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sexta-feira, 5 de outubro de 2012

ELEIÇÕES 2012, RITO DE PASSAGEM DO PSOL E PSTU 3/3


A coligação “da esquerda revolucionária” do PCO e PCB reivindica “políticas públicas” burguesas e os apêndices de esquerda do PSTU acompanham-no em seu giro oportunista

 

Vasconcelos Pinheiro, candidato a prefeito da frente PCB-PCO
O giro oportunista do PSTU, em uma coligação patrocinada pela burguesia e em unidade com o governo Dilma via PCdoB, confunde uma série de organizações que o criticam e atuam como seus satélites na vanguarda militante.

Primeiramente precisamos estabelecer como critério que embora as eleições deste ano sejam municipais, a orientação política que cumprem estes partidos é dada por suas direções nacionais. O que ocorre neste momento em Belém não é um “deslize regional do PSTU lá pelas bandas do Norte”. A política que o PSOL ou o PSTU estabelecem para Belém, Natal ou São Paulo corresponde ao usufruto do potencial que a política nacional destes partidos pode ter em nível regional. A política oportunista do PSTU em Belém antecipa uma política geral deste partido se forem dadas as mesmas possibilidades de eleger seus candidatos nas eleições burguesas em qualquer outra cidade.


Se no Rio, o PSTU pudesse participar da coligação com Marcelo Freixo acreditando que pudesse eleger Ciro Garcia vereador, o faria de forma ainda mais entusiasmada que em Belém. Assim, os agrupamentos políticos que realizam uma dupla contabilidade, repudiando a coligação de Belém mas chamando a votar no PSTU nacionalmente (assim como os que silenciam sobre a coligação do PCO com o PCB em Teresina e chamam a votar pelo mesmo) subestimam como uma excepcionalidade negativa a coligação de Belém e como regra cobrem o flanco esquerdo deste partido que realiza um escandaloso giro oportunista, apresentando-o como uma alternativa classista e revolucionária para os trabalhadores.
A LER, por exemplo, critica o oportunismo do PSTU em Belém, mas chama a votar pelo PSTU e pelo PCO, caracterizando-os como partidos operários. Ao caracterizar a coligação encabeçada por Edmilson como “uma verdadeira frente pró-burguesa sem partidos burgueses diretamente incluídos” 1 a LER evita sacar conseqüências de suas caracterização. Vejamos: Se uma frente popular é uma frente de colaboração de classes entre partidos operários e partidos burgueses (ou com a “sombra da burguesia”) e para a LER o PSTU representaria o elemento operário desta coligação “pró-burguesa” supostamente “sem partidos burgueses” então teremos uma frente popular e a LER chamando a votar na candidatura do PSTU da mesma. Se sacar conclusões de suas premissas políticas a LER se revelaria como uma organização que, a seu modo, capitula à política de frente popular abandonando os ensinamentos de Trotsky do mesmo modo como a crítica ao PSTU 2.

Outros agrupamentos ainda mais revisionistas, derivados do próprio PSTU como o Coletivo Lenin, Espaço Socialista e o Praxis chamam a votar no PSTU e não o largam nem mesmo quando ele comete sua maior guinada oportunista. Deste modo, como dizia Trotsky, os que se negam a romper com o oportunismo acabam servindo a sua política. Nesta prestação de serviço, os representantes brasileiros do grupo MAS argentino, o Praxis, chegam a aconselhar ao PSTU que este tipo de política que está realizando pode fazer com que “o caráter revolucionário (sic!) desse partido pode se perder se não há uma mudança de rumo”. Fica evidente que perdido está o próprio Práxis que em seu aconselhamento “critico”, beirando a bajulação (“caráter revolucionário”???) pensa estar evitando a si mesmo de acompanhar o curso oportunista tomado pelo PSTU. Ao defender o voto últil no PSTU contra o voto nulo o mesmo grupo chega a afirmar que se opõe “a alternativa sectária e despolitizada do voto nulo que não vê necessidade de ocupar o espaço eleitoral ao menos de forma propagandística contra o sistema desigual e explorador que impera. Principalmente quando há alternativas em candidaturas anticapitalistas (sic!) como é o caso atualmente.” (Praxis, Por um voto classista nas eleições de outubro, 30/09/2012). Chega a ser ridículo – assim como quanto mais se quer burlar uma determinada estética mais maquiagem se utiliza – quanto mais oportunista é o PSTU, mais seus satélites carregam nos qualificativos “esquerdizantes”.

A LBI e o Luta Marxista definem a aliança eleitoral de Belém como uma “frente popular”. Uma frente popular é uma aliança de colaboração de classes entre partidos operários e partidos burgueses. Embora uma frente popular seja uma frente burguesa, nem toda coligação burguesa é uma frente popular, para que isto seja possível, é necessário a existência de  um partido operário, ainda que reformista, ou seja, operário burguês, nesta coligação. Ora, embora apoiada por alguns sindicatos (servidores públicos federais, trabalhadores não docentes da UFPA, dos operários da Construção Civil, dos professores estaduais) uma coligação entre um partido burguês (PCdoB), partidos patrocinados pela burguesia que aprofundam sua integração ao Estado (PSOL) e um partido pequeno burguês (PSTU) que dirigem sindicatos é uma frente burguesa. Logo, caracterizar esta criatura reacionária de “frente popular” é embelezá-la, atribuindo características operárias que ela não possui. Provavelmente a LBI acredita que o elemento “operário” seja o próprio PSTU a quem demagogicamente enobrece: “Mas a questão colocada é ainda mais profunda: estamos vendo, a partir da aliança estabelecida em Belém, o ‘começo do fim’ do PSTU enquanto partido que se reivindicava formalmente revolucionário (sic!)... vão esmagar qualquer traço de bolchevismo (sic!), ainda que formal, que mantinha até então o PSTU”
Vemos então que em meio aos costumeiros qualificativos nada criteriosos usados pela LBI para definir os fenômenos da luta de classes, está também uma relação esquizofrênica com o PSTU e que camuflado com as expressões “formalmente” e “ainda que formal” está a descoberta de que o PSTU não apenas seria um partido operário mas que ainda mantém supostos traços “revolucionários” e até “bolcheviques”!

A COLIGAÇÃO “DA ESQUERDA REVOLUCIONÁRIA”
DO PCO E PCB POR POLÍTICAS PÚBLICAS BURGUESAS

O PCO critica acertadamente o PSTU “Acordo eleitoral com o “governista” PCdoB expõe a farsa do PSTU” 3, diz que não faz promessas para ganhar votos e também acertadamente denuncia a farsa das eleições controladas pelo dinheiro dos grandes capitalistas. O partido também garante que “O PCO participa das eleições chamando os trabalhadores a se unificarem detrás de um programa que não é para a administração pública, mas sim um programa de luta dos trabalhadores. Por isso não apoiamos candidatos nem do Psol, nem do PSTU, nem do PCB, partidos que compuseram em outro momento a chamada ‘frente de esquerda’. Esses partidos em muitos casos se apresentam claramente como uma candidatura alternativa, mas não para os trabalhadores e sim para a administração dos negócios da burguesia” (O PCO e as eleições, 27/09/2012).

Todavia a realidade desmente o que o PCO promete fazer nas eleições. O partido realiza um acordo eleitoral com o PCB em Teresina, é vice na coligação encabeçada pelo candidato a prefeito do “partidão”, Vasconcelos Pinheiro, ex-jogador de futebol, que para ganhar votos faz muitas promessas de melhorias do sistema de educação, lazer, transporte, através do aprimoramento da administração pública dos negócios da burguesia. Vasconcelos possui uma plataforma típica de qualquer político demagogo burguês para “criação de políticas públicas que tenham efeitos positivos”, “geração de emprego e renda” e sobretudo pela “modernização de Teresina”.

O que efetivamente defende o candidato da “coligação esquerda revolucionária” composta pelo PCO é o aprimoramento da gestão capitalista da cidade. Enquanto o PSTU capitula ao eleitoralismo para eleger um vereador, o PCO justifica a sua coligação eleitoralista com o PCB por “peculiaridades estaduais”, devido à frente sindical com este partido nos correios: “No Piauí, entretanto, há um caso excepcional, em que nosso partido realizou uma aliança com o PCB para disputar a prefeitura. Essa aliança foi possível em razão da peculiaridade desse estado, onde o PCB é composto quase que exclusivamente por trabalhadores dos correios e onde temos encabeçado juntos as principais lutas do último período.” (idem). O PCO justifica sua coligação sem princípios por excepcionalidades regionais, apoiando a política de “modernização” burguesa do mais antigo partido conciliador de classe do país, o PCB. Parafraseando o próprio, o acordo eleitoral sob o programa burguês da coligação à prefeito de Teresina, expõe a farsa do PCO.

1 – Val Lisboa, “Uma frente oportunista em Belem, o PSTU, para eleger um parlamentar, abandona os ensinamentos de Trotsky”, 17/09/2012.

2 - “A questão das questões atualmente é a Frente Popular. Os centristas de esquerda procuram apresentar esta questão como tática ou mesmo como uma manobra técnica, a fim de poder vender as suas mercadorias na sombra da Frente Popular. Na realidade, a Frente Popular é a questão principal da estratégia da classe operária nesta época. Também oferece o melhor critério para diferenciar o bolchevismo do menchevismo.” (Trotsky, O POUM e a Frente Popular, 1936).

3 – PCO, “Sobre a frente PSTU-Psol-PCdoB em Belém do Pará:
Acordo eleitoral com o “governista” PCdoB expõe a farsa do PSTU “Acordo eleitoral com o ‘governista’ PCdoB expõe a farsa do PSTU”, 04/07/2012. http://www.pco.org.br/conoticias/ler_materia.php?mat=37023