transição que os EUA operam agora de surrados governos despóticos para novos governos títeres é um imperativo estratégico para os EUA e, como todos sabem, isto nada tem a ver com as aspirações democráticas dos povos árabes. “Nada disso surpreendeu muito a Casa Branca que há poucos meses, a pedido de Obama, começou a examinar a vulnerabilidade desses regimes e, mais recentemente, passou a examinar o que torna bem sucedida uma transição para a democracia.” (New York Times, 28/02/2011).

A chamada “primavera árabe” é a repetição em forma de farsa do que foram os processos de “redemocratização” na América Latina, vividos em outros países também como na Indonésia e na América Central. Isto não quer dizer que não devamos, com o nosso próprio programa marxista, acompanhar e apoiar aos processos de rebelião de massas para influenciar de modo classista e revolucionário estas lutas enquanto os próprios processos não se cristalizarem em um mero joguete do imperialismo para restabelecer um novo, mais forte e mais estável controle sobre estas próprias massas. São os reformistas aprendizes de Bernstein que proclamam que o movimento é tudo e o objetivo final não importa. Para o marxista revolucionário a disputa pelos destinos da luta de classes é o fundamental. A estratégia revolucionária socialista é quem subordina as táticas da luta. Por sua vez, o imperialismo aproveita-se do retrocesso ideológico de nossa época para manipular os levantes populares também em favor de seus “imperativos estratégicos”. A ausência do elemento consciente, subjetivo favorece aos inimigos de classe. Como poderia ser distinto se também os levantes atuais estão desprovidos de protagonismo proletário organizado sequer sindicalmente e menos ainda sem organismos de poder independentes da burguesia, para não falar na carência absoluta de direções revolucionárias antiimperialistas e anticapitalistas. O imperialismo e seus agentes desviam a luta popular para operar transformações em seu modo de dominação que lhe sejam favoráveis.

O IMPERIALISMO É TAMBÉM UMA FASE DE CONTRARREVOLUÇÕES

Ao aforismo de Lênin de que com o ingresso na fase imperialista do capitalismo, “vivemos numa época de guerras e revoluções”, Trotsky acrescentou um providencial alerta: “e de contrarrevoluções”.

Os verdadeiros marxistas costumam ser criteriosos quando se trata de definir o objetivo de sua atividade militante, a revolução. Não buscam confundir as massas ou euforizar sua base militante e seus leitores chamando de revolução as contrarrevoluções ou as alterações cosméticas operadas pelo regime de seus inimigos de classe que agem segundo aquele aforisma de Giuseppe di Lampedusa, “as coisas precisam mudar para permanecer como estão”. Nosso rigor não é um capricho, fazemos isto porque sabemos que nossos fins só serão alcançados com a derrubada violenta de toda ordem social existente.

Mesmo após a ditadura monárquica czarista cair sob a pressão de uma revolução popular, que obrigou a burguesia a governar apoiando-se no controle que os mencheviques exerciam sob os sovietes, Lenin questiona o engano das massas pelos conciliadores de classe de sua época em nome da revolução.

Por mais alto que gritem os capitalistas e seus lacaios [referindo-se aos mencheviques], afirmando o contrário, sua mentira não deixará de ser mentira. O que não faz falta neste momento é que as frases obscureçam o entendimento e embotem a consciência. Quando se fala de ‘revolução’, de ‘povo revolucionário’, de ‘democracia revolucionária’, etc; em nove de cada dez casos se trata de mentiras ou auto-engano. É preciso perguntar ‘que classe faz a revolução?’ Contra quem se fez a revolução?’. Contra o Czarismo? Neste sentido, na Rússia são hoje revolucionários a maioria dos latifundiários e capitalistas. Uma vez que virou fato consumado (a revolução política de fevereiro) até os reacionários se baseiam nas conquistas da revolução. Na atualidade, o modo mais frequente, mais abjeto e mais nocivo de enganar as massas é elogiar a revolução neste sentido. A conclusão é clara, só o poder do proletariado, apoiado pelos semiproletários, pode dar ao país um poder realmente firme e verdadeiramente revolucionário. Será realmente firme, estável pois não se baseará, por necessidade, no conciliacionismo instável dos capitalistas com os pequenos proprietários, dos milionários com a pequena burguesia.”
(Acerca do poder revolucionário firme, 06/05/1917).

TROTSKY E A CONTRARREVOLUÇÃO “COM FORMA DEMOCRÁTICA”

Optamos inclusive por denominar o estrangulamento das revoltas populares árabes, através de governos continuístas apoiados no fortalecimento da casta militar, de reação com forma democrática e não contrarrevoluções “com forma democrática”. Sobre este último conceito, se inclui, por exemplo, a chamada República de Weimar, tão adorada como modelo de democracia pela burguesia liberal e pelos reformistas.

Um ano após a vitória dos bolcheviques em outubro de 1917, a vitória da contrarrevolução na Alemanha em 1918 conduziu ao fechamento da vaga revolucionária na Europa, aberta no ano anterior e que, de certo modo, condicionava o futuro do nascente Estado Operário Soviético e os desdobramentos da luta politica decisiva que viria a ocorrer dentro do Partido Bolchevique.

A República de Weimar na Alemanha foi introduzida por uma lei marcial e pela conspiração reacionária da social-democracia e da burguesia alemã, o Estado-maior do Reichswehr, as Forças Armadas provisórias reunidas e os Junkers, que afogaram em sangue a insurreição de 1918, assassinando os dirigentes da revolução, Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht. A República de Weimar foi apontada por Lenin e Trotsky como um exemplo clássico de contrarrevolução com forma democrática.

Mais tarde, quando um fenômeno similar vem a se expressar na Itália, Trotsky compara e tira lições dos dois acontecimentos:

“Significa isto que a Itália não pode por certo tempo tornar-se novamente um Estado parlamentar ou uma ‘república democrática’? Considero – e creio que nisto coincidimos perfeitamente – que esta eventualidade não se exclui. Mas não será o fruto de uma revolução burguesa, e sim o aborto de uma revolução proletária insuficientemente madura e prematura. No caso de uma profunda crise revolucionária e de batalhas de massas, no curso das quais a vanguarda do proletariado não estiver em posição de tomar o poder, é possível que a burguesia restaure o seu poder sobre bases ‘democráticas’.
Pode-se dizer, por exemplo, que a atual República alemã representa uma conquista da revolução burguesa? Admitir isto seria um absurdo. Houve na Alemanha em 1918-19 uma revolução proletária que, desprovida de direção, foi enganada, traída e esmagada. Mas a contrarrevolução burguesa, apesar disto, viu-se compelida a se adaptar às circunstâncias provocadas por esta derrota da revolução proletária e a assumir a forma de uma república parlamentar ‘democrática’. Pode-se excluir a mesma variante – ou uma parecida – na Itália? Não, não se pode excluir. O fascismo chegou ao poder em 1920 porque a revolução proletária não foi até o fim. Somente uma nova revolução proletária pode aniquilar o fascismo. Se desta vez também não está destinada a triunfar (por debilidade do Partido Comunista, por manobras e traições dos social-democratas, franco-maçons, católicos), o Estado ‘transicional’ que a burguesia se verá obrigada edificar sobre as ruínas de sua forma fascista de governo não poderá ser outra coisa que um Estado parlamentar e democrático”
(Problemas da Revolução italiana, 14/05/1930).

A caracterização de contrarrevolução “democrática” se aplica perfeitamente à restauração capitalista sobre os Estados operários burocratizados onde antes a burguesia e a propriedade privada dos meios de produção havia sido expropriada.

As revoltas populares da Tunísia e do Egito não alcançaram a força de processos revolucionários proletários. E em Djibuti, Jordânia, Arábia Saudita, Omã, Bahrein, Iêmen, Iraque, a luta de classes ficou aquém dos dois primeiros países. Tal caracterização é fundamental para que nos levantes futuros ou na possibilidade da extensão imediata das lutas atuais possamos ajudar as massas a ir além, realizando as tarefas necessárias à sua luta emancipatória do imperialismo e das burguesias fundamentalistas e/ou monárquicas que as exploram. No caso da Líbia, pela ausência de um movimento de massas espontâneo contra o caudilho, o imperialismo, através de seus tentáculos dentro do próprio governo Gadafi e da burguesia líbia, tratou de fabricar um movimento completamente distinto dos que vemos em todos os outros países árabes neste momento.

A REAÇÃO “COM FORMA DEMOCRÁTICA”

Preferimos definir de reação “com forma democrática” e não de contrarrevolução “com forma democrática” aos processos de transição da ordem burguesa realizados nestes dias nos países árabes porque os acontecimentos políticos que os propiciaram foram revoltas populares e não revoluções ou processos revolucionários.

Se não resultar em maiores desdobramentos políticos e sociais, a chamada “primavera árabe” será a repetição atrofiada do que foram os processos de “redemocratização” na América Latina.  Diga-se de passagem, nem de longe os processos transicionais latino americanos foram “revoluções democráticas” como caracterizara Nahuel Moreno, fundador da LIT, a corrente internacional que deu origem ao PSTU e à maioria das organizações que se dizem trotskistas em nosso continente.

A manipulação do legítimo descontentamento das massas exploradas sem consciência de seus interesses históricos, por uma fração das classes dominantes, contra um governo desgastado é um fenômeno “corriqueiro” na história da humanidade.

O desenvolvimento dos meios de comunicação de massa contribuiu bastante para isto. Já Marx, a propósito da propaganda de guerra burguesa contra a Comuna de Paris alertara:

“Até ao presente acreditou-se que a proliferação dos mitos cristãos, sob o Império Romano, só foram possíveis porque a imprensa ainda não tinha sido inventada. O que aconteceu foi o contrário: a imprensa diária e o telégrafo, que a todo instante espalham na Terra semelhantes invenções, fabricam mais mitos num só dia do que nunca se pôde fazer outrora durante um século, e o rebanho burguês acredita em tudo e propaga.”
(Karl Marx, citado por Pierre Frank na Introdução do livro “A Revolução Traída” de Leon Trotsky)

Em nossa época, em que ao impresso, ao rádio e a televisão se agrera a internet, cresceu enormemente o poder de persuasão das classes dominantes e em um só segundo são criados e exaustivamente repetidos os mitos que antes levavam um dia. O rebanho planetário sofre um bombardeio enganador muito maior e a esquerda pequeno burguesa, desgraçadamente, ajuda a propagar as mentiras.

No imperialismo, a “arte” de desviar e fabricar “revoluções” vive o seu apogeu, atingindo o mais alto grau de sofisticação. Não apenas porque se tornou mais fácil manipular amplas massas e realizar golpes de estado com fachada de “rebelião democrática” graças ao espetacular desenvolvimento dos meios de comunicação de massas, mas, sobretudo, pela reação ideológica reinante no mundo pós-URSS, pela falta de direções políticas revolucionárias do proletariado, pela rejeição por parte das direções tradicionais da vanguarda das massas e dos centristas que as seguem, da estratégia da tomada do poder pelo proletariado.

Na Polônia em 1981, o imperialismo identificou a possibilidade de tirar vantagem de um levante de massas contra a aplicação de seus próprios planos de ajuste antioperários. A burocracia stalinista de Yarujelsky que havia tomado empréstimos do FMI e aplicava dentro do Estado operário burocratizado a receita do Fundo Monetário para poder pagar o que o Estado “devia”, foi surpreendida com o levante proletário do Sindicato Nacional Solidariedade. De lá para cá, o “know how” do imperialismo em surfar na crista de uma onda de levantes populares só se sofisticou.

COMBATER A REAÇÃO IMPERIALISTA COM A CONSTRUÇÃO DE UM VERDADEIRO PARTIDO TROTSKISTA OPERÁRIO MUNDIAL

Nestas três décadas já vimos de tudo, onde agentes do imperialismo impulsionam manifestações “de massa” que têm em comum uma estranha simpatia com o ocidente e com os EUA. Processos de massa de restauração do capitalismo no Leste Europeu, a contrarrevolução na URSS dirigida por Yeltsin. Anos depois vieram as revoluções “laranjas” para tirar da influência da nova burguesia russa as ex-repúblicas da antiga URSS. Vimos até manifestações “populares”, incrementadas com a presença do Partido Comunista Iraquiano, saudando a invasão de Bagdá pelo Exército de Bush. Houve também o golpe de Estado “popular” armado pelo imperialismo que destituiu Aristide no Haiti e deu início à ocupação militar no país capitaneada por governos cipaios como o do Brasil de Lula.  Esta ocupação se incrementou com a re-invasão do Haiti pelas tropas ianques em nome de prestar “socorro humanitário” aos haitianos após o terremoto de 2010.

Um dos casos recentes mais parecidos com a atual “rebelião líbia” foi o da Bolívia, onde a oposição burguesa pró-imperialista das províncias mais ricas do país na região da chamada meia-lua levantaram-se contra o governo Evo Morales a partir de um “democrático referendum” pela separação de Santa Cruz. A diferença é que na Bolívia, a oposição burguesa não conseguiu deslocar frações substantivas do Exército a seu favor. Recentemente, no Equador, uma greve policial nacional por pouco não se converteu em um golpe militar bem sucedido. No Tibet a “revolução” budista orientada pelo arqui-reacionário Dalai Lama se insurgiu contra o governo da burocracia chinesa. Em Cuba ganharam força os protestos por direitos humanos, greves de fome de agentes da CIA e até foi criada uma cópia restauracionista das madres da praça de maio argentinas, as “mães de branco”. Nos próximos dias vamos poder presenciar mais uma vez a requentada “revolução verde” no Irã e talvez algo parecido na cada vez menos esquálida e mais robusta oposição burguesa golpista venezuelana.

A NOVA DIVISÃO DO SUDÃO

Está em marcha por todas as formas uma clara recolonização imperialista da África. Os EUA estão correndo atrás do espaço perdido para a UE e a China no continente. Inclusive, esse é um dos temas principais das conversas entre Obama e Dilma nos próximos dias, como vem revelando a imprensa burguesa. O imperialismo acaba de dividir o maior país do continente por meio de um escandalosamente fraudulento plebiscito, sob o silêncio completo da quase totalidade dos que hoje se perfilam em favor da “resistência” libanesa.

Em janeiro de 2011, o “Sudão do Sul” realizou um “referendo” convocado há seis anos pelo imperialismo, nos “acordos de paz” chancelados pela ONU entre o governo títere local e os rebeldes separatistas pró-imperialistas, para concretizar um antigo plano colonialista dos EUA, Inglaterra e Israel: a divisão do maior país africano em dois. O tal referendo aprovou por estranhos 99% dos votos em favor do “sim” à partilha imperialista, o que foi, obviamente, saudado pelos “observadores internacionais” como uma “vitória esmagadora” pela divisão do país. Escandalosamente, em algumas “seções eleitorais” houve um comparecimento de 100% às urnas (em algumas seções, o número de “votantes” excedeu em centenas o número de eleitores registrados!). O Egito e o Sudão eram um só país até 1956, quando o imperialismo inglês fabricou a “independência” deste último, fomentando como agora novamente o regionalismo baseado na propaganda de que o governo egípcio, e não a própria Inglaterra, era o principal inimigo explorador e opressor dos sudaneses e principal responsável pela agonia da população oprimida sob o tacão do colonialismo.

Apesar de haver diferenças entre os processos que se multiplicam do Marrocos ao Bahrein e, em muitos lugares as manifestações surgirem de revoltas populares aparentemente espontâneas, na “primavera árabe” se verifica nitidamente a costura de um acordo “por cima” entre o imperialismo e a alta cúpula do regime odiado, primeiramente com o comando das Forças Armadas, que em quase todas as semicolônias do globo, assim como o exército cipaio indiano, foi armado, adestrado e obedecia antes de tudo ao Império Britânico, são hoje subordinadas ao Pentágono.

O New York Times assevera que “a chave da mudança está com os militares... os militares egípcios, com seus interesses empresariais, para não falar da ajuda dos EUA, exigiram uma transição que preservasse o poder, mas permitisse a Washington proclamar uma reforma gradual e substancial” (28/02/2011) e, referindo-se aos EUA e ao Egito, para que a cúpula do exército deste último país seguisse as orientações da Casa Branca na condução da reação “democrática”, cita a importância das “profundas relações entre os militares dos dois países” (idem). Descrevendo falsamente a relação de subordinação hierárquica como se fosse um compadrio, o diário da capital do império continua: “os 30 anos de investimentos valeram a pena na hora em que generais, cabos e oficiais de inteligência discretamente ligaram ou mandaram e-mails para amigos com os quais haviam treinado.” (NYT, 28/02/2011). Referindo-se a um caso de “cooperação” semelhante ao do Egito, poderia referir-se aos processos de transição lenta e gradual orquestrados na América Latina, mas cita a Indonésia: “O general Suharto governou por 31 anos, mas perdeu forças e caiu após duas semanas e meia de distúrbios em 1998. Os militares indonésios levaram pouco mais de um ano para realizar eleições” (idem). A 30 de Setembro de 1965, Suharto orquestrou um golpe, apoiado pela CIA, que foi acompanhado pelo massacre de comunistas e democratas indonésios e que resultou num genocídio que fez entre 500 mil e dois milhões de vítimas.

Além dos militares, no comando civil das frentes insurgentes estão, como no caso líbio, os magistrados e o poder Judiciário, que costumam ser a ala mais reacionária de todo o regime burguês, vide o comportamento destas castas no Brasil e, ironicamente, como outra expressão farsesca da própria era imperialista e suas “rebeliões democráticas”, os setores monarquistas da classe dominante. Para estabelecer a fachada para uma nova ordem de dominação imperial, as agências imperialistas realizam, 40 anos depois do golpe militar com apoio popular de Gadafi contra a monarquia, reinventando as tradições monárquicas, e dando um significado “libertador” aos símbolos, bandeiras e brasões da odiada monarquia pró-imperialista e pró-sionista, para consumo da opinião pública mundial.

O conjunto da esquerda pequeno-burguesa e revisionista do trotskismo reproduz à sua maneira a opinião pública fabricada pela grande mídia imperialista. Chamam de “revolução” as revoltas populares e tratam de adular e fazer demagogia com estes processos que invariavelmente têm sido conduzidos à instauração de regimes mais estáveis e rentáveis à dominação imperialista, ou seja, “revoluções” que ao final fortalecem a reação. Nos países árabes e em todo o mundo semi-colonial, os problemas democráticos estão indissoluvelmente ligados à libertação do tacão de ferro imperialista. Não por acaso, a fraseologia antiamericana, pan-arabista, antissionista dos aiatolás, de Saddan, do Hezbollah, do Hammas, do Taliban, da Al Qaeda e de Gadafi historicamente seduziu as massas. Pelo mesmo motivo, boa parte dos esforços do imperialismo, e particularmente da atual administração pós-Bush, visa exatamente desarmar os sentimentos antiimperialistas. Não por acaso, a nova ofensiva se traveste de “primavera árabe”, “popular” e “democrática”. Também não por acaso, o imperialismo evita e retarda fazer por vias militares o que puder conquistar por meios “pacíficos” ou “revolucionários”, tentando desenvolver ao máximo o trabalho de seus agentes nativos. A pergunta de Lenin simples e direta continua sendo a melhor “dica” para disipar as dúvidas: “que classe faz a revolução? Contra quem se fez a revolução?”

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

NASCE A LIGA COMUNISTA


Contra o ceticismo, construir o partido trotskista revolucionário da classe operária!

"Nenhuma situação, por cinzenta e pacífica que seja, como tampouco nenhum período de decaimento do espírito revolucionário exclui a obrigatoriedade de trabalhar pela criação de uma organização de combate, nem de levar a cabo a agitação política; mais ainda, é precisamente em tais circunstâncias e tais períodos que é especialmente necessário o trabalho indicado porque em momentos de explosão e estouros é tarde para criar uma organização. A organização tem que estar pronta para desenvolver sua atividade imediatamente."
Lenin, Por onde começar, 1900

Apresentamos aos trabalhadores, a juventude e a van­guarda do movimento operário os motivos de nossa ruptura com a Liga Bolchevique Internacionalista.

Como em nenhuma época histórica anterior, a carên­cia de uma direção revolucionária do proletariado cobra hoje seu preço. Faz um século que o capitalismo entrou em sua decadência senil. Embora goze do maior grau já atingido pela humanidade em sua evolução tecnológica, arrasta a civilização para a barbárie, degradando o ser hu­mano e todo o resto da natureza. Concomitantemente, as correntes que se reivindicam marxistas estão reduzidas a pequenos agrupamentos de propaganda sem absoluta­mente nenhuma influência real sobre as massas proletá­rias, as únicas que podem liquidar a agonia capitalista.

Marx e Engels tinham o direito legítimo de consti­tuir uma liga de propaganda na aurora do socialismo científico. Todavia encontrar-se nesta condição 150 anos depois da elaboração do Manifesto do Partido Comu­nista não é mais um direito, mas uma deformidade re­tardatária que contribuiu decididamente com o agra­vamento das condições de vida da classe trabalhadora sob a decadência do capitalismo. A inexistência de uma direção revolucionária para a luta das massas se rela­ciona com a barbárie imperialista de forma dialética, como causa e efeito. Como Trotsky prognosticara, as condições objetivas para a revolução proletária apo­drecem e a humanidade caminha para uma catástrofe.

Também não é válido justificar a impotência atual usando como parâmetro a debilidade das primeiras or­ganizações trotskistas na década da fundação da IV In­ternacional. Trotsky e seus camaradas estavam submeti­dos a uma caçada de extermínio físico por parte da GPU (futura KGB), aos Processos de Moscou, no auge da degeneração burocrática e policialesca do primeiro Es­tado operário e da III Internacional. Simultaneamente, graças ao stalinismo, a revolução chinesa foi afogada em sangue, os processos revolucionários na França e Espa-nha foram abortados pelas frentes populares e ditaduras nazi-fascistas passaram a controlar importantes Estados capitalistas. Além de criar a reação fascista, como contra­ponto à URSS, o imperialismo tratou de resolver a crise de superprodução de 1929 através da II Guerra mundial.

Sob terríveis perseguições, a vanguarda revolucio­nária do proletariado, o núcleo fundador da IV Inter­nacional, foi, segundo a expressão do próprio Trots­ky, “exilado de sua própria classe”. A repressão física fatal que liquidou todo o comitê central bolchevique, os melhores elementos da geração que realizou a re­volução de 1917, também assassinou os melhores qua­dros da IV Internacional. Nem de longe esta eliminação física e objetiva pode ser comparada ao isolamento ideológico de hoje. São duas circunstâncias desfavo­ráveis que exigem táticas de sobrevivência distintas.

A atrofia política da LBI só pode ser compreendida no marco das consecutivas derrotas da classe operária nos últimos 20 anos. É preciso destacar: compreendida, mas não justificada. A LBI nasceu depois de todas as on­das do movimento de massas brasileiro (greves metalúr­gicas contra a ditadura que desembocaram na fundação do PT e da CUT, movimento nacional pelas “Diretas- Já!”, polarização eleitoral de 1989, Fora Collor) e sob a ofensiva anticomunista gestada pela principal derrota do proletariado mundial, a contrarevolução que restau­rou o capitalismo na URSS e no Leste Europeu (1989- 1991). Para piorar, se a desmoralização da era pós-URSS se abateu sobre a esquerda mundial na década de 1990, no Brasil, este quadro se agravou, particularmente, pela consolidação do mais aprimorado mecanismo de coop­tação da vanguarda operária existente no planeta, com a ascensão da frente popular ao governo federal em 2002.

A jovem corrente nasceu órfã e solitária por suas po­sições programáticas principistas, defendendo retrospec­tivamente um Estado operário, a URSS, que já não exis­tia mais e combatendo a frente popular que tornou-se o principal instrumento da dominação burguesa no Brasil e do imperialismo no continente. Neste quadro se impôs de maneira crescente um sentimento de impotência e confor­mação diante de situações cada vez mais desfavoráveis para a luta dos trabalhadores. No último período, ciente da nova ofensiva reacionária gerada pela crise econômi­ca, a LBI cristalizou um curso político de reduzir suas atividades de combate ao revisionismo no âmbito literal-virtual, dentro do pequeno mundo da fração de esquerda da frente popular que orbita em torno do PSOL e PSTU.

A QUE HERANÇA RENUNCIAMOS?

Este pequeno universo da oposição pequeno-bur­guesa tornou-se mais esquálido nas eleições de 2010, sendo esmagado pela pressão da frente popular e da oposição burguesa, reciclada em torno da simbiose petista-tucana que foi a candidatura Marina. Elegen­do como centro de sua intervenção a ala esquerda des­ta oposição pequeno-burguesa, a LBI limita-se a rea­lizar uma admoestação completamente inócua sobre o pseudotrotskismo que gravita neste meio político.

Diante da reação crescente, os revisionistas em geral vendem as derrotas da classe como se fossem vitórias. Assim, a contrarevolução na URSS foi vendida como al­gum tipo de “revolução política”; o crash financeiro mun­dial que justificou o agravamento do saque aos salários e aos direitos históricos dos trabalhadores, foi anuncia­do como o prenúncio de uma implosão do capitalismo.

O objetivo destas delirantes falsificações da realida­de é dissimular a desmoralização e a própria impotência diante da reação e euforizar a militância. Não comun­gando destes métodos, mas padecendo de mesma im­potência, a LBI cai na prostração, quando é obrigada a constatar que sua intervenção sobre o revisionismo não surte qualquer efeito político e menos ainda organizativo.

Enquanto os pseudotrotskistas desespera­dos para sair da marginalidade adaptam-se às di­reções oportunistas e às pressões da reação ideológica, adotando cada vez mais um caráter vergon­hosamente colaboracionista de aconselhadores de esquer­da da frente popular, a LBI contenta-se em fazer parte desta cadeia sendo a extrema esquerda dedicada a fazer admoestação crítica aos que aconselham a frente popular.

Os fundadores da IV Internacional foram executados pelo stalinismo e seus seguidores declinaram da tarefa de reconstruí-la, abandonando os princípios mais elemen­tares das teses da revolução permanente e do programa de transição para seguir a reboque, primeiro, do próprio stalinismo, depois da social-democracia e do nacionalis­mo burguês. Do mesmo modo e mais cedo ainda deser­taram do combate pela consciência da classe operária, onde se localiza a reserva social e política para romper com o isolamento político e a “solidão revolucionária”.

Também desprezando o trabalho paciente por formar quadros operários por fora do círculo hiperdeformado da pequena-burguesia e da aristocracia operária brasilei­ras, a LBI impôs a si um beco sem saída. Vítima pas­siva de conjunturas cada vez mais desfavoráveis à luta da classes, a LBI chegou a meados de 2010 prostrada diante da reação ideológica anticomunista pós-URSS e em especial da pressão da frente popular no Brasil.

Mesmo que se possa objetar que frente à militância virtual que caracteriza centenas de agrupamentos de es­querda do século XXI a LBI seja uma das mais ativas cor-rentes, a auto-exclusão do movimento operário, o traba-lho exclusivamente microvanguardista em uma militância sindical escolada no anticomunismo e antibolchevismo petistas, nunca construirá uma organização revolucioná­ria do proletariado. Está mais do que provado que prog­nósticos corretos, acertos políticos e iniciativas dirigidas a este tipo de gente tão profundamente desmoralizada, por mais justos que sejam, por si só não elevam a classe trabalhadora à altura de suas tarefas históricas. Na me­lhor das hipóteses, podem gerar, na expressão de Trots­ky, “um clube de discussão de alto nível” (A composição social do partido, Escritos, 10/10/1937), completamente à margem da luta para elevar a classe trabalhadora ao nível da luta por seus interesses históricos, de libertação da idiotia e da bestialidade a que está submetida para dar à história um curso diferente da barbárie imperialista.

Renunciamos à herança dos que desprezam o trabalho de elevar o proletariado à consciência bolchevique, co­mum à totalidade do revisionismo, e que a LBI não foi ca­paz de superar, nem o quis. Todas as organizações de es­querda no Brasil abandonaram o trabalho de formação de quadros operários pelo menos desde a década de 1980. As mais novas, já educadas pela escola petista, de relações completamente deformadas com a classe (trade-unismo, cretinismo parlamentar, populismo, assistencialismo), re­produzem desvios do lulismo como o PSOL e o PSTU.

Quando falamos de educação da classe não nos referi­mos a escolinhas de socialismo para estudantes e trabalha­dores, realizadas completamente à margem da luta política de partidos. Nem temos a ilusão de que os trabalhadores encontrarão o socialismo a partir do acúmulo de experiên­cias sindicalistas, movimentistas ou “de lutas”. É neces­sário o recrutamento das massas nas lutas, nos locais de trabalho e estudo para a compreensão estratégica da orga­nização política, instruí-las na ideologia comunista rumo à construção de um partido de vanguarda. Em nível imediato e direto ajudá-las a combater ao principal câncer do movi­mento de massas brasileiro, o lulismo e seus satélites que sabotam a luta de classes do caminho da revolução social.

VOLTAR AO MOVIMENTO OPERÁRIO PARA PREPARAR A NOVA GERAÇÃO DE QUADROS REVOLUCIONÁRIOS QUE SUPERARÃO A DEFORMAÇÃO DA ERA LULISTA!

Para nadar contra a corrente, enfrentar o oportunismo encastelado no Estado, seus satélites centristas adaptados ao regime em meio ao refluxo das lutas espontâneas, du­rante uma situação cinzenta, pacífica e de decaimento do espírito revolucionário, nosso trabalho precisa ser sobre­tudo paciente e abnegado. Temos claro que não há outro modo de superar o período lulista da história do movi­mento operário brasileiro sem que uma nova geração de quadros operários sejam preparados sob um programa trotskista. O que indica, portanto, que devemos começar a tarefa voltando ao movimento operário. Não há atalho.

O novo curso requer desenvolver a agitação polí­tica revolucionária sobre as massas, atividade que as pequenas organizações abandonaram ou a fazem de modo extremamente atrofiado e os centristas e gran­des partidos oportunistas a fazem de modo deforma­do. Isto não implica em qualquer desprezo pela luta teórica ou ideológica em defesa dos princípios. Sem esta propaganda não haverá formação genuinamen­te marxista e menos ainda movimento revolucionário.

A história não acabou, toda a vida política é uma luta sem fim composta de um número infinito de elos. É hora de furar o cerco oportunista restabelecendo estreitos vínculos com a classe que, por seu papel na produção, é a mais pro­gressista da sociedade atual. Sem qualquer pretensão de inventar uma fórmula nova de organização política, reivin­dicamos a luta pela construção de um partido de revolucio­nários profissionais, centralizado, conspirativo, composto pela vanguarda consciente do proletariado do século XXI.

Apropriando-se dos melhores recursos logísticos de hoje para levar adiante a tarefa, é preciso retomar os bons e velhos métodos bolcheviques de agitação, propaganda e organização política que levou mais adiante a luta pelo socialismo, que foram capazes de levar os trabalhadores conscientemente à tomada do poder através da revolução social e à instauração de sua ditadura revolucionária.

DA PROSTRAÇÃO AO CETICISMO, VÁRIOS PASSOS ATRÁS

O reconhecimento da classe operária como protago­nista histórica da revolução socialista consta nos pontos programáticos da LBI. É repetido em muitas conclusões de seus artigos. Mas converteu-se em letra morta na me­dida em que o próprio agrupamento convenceu-se após três ofensivas mundiais do imperialismo (restauração capitalista nos Estados Operários, guerra ao terror pós 11/9/2001 e crise econômica de 2008) de que não apenas a revolução não era mais uma tarefa para nossas vidas, mas que a luta pela própria construção do partido bolche­vique da classe operária já não tinha mais vigência práti­ca efetiva. Daí a conclusão catastrófica da maioria da di­reção na reunião do dia oito de setembro de 2010: “frente ao atual retrocesso ideológico na classe é impossível a um núcleo revolucionário inserir-se no proletariado”. Trata-se, nada mais, nada menos, do que da fórmula da pros­tração, como caracterizamos durante a própria reunião.

Esta concepção norteou outro passo atrás. Em meio a uma crise desagregadora com um militante da regional paulista no mês de julho de 2010, a maioria do CC, contra as posições de Humberto, decidiu por baixar as portas da regional São Paulo e reconcentrar a LBI em Fortaleza.

A decisão significava uma reversão autofágica da acertada orientação política deliberada na IV Conferên­cia da LBI, tomada cinco anos antes, que orientou o deslocamento gradual da direção política da corren­te de Fortaleza para São Paulo, justificado pelo fato de a capital paulista ser a principal cidade operária da América Latina e centro político nacional do Brasil.

E o pior é que tamanho recuo não se­guia nem um plano estratégico, apenas cris­talizava o curso de prostração da corrente.

A maioria da direção da LBI dava um passo atrás em uma orientação de estruturação que até então mar­cava uma das principais diferenças entre a ousadia da corrente e a prostração dos demais pequenos agrupa­mentos regionais. Com esta medida a LBI retrocedia do seu nacional-trotskismo para o que poderíamos chamar de forma muito otimista de municipal-trotskismo. Ao completar 15 anos de existência, 200 edições do Jornal Luta Operária e ter se tornado uma referencia política principista na vanguarda de esquerda nacional e inter­nacional, a LBI retrocedia em direção a converter-se em um organismo monocelular. A renúncia à luta pela cons­ciência da classe conduz, invariavelmente, à revisão do ABC do trotskismo. O próximo passo é responsabilizar o proletariado e não sua covarde direção política pela situação sem saída em que se encontra a humanidade.

Em nenhum país, sob nenhuma circunstância, o pro­letariado por si só foi capaz de compreender sua tarefa histórica. Somos obrigados a lembrar que a alienação ou a falta de consciência política do proletariado não são fenômenos novos para o marxismo. Muito pelo contrário, aprendemos que as ideias dominantes en­tre os trabalhadores, são as ideias das classes domi­nantes, que os operários não desenvolvem sozinhos a consciência socialista, que esta só pode ser introduzida de fora da classe pelos intelectuais materialistas dia­léticos como foram Marx, Engels, Lenin e Trotsky.

Mas, se a vanguarda marxista, oriunda da pequena bur­guesia, acomodou-se e só faz política entre si, recorrendo à classe operária apenas para lhe pedir apoio em eleições sindicais ou burguesas, como pode o trotskismo penetrar na classe? Esperar que o proletariado, sob o impacto das derrotas históricas e da educação ministrada pelo creti­nismo parlamentar, trade-unismo, onguismo, ... não retro­ceda por décadas em sua compreensão política, é idea­lizar um proletariado que não existe nem nunca existiu.

As massas repletas de contradições internas só terão sua consciência modificada em favor da revo­lução se os marxistas o fizerem. Pensar de outro modo é apostar no espontaneísmo que nada tem a ver com o leninismo. Lavar as mãos para esta tarefa, consideran­do-a “impossível” consolida o pernicioso divórcio da teoria política com a classe, conduz à ruptura progra­mática com o trotskismo e, seguramente, ao ceticismo.

EM DEFESA DA LUTA PELA CONSCIÊNCIA DOS TRABALHADORES

A derrota do proletariado da Europa em geral e grego, em particular, obrigado a pagar de maneira exemplar o cus­to da farra dos especuladores europeus e ianques depois de várias greves gerais, comprova de maneira cabal que para qualquer futuro triunfo proletário é imprescindível que as massas sejam conduzidas por uma direção revolucionária. Mesmo que entre o cinzento momento atual e a próxima “explosão”, para usar a expressão de Lenin na frase que abre este documento, dure décadas, acreditamos que o fun­damento de nossa existência deva ser criar a organização de combate e fazer a agitação política que salve o porvir.

A maioria da direção da LBI também argumenta que tais concepções de nossa parte não justificam a ruptura, uma vez que mesmo que as críticas da minoria estejam certas, a LBI “não atravessou o Rubicão”, “não rompeu programaticamente com a fronteira de classe”. A reali­dade não é bem assim. Nem a cisão entre bolcheviques e mencheviques nem a ruptura entre defensistas e derro­tistas dentro da IV Internacional, importantes divisões do marxismo pareceram essenciais ao primeiro momen­to. No entanto, depois de 15 anos sem tomar para si a tarefa de construir-se dentro do proletariado, de mais de 10 anos de isolamento nacional no plano organizati­vo, encontrando-se hoje com seu pequeno trabalho sin­dical agonizando, a crise da direção cobrou seu preço também para a LBI, levando-a a prostração ceticista.

O próprio Trotsky que no início do século XX não achou justa a ruptura entre bolcheviques e mencheviques russos, avalia, duas semanas antes de seu assassinato, a cisão, desta vez, no interior do SWP estadunidense: “Se tomarmos as diferenças políticas tais como são, pode­mos dizer que não eram suficientes para uma cisão, mas se elas desenvolveram uma tendência para se desviar do proletariado, indo em direção aos círculos pequeno- -burgueses, então essas mesmas diferenças podem ter um valor absolutamente diferente; um peso diferente; se estão ligadas com um grupo social diferente. Este é um ponto importante. (...) Isto é muito característico do intelectual desmoralizado. Vê a guerra, a terrível época que temos pela frente, com perdas, com sacrifícios, e tem medo. Começa a propagar o ceticismo e acredita que é possível unificar o ceticismo com a devoção revolucio­nária. Só podemos desenvolver uma devoção revolu­cionária se estamos certos de que é racional e possível, e não podemos ter tal certeza sem uma teoria operante. Aquele que propaga o ceticismo teórico é um traidor. (Sobre o Partido “Operário”, Leon Trotsky, 7/8/1940).

Retrocedendo em direção ao ceticismo prático a LBI estagnou com o passar dos anos. Restringiu-se a impulsio­nar um recrutamento ocasional, relativamente anárquico e empírico de sua cada vez mais limitada área de influência sindical dispersa pela inexistência sequer de plenárias da Tendência Revolucionária Sindical (TRS) em Fortaleza. Contentou-se em marcar presença testemunhal-crítica ao calendário sindical do bloco de aconselhamento pela es­querda ao lulismo conduzido pelo PSTU. Vale destacar que a crise partidária de julho se agravou após uma importan­te participação sindical da corrente no Conclat de Santos.

Realizamos brilhantes denúncias do caráter buro­cratizado, impotente e liquidacionista, oposto a armar a classe contra a frente popular, da direção da Conlutas. Todavia, a falta de uma nucleação permanente e estru­tural, de formação de quadros revolucionários agravou profundamente o isolamento político que o cerco da frente popular e seus satélites impuseram à LBI. Nossa estéril intervenção na vanguarda de esquerda do movi­mento operário é dirigida a ativistas viciados que há mui­to vivem do aparato sindical a trair a própria categoria.

A modo de conclusão, por uma década e meia reivindi­camos às raposas que não comam as galinhas, recusando-se ao trabalho de ensinar às galinhas as habilidades das águias.

A LBI é vista como um agrupamento que até pode fazer críticas e prognósticos acertados, mas que não se dispõe a lutar de forma consequente pela consciên­cia do proletariado contra o entorpecimento frente-po­pulista a que o conduzem os oportunistas que critica.

Romper com uma orientação que renuncia à disputa pela consciência do proletariado contra o oportunismo e o revisionismo é uma obrigação daqueles que têm como estratégia de vida a militância revolucionária trotskista.

As concepções do trotskismo e do ceticismo são in­conciliáveis. Recordamos uma vez mais o velho bol­chevique diante dos céticos que sob pressões hostis da reação anticomunista germinaram dentro das fileiras da IV Internacional: “Formar-se-á uma verdadeira direção revolucionária, que seja capaz de dirigir o proletaria­do rumo à conquista do poder? A Quarta Internacional responde esta questão afirmativamente, não só através do texto de seu programa, mas também através do fato mesmo de sua existência. Todas as distintas variedades de representantes desiludidos e atemorizados do pseudo-marxismo, atuam, pelo contrário, baseados na suposição de que a bancarrota da direção “reflete” somente a inca­pacidade do proletariado para levar a cabo sua missão revolucionária. Nem todos nossos opositores expressam claramente este pensamento, mas todos eles – ultraes­querdistas, centristas, anarquistas, para não mencionar os stalinistas e os socialdemocratas – descarregam sua res­ponsabilidade pelas derrotas nas costas do proletariado. Nenhum deles assinala sob que condições precisas o pro­letariado será capaz de levar a cabo a virada socialista.

Se admitirmos que é verdade que a causa das derrotas residem nas qualidades sociais do próprio prole­tariado, então a situação da sociedade moderna deverá ser considerada como desesperadora. Sob as condições do capitalismo decadente, o proletariado não cresce nem numericamente e nem culturalmente. Portanto, não existem motivos para esperar que em algum mo­mento se coloque à altura das tarefas revolucionárias.

A questão se apresenta de forma completamente di­ferente para aquele que tem claro o profundo antago­nismo que existe entre a exigência orgânica, profunda e insuperável das massas trabalhadoras para se liber­tarem do sangrento caos capitalista, e o cadáver con­servador, patriótico e completamente burguês da di­reção do movimento operário, que sobrevive por si mesma. Devemos escolher entre uma destas duas con­cepções irreconciliáveis.” (O proletariado e sua di­reção, A URSS na Guerra, Leon Trotsky, 25/09/1939).

De fato, nem todos os céticos expressam clara e for­malmente sua crença de que o proletariado tornou-se in­capaz de seguir uma estratégia revolucionária. No caso da LBI, após a nossa ruptura, a corrente vem tentando dissi­mular sua prostração com condenas literais à prostração, uma elevada dose de ufanismo, um ritmo de redação de textos frenético, acima do habitual e até com a reconsti­tuição urgente da recém liquidada regional de São Paulo. Temos razões de sobra para acreditar que estes gestos te-nham fôlego curto, visando apenas camuflar a nível bas­tante imediato a prostração cristalizada ao longo dos anos.

POR UMA VANGUARDA PROLETÁRIA DA IV INTERNACIONAL

Tomamos a iniciativa de romper com a LBI, cien­tes das pressões voluntaristas, basistas e obreiristas que ameaçam nosso novo curso. Não deixaremos de cometer erros nesta nova empreitada. A princípio nosso programa será inevitavelmente incompleto e confuso. Recorreremos ao estudo da cara experiência dos comunistas do passado para tratar de dissipar tais confusões. Sobretudo, trataremos, juntamente com os setores da classe que conosco militarem, de aprender com os erros. Não há outro modo de ter acesso direto aos trabalhadores e ganhar sua con­fiança mediante táticas corretas sem uma experiência desenvolvida em comum. Só é possível ganhar o proletariado para uma organização revolucionária estreitando os vínculos com suas camadas mais conscientes ainda não deformadas pelos numerosos tentáculos do imenso aparato governista da frente popular, incluindo as Intersindicais e a Conlutas.

Isto significa abandonar a luta nos fóruns destas entidades? De modo algum. Significa que, além disto, é preciso construir oposições de base, comunis­tas, revolucionárias dentro de cada sindicato contra as direções das centrais burocráticas controladas abertamente pelos governistas ou por seus satélites.

Contamos com a enorme vantagem de ter a favor do sucesso da tarefa a ex­trema carência que sofre o proletariado de uma organização política disposta a criar em seu meio uma militância de quadros bolcheviques armados de um programa trotskista. A tarefa do mo­mento é construir uma oposição operária e revolucionária ao governo Lula e ao governo burguês que o substituirá.

Ao cair nas mãos daqueles canalhas que sempre foram acertadamente o alvo das denúncias da LBI este documento corre o risco de provocar alguma perversa satisfação moral. Aconselhamos a estes senhores que desfrutem deste primeiro e curto instante ao máximo. De agora em diante, não poderão mais se aproveitar do fato de que a organi­zação trotskista que os condena estará isolada dos destacamentos de vanguarda da classe operária que sobre vós marcharão na luta contra a colaboração de classes e pela tomada do poder pelos trabalhadores rumo à edificação de um futuro socialista para a humanidade.

Humberto Rodrigues
fundador e ex-membro do Comitê Cen­tral da LBI, integrante do conselho edi­torial do Jornal Luta Operária e da Re­vista Marxismo Revolucionário;

Nádia Silva
ex-militante da LBI e da TRS;

Luiza Freitas
ex-militante da LBI e da TRS;

Pilar Oliveira
ex-militante da LBI e da TRS

Outubro de 2010