e a tarefa dos revolucionários
Para construir um partido revolucionário dos trabalhadores
no Brasil é preciso conquistar a consciência pelo menos dos setores mais
avançados da classe trabalhadora para o trotskismo, o marxismo de nosso tempo.
Todavia, hoje a vanguarda da classe, refletindo as grandes massas da população
explorada, segue o PT.
Nestas eleições municipais, tivemos a oportunidade de fazer
uma pesquisa de intenção de voto por partidos em duas fábricas metalúrgicas
paulistanas. Obtivemos o seguinte resultado na fábrica A: 70% operários dizem
que votarão no PT; 20% partido burguês da base governista (no caso, o PSB), que
embora seja base aliada do governo federal, é adversário do PT na cidade e 10%
de votos nulos. Na fábrica B: 40% dos votos no PT, 30% indecisos, 20% no PSB e
10% nulos. Apesar de ser um universo pequeno, até previsível e restrito ao
momento eleitoral, confiamos infinitamente mais nele do que em todos os venais
institutos de pesquisas burgueses (Ibope, Datafolha, Gallup, Sensus, etc.). A
pesquisa realizada junto às duas fábricas não quer dizer de modo algum que o PT
vai vencer as eleições, ganhe quem ganhe perderão os trabalhadores e ganharão
os banqueiros, o que nos importa nesta pesquisa é que ela serve de termômetro
entre os trabalhadores e comprova que o principal obstáculo para o avanço da
consciência do proletariado reside nas ilusões que o mesmo mantém no PT.
Mas, o fato de que o PT seja o partido preferido dos
trabalhadores nas eleições não significa que ele seja um partido operário. Os
partidos social-democratas da França e Espanha dirigem a maior parte das
organizações sindicais destes países, no entanto, são partidos burgueses
imperialistas. O partido laborista britânico, embora dirija a TUC e 90% de seus
fundos venham dos sindicatos, é um partido que defende os interesses da
burguesia imperialista contra os interesses imediatos dos trabalhadores e desde
a década de 1980 deixou de ser um partido operário burguês. De nossa parte,
tratamos de superar o impressionismo e o empirismo a partir de uma
caracterização cientifica do PT, o partido que desgraçadamente é o que exerce
uma enorme influência sobre o proletariado brasileiro.
Qual o caráter de classe do PT? O PT foi um partido operário burguês até as eleições de 1989, quando se justificava a tática do entrismo e o chamado a votar no mesmo. Naquela década, o PT foi um partido operário reformista por seu programa, sua composição social, e porque pelo menos até assumir as primeiras prefeituras de capitais (Fortaleza, 1986) não dispunha como hoje da grande burguesia como patrocinadora majoritária de suas campanhas.A partir do giro à direita da conjuntura mundial combinado ao aburguesamento da direção petista, convertendo-se ela própria em capitalista sindical através, sobretudo dos fundos de pensão e dos mandatos no executivo burguês, este partido substituiu as políticas de reformas universais do capitalismo por “políticas sociais compensatórias” paliativas e assistencialistas.
Depois de dar todas as provas de seu comprometimento com a estabilidade do regime político burguês contra as massas na década de 1990 (aceitação da fraude eleitoral que deu vitória a Collor, sabotagem da luta contra o Fora Collor até o último segundo, apoio as privatizações, apoio ao plano real, a lei de responsabilidade fiscal, a reforma da previdência de FHC), o PT que só tinha assumido mandatos municipais na década anterior, passa a governar estados do país e cacifa-se como representante hegemônico da burguesia e passou a ser um PARTIDO BURGUÊS COM INFLUÊNCIA NAS ORGANIZAÇÕES DE MASSAS, via organizações como CUT e MST. Como então podemos seguir dizendo que o governo Lula, Dilma, dos governadores e prefeitos petistas são governos de frente popular (atribuindo ou não epítetos como sui generis ou de novo tipo, etc.)? A quem embelezaremos como o elemento operário de tal governo?
Os que identificam os governos petistas como de frente
popular estão condenados a descobrir virtudes operárias no PT e os que
caracterizam o PT como um partido operário burguês deveriam ser conseqüentes e
seguir alojados em seu interior e votando no mesmo, como fazem os lambertistas e
os woodistas no Brasil. Compreendemos que o PT é um partido burguês com
influência de massas, mas um partido burguês, inimigo da classe operária.
Diante da hegemonia petista, um fenômeno como todos na
história, passageiro, os revolucionários se constroem sob o norte estratégico
organizativo que estabelecemos quando de nossa fundação a pouco mais de dois
anos: “Para nadar contra a corrente, enfrentar o oportunismo encastelado no
Estado, seus satélites centristas adaptados ao regime em meio ao refluxo das
lutas espontâneas, durante uma situação cinzenta, pacífica e de decaimento do
espírito revolucionário, nosso trabalho precisa ser, sobretudo paciente e
abnegado. Temos claro que não há outro modo de superar o período lulista da
história do movimento operário brasileiro sem que uma nova geração de quadros
operários seja preparada sob um programa trotskista. O que indica, portanto,
que devemos começar a tarefa voltando ao movimento operário. Não há atalho...
Não há outro modo de ter acesso direto aos trabalhadores e ganhar sua confiança
mediante táticas corretas sem uma experiência desenvolvida em comum.” (“Nasce a Liga Comunista: Contra o ceticismo, construir o
partido trotskista revolucionário da classe operária!”, 20/10/2010)
http://lcligacomunista.blogspot.com.br/2010/10/nasce-liga-comunista.html