Nesta campanha eleitoral, o PSOL, dispondo de um candidato que já governou para a burguesia, torna-se a opção preferencial para assumir o governo dos ricos contra a classe trabalhadora de Belém
O
PSOL nasceu em 2005 como um partido pequeno-burguês, uma legenda dirigida por parlamentares que saíram do PT no primeiro governo Lula. Até hoje, em âmbito federal, o partido nunca possuiu mais do que uma ativa influência parlamentar marginal. Se Edmilson Rodrigues for
eleito, o PSOL assumirá pela primeira vez a responsabilidade de governar o
Executivo burguês.
O
PSOL, conta com a vantagem de ter como candidato um político profissional previamente
testado como administrador dos negócios da burguesia. Edmilson governou Belém
de 1997 a 2005 e já executou na prefeitura da capital paraense o que candidato do
PSOL carioca, Marcelo Freixo*, assegura apenas de palavras
para a burguesia: reprimir os trabalhadores municipais que realizarem greves.
Mas não só isto: Edmilson recusou-se a conceder qualquer aumento real de
salários aos servidores e sucateou postos de saúde para pagar religiosamente a
dívida pública junto à União e concedeu isenções fiscais aos grandes
empresários. Assim como o PT, substituiu as políticas de reformas universais do
capitalismo por “políticas sociais compensatórias” paliativas e
assistencialistas.
Durante
esta campanha eleitoral, Edmilson já recebeu do patronato (construtoras,
tubarões da saúde privada, exportadores e importadores de pescado) em torno de
400 mil reais, fazendo com que o dinheiro recebido por Luciana Genro da Gerdau
e da Taurus (pouco mais de 100 mil reais) que na época causou polêmica no PSOL
e entre a esquerda nacional pareça uma gorjetinha 4 vezes menor.
http://inter01.tse.jus.br/spceweb.consulta.receitasdespesas2012/abrirTelaReceitasCandidato.action
Dos 476,4 mil reais arrecadados, 389,4, 80%, vieram das empresas privadas, mudando significativamente o perfil dos financiadores de campanha do PSOL, da pequena burguesia para a burguesia. “Nas eleições de 2010, a maior parte das campanhas do PSOL foi bancada por pessoas físicas.” (Carta Capital, 29/09/2012)
http://www.cartacapital.com.br/politica/edmilson-rodrigues-o-primeiro-prefeito-do-psol/)
http://inter01.tse.jus.br/spceweb.consulta.receitasdespesas2012/abrirTelaReceitasCandidato.action
Dos 476,4 mil reais arrecadados, 389,4, 80%, vieram das empresas privadas, mudando significativamente o perfil dos financiadores de campanha do PSOL, da pequena burguesia para a burguesia. “Nas eleições de 2010, a maior parte das campanhas do PSOL foi bancada por pessoas físicas.” (Carta Capital, 29/09/2012)
http://www.cartacapital.com.br/politica/edmilson-rodrigues-o-primeiro-prefeito-do-psol/)
A
direção do PSOL sabe que estas eleições são decisivas para romper a
marginalidade legislativa do partido e para torná-lo uma legenda que vai pela
primeira vez gerir a parcela do Estado burguês responsável por uma importante
capital do país. O PSOL trilha o caminho já realizado pelo PCdoB, o único
partido que ao assumir a vice prefeitura não se aburguesará, pois o PCdoB já
administra prefeituras capitalistas, já sendo, portanto, um partido da ordem burguesa.
Edmilson
abandou a plataforma reformista padrão do partido e partiu para o abraço com o
programa que a burguesia e o aparato burocrático do Estado burguês reivindicam
de sua candidatura: “O partido moderou o discurso, abandonou as propostas
radicais e até acena ao PT com possível aliança,... com 38,4% de intenções de
voto, segundo pesquisa deste mês do instituto Acertar, o PSOL abandonou
propostas que defende em outras cidades, como calote da dívida, redução da
tarifa de ônibus e corte de cargos de confiança.” (“Com chances de vencer,
candidato do PSOL em Belém deixa radicalismos”, Folha de São Paulo,
21/09/2012). E mais, Edmilson defende que é preciso abandonar qualquer
resquício de oposição ao partido do governo Dilma nas eleições. “Segundo o
candidato, o PSOL tem restrições ao PT, mas o debate pode permitir uma aliança,
se aprovada pelo Diretório Nacional.” (idem).
Mas
não só ao PT, o PSOL estende a mão. Também com o “patrão”, como é conhecido o
senador Jader Barbalho entre seus pares, Edmilson estreita os laços para
discutir o segundo turno das eleições, tendo em vista que o candidato oficial e
primo do Senador, candidato José Priante (PMDB), estaria segundo as prospecções
políticas, fora do páreo. Não foi gratuita a declaração amistosa do próprio
Edmilson para com o “patrão”: “Se o Jader Barbalho (senador do Pará alvo de uma
série de denúncias), que gosta pouco de mim, conseguir 15 milhões de emenda
para Belém, vou dizer: ‘essas emendas são oriundas de iniciativa do senador
Jader Barbalho`, porque é uma questão da nossa cidade”. (Carta Capital, 29/09/2012).
Enquanto
o PSTU finge cretinamente ares de surpresa e ingenuidade acerca das
perspectivas da candidatura Edmilson e oculta seu oportunismo por trás de
citações de Lenin e Trotsky “nada a ver” com frentes eleitorais burguesas como
a que entusiasticamente compõe, qualquer criança de cinco anos do Guamá ou de
Icoaraci sabe que a “nossa cidade” que unifica os interesses do “patrão” e
Edmilson Rodrigues se edifica exatamente sobre a exploração da força de
trabalho da população da capital paraense. Todo mundo sabe a que fim se
destinam também os milhões de “emendas conseguidas” por Barbalho “para a
cidade”. Mas para os que não sabem recomendamos que assistam o premiado
documentário “Manda Bala”, onde Jader Barbalho está no centro do esquema de
lavagem de 9 milhões de dólares da SUDAM supostamente para construir 300 mil
fazendas de rãs. Este escândalo de corrupção é retratado no documentário“ do
cineasta estadunidense Jason Kohn que tenta explicar, sob seu ponto de vista,
as origens da extrema miséria no Brasil.
O
PSOL é a aposta da burguesia regional e nacional para administrar novamente a
cidade. A candidatura Edmilson JÁ É UMA CANDIDATURA BURGUESA, realiza uma campanha
tipicamente burguesa, com um programa burguês que nem sequer pode ser chamado
de reformista e por tudo isto recebe (doações) investimentos de empresas
burguesas. A vitória de Edmilson será importante para o PSOL adquirir uma
maturidade burguesa, ainda como partido marginal da burguesia, mas já como
partido burguês, que administra o executivo burguês. Este passo adiante também
será importante para a constituição ou não de uma nova legenda oportunista já
anunciada por Heloísa Helena em conjunto com Marina Silva, também apoiadora da
candidatura Edmilson. Em Macapá, capital do Amapá, o PSOL encabeça outra frente oportunista composta também pelo mais antigo defensor da conciliação de classes do país, o PCB, juntamente com outros partidos marginais da burguesia PPS, PRB, PRTB, PMN, PTC e PV.
Esse
salto de qualidade, em que o PSOL dá uma passo adiante para converter-se de partido
pequeno burguês em partido burguês já havia sido prognosticado pela LC quando avaliou
o resultado do III Congresso do PSOL.
Diante
de tudo que foi exposto, é evidente que um partido revolucionário tem por
obrigação denunciar a candidatura Edmilson como parteira do que governará para
os patrões contra os trabalhadores. Não há nada que pague o apoio a tal
candidatura. Mas nem todos os partidos que se dizem revolucionários pensam
assim. É o caso do PSTU cujo preço para ajudar Edmilson a enganar os
trabalhadores é a possibilidade de, pegando carona em sua campanha, eleger um
vereador do partido.
* Marcelo Freixo é defensor da repressão policial assassina contra os bairros proletários cariocas, sua consigna é "UPPs em todos os morros!". Ele defende o despejo dos moradores da ocupação do Horto, a privatização da saúde através das chamadas Organizações Sociais, da Lei de Responsabilidade Fiscal. Freixo é apoiado por Marina Silva e setores do PDT e PSDB.
* Marcelo Freixo é defensor da repressão policial assassina contra os bairros proletários cariocas, sua consigna é "UPPs em todos os morros!". Ele defende o despejo dos moradores da ocupação do Horto, a privatização da saúde através das chamadas Organizações Sociais, da Lei de Responsabilidade Fiscal. Freixo é apoiado por Marina Silva e setores do PDT e PSDB.