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sábado, 28 de dezembro de 2013

UCRÂNIA - DECLARAÇÃO DO CLQI

Derrota da União Europeia e EUA na batalha
pela Ucrânia acentua declínio da “pax estadunidense”
Declaração do Comitê de Ligação pela IV Internacional
Liga Comunista (Brasil),
Socialist Fight (Grã Bretanha),
Tendência Militante Bolchevique (Argentina)


O acordo da Rússia com a Ucrânia dissipou temporariamente as tensões que criaram a “EuroMaidan”, as manifestações em favor da recolonização da Ucrânia pela União Europeia (UE) na “Praça Maidan” (Praça da Independência), no centro da capital Kiev. Mas o atual talvez não dure meses podendo voltar em forma de guerra civil aberta em um futuro próximo ou já de um conflito de proporções mundiais, pavimentando o caminho de uma III Guerra Mundial.

Está marcada para abril uma nova ofensiva diplomática oficial da União Europeia sobre a Ucrânia. A onda de protestos foi uma resposta contra a negativa do atual governo ucraniano em aceitar as condições estabelecidas ao país em novembro pela Cimeira na Lituânia, no flanco oriental da UE, que pretendia celebrar a integração de seis ex-repúblicas soviéticas da Europa Oriental e do Cáucaso: Bielorússia, Ucrânia, Moldávia, Geórgia, Armênia e Azerbaijão ao bloco das 28 nações da UE.

A Ucrânia era o maior prêmio do acordo, com suas usinas nucleares, fábricas, fazendas e gasodutos. O fracasso da cimeira da Lituânia arrastou em favor da Rússia também a Armênia, Azerbaijão e Bielorrússia. Desesperada, Angela Merkel advertiu Putin: "Devemos superar a mentalidade nós ou eles, a Guerra Fria acabou" (AFP, 28/11/2013) 

A disputa caminha em sentido contrário ao falso apelo da chanceler alemã e voltará a se aquecer de forma ainda mais intensa quanto mais se aproximarem as eleições pelo governo ucraniano em 2015. A batalha atual foi apenas o início da campanha eleitoral onde os partidos ucranianos representam distintos interesses da burguesia mundial. Vale lembrar que a “revolução laranja”, precursora da atual onda de protestos, foi desencadeada justamente quando o imperialismo europeu e estadunidense não admitiu os resultados eleitorais que levaram a vitória do atual presidente Viktor Yanukovich em 2004, derrubaram-no e impuseram a vitória de um candidato pró-imperialista Viktor Iuschenko. Vale lembrar também que a situação econômica em que a Ucrânia chegou é produto da integração do país a UE pela mão de todos os governos após a restauração capitalista, inclusive Yanukovich.

“Vasyl Gouliï, um empresário de 49 anos de Ternopil (oeste) culpou a Europa, que, segundo ele, não foi firme o suficiente após os episódios de violência policial em novembro contra manifestantes em Kiev. ‘A Europa poderia ter pressionado o governo, mas ela abandonou a Ucrânia’, lamentou. ‘A oposição deve agir de forma mais ativa. Eles devem dizer como conseguir o impeachment do presidente Viktor Yanukovich’, declarou por sua vez à AFP Lessia Pantchuk, de 23 anos, que veio da região de Chernivtsi (oeste). A assinatura na terça-feira em Moscou de acordos econômicos prevendo um crédito de US$ 15 bilhões para a Ucrânia e a diminuição em um terço do preço do gás russo, enquanto o país está à beira da falência, parece ter desestabilizado os líderes da contestação, sem precedentes desde a Revolução Laranja pró-ocidental, em 2004. Após os acordos de Moscou, ‘as tentativas de formar um 'governo técnico' para assinar um acordo de associação com a UE já não são válidas. A revolta dos oligarcas foi abafada pelo gás barato", ressaltou recentemente o ex-ministro do Interior Yuriy Lutsenko, que fez um apelo em favor da ampliação da contestação. ‘O poder é mais forte hoje do que em 2004’, quando foi derrubado pela Revolução Laranja, diz Volodymyr Fessenko.” (AFP, 22/12/2013)

RESULTADO DE 2013 DESTA BATALHA DA NOVA “GUERRA FRIA”

Na batalha da Ucrânia, o imperialismo, EUA-UE, sofreu sua terceira grande derrota de 2013 para o bloco composto pela Rússia e China. A primeira derrota foi na Síria, quando a Rússia deteve o bombardeio anunciado por uma coalizão militar dirigida pelos EUA e França contra Damasco. A segunda derrota foi na guerra pela informação, com o asilo dado por Moscou a Snowden, o ex-espião da CIA/NSA.

Trata-se de uma guerra de posições. O imperialismo ocidental hegemônico vem perdendo terreno para o bloco pré-imperialista Eurásico. 2013 marcou uma tendência simetricamente oposta a ofensiva imperialista de 2011. A contra-ofensiva do núcleo sino-russo teve início depois da sanguinária ocupação da Líbia, do risco eminente de repetição da mesma derrota na Síria, da escalada belicista no Oceano Pacífico, sobretudo na península coreana e do recuo em favor da conciliação da Venezuela e Irã com os EUA.

Diante das três derrotas, a Casa Branca agiu rápido para esmagar o golpe militar anti-ocidente no Sudão do Sul, a mais nova nação do planeta, surgida da divisão do Sudão pelo imperialismo.

Toda esta situação acentua o declínio da correlação de forças mundial estabelecida por todo o período da “pax estadunidense”. Declínio que é aproveitado pela ascensão do novo bloco pré-imperialista burguês russo-chino, uma espécie de imperialismo tardio, mas que deve ser aproveitado pelo proletariado mundial a seu favor contra toda burguesia mundial.

O QUE ESTÁ EM JOGO NA UCRÂNIA?

Depois da Rússia, a Ucrânia é a mais rica e militarmente poderosa das 14 ex-repúblicas soviéticas. A Ucrânia depende do gás natural russo, embora seja autossuficiente em termos de produção elétrica, devido a usinas nucleares e hidrelétricas. Em 2005, foi o sétimo maior produtor de aço do mundo. A Ucrânia possui uma enorme base industrial de alta tecnologia, inclusive herdou grande parte do parque industrial da URSS, de eletrônicos, armamentos e artigos espaciais, boa parte dos quais ainda sobre o controle estatal. No setor de manufaturados, o país fabrica equipamentos metalúrgicos, locomotivas a diesel, tratores e automóveis.

A Ucrânia é um dos países europeus que mais consome energia, proporcionalmente ao seu PIB, a Ucrânia consome o dobro de energia consumida na Alemanha. 45% da energia produzida no país é por meio de suas usinas nucleares. A maior usina nuclear na Europa, a Usina Nuclear de Zaporijia, é localizada na Ucrânia.

A QUESTÃO DO GÁS RUSSO

25% do gás natural consumido no país é produzido na Ucrânia, mas cerca de 35 % vem da Rússia e os 40 % restantes da Ásia Central através de rotas de trânsito controladas pela Rússia.

85% do gás russo é entregue a Europa ocidental através Ucrânia. Aí está uma das questões centrais da disputa interburguesa "ocidente-oriente" pelo país. A grande importância econômica da Ucrânia para o imperialismo europeu reside no fato de que é pelos gasodutos ucranianos que passam quase todo gás russo que abastece a Europa.

Foi justamente para impedir a instalação de mais bases militares da OTAN na Ucrânia e em troca do controle dos gasodutos ucranianos que a Rússia concordou em investir US $ 15 bilhões nos títulos da dívida do governo da Ucrânia e reduzir em cerca de um terço o preço que a Naftogaz, empresa nacional de energia da Ucrânia, paga para o gás da estatal russa Gazprom, a maior exportadora de gás natural do planeta. Enquanto o FMI e a União Europeia exigem um aumento de 40% no preço do gás e a desvalorização da moeda ucraniana, a Grivna.

Com o acordo russo-ucraniano a UE ficará mais diretamente dependente do combustível azul russo sem poder usar os gasodutos ucranianos que distribuem o gás russo para muitas nações, como moeda de barganha contra Moscou.

A CRISE ECONOMICA E AS POLÍTICAS DE AUSTERIDADE IMPERIALISTAS
EMPURRARAM A BURGUESIA UCRANIANA PARA OS BRAÇOS RUSSOS

Até a cimeira da Lituânia em novembro, Yanukovich parecia estar sinceramente voltado a estreitar os laços com a UE. A reviravolta se deu quando ele percebeu que a Ucrânia, nas mãos do “Big Three” passaria por uma situação intermediária entre o que sofre a Grécia e a Espanha. Yanukovich disse que precisava de 160 bilhões de dólares ao longo de três anos para compensar a redução do comércio Ucrânia com a Rússia e para ajudar a amortecer a dor das reformas de austeridade exigidas pela UE. A UE tinha pouca margem de manobra, pois não poderia seguir exigindo o cumprimento dos planos de austeridade aos outros membros do bloco se facilitasse a vida da Ucrânia. Por isso a UE se recusou a dar a quantia exigida pelo governo ucraniano, oferecendo apenas metade dela.

A Ucrânia não quer seguir o caminho da Grécia, Irlanda, Itália, Polônia e Espanha. As "reformas" exigidas pela UE incluem a desvalorização da moeda, o aumento dos preços da energia para os consumidores, e cortes nos salários e pensões. A abertura de sua economia à concorrência do oeste quebraria muitas indústrias Ucrânia, especialmente no Leste do país.

A Ucrânia está fortemente dividida entre o Leste e o Oeste. No Leste está a indústria pesada da era soviética, indústrias que estão ameaçadas de falir se os lobos do imperialismo forem soltos sobre a economia da Ucrânia. O New York Times relata: "Esta é a forma como ele funciona na Ucrânia: O Oriente faz o dinheiro, e o Ocidente come", e demonstra a divisão; Os relatórios do WSWS: "Uma pesquisa realizada pelo pró-UE ‘Centro Europeu por uma Ucrânia Moderna’ registrou que apenas 13% da população no leste do país apoiam os protestos contra o governo, em comparação com 84%, no oeste. A decisão de Yanukovych de não assinar um Acordo de Associação com a UE, que foi o impulso para as manifestações, é rejeitada por maioria no oeste, mas apoiada por 70 % no leste".

Muitos dos manifestantes estavam enganados na atual crise econômica, induzidos a pensar que a UE iria resolver sua crise, impulsionados pelo apoio dado a eles pela Alemanha e os EUA em particular. Isso serve aos interesses econômicos de alguns oligarcas que dominam politicamente o parlamento e a política na Ucrânia hoje. No entanto, um número suficiente deles temem ruína pessoal se eles aceitam os termos da UE e continuam na oposição.

O PAPEL DE IMPERIALISMO-VASSALO DA ALEMANHA

Maior economia imperialista da Europa ocidental, a Alemanha é uma potência exportadora de capitais para o resto do planeta, mas militarmente, mesmo depois da anexação da Alemanha Oriental, o país segue sendo, desde o final da 2ª Guerra mundial, uma colônia militar dos EUA que possui nada menos que 227 bases militares e 50 mil soldados na Alemanha.

36% do gás consumido no país vem da Rússia e passa pela Ucrânia e a recolonização deste último pela UE representaria a liquidação do parque industrial ucraniano e a demissão de milhares de operários, destruindo o principal ponto de resistência à recolonização da Ucrânia. Os interesses burgueses da Alemanha são então a ponta de lança da recolonização econômica da Ucrânia. Também, a expansão da OTAN para o Leste exige do imperialismo apropriar-se de todo o poderio nuclear, energético e espacial ucraniano. Por sua vez, uma derrota dos interesses imperialistas na Ucrânia poderá despertar a luta antiimperialista, democrática e antifascista em toda região e em particular na Polônia e na Áustria.

MAIS UMA “REVOLUÇÃO” ABERTAMENTE PRÓ-IMPERIALISTA

O que se viu nestes dias na Ucrânia foi mais uma fraudulenta “revolução” pró-imperialista, como dezenas de outras arquitetadas pela CIA durante a guerra fria, nos processos de restauração capitalista de 1989-1991 e na “primavera árabe”. A principal reivindicação da “revolução” foi a exigência que o governo do país assinasse um acordo recolonizador de “livre comércio” com a União Européia. O movimento “popular” foi desencadeado depois do fracasso das pressão exercida diretamente pelos chefes do chamado “Big Three”, Merkel, Hollande e Cameron e pela ameaça dos EUA de impor sanções ao país caso dos EU“Revoluções” dirigidas pela CIA, embaixada dos EUA, CEOs de multinacionais, ONGs, igrejas e partidos neonazistas como o Svoboda (Liberdade) que realizou a emblemática destruição do monumento a Lenin durante a recente onda de protestos pró-UE ucranianos [1].

Enquanto entre as organizações que se reivindicam revolucionárias, o estudo da experiência histórica das revoluções proletárias do século XX segue sendo algo predominantemente amador, dentro das academias militares e serviços de inteligência a soldo do grande capital a tática e a estratégia revolucionárias são objeto de análise meticuloso. Tanto é que desde a guerra fria o imperialismo vem aprimorando seu know how em Golpes de Estado com camuflagem “revolucionária”.

A primeira “revolução pró-imperialista” foi orquestrada pelos serviços de inteligência da Inglaterra e EUA e realizada em 1953, no Irã [2], com a derrubada do governo democraticamente eleito do primeiro-ministro iraniano Mohammed Mossadegh que havia contrariado os interesses imperialistas nacionalizando a multinacional petroleira inglesa Britsh Petroleum. A descrição dos bastidores da bem sucedida “Operação Ajax” é feita pelo jornalista Stephen Kinzer do New York Times, em seu livro “Todos os homens do Xá: Um golpe de Estado americano e as raízes do terror no Oriente Médio”, que “a CIA projetou um cenário que dá a impressão de uma revolta popular quando na verdade se trata de uma operação secreta. O auge do espetáculo foi uma manifestação em Teerã com oito mil figurantes pagos pela Agência a fim de fornecer fotos convincentes à imprensa ocidental” ( All the Shah’s Men: An American Coup and the Roots of Middle East Terror, 2003 ).

TÁTICA ANTIIMPERIALISTA
E ESTRATÉGIA PERMANENTISTA PARA A QUESTÃO UCRANIANA

Pelo que está em jogo nesta luta, a sorte do proletariado industrial ucraniano é a principal contradição para a recolonização do país em favor de uma “Mittel Europa” com o espólio dos Estados operários burocratizados, tendo a Alemanha como torre de controle dos interesses do imperialismo estadunidense-europeu.

Como muitas vezes na história, a atual crise econômica capitalista recolocou a questão das aspirações nacionais ucranianas na ordem do dia. A questão voltou a jogar um papel importante no tabuleiro da luta de classes planetária. Aqui se combinam elementos da dominação imperialista, o fascismo antioperário e anticomunista, a eminência de uma nova guerra imperialista e um acerto de contas histórico com o desastre da política stalinista. Sobre esta última questão, o maior de todos os revolucionários ucranianos declarou: “A respeito das partes da Ucrânia que hoje estão fora das suas fronteiras, a atitude atual do Kremlin é a mesma que com todas as nacionalidades oprimidas, as colônias e semicolônias: são moedas de troca nas suas combinações internacionais com os governos imperialistas.” (Leon Trotsky, A questão ucraniana, 22/04/1939).

Ainda que a negociação Putin-Yanukovych tenha beneficiado enormemente a Ucrânia com a redução do preço do gás em relação ao panorama grego que propunha a UE, o atual governo burguês russo utiliza muito mais a Ucrânia como moeda de troca do que o fazia a burocracia stalinista no passado. E o atual governo burguês ucraniano, representante de oligarquias regionais, se apropria de parte da vantagem da redução dos custos energéticos  que poderiam beneficiar a população trabalhadora.

Ainda que por demagogia democrática de Putin pré-Olimpíadas de Inverno na Rússia, a derrota do imperialismo nesta batalha, animou a luta pelos direitos democráticos na Rússia. Todavia, a luta por direitos democráticos hoje na Rússia, como fora por longo tempo na URSS, não é dirigida pela vanguarda comunista proletária, está quase inteiramente deformada e influenciada da política de reação democrática do imperialismo ocidental. O primeiro subproduto desta nova situação foi a liberação das integrantes da banda de rock Pussi Riot, de ativistas do GreenPeace e do magnata do petróleo russo Mikhail Khodorkovsky, aliado do imperialismo ocidental contra Putin.

Nesta batalha e na guerra civil que refluiu temporariamente mas que se acentuará nos próximos meses, o Comité de Ligação para a Quarta Internacional (CLQI) acredita que a única opção para a Ucrânia é a luta combinada entre a tática da Frente Única Antiimperialista (FUA) e a estratégia da Revolução Permanente. Assim, unimos aos métodos e objetivos da revolução permanente a luta pela independência nacional, ou seja, a auto-determinação ucraniana contra a União Européia. Nesta luta não se trata de alinhar-se com o mal menor, no caso com a burguesia russa, mas de combater o mal maior, o imperialismo hegemônico em todo o planeta. Por isso, taticamente nós estamos com o proletariado do leste ucraniano em uma Frente Única Antiimperialista com o governo Yanukovych contra a UE e seus agentes mercenários e fascistas. Mas denunciamos ao próprio governo oligarca burguês de Yanukovych por ter conduzido o país a esta situação apostando em um plano gradual de privatização e restauração capitalista. Exigimos do governo a defesa e restauração dos monumentos soviéticos, das estátuas de Lenin e dos monumentos que simbolizam a vitória do proletariado sobre o fascismo, que agora nos servem de inspiração contra a recolonização imperialista já sofrida por nossos irmãos gregos, irlandeses, italianos, poloneses e espanhóis.

O CLQI luta pela construção de um partido de tipo bolchevique e internacionalista na Ucrânia que tenha como objetivos uma nova revolução social contra as oligarquias burguesas pró-imperialistas ou pró-russas. Lutamos pelo controle operário e soviético de toda economia do país, em especial sobre as usinas nucleares e ao lado dos petroleiros ucranianos lutamos pelo controle da exploração, produção e distribuição do gás pelos próprios trabalhadores, bem como dos gasodutos que o governo quer entregar para o domínio da Gazprom como parte do acordo com Putim.

Sob a orientação do mais revolucionário de todos os ucranianos, Leon Trotsky, lutamos por conquistar a população trabalhadora ucraniana de todos os preconceitos edificados historicamente contra o comunismo graças a centralização burocrática de Stalin sobre seu país e que hoje são utilizados pelo nacionalismo fascista para seduzir as massas em favor do imperialismo. Somos consciente de que “se não fosse pela violação da Ucrânia Soviética por parte da burocracia estalinista, não haveria política hitlerista na Ucrânia... A Quarta Internacional deve compreender com clareza a enorme importância da questão ucraniana, não apenas no destino do leste e sudoeste europeus, mas para a Europa no seu conjunto. Trata-se de um povo que demonstrou a sua viabilidade, numericamente igual à população da França e que ocupa um território excepcionalmente rico e, aliás, da maior importância estratégica. A questão da sorte da Ucrânia está colocada em todo o seu alcance. Cabe aqui uma palavra de ordem clara e definida, que corresponda à nova situação. Em minha opinião, há a atualidade uma única palavra de ordem: Por uma Ucrânia Soviética de operários e camponeses, unida, livre e independente.” (idem).

Para nós, do CLQI o programa de independência da Ucrânia na época do imperialismo (e das aspirações imperialistas do bloco EuerÁsico) está direta e indissoluvelmente ligado ao programa da revolução proletária. A libertação da Ucrânia das teias da dominação burguesa mundial pressupõe a independência completa do país em relação também à burguesia russa e as oligarquias internas, testas de ferro de algum bloco do grande capital mundial. A verdadeira independência nacional ucraniana só pode ser alcançada através da luta por uma Ucrânia socialista e soviética como parte da luta por uma nova federação de repúblicas socialistas e soviéticas.

Notas
1. http://www.publico.pt/mundo/noticia/oposicao-comeca-marcha-de-um-milhao-em-kiev-1615509#/0 Em uma entrevista reproduzida no site Diário Liberdade, um anarquista ucraniano descreve assim o Svoboda“Hoje, a principal força política no panorama da extrema direita na Ucrânia é, inegavelmente, o Svoboda. Se eu tivesse que apresentar alguma comparação, eu os compararia com os outros atuais partidos de extrema direita do leste europeu, como o partido húngaro Jobbik, com o qual eu penso que os ouvintes americanos podem estar cientes. Houve um grande escândalo quando um par de anos atrás eles receberam muitos votos na Hungria. Svoboda é praticamente a mesma coisa, é um partido político que tem seu próprio projeto de uma chamada ‘constituição nacional’, que traria muitas coisas horríveis, como a pena de morte para o que chamam de ‘atividades anti-ucranianas’, sem definições do que seriam essas "atividades". Basicamente, qualquer coisa contrária ao espírito desse partido poderia ser considerado ‘anti-ucraniano’.
Hoje, no Euromaidan, eles estão conclamando a uma greve política, mas, na verdade, o que a maioria das pessoas simplesmente não percebe é que no projeto do Svoboda de nova constituição a greve política seria uma ofensa criminal.
O paradoxo é que eles se tornaram extremamente populares entre a classe média liberal educada das áreas urbanas, especialmente em Kiev. Então, hoje Kiev vota Svoboda, como as regiões ocidentais da Ucrânia fazem, porque eles apenas dizem: ‘Bem, eu não sei qual é o seu programa. Eu não li nada sobre isso, mas eles parecem tão duros, eles são caras legais, e eu tenho certeza que ao menos eles iriam quebrar os pescoços dos corruptos que estão agora no partido governante’.
Isto é, naturalmente, uma grande reminiscência das situações históricas em outros países no século 21.
Eu não quero parecer demasiado em pânico, mas há algumas características semelhantes, porque as pessoas burguesas da classe média não veem nada de errado com isto. E, até certo ponto, eles estão certos, porque, se a extrema-direita ganha todo o país, essas pessoas não sentiriam grandes dificuldades em sua vida. As principais dificuldades seriam para a extrema esquerda, contra todos os partidos de esquerda e movimentos , e para as minorias étnicas e para as minorias raciais.
Mas as pessoas normais não sentiriam nada, pelo menos por algum tempo, e esse é o problema.
Igualmente outro fato interessante sobre o Svoboda: eles passaram por uma mudança de marca e agora eles se chamam ‘liberdade’. Esta é uma palavra genérica para a direita europeia, mas até 2005 ou 2004, eles se chamavam Partido Nacional Socialista da Ucrânia. [Nota do transcritor no original: Na verdade, o atual líder do Svoboda disse que todos os ucranianos devem se tornar nazistas].” http://www.diarioliberdade.org/mundo/antifascismo-e-anti-racismo/45455-ucr%C3%A2nia-anarquista-ucraniano-dissipa-mitos-que-cercam-os-protestos-do-euromaidan-e-alerta-sobre-a-influ%C3%AAncia-fascista.html#.UuQqBaZLY6c.facebook
2. http://pt.wikipedia.org/wiki/Operação_Ajax
3. http://www.marxists.org/portugues/trotsky/1939/04/22-ga.htm