A luta pela libertação do proletariado africano
e o verdadeiro legado de Mandela
e o verdadeiro legado de Mandela
Há motivos de sobra para a mídia mundial realizar agora toda esta
adulação a figura de Mandela. Não se trata apenas de demagogia em torno de um
líder popular. Tampouco estão se apropriando de um dirigente revolucionário
para descaracterizá-lo e usá-lo para seus interesses. Embora pessoas do mundo todo identifiquem o líder negro, falecido no dia 05 de dezembro de 2013, como um lutador que pôs fim ao hediondo regime do apartheid, a política executada por Mandela principalmente depois que assumiu o poder em seu país em 1994 é bem distante destas legítimas aspirações.
Na década de 1960, Mandela, então membro do Comitê Central do PC sul africano na clandestinidade, defendia a construção de um exército revolucionário que ganhasse o apoio popular para derrotar o apartheid pela via guerrilheira armada. Foi preso e condenado a prisão perpétua em 1964. Ele é solto somente em fevereiro de 1990, em plena restauração capitalista nos Estados operários do Leste Europeu, elemento que influi em seu giro político em direção a conciliação e a transição política pactuada com o regime do apartheid.
O "fim do apartheid" preservou e desenvolveu o capitalismo para que o acirramento da guerra civil no país onde a dominação imperialista assumiu claramente ares nazi-sionistas não descarrilhasse em uma situação pré-revolucionária. A política da frente popular, impulsionada pelo stalinistas do PC e pelos reformistas sul africanos do CNA desviou a luta de classes para uma transição pactuada para um regime de sociedade entre a velha elite branca e uma nova elite burguesa negra. A poderosa luta anti-apartheid foi desviada não para uma "democracia racial" mas para a criação da mais desigual nação do planeta, que recentemente ultrapassou a Namíbia e o Brasil.
Na década de 1960, Mandela, então membro do Comitê Central do PC sul africano na clandestinidade, defendia a construção de um exército revolucionário que ganhasse o apoio popular para derrotar o apartheid pela via guerrilheira armada. Foi preso e condenado a prisão perpétua em 1964. Ele é solto somente em fevereiro de 1990, em plena restauração capitalista nos Estados operários do Leste Europeu, elemento que influi em seu giro político em direção a conciliação e a transição política pactuada com o regime do apartheid.
O "fim do apartheid" preservou e desenvolveu o capitalismo para que o acirramento da guerra civil no país onde a dominação imperialista assumiu claramente ares nazi-sionistas não descarrilhasse em uma situação pré-revolucionária. A política da frente popular, impulsionada pelo stalinistas do PC e pelos reformistas sul africanos do CNA desviou a luta de classes para uma transição pactuada para um regime de sociedade entre a velha elite branca e uma nova elite burguesa negra. A poderosa luta anti-apartheid foi desviada não para uma "democracia racial" mas para a criação da mais desigual nação do planeta, que recentemente ultrapassou a Namíbia e o Brasil.
Cyril Ramaphosa, Nelson Mandela e Jacob Zuma nas negociações da CODESA |
Depois de todos os massacres do povo negro realizados pelos capitalistas brancos, composto por grupos empresariais racistas, nazistas e sionistas, como o Naspers (donos da Veja no Brasil [1]), a estabilidade política do regime de segregação racial do apartheid estava bastante comprometida. Foi então que no início da década de 1990, o regime tratou de pactuar uma transição política pacífica na Convenção para uma África do Sul Democrática (CODESA). Na foto ao lado, os três principais negociadores pelo lado da oposição negra, Cyril Ramaphosa, Nelson Mandela e Jacob Zuma nas negociações da CODESA. A base da negociação foi a preservação de todos os privilégios, riquezas e fortunas erguidas graças ao apartheid.
A verdadeira gratidão manifesta ad nauseam pelos líderes da
burguesia mundial – de Obama a Bergoglio, passando por Dilma – a Mandela se
deve ao fato de que seus governos conseguiram a proeza de – depois de toda
insatisfação acumulada por década pelas massas negras contra o regime
capitalista branco – ampliar o parasitismo imperialista sobre o país através de
políticas neoliberais e privatizações. A expressão mais horrenda desta política
continuada por seus sucessores foi o massacre de Marikana [2] realizado ano
passado.
O massacre desferido pela polícia contra os mineiros em
greve, em 16 de agosto de 2012, ceifou a vida de 44 mineiros e feriu mais de
uma centena de outros. O massacre foi o último recurso do regime em defesa da
multinacional mineradora britânica Lonmim quando nem a ação criminosa dos
bandos mafiosos da burocracia sindical da União Nacional dos Mineiros (NUM)
conseguiu acabar com a greve. Antes do aparato repressivo estatal entrar em
cena, a própria burocracia da NUM foi quem primeiro matou dois grevistas, no
dia 11 de agosto. O mesmo Cyril Ramaphosa que negociou com Mandela e Zuma (atual presidente do país e sucessor de Mandela) os acordos de CODESA, hoje dirigente da COSATU, a central sindical
dirigida pelo CNA, foi um dos arquitetos do massacre de Marikana. Ramaphosa é sócio
da Lonmim, contra a qual os trabalhadores fizeram greve. O CNA e o Partido Comunista
são cúmplices no massacre dos mineiros desarmados e indefesos na mina Marikana
em uma ação policial orquestrada pela direção dos dois partidos. Marikana relembrou Soweto, em 1976, onde a polícia matou 4 estudantes.
Os principais dirigentes negros cobraram sua gorjeta por passarem
a ser a cara negra da exploração até então exclusivamente branca, se associaram
a ela na estabilidade do regime de exploração do trabalho negro e na repressão
para que a exploração não cesse.
O grande pacifista Mandela não fez qualquer declaração condenando
o massacre dos mineiros negros pelo aparato repressivo estatal que antes
servira ao apartheid nem muito menos de apoio a greve por legítimos direitos
dos operários contra a superexploração das riquezas sul africanas pela
multinacional inglesa.
O programa Black Empowerment resultou na conversão de ex-dirigentes
"revolucionários" em milionários e bilionários eficazes em realizar
uma opressão ainda maior do que a do passado a serviço do aumento de seus obscenos
privilégios.
Como nos ensinou o revolucionário negro Malcolm X, não existe capitalismo sem racismo. As mazelas do apartheid não foram curadas, mas turbinadas, sob uma nova roupagem, supostamente não racista, pelos governos do CNA. Este é o verdadeiro legado de Mandela. A duras penas, nossos irmãos sul africanos compreendem que para se livrar de toda a herança maldita do apartheid é preciso livrar-se de toda exploração imperialista e capitalista. Há alguns anos o Comitê de Ligação pela IV Internacional dedica seus melhores esforços à luta por um partido revolucionário do proletariado negro que supere as ilusões das massas nos ícones da conciliação de classes e nas direções corrompidas da COSATU, CNA e PC.
Artigos relacionados:
Notas:
1. A mesma Veja cujos colunistas qualificam a Che Guevara como "porco fedorento" é muito grata a Madela. Para esta publicação porta-voz do "pensamento" de direita mundial, o último é um "icone mundial da luta pela igualdade" ou "guerreiro da paz". De acordo com uma reportagem da revista Caros Amigos, “O grupo de mídia sul-africano Naspers adquiriu 30% do capital acionário da Editora Abril, que detém 54% do mercado brasileiro de revistas e 58% das rendas de anúncios em revistas no país. Para tanto, pagou 422 milhões de dólares. A notícia é de maio e foi publicada nos principais órgãos da mídia grande do Brasil. Mas não foi dada a devida atenção ao fato de a Naspers ter sido um dos esteios do regime do apartheid na África do Sul e ter prosperado com a segregação racial.” (A Abril e o apartheid”, Caros Amigos, agosto de 2006). Sobre o tema, recomendamos também a leitura do documento: "A ABRIL E A NASPERS – Um estudo de caso da entrada do capital estrangeiro na mídia brasileira" de BRUNO MANDELLI PEREZ, USP, 2008.
2. “O tiroteio em 16 de agosto que a imprensa apelidou o massacre de Marikana foi o maior uso individual de armas letais pelas forças de segurança sul-Africano contra civis desde 1960, e ao final da era do apartheid. Os tiroteios têm sido descritas pela mídia como um massacre sul-Africano comparados ao massacre de Sharpeville, em 1960. O incidente também ocorreu no 25 º aniversário de uma greve nacional dos mineiros sul-Africano. A controvérsia surgiu depois que se descobriu que a maioria das vítimas foram baleadas nas costas e muitas vítimas foram baleadas mesmo estando longe da linha de frente dos policiais. Em 18 de setembro um mediador anunciou uma solução para o conflito, indicando que os mineiros aceitaram um aumento salarial de 22%, um pagamento único de 2.000 rands e voltaria a trabalhar 20 de setembro.” http://en.wikipedia.org/wiki/Marikana_miners'_strike
Como nos ensinou o revolucionário negro Malcolm X, não existe capitalismo sem racismo. As mazelas do apartheid não foram curadas, mas turbinadas, sob uma nova roupagem, supostamente não racista, pelos governos do CNA. Este é o verdadeiro legado de Mandela. A duras penas, nossos irmãos sul africanos compreendem que para se livrar de toda a herança maldita do apartheid é preciso livrar-se de toda exploração imperialista e capitalista. Há alguns anos o Comitê de Ligação pela IV Internacional dedica seus melhores esforços à luta por um partido revolucionário do proletariado negro que supere as ilusões das massas nos ícones da conciliação de classes e nas direções corrompidas da COSATU, CNA e PC.
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“rebeldes” armados pela CIA! Nenhuma confiança no governo de Trípoli! Somente pelo
armamento de todo o povo e pela revolução permanente nós poderemos vencer esta
luta!
A LUTA POR UM PARTIDO REVOLUCIONÁRIO DA ÁFRICA DO SUL
Sobre as diferenças no RMG
ÁFRICA DO SUL
Declaração do Qina Msebenzi sul-africano sobre o massacre
dos mineiros de Marikana
RESISTIR aos policiais e aos capitalistas! ORGANIZAR: a luta
contra o reformismo!
RECUPERAR os sindicatos e quebrar a aliança CNA / COSATU /
PC!
Qina Msebenzi ESPECIAL - Edição Marikana, agosto de 2012
1. A mesma Veja cujos colunistas qualificam a Che Guevara como "porco fedorento" é muito grata a Madela. Para esta publicação porta-voz do "pensamento" de direita mundial, o último é um "icone mundial da luta pela igualdade" ou "guerreiro da paz". De acordo com uma reportagem da revista Caros Amigos, “O grupo de mídia sul-africano Naspers adquiriu 30% do capital acionário da Editora Abril, que detém 54% do mercado brasileiro de revistas e 58% das rendas de anúncios em revistas no país. Para tanto, pagou 422 milhões de dólares. A notícia é de maio e foi publicada nos principais órgãos da mídia grande do Brasil. Mas não foi dada a devida atenção ao fato de a Naspers ter sido um dos esteios do regime do apartheid na África do Sul e ter prosperado com a segregação racial.” (A Abril e o apartheid”, Caros Amigos, agosto de 2006). Sobre o tema, recomendamos também a leitura do documento: "A ABRIL E A NASPERS – Um estudo de caso da entrada do capital estrangeiro na mídia brasileira" de BRUNO MANDELLI PEREZ, USP, 2008.
2. “O tiroteio em 16 de agosto que a imprensa apelidou o massacre de Marikana foi o maior uso individual de armas letais pelas forças de segurança sul-Africano contra civis desde 1960, e ao final da era do apartheid. Os tiroteios têm sido descritas pela mídia como um massacre sul-Africano comparados ao massacre de Sharpeville, em 1960. O incidente também ocorreu no 25 º aniversário de uma greve nacional dos mineiros sul-Africano. A controvérsia surgiu depois que se descobriu que a maioria das vítimas foram baleadas nas costas e muitas vítimas foram baleadas mesmo estando longe da linha de frente dos policiais. Em 18 de setembro um mediador anunciou uma solução para o conflito, indicando que os mineiros aceitaram um aumento salarial de 22%, um pagamento único de 2.000 rands e voltaria a trabalhar 20 de setembro.” http://en.wikipedia.org/wiki/Marikana_miners'_strike