O império contra ataca
Comitê de Ligação pela IV Internacional
Publicado no Folha do Trabalhador # 22
Milícia de Donbass celebra a conquista de Debaltseve |
A queda de Debaltseve para o exército Donbass, em 18 de
fevereiro 2015, é uma grande vitória para os lutadores anti-imperialistas em
todos os lugares e para a classe trabalhadora mundial. Tendo ocorrido apenas
uma semana após a assinatura do acordo de Minsk, essa vitória foi um 2o round,
um golpe tanto contra os planos do imperialismo anglo-americano de forçar uma
guerra do imperialismo franco-alemão com a Rússia, quando para os planos da
aliança imperialista europeia a obrigar Kiev a fechar um acorco com as
repúblicas de Donbass contra o proletariado.
A grande base trabalhadora do exércitos de Donbass desejam o
socialismo e as relações de propriedade nacionalizadas que existiam nos dias da
URSS, quando as condições de vida dos trabalhadores eram muito melhores e os
oligarcas capitalistas não haviam tomado toda a riqueza coletiva do país, com o
apoio de Yeltsin e dos EUA. Do outro lado, o Exército da Ucrânia só existe por
meio do recrutamento obrigatório até de quem tem 59 anos! Está desmoralizado e
não quer lutar uma guerra em defesa do regime Kiev, infestado de corruptos e
fascistas; os único que querem lutar são as milícias fascistas motivadas por
sua ideologia nazista.
De acordo com o líder do Borotba, Victor Shapinov: “O Estado
ucraniano na região de Donbass desabou entre a primavera e o verão. O poder
real repousa nas milícias [fascistas]. Elas funcionam como policiais, promotores
e agências de inteligência, tribunais e prisões ."
Ao contrário do que prega a mídia, a potência imperialista
agressiva aqui é o imperialismo anglo-americano e que sua meta central é o
bloco capitalista Eurásico da Rússia e da China. A guerra na Ucrânia, a guerra
contra o Iraque, o Afeganistão, o ISIS, Assad e Gaddafi são parte da estratégia
geopolítica do imperialismo dos EUA, em primeiro lugar, para garantir a
dominação global e proteger e ampliar os lucros de suas grandes corporações
multinacionais e financeiras.
Os interesses da classe trabalhadora ucraniana seriam
atendidos por uma derrota de Kiev, resultado que os próprios líderes Donbass
temem porque temem a sua própria classe trabalhadora, daí o seqüestro e exílio
dos socialistas revolucionários do Borotba.
De longe, a melhor coisa para a classe trabalhadora
britânica e americana é a derrota de seu Exército cipaio na Ucrânia. Lembramos
que a Síndrome do Vietnã deu um grande impulso à esquerda e a luta da classe
trabalhadora mundial antes e depois de 1975, apesar do patriotismo liberal dos
pacifistas com seu slogan ‘tragam nossos rapazes de volta para casa’. Devemos
restabelecer a compreensão marxista revolucionária que a derrota do
imperialismo em uma guerra estrangeira abre possibilidades revolucionárias para
a classe trabalhadora nos países imperialistas.
Merkel e Holanda são muito mais relutantes em lutar uma
guerra total na Europa, porque, como diz o velho ditado “A América não cozinha,
mas é a Europa que lava os pratos”. Obama está disposto a lutar até o último
europeu, mas uma guerra com a Rússia iria devastar as economias da Europa, e da
Alemanha, em particular. Então, eles foram para a negociação sem esperar pelos
EUA e a Grã-Bretanha, o aliado mais próximo dos EUA na Europa e chegaram a um
amplo acordo com Putin de 13 pontos que
em suma significa o fim do Donbass
Obama ameaça armar Kiev com uma série de armamentos mais
pesados da OTAN. .. Putin se senta para negociar e chegar a um amplo acordo de
13 pontos que em suma significa o fim do Donbass.
Com o fracasso do acordo, Putin é cobrado pela mídia
internacional, com a tentativa de romper a trégua acabou de assinar. Ao mesmo
tempo, a força militar de Obama estão começando a implantação de fuzileiros
navais no Pacífico contra a China e no Oriente Médio, usando a luta contra o
ISIS como justificativa.
Desta maneira, o imperialismo fecha o cerco contra a
Eurásia. Através da Europa Oriental, Ásia-Pacífico, Oriente Médio e América
Latina. Na Venezuela, Maduro desbaratou um novo golpe de Estado que reunia
militares e o prefeito de Caracas. No Brasil, o processo golpista acompanha a
ofensiva pela privatização da maior
estatal brasileira. Na Argentina, foi fabricado um escândalo com o assassinato
do promotor de oposição, Nisman, para desestabilizar o governo Cristina
Em uma tentativa de quebrar este cerco, a Rússia movimentou
rapidamente suas peças em direção ao Mar Cáspio. Putin tomou nota das manobras
do imperialismo.
Talvez, para além de todos os movimentos da guerra comercial
dos últimos três anos, não devemos descartar que, entre os possíveis cenários
que se desdobram deste contra-ataque imperialista estaria o início da Terceira
Guerra Mundial.