Carta de apresentação das posições do Comitê Paritário
e
ingresso dos Socialistas Livres no CP!
Socialistas Livres (CP)
O Comitê Paritário se constrói como uma aliança
internacional de trabalhadores comunistas sob a perspectiva da reconstrução da
IV Internacional e da revolução permanente. O CP tem como órgão principal da
divulgação das ideias comuns ou individuais de seus membros o jornal Folha do
Trabalhador e possui também nos blogs e Facebooks de cada um de seus membros
meios de difusão de suas concepções políticas.
Constituído pela Liga Comunista, Coletivo Lenin, Resistência
Popular Revolucionária e Espaço Marxista, o CP possui seis meses de existência.
Internacionalmente, o CP nasce ligado ao Comitê de Ligação pela IV
Internacional, tendência internacional já composta pela LC, o Socialist Fight
britânico e a Tendência Militante Bolchevique argentina com que as outras
organizações do CP passam a estabelecer relações fraternais.
As origens políticas distintas, livres de todo traço
sectário, puderam enriquecer a elaboração do conjunto das organizações
conduzindo-nos a uma compreensão comum da realidade, ou seja, a um programa
comum, e, consequentemente, das nossas tarefas do momento. Nossos documentos
comuns apontam para as seguintes elaborações matriciais:
1) No segundo turno das eleições presidenciais defendemos o
voto em Dilma para derrotar Aécio e a direita golpista manipulados pelo
imperialismo e fizemos a crítica ao voto nulo sectário da esquerda (PSTU, PCO,
PSOL, PCB, etc.) [ 1 ]. O voto na candidatura de Dilma no segundo turno não implicou
em qualquer acordo com o programa burguês desta candidatura, nem qualquer
apaziguamento de nosso combate contra seu governo neoliberal. O giro à direita
no governo Dilma, produto da pressão golpista, já havia sido previsto por nós
ainda durante a campanha. Nossa defesa heterodoxa do voto em Dilma segue a
nossa política geral de combate ao golpismo pró-imperialista e se inspira na
política dos bolcheviques de “apoiar a burguesia contra o tzarismo (na segunda
fase das eleições ou nos empates eleitorais, por exemplo) e sem interromper a
luta ideológica e política mais intransigente contra o partido camponês
revolucionário-burguês, os “social-revolucionários”, que eram denunciados como
democratas pequeno-burgueses que falsamente se apresentavam como socialistas.”
(Lenin, “Nenhum Compromisso?” em Esquerdismo: Doença Infantil do Comunismo,
1920).
2) A atual articulação golpista no Brasil é movida
diretamente pelo imperialismo, no Brasil, como na Venezuela e Argentina, a
exemplo dos golpes já impostos em outros países da América Latina, como
Honduras e Paraguai). As experiências recentes “bem sucedidas” ou parciais na
Líbia, Síria, Ucrânia, demonstram que o imperialismo não se furta de recorrer
ao armamento de mercenários, bandos fascistas e massacres sangrentos para impor
seus objetivos. Trata-se de um contra-ataque para recuperar o terreno perdido
após a crise de 2008 para o bloco capitalista Eurásico, nucleado a partir da
expansão comercial da China e da Rússia. Trata-se de uma nova guerra fria que
atravessa todos os atuais conflitos de envergaduras mundiais, como a
reorientação da tática dos EUA em relação a Cuba, tentando simultaneamente
cooptar a burocracia dirigente do Estado operário com o fim do bloqueio e
acelerar a restauração capitalista.
3) Mesmo que a primeiro momento o Golpe de Estado não se
apresente na forma de um golpe militar, mas como um ‘golpe parlamentar’, um
impeachment articulado entre o Legislativo e o Judiciário para estrangular uma
Dilma cada vez mais isolada, qualquer que seja sua forma inicial, o resultado
do processo será de maior repressão militar e policial contra a esquerda em
geral e a população trabalhadora e oprimida nacional, para derrotar qualquer
foco de resistência à recolonização imperialista do Brasil.
A escalada golpista manipulada pelo imperialismo cresceu e
agora adquire estatura de realizar manifestações de massas, ainda que careça de
uma frente golpista consumada, ainda que os defensores da volta da ditadura
sejam minoria, que uma parte nem sequer defenda o impeachment e que nem o PSDB,
principal partido da oposição tenha um nome de consenso para as próximas
eleições. Não importa que os defensores da “nova política” e “contra a
corrupção” acabem por substituir o PT pelo PMDB, o partido que se perpetua no
governo federal desde o fim da ditadura militar e logo, o melhor representante
da velha política burguesa e o mais corrupto dos partidos brasileiros. Os
golpistas mudam de candidato a substituto de Dilma na operação golpista a toda
hora, Barbosa, Marina, Aécio, Temer, …? mas o que importa é que o golpista de
plantão sirva aos interesses do imperialismo e debilite os BRICS.
Diante desta ameaça, é necessário construir uma ampla frente
única antifascista com o PT e PCdoB e as organizações de massas que estes
partidos dirigem (CUT, CTB, MST, UNE, CMP, etc.) com objetivos práticos de
organização comum de manifestações e do combate à direita, sem que isto
signifique defender politicamente o governo Dilma ou o PT. Esta frente não
implica em qualquer tipo de renúncia ao combate contra o governo burguês do PT.
Apenas alteramos a forma de combate para demonstrar que a reação se fortaleceu
porque o governo do PT lhe pavimentou o caminho. Não estabelecemos com os
nossos aliados circunstanciais “programas” comuns, organismos permanentes, nem
renunciamos a criticá-los. Exigimos todo esforço necessário dos grandes
aparatos que dirigem as organizações de massas para mobilizar ao conjunto da
população trabalhadora, eliminar toda repressão estatal contra as massas (UPPs,
PF, Força Nacional de Segurança, etc.) e inclusive organizar a autodefesa dos
trabalhadores contra a direita.
De nossa parte lutaremos para que determinada frente não
seja apenas formal, de palavras, em ações separadas, não seja uma frente única
diletante, como se verificou no dia 13 de março, quando a frente pelas reformas
populares implodiu logo em sua primeira prova prática porque MTST, PSOL e cia.
deserdaram do ato unitário para não parecerem “governistas”;
3) O combate a política anti-operária do atual governo Dilma
que quanto mais acossado pelas pressões da direita e do imperialismo mais ataca
os direitos elementares da classe trabalhadora, superando neste quesito
qualquer outro governo petista. Ao capitular ao programa político que seus eleitores
derrotaram nas urnas para assegurar sua estabilidade política, ou seja, sua
governabilidade, Dilma se isola de seus eleitores, da força política que
garantiu a sua vitória contra a direita golpista e da única que poderia esmagar
a direita golpista;
Notamos que as posições do Coletivo Socialistas Livres
acerca da conjuntura nacional são muito próximas das do CP, o que aponta para
uma compreensão comum da realidade e das tarefas dos revolucionários na luta de
classes do momento. Neste sentido, seria um equívoco não desenvolver uma
atividade mais orgânica a partir de uma frente única baseada nas posições
políticas publicadas que tivermos em comum.
A principal diferença entre o CP e o CSL, reside na questão
do Centralismo, o qual o CSL se opõe. Uma vez que o atual estágio de construção
do CP se caracteriza por ser um Comitê não centralizado, esta diferença
situa-se no campo teórico, ao qual buscaremos superar a partir da experiência
comum e da confiança mútua.
1. A RPR não chamou voto crítico em Dilma no segundo turno das eleições presidenciais de 2014