Contradições econômicas
inteburguesas e golpismo no Brasil
inteburguesas e golpismo no Brasil
Leon Carlos - Tendência Militante Bolchevique
FORA TODOS, PELA VOLTA DA DITADURA MILITAR
A classe média reacionária manipulada pelo
imperialismo para
a defesa do Golpe de Estado
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A medida da relação da economia de um país com o mercado
mundial passa pelo rendimento do trabalho. As semicolônias são impedidas de dar
um salto no seu rendimento do trabalho, mas se permite que compensem sua baixa
competitividade e participem do mercado mundial com suas burguesias apelando para
umas destas duas opções: endividamento ou desvalorização. Este é o “ser ou não
ser” de Hamlet, em sua versão latino americana. Ambas as opções dão origens a círculos
curtos de acumulação que por sua vez resultam em novas crises e capital.
Hoje no Brasil, depois do esgotamento do ciclo de
endividamento fácil, sobretudo pela entrada de capitais especulativos, se
agrupam os setores burgueses que integram o “Clube da Desvalorização”.
Um dólar alto beneficia aos exportadores, ao passo que
encarece as importações, e beneficiaria aos empresários ameaçados pelas
importações. Inversamente, os grandes importadores, como os oligopólios ligados
aos serviços estratégicos como a telefonia, a distribuição energética, de gás,
etc. se veriam prejudicados. Também seria prejudicado o mercado imobiliário, já
que sua atividade é cotada em Reais e, portanto, uma desvalorização do real o prejudicaria.
Por último, é preciso acrescentar que o capital financeiro também sairia
prejudicado uma vez que o dólar alto conduz a queda dos juros (por razões que não
vamos explicar aqui).
Em outras palavras, haveria uma transferência da
distribuição da mais-valia no interior da burguesia entre o setor produtor de
bens que não participam da balança comercial ou são chamados não transáveis (que
não são exportáveis ou não concorrem com importações) para um setor produtor de
mercadorias transáveis (exportáveis ou que concorrem com as importações). Estes
dois setores burgueses formam parte da coalizão golpista.
De um modo geral, a desvalorização do Real, beneficiaria aos
que até agora foram prejudicados por importações baratas e aos capitalistas
exportadores. Dentre os transáveis está a burguesia industrial de São Paulo. Estes setores são sócios ativos do “Clube da
Desvalorização” brasileiro. Também deve-se acrescentar que uma desvalorização
provocaria a redução dos salários em dólares do Brasil, o quê reduziria os
custos de produção para industriais e os latifundiários que concorreriam em
melhores condições no mercado mundial.
O “Clube” representa uma contradição forte
no interior da coalizão golpista. O governo do PT já tomou nota disto e está
executando parte das “reivindicações” deste “Clube”, através da própria
desvalorização do Real. Esta contradição no interior da frente burguesa
golpista pode:
1) Debilitar a própria coalizão golpista até conduzir ao
fracasso do próprio Golpe, com o PT incluindo o “Clube da Desvalorização” no
elenco governante, mediante uma reforma ministerial, etc.;
2) Em um pós-Golpe dar origem a um governo débil que não
podem articular as contradições internas de sua própria ase de sustentação.
É preciso assinalar que a inclusão do “Clube” no governo do PT reforçaria as tendências pró-imperialistas do
governo petista, uma vez que incluiria os interesses da burguesia industrial paulista que exporta para os EUA e que teme a concorrência das mercadorias chinesas no setor de bens de consumo.
Estas condições e divisão no interior da classe inimiga devem
ser aproveitadas em termos táticos pelo proletariado brasileiro para lançar uma
ofensiva que derrote ao Golpe e abra um cenário favorável para a luta dos
trabalhadores. Da qual é parte fundamental a construção de um partido revolucionário
do próprio proletariado que oriente ao conjunto dos explorados e oprimidos em
direção ao combate por um Governo operário e dos trabalhadores.