A coligação “da esquerda revolucionária” do PCO e PCB reivindica “políticas públicas” burguesas e os apêndices de esquerda do PSTU acompanham-no em seu giro oportunista
Vasconcelos Pinheiro, candidato a prefeito da frente PCB-PCO |
Primeiramente
precisamos estabelecer como critério que embora as eleições deste ano sejam
municipais, a orientação política que cumprem estes partidos é dada por suas
direções nacionais. O que ocorre neste momento em Belém não é um “deslize
regional do PSTU lá pelas bandas do Norte”. A política que o PSOL ou o PSTU
estabelecem para Belém, Natal ou São Paulo corresponde ao usufruto do potencial
que a política nacional destes partidos pode ter em nível regional. A
política oportunista do PSTU em Belém antecipa uma política geral deste partido
se forem dadas as mesmas possibilidades de eleger seus candidatos nas eleições
burguesas em qualquer outra cidade.
Se no Rio, o PSTU pudesse participar da coligação com Marcelo Freixo acreditando que pudesse eleger Ciro Garcia vereador, o faria de forma ainda mais entusiasmada que em Belém. Assim, os agrupamentos políticos que realizam uma dupla contabilidade, repudiando a coligação de Belém mas chamando a votar no PSTU nacionalmente (assim como os que silenciam sobre a coligação do PCO com o PCB em Teresina e chamam a votar pelo mesmo) subestimam como uma excepcionalidade negativa a coligação de Belém e como regra cobrem o flanco esquerdo deste partido que realiza um escandaloso giro oportunista, apresentando-o como uma alternativa classista e revolucionária para os trabalhadores.
Se no Rio, o PSTU pudesse participar da coligação com Marcelo Freixo acreditando que pudesse eleger Ciro Garcia vereador, o faria de forma ainda mais entusiasmada que em Belém. Assim, os agrupamentos políticos que realizam uma dupla contabilidade, repudiando a coligação de Belém mas chamando a votar no PSTU nacionalmente (assim como os que silenciam sobre a coligação do PCO com o PCB em Teresina e chamam a votar pelo mesmo) subestimam como uma excepcionalidade negativa a coligação de Belém e como regra cobrem o flanco esquerdo deste partido que realiza um escandaloso giro oportunista, apresentando-o como uma alternativa classista e revolucionária para os trabalhadores.
A
LER, por exemplo, critica o oportunismo do PSTU em Belém, mas chama a votar
pelo PSTU e pelo PCO, caracterizando-os como partidos operários. Ao
caracterizar a coligação encabeçada por Edmilson como “uma verdadeira frente
pró-burguesa sem partidos burgueses diretamente incluídos” 1 a LER evita sacar
conseqüências de suas caracterização. Vejamos: Se uma frente popular é uma
frente de colaboração de classes entre partidos operários e partidos burgueses (ou
com a “sombra da burguesia”) e para a LER o PSTU representaria o elemento
operário desta coligação “pró-burguesa” supostamente “sem partidos burgueses”
então teremos uma frente popular e a LER chamando a votar na candidatura do
PSTU da mesma. Se sacar conclusões de suas premissas políticas a LER se
revelaria como uma organização que, a seu modo, capitula à política de frente
popular abandonando os ensinamentos de Trotsky do mesmo modo como a crítica ao PSTU
2.
Outros
agrupamentos ainda mais revisionistas, derivados do próprio PSTU como o Coletivo
Lenin, Espaço Socialista e o Praxis chamam a votar no PSTU e não o largam nem mesmo
quando ele comete sua maior guinada oportunista. Deste modo, como dizia
Trotsky, os que se negam a romper com o oportunismo acabam servindo a sua
política. Nesta prestação de serviço, os representantes brasileiros do grupo
MAS argentino, o Praxis, chegam a aconselhar ao PSTU que este tipo de política que
está realizando pode fazer com que “o caráter revolucionário (sic!) desse
partido pode se perder se não há uma mudança de rumo”. Fica evidente que perdido
está o próprio Práxis que em seu aconselhamento “critico”, beirando a bajulação
(“caráter revolucionário”???) pensa estar evitando a si mesmo de acompanhar o
curso oportunista tomado pelo PSTU. Ao defender o voto últil no PSTU contra o
voto nulo o mesmo grupo chega a afirmar que se opõe “a alternativa sectária e
despolitizada do voto nulo que não vê necessidade de ocupar o espaço eleitoral
ao menos de forma propagandística contra o sistema desigual e explorador que
impera. Principalmente quando há alternativas em candidaturas anticapitalistas (sic!)
como é o caso atualmente.” (Praxis, Por um voto classista nas eleições de
outubro, 30/09/2012). Chega a ser ridículo – assim como quanto mais se quer
burlar uma determinada estética mais maquiagem se utiliza – quanto mais
oportunista é o PSTU, mais seus satélites carregam nos qualificativos
“esquerdizantes”.
A
LBI e o Luta Marxista definem a aliança eleitoral de Belém como uma “frente
popular”. Uma frente popular é uma aliança de colaboração de classes entre partidos operários e partidos burgueses. Embora uma frente popular seja uma frente burguesa, nem toda coligação burguesa é uma frente popular, para que isto seja possível, é necessário a existência de um partido operário, ainda que reformista, ou seja, operário burguês, nesta coligação. Ora, embora apoiada por alguns sindicatos (servidores públicos
federais, trabalhadores não docentes da UFPA, dos operários da Construção
Civil, dos professores estaduais) uma coligação entre um partido burguês
(PCdoB), partidos patrocinados pela burguesia que aprofundam sua integração ao
Estado (PSOL) e um partido pequeno burguês (PSTU) que dirigem sindicatos é uma frente burguesa.
Logo, caracterizar esta criatura reacionária de “frente popular” é embelezá-la,
atribuindo características operárias que ela não possui. Provavelmente a LBI
acredita que o elemento “operário” seja o próprio PSTU a quem demagogicamente enobrece:
“Mas a questão colocada é ainda mais profunda: estamos vendo, a partir da aliança
estabelecida em Belém, o ‘começo do fim’ do PSTU enquanto partido que se
reivindicava formalmente revolucionário (sic!)... vão esmagar qualquer traço de
bolchevismo (sic!), ainda que formal, que mantinha até então o PSTU”
Vemos
então que em meio aos costumeiros qualificativos nada criteriosos usados pela LBI
para definir os fenômenos da luta de classes, está também uma relação esquizofrênica
com o PSTU e que camuflado com as expressões “formalmente” e “ainda que
formal” está a descoberta de que o PSTU não apenas seria um partido operário mas que ainda mantém supostos traços “revolucionários” e até “bolcheviques”!
A
COLIGAÇÃO “DA ESQUERDA REVOLUCIONÁRIA”
DO
PCO E PCB POR POLÍTICAS PÚBLICAS BURGUESAS
O
PCO critica acertadamente o PSTU “Acordo eleitoral com o “governista” PCdoB
expõe a farsa do PSTU” 3,
diz que não faz promessas para ganhar votos e também acertadamente denuncia a
farsa das eleições controladas pelo dinheiro dos grandes capitalistas. O
partido também garante que “O PCO participa das eleições chamando os
trabalhadores a se unificarem detrás de um programa que não é para a
administração pública, mas sim um programa de luta dos trabalhadores. Por isso
não apoiamos candidatos nem do Psol, nem do PSTU, nem do PCB, partidos que
compuseram em outro momento a chamada ‘frente de esquerda’. Esses partidos em
muitos casos se apresentam claramente como uma candidatura alternativa, mas não
para os trabalhadores e sim para a administração dos negócios da burguesia” (O
PCO e as eleições, 27/09/2012).
Todavia
a realidade desmente o que o PCO promete fazer nas eleições. O partido realiza
um acordo eleitoral com o PCB em Teresina, é vice na coligação encabeçada pelo
candidato a prefeito do “partidão”, Vasconcelos Pinheiro, ex-jogador de
futebol, que para ganhar votos faz muitas promessas de melhorias do sistema de educação,
lazer, transporte, através do aprimoramento da administração pública dos
negócios da burguesia. Vasconcelos possui uma plataforma típica de qualquer
político demagogo burguês para “criação de políticas públicas que tenham
efeitos positivos”, “geração de emprego e renda” e sobretudo pela “modernização
de Teresina”.
O
que efetivamente defende o candidato da “coligação esquerda revolucionária”
composta pelo PCO é o aprimoramento da gestão capitalista da cidade. Enquanto o
PSTU capitula ao eleitoralismo para eleger um vereador, o PCO justifica a sua coligação
eleitoralista com o PCB por “peculiaridades estaduais”, devido à frente sindical
com este partido nos correios: “No Piauí, entretanto, há um caso excepcional,
em que nosso partido realizou uma aliança com o PCB para disputar a prefeitura.
Essa aliança foi possível em razão da peculiaridade desse estado, onde o PCB é
composto quase que exclusivamente por trabalhadores dos correios e onde temos
encabeçado juntos as principais lutas do último período.” (idem). O PCO justifica
sua coligação sem princípios por excepcionalidades regionais, apoiando a
política de “modernização” burguesa do mais antigo partido conciliador de
classe do país, o PCB. Parafraseando o próprio, o acordo eleitoral sob o
programa burguês da coligação à prefeito de Teresina, expõe a farsa do PCO.
1
– Val Lisboa, “Uma frente oportunista em Belem, o PSTU, para eleger um
parlamentar, abandona os ensinamentos de Trotsky”, 17/09/2012.
2
- “A questão das questões atualmente é a Frente Popular. Os centristas de
esquerda procuram apresentar esta questão como tática ou mesmo como uma manobra
técnica, a fim de poder vender as suas mercadorias na sombra da Frente Popular.
Na realidade, a Frente Popular é a questão principal da estratégia da classe
operária nesta época. Também oferece o melhor critério para diferenciar o
bolchevismo do menchevismo.” (Trotsky, O POUM e a Frente Popular, 1936).
3
– PCO, “Sobre a frente PSTU-Psol-PCdoB em Belém do Pará:
Acordo
eleitoral com o “governista” PCdoB expõe a farsa do PSTU “Acordo eleitoral com
o ‘governista’ PCdoB expõe a farsa do PSTU”, 04/07/2012. http://www.pco.org.br/conoticias/ler_materia.php?mat=37023