Por uma concepção materialista do papel do PMDB
Diante do golpe consumado e da imposição de um governo do PMDB, publicitamos a contribuição do camarada dirigente da TMB, Leon Carlos, feita visionariamente há alguns meses, reivindicando uma concepção materialista do PMDB. As observações abaixo explicam as características próprias do PMDB dentre o conjunto dos partidos burgueses brasileiros e como manteve-se encrostado no controle dos três poderes de todos os governos federais desde 1985 sem nunca ter ganho uma eleição presidencial.
Carta da TMB a FCT,
Considero que devemos avançar nossa concepção materialista do
papel do PMDB.
1) Os setores burgueses que compõem o PMDB estão muito
ligados aos negócios com a maquinaria Estatal, provedores, empreiteiros, mutuários,
concessionários do Estado, ou seja, devedores crônicos da banca estatal;
a) Nesse setor da classe dominante predomina uma “burguesia de Estado” [não confundir com estatista, que defende a estatização como política econômica, ou com capitalismo de Estado, que refere-se a outro conceito] ou melhor, como os ideólogos neoliberais chamam um “capitalismo de
compadres” (capitalismo de compadrazgo, em castellano, crony capitalism, em
inglês);
b) O que diferencia ao PMDB do que a seu momento foi o PFL é
que o PMDB, se articula social e politicamente mais no espaço urbano que rural;
2) O PSDB, por sua vez, possui uma base social – em função dos
interesses econômicos que representa – mais sólida com um núcleo nos próprios
interesses financeiros e industriais do sudeste e sul do país [controlando os ricos
Estados de São Paulo e Paraná, também chamado de “Tucanistão”];
3) Em função desta base social mais sólida possui no Estado
mais rico do país que o PSDB é que após a queda de Collor, o interregno do PMDB
com Itamar foi sucedido pelo tucanato comandado por FHC;
4) A atual geração de quadros do PMDB, formada após a queda
de Collor, está interessada em que essa transição para o tucanato não se
repita;
a) portanto, miram em direção a formação de uma coalizão com
o PSDB que esteja dirigida pelo próprio PMDB, o que lhe dará garantias de que a
queda do PT não desemboque em um neotucanato e que o PSDB seja obrigado a
compartir espaços no maquinário estatal com o PMDB;
5) O retardo do PSDB em dar resposta a manobra do PMDB corresponde
ao atraso a unificação da oposição burguesa à Dilma e, portanto, é o que dá uma
sobrevida ao PT;
6) Nesse sentido, quando as distintas frações do PMDB e do PSDB
cheguem a um consenso acerca do golpe, superando suas diferenças, o Golpe será
desferido.
Leon Carlos
09/12/2015