O golpe não foi um pacto para deter a lava jato. A operação judicial é um mecanismo de achacamento permanente do imperialismo sobre a cabeça dos golpistas e do conjunto da burguesia nacional
O vazamento das conversas comprometedoras de Romero Jucá, um dos principal articuladores do Golpe de Estado que deu posse ao vice-presidente, tende a levar a queda do recém empossado Ministro do Planejamento e fragilizar muito o governo Temer, o Breve. Jucá praticou o mesmo crime pelo qual Lula e Dilma são acusados pelo delator-bomba Delcídio Amaral: tentar brecar a super-poderosa operação Lava Jato.
Essa crise, reforçou a crença em um mito, o de que o impeachment foi um pacto momentâneo entre os golpistas para deter a todo-poderosa operação Lava-Jato, antes que todos os principais políticos burgueses do país, corruptos por natureza, fossem tragados pela investigações. Acreditar nesse mito é um profundo equívoco para os que lutam contra o golpe e pelos direitos e interesses dos trabalhadores.
Romero Jucá quer livrar-se do acosso da lava jato? Sim. Mas a operação judicial nucleada no "tucanistão PR-SP" obedece ao imperialismo, persegue os capitalistas que se associaram ao PT como os das empreiteiras para fabricar delações premiadas contra esse partido, mas também chantageia ao conjunto da quadrilha golpista que assumiu o governo (PMDB, PSDB, PP, Aécio, Jucá, Cunha, etc.) para achacá-la permanentemente para que vá até o fim no cumprimento dos interesses geoestratégicos dos EUA, mentor principal dos Golpes de Estado.
O golpe no Brasil foi a operação mais ousada do imperialismo na guerra fria contra os BRICS pois economica e geoestretegicamente, o Brasil é bem mais do que Honduras, Paraguai, Líbia ou Ucrânia, além de ser membro dos BRICS, o que os outros governos golpeados não eram.
Esse mito, divulgado por setores da mídia burguesa (como a Folha de São Paulo) convenceu amplamente à esquerda não marxista e também a pseudo-marxista. O PT e cia acredita nele, assim como no mito de que o impeachment foi sobretudo produto de uma vingança de Cunha contra Dilma (tese da defesa de Dilma por Cardoso para tentar isolar Cunha do restante da frente golpista numa tentativa de pactuar com outros setores da oposição burguesa para evitar o impeachment).
Os setores da burguesia (mídia, etc.) que patrocinam esse mito de uma lava jato "acima do bem e do mal" são os mais estrategistas, que estão preocupados com o pós-Temer, os que defendem a antecipação das eleições presidenciais porque sabem da profunda fragilidade do governo Temer. Na verdade, a lava jato montada principalmente mas não unicamente contra o PT precisa parecer estar acima de todos, está acima dos maiores burgueses e políticos brasileiros justamente porque verdadeiramente está acima de todos da burguesia nacional, obedecendo unicamente a grande burguesia imperialista, a CIA, etc. O atual movimento de fritura de Jucá e, talvez em seguida Aécio, tende a fortalecer a ala Serra (coorporações) e Meirelles (banqueiros).
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