Derrota da União Europeia e EUA na batalha
pela Ucrânia acentua declínio da “pax estadunidense”
pela Ucrânia acentua declínio da “pax estadunidense”
Declaração do Comitê de Ligação pela IV Internacional
Liga Comunista (Brasil),
Socialist Fight (Grã Bretanha),
Tendência Militante Bolchevique (Argentina)
Liga Comunista (Brasil),
Socialist Fight (Grã Bretanha),
Tendência Militante Bolchevique (Argentina)
O acordo da Rússia com a Ucrânia dissipou temporariamente as
tensões que criaram a “EuroMaidan”, as manifestações em favor da recolonização
da Ucrânia pela União Europeia (UE) na “Praça Maidan” (Praça da Independência),
no centro da capital Kiev. Mas o atual talvez não dure meses podendo voltar em
forma de guerra civil aberta em um futuro próximo ou já de um conflito de
proporções mundiais, pavimentando o caminho de uma III Guerra Mundial.
Está marcada para abril uma nova ofensiva diplomática
oficial da União Europeia sobre a Ucrânia. A onda de protestos foi uma resposta
contra a negativa do atual governo ucraniano em aceitar as condições
estabelecidas ao país em novembro pela
Cimeira na Lituânia, no flanco oriental da UE, que pretendia celebrar a
integração de seis ex-repúblicas soviéticas da Europa Oriental e do Cáucaso:
Bielorússia, Ucrânia, Moldávia, Geórgia, Armênia e Azerbaijão ao bloco das 28
nações da UE.
A Ucrânia era o maior prêmio do acordo, com suas usinas
nucleares, fábricas, fazendas e gasodutos. O fracasso da cimeira da Lituânia
arrastou em favor da Rússia também a Armênia, Azerbaijão e Bielorrússia.
Desesperada, Angela Merkel advertiu Putin: "Devemos superar a mentalidade
nós ou eles, a Guerra Fria acabou" (AFP, 28/11/2013)
A disputa caminha em sentido contrário ao falso apelo da
chanceler alemã e voltará a se aquecer de forma ainda mais intensa quanto mais
se aproximarem as eleições pelo governo ucraniano em 2015. A batalha atual foi
apenas o início da campanha eleitoral onde os partidos ucranianos representam
distintos interesses da burguesia mundial. Vale lembrar que a “revolução
laranja”, precursora da atual onda de protestos, foi desencadeada justamente
quando o imperialismo europeu e estadunidense não admitiu os resultados
eleitorais que levaram a vitória do atual presidente Viktor Yanukovich em 2004,
derrubaram-no e impuseram a vitória de um candidato pró-imperialista Viktor
Iuschenko. Vale lembrar também que a situação econômica em que a Ucrânia chegou
é produto da integração do país a UE pela mão de todos os governos após a
restauração capitalista, inclusive Yanukovich.
“Vasyl Gouliï, um empresário de 49 anos de Ternopil (oeste)
culpou a Europa, que, segundo ele, não foi firme o suficiente após os episódios
de violência policial em novembro contra manifestantes em Kiev. ‘A Europa
poderia ter pressionado o governo, mas ela abandonou a Ucrânia’, lamentou. ‘A
oposição deve agir de forma mais ativa. Eles devem dizer como conseguir o
impeachment do presidente Viktor Yanukovich’, declarou por sua vez à AFP Lessia
Pantchuk, de 23 anos, que veio da região de Chernivtsi (oeste). A assinatura na
terça-feira em Moscou de acordos econômicos prevendo um crédito de US$ 15
bilhões para a Ucrânia e a diminuição em um terço do preço do gás russo,
enquanto o país está à beira da falência, parece ter desestabilizado os líderes
da contestação, sem precedentes desde a Revolução Laranja pró-ocidental, em
2004. Após os acordos de Moscou, ‘as tentativas de formar um 'governo técnico'
para assinar um acordo de associação com a UE já não são válidas. A revolta dos
oligarcas foi abafada pelo gás barato", ressaltou recentemente o
ex-ministro do Interior Yuriy Lutsenko, que fez um apelo em favor da ampliação
da contestação. ‘O poder é mais forte hoje do que em 2004’, quando foi
derrubado pela Revolução Laranja, diz Volodymyr Fessenko.” (AFP, 22/12/2013)
RESULTADO DE 2013 DESTA BATALHA DA NOVA “GUERRA FRIA”
Na batalha da Ucrânia, o imperialismo, EUA-UE, sofreu sua
terceira grande derrota de 2013 para o bloco composto pela Rússia e China. A
primeira derrota foi na Síria, quando a Rússia deteve o bombardeio anunciado
por uma coalizão militar dirigida pelos EUA e França contra Damasco. A segunda
derrota foi na guerra pela informação, com o asilo dado por Moscou a Snowden, o
ex-espião da CIA/NSA.
Trata-se de uma guerra de posições. O imperialismo ocidental
hegemônico vem perdendo terreno para o bloco pré-imperialista Eurásico. 2013
marcou uma tendência simetricamente oposta a ofensiva imperialista de 2011. A
contra-ofensiva do núcleo sino-russo teve início depois da sanguinária ocupação
da Líbia, do risco eminente de repetição da mesma derrota na Síria, da escalada
belicista no Oceano Pacífico, sobretudo na península coreana e do recuo em favor da conciliação da Venezuela e Irã com os EUA.
Diante das três derrotas, a Casa Branca agiu
rápido para esmagar o golpe militar anti-ocidente no Sudão do Sul, a mais nova
nação do planeta, surgida da divisão do Sudão pelo imperialismo.
Toda esta
situação acentua o declínio da correlação de forças mundial estabelecida por
todo o período da “pax estadunidense”. Declínio que é aproveitado pela ascensão
do novo bloco pré-imperialista burguês russo-chino, uma espécie de imperialismo
tardio, mas que deve ser aproveitado pelo proletariado mundial a seu favor
contra toda burguesia mundial.
O QUE ESTÁ EM JOGO NA UCRÂNIA?
Depois da Rússia, a Ucrânia é a mais rica e militarmente
poderosa das 14 ex-repúblicas soviéticas. A Ucrânia depende do gás natural
russo, embora seja autossuficiente em termos de produção elétrica, devido a usinas
nucleares e hidrelétricas. Em 2005, foi o sétimo maior produtor de aço do
mundo. A Ucrânia possui uma enorme base industrial de alta tecnologia,
inclusive herdou grande parte do parque industrial da URSS, de eletrônicos,
armamentos e artigos espaciais, boa parte dos quais ainda sobre o controle
estatal. No setor de manufaturados, o país fabrica equipamentos metalúrgicos,
locomotivas a diesel, tratores e automóveis.
A Ucrânia é um dos países europeus que mais consome energia,
proporcionalmente ao seu PIB, a Ucrânia consome o dobro de energia consumida na
Alemanha. 45% da energia produzida no país é por meio de suas usinas nucleares.
A maior usina nuclear na Europa, a Usina Nuclear de Zaporijia, é localizada na
Ucrânia.
A QUESTÃO DO GÁS RUSSO
25% do gás natural consumido no país é produzido na Ucrânia,
mas cerca de 35 % vem da Rússia e os 40 % restantes da Ásia Central através de
rotas de trânsito controladas pela Rússia.
85% do gás russo é entregue a Europa ocidental através
Ucrânia. Aí está uma das questões centrais da disputa interburguesa "ocidente-oriente" pelo país. A grande importância econômica da Ucrânia para o imperialismo europeu reside
no fato de que é pelos gasodutos ucranianos que passam quase todo gás russo que
abastece a Europa.
Foi justamente para impedir a instalação de mais bases
militares da OTAN na Ucrânia e em troca do controle dos gasodutos ucranianos
que a Rússia concordou em investir US $ 15 bilhões nos títulos da dívida do
governo da Ucrânia e reduzir em cerca de um terço o preço que a Naftogaz,
empresa nacional de energia da Ucrânia, paga para o gás da estatal russa Gazprom, a maior exportadora de gás natural do planeta. Enquanto o FMI e a União Europeia exigem um aumento de 40% no preço do gás e a desvalorização da moeda ucraniana, a Grivna.
Com o
acordo russo-ucraniano a UE ficará mais diretamente dependente do combustível
azul russo sem poder usar os gasodutos ucranianos que distribuem o gás russo
para muitas nações, como moeda de barganha contra Moscou.
A CRISE ECONOMICA E AS POLÍTICAS DE AUSTERIDADE
IMPERIALISTAS
EMPURRARAM A BURGUESIA UCRANIANA PARA OS BRAÇOS RUSSOS
Até a cimeira da Lituânia em novembro, Yanukovich parecia
estar sinceramente voltado a estreitar os laços com a UE. A reviravolta se deu
quando ele percebeu que a Ucrânia, nas mãos do “Big Three” passaria por uma
situação intermediária entre o que sofre a Grécia e a Espanha. Yanukovich disse
que precisava de 160 bilhões de dólares ao longo de três anos para compensar a
redução do comércio Ucrânia com a Rússia e para ajudar a amortecer a dor das
reformas de austeridade exigidas pela UE. A UE tinha pouca margem de manobra,
pois não poderia seguir exigindo o cumprimento dos planos de austeridade aos
outros membros do bloco se facilitasse a vida da Ucrânia. Por isso a UE se
recusou a dar a quantia exigida pelo governo ucraniano, oferecendo apenas
metade dela.
A Ucrânia não quer seguir o caminho da Grécia, Irlanda,
Itália, Polônia e Espanha. As "reformas" exigidas pela UE incluem a
desvalorização da moeda, o aumento dos preços da energia para os consumidores,
e cortes nos salários e pensões. A abertura de sua economia à concorrência do
oeste quebraria muitas indústrias Ucrânia, especialmente no Leste do país.
A Ucrânia está fortemente dividida entre o Leste e o Oeste.
No Leste está a indústria pesada da era soviética, indústrias que estão
ameaçadas de falir se os lobos do imperialismo forem soltos sobre a economia da
Ucrânia. O New York Times relata: "Esta é a forma como ele funciona na
Ucrânia: O Oriente faz o dinheiro, e o Ocidente come", e demonstra a divisão;
Os relatórios do WSWS: "Uma pesquisa realizada pelo pró-UE ‘Centro Europeu
por uma Ucrânia Moderna’ registrou que apenas 13% da população no leste do país
apoiam os protestos contra o governo, em comparação com 84%, no oeste. A
decisão de Yanukovych de não assinar um Acordo de Associação com a UE, que foi
o impulso para as manifestações, é rejeitada por maioria no oeste, mas apoiada
por 70 % no leste".
Muitos dos manifestantes estavam enganados na atual crise
econômica, induzidos a pensar que a UE iria resolver sua crise, impulsionados
pelo apoio dado a eles pela Alemanha e os EUA em particular. Isso serve aos
interesses econômicos de alguns oligarcas que dominam politicamente o
parlamento e a política na Ucrânia hoje. No entanto, um número suficiente deles
temem ruína pessoal se eles aceitam os termos da UE e continuam na oposição.
O PAPEL DE IMPERIALISMO-VASSALO DA ALEMANHA
Maior economia imperialista da Europa ocidental, a Alemanha
é uma potência exportadora de capitais para o resto do planeta, mas
militarmente, mesmo depois da anexação da Alemanha Oriental, o país segue
sendo, desde o final da 2ª Guerra mundial, uma colônia militar dos EUA que
possui nada menos que 227 bases militares e 50 mil soldados na Alemanha.
36% do gás consumido no país vem da Rússia e passa pela
Ucrânia e a recolonização deste último pela UE representaria a liquidação do
parque industrial ucraniano e a demissão de milhares de operários, destruindo o
principal ponto de resistência à recolonização da Ucrânia. Os interesses
burgueses da Alemanha são então a ponta de lança da recolonização econômica da
Ucrânia. Também, a expansão da OTAN para o Leste exige do imperialismo
apropriar-se de todo o poderio nuclear, energético e espacial ucraniano. Por
sua vez, uma derrota dos interesses imperialistas na Ucrânia poderá despertar a
luta antiimperialista, democrática e antifascista em toda região e em
particular na Polônia e na Áustria.
MAIS UMA “REVOLUÇÃO” ABERTAMENTE PRÓ-IMPERIALISTA
O que se viu nestes dias na Ucrânia foi mais uma fraudulenta
“revolução” pró-imperialista, como dezenas de outras arquitetadas pela CIA
durante a guerra fria, nos processos de restauração capitalista de 1989-1991 e
na “primavera árabe”. A principal reivindicação da “revolução” foi a exigência que
o governo do país assinasse um acordo recolonizador de “livre comércio” com a
União Européia. O movimento “popular” foi desencadeado depois do fracasso das
pressão exercida diretamente pelos chefes do chamado “Big Three”, Merkel,
Hollande e Cameron e pela ameaça dos EUA de impor sanções ao país caso dos
EU“Revoluções” dirigidas pela CIA, embaixada dos EUA, CEOs de multinacionais,
ONGs, igrejas e partidos neonazistas como o Svoboda (Liberdade) que realizou a
emblemática destruição do monumento a Lenin durante a recente onda de protestos
pró-UE ucranianos [1].
Enquanto entre as organizações que se reivindicam
revolucionárias, o estudo da experiência histórica das revoluções proletárias
do século XX segue sendo algo predominantemente amador, dentro das academias
militares e serviços de inteligência a soldo do grande capital a tática e a
estratégia revolucionárias são objeto de análise meticuloso. Tanto é que desde
a guerra fria o imperialismo vem aprimorando seu know how em Golpes de Estado
com camuflagem “revolucionária”.
A primeira “revolução pró-imperialista” foi
orquestrada pelos serviços de inteligência da Inglaterra e EUA e realizada em
1953, no Irã [2], com a derrubada do governo democraticamente eleito do
primeiro-ministro iraniano Mohammed Mossadegh que havia contrariado os
interesses imperialistas nacionalizando a multinacional petroleira inglesa
Britsh Petroleum. A descrição dos bastidores da bem sucedida “Operação Ajax” é
feita pelo jornalista Stephen Kinzer do New York Times, em seu livro “Todos os
homens do Xá: Um golpe de Estado americano e as raízes do terror no Oriente
Médio”, que “a CIA projetou um cenário que dá a impressão de uma revolta
popular quando na verdade se trata de uma operação secreta. O auge do
espetáculo foi uma manifestação em Teerã com oito mil figurantes pagos pela
Agência a fim de fornecer fotos convincentes à imprensa ocidental” ( All the
Shah’s Men: An American Coup and the Roots of Middle East Terror, 2003 ).
TÁTICA ANTIIMPERIALISTA
E ESTRATÉGIA PERMANENTISTA PARA A QUESTÃO UCRANIANA
E ESTRATÉGIA PERMANENTISTA PARA A QUESTÃO UCRANIANA
Pelo que está em jogo nesta luta, a sorte do proletariado
industrial ucraniano é a principal contradição para a recolonização do país em
favor de uma “Mittel Europa” com o espólio dos Estados operários
burocratizados, tendo a Alemanha como torre de controle dos interesses do
imperialismo estadunidense-europeu.
Como muitas vezes na história, a atual crise econômica
capitalista recolocou a questão das aspirações nacionais ucranianas na ordem do
dia. A questão voltou a jogar um papel importante no tabuleiro da luta de
classes planetária. Aqui se combinam elementos da dominação imperialista, o
fascismo antioperário e anticomunista, a eminência de uma nova guerra
imperialista e um acerto de contas histórico com o desastre da política
stalinista. Sobre esta última questão, o maior de todos os revolucionários
ucranianos declarou: “A respeito das partes da Ucrânia que hoje estão fora das
suas fronteiras, a atitude atual do Kremlin é a mesma que com todas as
nacionalidades oprimidas, as colônias e semicolônias: são moedas de troca nas
suas combinações internacionais com os governos imperialistas.” (Leon Trotsky,
A questão ucraniana, 22/04/1939).
Ainda que a negociação Putin-Yanukovych tenha beneficiado
enormemente a Ucrânia com a redução do preço do gás em relação ao panorama grego que propunha
a UE, o atual governo burguês russo utiliza muito mais a Ucrânia como moeda de
troca do que o fazia a burocracia stalinista no passado. E o atual governo
burguês ucraniano, representante de oligarquias regionais, se apropria de parte
da vantagem da redução dos custos energéticos que poderiam beneficiar a população trabalhadora.
Ainda que por demagogia democrática de Putin pré-Olimpíadas de Inverno na Rússia, a derrota do
imperialismo nesta batalha, animou a luta pelos direitos democráticos na
Rússia. Todavia, a luta por direitos democráticos hoje na Rússia, como fora por
longo tempo na URSS, não é dirigida pela vanguarda comunista proletária, está
quase inteiramente deformada e influenciada da política de reação democrática
do imperialismo ocidental. O primeiro subproduto desta nova situação foi a
liberação das integrantes da banda de rock Pussi Riot, de ativistas do
GreenPeace e do magnata do petróleo russo Mikhail Khodorkovsky, aliado do
imperialismo ocidental contra Putin.
Nesta batalha e na guerra civil que refluiu temporariamente
mas que se acentuará nos próximos meses, o Comité de Ligação para a Quarta
Internacional (CLQI) acredita que a única opção para a Ucrânia é a luta combinada
entre a tática da Frente Única Antiimperialista (FUA) e a estratégia da Revolução
Permanente. Assim, unimos aos métodos e objetivos da revolução permanente a
luta pela independência nacional, ou seja, a auto-determinação ucraniana contra
a União Européia. Nesta luta não se trata de alinhar-se com o mal menor, no
caso com a burguesia russa, mas de combater o mal maior, o imperialismo
hegemônico em todo o planeta. Por isso, taticamente nós estamos com o
proletariado do leste ucraniano em uma Frente Única Antiimperialista com o governo
Yanukovych contra a UE e seus agentes mercenários e fascistas. Mas denunciamos
ao próprio governo oligarca burguês de Yanukovych por ter conduzido o país a esta
situação apostando em um plano gradual de privatização e restauração capitalista.
Exigimos do governo a defesa e restauração dos monumentos soviéticos, das
estátuas de Lenin e dos monumentos que simbolizam a vitória do proletariado
sobre o fascismo, que agora nos servem de inspiração contra a recolonização
imperialista já sofrida por nossos irmãos gregos, irlandeses, italianos,
poloneses e espanhóis.
O CLQI luta pela construção de um partido de tipo
bolchevique e internacionalista na Ucrânia que tenha como objetivos uma nova
revolução social contra as oligarquias burguesas pró-imperialistas ou pró-russas. Lutamos pelo controle operário e soviético de toda economia do
país, em especial sobre as usinas nucleares e ao lado dos petroleiros
ucranianos lutamos pelo controle da exploração, produção e distribuição do gás
pelos próprios trabalhadores, bem como dos gasodutos que o governo quer
entregar para o domínio da Gazprom como parte do acordo com Putim.
Sob a orientação do mais revolucionário de todos os
ucranianos, Leon Trotsky, lutamos por conquistar a população trabalhadora
ucraniana de todos os preconceitos edificados historicamente contra o comunismo
graças a centralização burocrática de Stalin sobre seu país e que hoje são
utilizados pelo nacionalismo fascista para seduzir as massas em favor do
imperialismo. Somos consciente de que “se não fosse pela violação da Ucrânia
Soviética por parte da burocracia estalinista, não haveria política hitlerista
na Ucrânia... A Quarta Internacional deve compreender com clareza a enorme
importância da questão ucraniana, não apenas no destino do leste e sudoeste
europeus, mas para a Europa no seu conjunto. Trata-se de um povo que demonstrou
a sua viabilidade, numericamente igual à população da França e que ocupa um
território excepcionalmente rico e, aliás, da maior importância estratégica. A
questão da sorte da Ucrânia está colocada em todo o seu alcance. Cabe aqui uma
palavra de ordem clara e definida, que corresponda à nova situação. Em minha
opinião, há a atualidade uma única palavra de ordem: Por uma Ucrânia Soviética
de operários e camponeses, unida, livre e independente.” (idem).
Para nós, do CLQI o programa de independência da Ucrânia na
época do imperialismo (e das aspirações imperialistas do bloco EuerÁsico) está
direta e indissoluvelmente ligado ao programa da revolução proletária. A libertação
da Ucrânia das teias da dominação burguesa mundial pressupõe a independência
completa do país em relação também à burguesia russa e as oligarquias internas,
testas de ferro de algum bloco do grande capital mundial. A verdadeira
independência nacional ucraniana só pode ser alcançada através da luta por uma
Ucrânia socialista e soviética como parte da luta por uma nova federação de
repúblicas socialistas e soviéticas.
Notas
1.
http://www.publico.pt/mundo/noticia/oposicao-comeca-marcha-de-um-milhao-em-kiev-1615509#/0 Em uma entrevista reproduzida no site Diário Liberdade, um anarquista ucraniano descreve assim o Svoboda: “Hoje, a principal força política no panorama da extrema
direita na Ucrânia é, inegavelmente, o Svoboda. Se eu tivesse que apresentar
alguma comparação, eu os compararia com os outros atuais partidos de extrema
direita do leste europeu, como o partido húngaro Jobbik, com o qual eu penso
que os ouvintes americanos podem estar cientes. Houve um grande escândalo
quando um par de anos atrás eles receberam muitos votos na Hungria. Svoboda é
praticamente a mesma coisa, é um partido político que tem seu próprio projeto
de uma chamada ‘constituição nacional’, que traria muitas coisas horríveis,
como a pena de morte para o que chamam de ‘atividades anti-ucranianas’, sem
definições do que seriam essas "atividades". Basicamente, qualquer
coisa contrária ao espírito desse partido poderia ser considerado ‘anti-ucraniano’.
Hoje, no Euromaidan, eles estão conclamando a uma greve política, mas, na verdade, o que a maioria das pessoas simplesmente não percebe é que no projeto do Svoboda de nova constituição a greve política seria uma ofensa criminal.
Hoje, no Euromaidan, eles estão conclamando a uma greve política, mas, na verdade, o que a maioria das pessoas simplesmente não percebe é que no projeto do Svoboda de nova constituição a greve política seria uma ofensa criminal.
O paradoxo é que eles se tornaram extremamente
populares entre a classe média liberal educada das áreas urbanas, especialmente
em Kiev. Então, hoje Kiev vota Svoboda, como as regiões ocidentais da Ucrânia
fazem, porque eles apenas dizem: ‘Bem, eu não sei qual é o seu programa. Eu não
li nada sobre isso, mas eles parecem tão duros, eles são caras legais, e eu
tenho certeza que ao menos eles iriam quebrar os pescoços dos corruptos que
estão agora no partido governante’.
Isto é, naturalmente, uma grande reminiscência das situações
históricas em outros países no século 21.
Eu não quero parecer demasiado em pânico, mas há algumas
características semelhantes, porque as pessoas burguesas da classe média não
veem nada de errado com isto. E, até certo ponto, eles estão certos, porque, se
a extrema-direita ganha todo o país, essas pessoas não sentiriam grandes
dificuldades em sua vida. As principais dificuldades seriam para a extrema
esquerda, contra todos os partidos de esquerda e movimentos , e para as
minorias étnicas e para as minorias raciais.
Mas as pessoas normais não sentiriam nada, pelo menos por algum
tempo, e esse é o problema.
Igualmente outro fato interessante sobre o Svoboda: eles
passaram por uma mudança de marca e agora eles se chamam ‘liberdade’. Esta é
uma palavra genérica para a direita europeia, mas até 2005 ou 2004, eles se
chamavam Partido Nacional Socialista da Ucrânia. [Nota do transcritor no
original: Na verdade, o atual líder do Svoboda disse que todos os ucranianos
devem se tornar nazistas].” http://www.diarioliberdade.org/mundo/antifascismo-e-anti-racismo/45455-ucr%C3%A2nia-anarquista-ucraniano-dissipa-mitos-que-cercam-os-protestos-do-euromaidan-e-alerta-sobre-a-influ%C3%AAncia-fascista.html#.UuQqBaZLY6c.facebook
2. http://pt.wikipedia.org/wiki/Operação_Ajax
3.
http://www.marxists.org/portugues/trotsky/1939/04/22-ga.htm