TRADUTOR

sábado, 21 de dezembro de 2013

PARA REFLEXÃO DAS NOVAS GERAÇÕES DE LUTADORES

Sem partido, sem centralização política
da ação revolucionária, não há revolução
Do Especial 96 anos da Revolução Bolchevique 4/8, no Folha do Trabalhador # 19
Humberto Rodrigues
Dentre todos os socialistas e rebeldes sociais de toda sorte, incluindo os precussores anarquistas e os terroristas populistas, foram os bolcheviques os responsáveis por conduzir a luta de classes até a expropriação do capital. Isto não foi por acaso. Não foram as bombas populistas contra personalidades e instituições odiadas pelas massas, não foi a mera rebeldia espontânea, nem a “auto-organização” da população, concepções que voltaram a moda hoje, que catapultaram o movimento ao seu estágio superior e universal que a revolução de outubro atingiu. Foi um partido comunista de vanguarda da classe trabalhadora centralizado democraticamente e hierarquicamente disciplinado que dirigiu o maior passo dado pelas massas em toda a história da luta de classes. Sem teoria revolucionária, não haveria movimento revolucionário como já insistia Lenin mesmo antes da revolução de 1905, revolução que criou os sovietes.

Lenin aprimora suas concepções de “O Que fazer?” de 1902, quando teve como principais adversários o espontaneísmo, o tradeunismo e o populismo. Sob as ricas experiências do combate a degeneração social democrata, tanto dos mencheviques quanto da social democracia alemã, do curso do processo revolucionário de 1917 quando lança suas famosas “teses de abril”, da derrota da revolução alemã de 1918 e da própria guerra civil russa, as concepções se aprimoram e se desdobram nas principistas resoluções dos quatro primeiros congressos da III Internacional.

A MAIOR LIÇÃO DA REVOLUÇÃO DE OUTUBRO

Fazendo um balanço da tomada do poder pelas massas em 1917, Trotsky deduz em sua obra “Lições de outubro” que a classe operária também não pode fazer valer seus interesses históricos de forma independente de uma direção revolucionária centralizada e fundida com as massas: “Não pode triunfar a revolução proletária sem o partido, a parte do partido ou por um substituto do partido” (Leon Trotsky, Lições de Outubro). Desde o advento da luta de classes, muito antes do próprio modo de exploração capitalista, os explorados se rebelam, conquistam interesses imediatos ou são derrotados, mas foi somente em outubro de 1917, sob a direção de um instrumento que organiza a luta por uma estratégica comunista revolucionário que a luta é classes conduzida até o estabelecimento de um Estado operário. como destaca Trotsky, a principal lição de outubro

“No ano de 1917, a Rússia passava por sua maior crise social. Alguém certamente poderia dizer, entretanto, com base em muitas lições da história, que, se não houvesse o Partido Bolchevique, a imensurável energia revolucionária das massas teria se esgotado em infrutíferas explosões esporádicas e os maiores levantes teriam terminado nas ditaduras mais contra-revolucionárias. A luta de classes é o motor principal da história. Ela exige um programa correto, um partido firme, uma direção corajosa e digna de confiança — não heróis de salão, com suas frases parlamentares, mas revolucionários, prontos para ir até o fim. Essa é a maior lição da Revolução de Outubro” (Writings of Leon Trotsky 1935-36, p. 166).

Todavia, como explicar então a vitória de revoluções como na China, Iugoslávia, Coréia do Norte, Cuba, Vietnã, apesar de que nenhuma delas possuía a sua frente um partido semilar ao bolchevique e às vezes nenhum partido?

PRIMEIRAMENTE há que se destacar que precisamente nas últimas décadas quando prevaleceu principalmente entre a juventude o rechaço a rigidez bolchevique, de combate a forma de organização centralizada e de vanguarda, sob a influencia da reação democrática patrocinada pelo imperialismo e sua ofensiva anti-comunista pós-URSS, nenhuma revolução social foi realizada. Se nas últimas décadas não houve nenhuma revolução social vitoriosa foi porque não existiu um partido. Como nos ensinou Trotsky “A. revolução proletária não pode triunfar sem o Partido, contra o Partido ou através dum sucedâneo dele. Este é o principal ensinamento dos últimos dez anos. É certo que os sindicatos ingleses podem tornar-se uma poderosa alavanca da revolução proletária; em certas condições e durante um determinado período, poderão até, por exemplo, substituir os Sovietes operários. Mas, sem o apoio do Partido comunista e, com mais forte razão, contra ele, não serão capazes disso; só se a propaganda comunista se tornar preponderante no seu seio é que poderão desempenhar esse papel. Pagamos demasiado caro esta lição sobre o papel e importância do Partido, para não a termos retido integralmente.” (Lições de outubro, 1924).

SEGUNDO, a história da luta de classes sem direções bolcheviques por todo o ultimo século da menos ainda razão aos preconceitos autonomistas. Desde a revolução bolchevique de 1917 até hoje, dentre TODOS os processos revolucionários existentes, em sua totalidade, sem uma direção revolucionária, sem uma teoria revolucionária e sem um sadio regime centralista democrático, ou seja, mesmo sem um partido do tipo bolchevique, só triunfaram os processos que tiveram em sua direção instrumentos políticos mais centralizados e hierarquizados que os partidos políticos do proletariado, só triunfaram sob uma direção de exércitos centralizados de trabalhadores. Esta inegável experiência histórica é suficiente para enterrar de vez com todos os preconceitos anarquistas contra a centralização e pela horizontalização das organizações.


EM TERCEIRO LUGAR, passada a fase inicial da luta em que o imperialismo e a burguesia não deixaram outra alternativa a direções como o maoismo ou o castrismo do que a ruptura com suas próprias concepções originárias e a condução prática e empírica da expropriação da propriedade privada dos meios de produção as revoluções foram conduzidas ao próprio estrangulamento pela política de suas direções. Stalinistas de todas as colorações se opunham a teoria revolucionária internacionalista, a revolução permanente e ao centralismo democrático. Estas direções não bolcheviques adotaram no refluxo da luta revolucionária em seus respectivos Estados operários o chauvinismo nacionalista do “socialismo em um só país” (as vezes em uma pequena ilha, Cuba, ou em meio país, Coreia do Norte). Esta política contrarrevolucionária agravou o bloqueio imposto pelo imperialismo e em meio ao refluxo da luta de classes burocratizou os nascentes Estados operários, pavimentando o caminho da restauração do capitalismo e da contrarrevolução social com apoio de massas como ocorreu no Leste europeu, oriundos de processos de expropriação burocrática e onde as novas gerações nasceram tendo como principal adversário a opressora e parasitária burocracia stalinista.