Elegendo ou não seu vereador, o PSTU aderiu ao vale tudo do cretinismo eleitoral, consolidando no partido as tendências reformistas sobre as centristas
Jorge
Panzera (ex-presidente nacional da UJS,
ex-Secretário de Esportes do Pará e atual
dirigente do
PCdoB), vice de Edmilson (PSOL)
aos quais se abraça Cleber Rabêlo (PSTU)
|
O
PSTU é sucessor de uma organização que nasceu na década de 1970 com um programa
centrista, ou seja, revolucionário de palavras e reformista nos atos. A Liga
Operária, grupo precursor da Convergência Socialista (CS) em 1978, volta do
exílio com a missão de adaptar para a conjuntura brasileira uma orientação
morenista de fundar um “partido centrista de esquerda legal” *. A CS converte-se em tendência interna do PT. É
expulsa dele em 1992 e sob o impacto da restauração capitalista na URSS e no
Leste Europeu – apoiada pela LIT – funda o PSTU, um partido de “esquerda legal”
onde as tendências reformistas predominam sobre as centristas. Mas, toda esta
trajetória política que inescrupulosamente vem de forma acelerada girando à
direita a partir do declínio do projeto sindical da Conlutas no Conclat de
2010, dá um salto de qualidade nestas eleições municipais em Belém.
Além
de todos os motivos elencados na primeira das 5 partes deste especial (LC: “Nestacampanha eleitoral, o PSOL, dispondo de um candidato que já governou para aburguesia, torna-se a opção preferencial para assumir o governo dos ricoscontra a classe trabalhadora de Belém”) sobre o porquê
de denunciar a candidatura Edmilson Rodrigues como a candidatura preferida do
capital, também são válidos os argumentos do PSTU em 2008 para rechaçar uma
frente eleitoral que tivesse Edmilson Rodrigues à cabeça:
“O
Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) divulgou ontem suas
diretrizes e forma de atuação nas eleições deste ano. Três propostas centrais
serão usadas como base da legenda, entre elas a exigência de que o ex-prefeito
de Belém Edmilson Rodrigues não seja o candidato e que nenhuma coligação com
partidos 'burgueses' seja feita. O PSTU quer ampliar sua participação no pleito
e garantir pelo menos o vice na chapa que vier a ser formada,... Edmilson não
será aceito, diz o PSTU, porque sua gestão de oito anos na Prefeitura de Belém
não olhou pelas 'reais necessidades dos trabalhadores'. Os membros da legenda
dizem ainda que não concordam com a forma com que o governo do ex-petista se
relacionou com os movimentos sociais. Também desaprovam o programa que ele utilizou
como plataforma política, baseado em 'políticas sociais compensatórias'.” (PSTU
não aceita Edmilson como candidato, Edição de 17/06/2008).
Quem
te viu quem te vê! Na época em que o PSTU recusava uma frente encabeçada pelo
ex-prefeito, Edmilson estava mal cotado nas pesquisas de intenção de votos.
Agora,
quando os institutos de pesquisa, instituições burguesas auxiliares da
legitimação da democracia dos ricos, refletem a predileção da classe dominante
apontam que Edmilson está na frente das “intenções de voto”, o PSTU dá uma
guinada de 180° e “revê seus conceitos” sobre Edmilson. Revê também sua
rejeição a alianças eleitorais com o PCdoB. Para camuflar sua aliança com este
último representantes da burguesia nestas eleições, o PSTU vende gato por lebre
e alega: “o PCdoB não é um partido burguês”. Como não é um partido burguês, um partido
que administra prefeituras burguesas, trafica influência estatal e favores no
Estado burguês junto a multinacionais (agência nacional do petróleo, copa e
olimpíadas) e atua como testa de ferro do latifúndio (código florestal)? Em
resumo, quando vislumbra uma oportunidade de obter “um lugarzinho” na Câmara de
Vereadores, o PSTU, embeleza os traidores e inimigos da classe trabalhadora, se
nega a desmascarar o processo eleitoral enganoso e ilude a população pobre para
tirar proveito destas ilusões. Sobre a necessidade do rigor marxista acerca do
caráter de classe dos partidos e governos recomendamos a leitura do 5º texto
deste especial (LC: “A questão da análise do caráter de classe dos partidos
como pré-requisito para uma política marxista em relação aos mesmos”).
SEGUINDO
A POLITICA DE OPERAÇÃO DESMONTE
DAS CAMPANHAS SALARIAIS DA CUT E CTB,
A
CONLUTAS DO PSTU ENTERRA A CAMPANHA
DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL DE BELÉM
PARA DEDICAR-SE EXCLUSIVAMENTE ÀS ELEIÇÃO DE SEU VEREADOR
DE CARONA NA COLIGAÇÃO BURGUESA DE EDMILSON E DO PCdoB
O
PT, o PCdoB e o PSOL nos sindicatos que dirigem, têm abortado as campanhas
salariais de bancários, correios, metalúrgicos, petroleiros para melhor se
dedicar às campanhas eleitorais. Seguindo os passos dos três primeiros, o PSTU
enterrou a greve da construção civil de Belém em troca de míseros 9,23% para
melhor se dedicar à campanha de seu candidato a vereador Cleber Rabêlo. Todos
sabem que este “aumento” salarial não cobre nem a inflação maquiada oficial e
representa uma profunda capitulação aos patrões da construção civil que bancam
a campanha de Edmilson, como a construtora COGEP, a maior contribuinte da
campanha, que conta com um retorno garantido de seu investimento. Enquanto isso,
o PSTU ludibria os operários da construção civil dizendo que o seu candidato a
prefeito vai “governar para os trabalhadores” e não para os patrões.
O
tal “aumento” comemorado pelo PSTU para encerrar a greve é, sobretudo uma
traição para esta categoria em um momento que o país vive uma bolha imobiliária
e os especuladores, empreiteiras e construtoras da área nunca ganharam tanto
dinheiro.
O
dirigente do PSTU, Eduardo Almeida, que se mudou para Belém para botar pilha de
perto na campanha de Cleber Rabelo bem reconhece que Belém é o 5º metro
quadrado mais caro do país. Já faz quase 60 meses consecutivos que o preços dos
imóveis novos (construídos agora com a mão de obra do operariado da construção
civil) sobe acima da inflação, quando o preço médio dos imóveis subiu cinco
vezes mais que a inflação, ou seja, pelo menos 25%.
Mas
os patrões do setor não querem aumentar a migalha que pagam aos trabalhadores e
como o interesse maior do PSTU é de se dedicar exclusivamente à eleição do
operário da construção civil, enterra literalmente a greve nos canteiros de
obra, comemorando vitória com uma migalha que não chega a 4% acima da inflação
oficial. “Os operários conseguiram um reajuste de 9,23% (a patronal queria dar
no início da campanha só 5%)” (site do PSTU, 20/09/2012).
O
PSTU bem sabe que para alguém como um servente em Belém que recebe R$ 650,00 de
salário, um aumento inferior a 10%, 65 reais, não muda em nada a condição de
extrema miséria do peão, não dá nem de longe para comer tomate, tomate! que
subiu 76% no último ano, mas a direção do PSTU que nem de longe vive a situação
do servente comemora cretinamente: “Termina greve da Construção Civil em Belém:
uma vitória da peãozada”, Eduardo Almeida, direto de Belém, 20/9/2012”.
O
PSTU não entra no “negócio” apenas como uma cereja esquerdizante do bolo podre
da coligação anti-operária capitaneada pelo PSOL-PCdoB. Pelo andar da
carruagem, inclusive como cereja deste bolo, o PSTU também já apodreceu. Não se
trata apenas de que o PSTU, salivando por sua legislatura, ludibria os
eleitores embelezando seus aliados. Trata-se de um esquema oportunista muito
mais nocivo e material contra a classe. Na operação desmonte da greve da
construção civil de Belém o próprio PSTU “faz sua parte”, abortando a greve dos
operários contra os super-lucros dos barões da construção civil, os mais
generosos patrocinadores da candidatura a prefeito cuja votação turbinará o
coeficiente eleitoral do candidato do PSTU. O PSTU dá garantias aos
capitalistas da construção civil e da especulação financeira que um possível
mandato de Edmilson apoiado pelo Sindicato dos Trabalhadores da Construção
Civil continuará mantendo Belém como uma cidade atrativa a seus negócios.
AS
CRITICAS DO PSTU À CANDIDATURA EDMILSON
SÃO CONSUMO INTERNO, PARA ENGANAR A
PRÓPRIA MILITÂNCIA.
NA VIDA REAL, EM BELÉM, A CAMPANHA PARA “ELEGER UM OPERÁRIO
VEREADOR” “É SÓ ALEGRIA” E HARMONIA COM PSOL E PCdoB
Desde
o princípio ficou claro que não passava de uma piada as justificativas
“principistas” dadas pelo PSTU para participar da coligação: a plena liberdade
para poder exigir e denunciar os desvios da frente eleitoral que contrariassem
a independência política da mesma. Agora, a esta altura da campanha, com
Edmilson já sendo carregado, patrocinado e defendendo os interesses da
burguesia que investe em sua candidatura, sem contar as articulações com o PT e
com o “patrão”, o senador Jáder Barbalho, está claro que o discurso “Belém para
os trabalhadores” do PSTU não passa de um folha de parreira para uma candidatura
descaradamente oportunista e burguesa que já se desnudou por completo.
Vale
destacar que o PSTU em nenhum momento denunciou a coligação PSOL-PCdoB. Ele
apenas faz cândidas exigências, como por exemplo, diante de números publicados
ordinariamente pela própria instituição estatal, o TSE: "Nós, do PSTU,
fazemos um chamado à direção do PSOL e ao companheiro Edmilson para que revejam
essa decisão"
Para
os ingênuos, a cada nova medida pragmática da candidatura burguesa de Edmilson,
o PSTU, fingindo que não sabia que era daí para pior o que iria acontecer, posa
de vestal. Na verdade, este comportamento cínico não é mais que uma camuflagem
para o vale tudo em que embarcou este partido a fim de eleger um vereador. Com
peso marginal dentro da frente, o PSTU é cúmplice desta política oportunista
protagonizada pelo PSOL-PCdoB.
Cabe
aos marxistas revolucionários denunciar implacavelmente o PSTU por sua
integração a democracia dos ricos contra os trabalhadores, opondo-se
nacionalmente a votar neste partido. A este escandaloso giro oportunista não se
pode opor uma política de pressão, de aconselhamento ou de regionalização da denúncia
como fazem algumas correntes educados na escola revisionista do morenismo e que
consideram o chamado a votar no partido matriz uma tática “para dialogar com a base
deste partido”. Estas correntes satélites do PSTU não fazem isto sem uma vergonhosa
dose de embelezamento do próprio como “partido operário” ou “revolucionário”. Não,
a este giro oportunista é preciso opor uma política de combate sem tréguas ao regime
burguês e a todos seus colaboradores, nas eleições, nas campanhas salariais, em
todos os conflitos da luta de classes, em todos os locais de trabalho e estudo pela
construção do partido revolucionário do proletariado, único meio capaz de resgatar
de maneira sadia e conseqüente aos militantes combativos que hoje são enganados
por sua direção.
* Moreno, N.,
1954: año clave del peronismo, 1955.