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terça-feira, 18 de junho de 2013

REBELIÃO POPULAR NO BRASIL

Para a vitória do movimento contra os 
interesses dos empresários e seus governos
é preciso que a classe operária organizada
entre em cena nos protestos
Estamos vivendo dias históricos no Brasil. Trata-se dos maiores protestos de massa do país desde o Fora Collor na década de 90 e as "Diretas Já!", na década de 80 do século passado. Pelo menos 300 mil pessoas foram às ruas ontem, 17/06, nas principais capitais do Brasil e em mais dezenas de outras cidades. O aumento das passagens de ônibus, retardado por seis meses, foi a gota d´água que faltava para o transbordamento da insatisfação popular contra o aumento geral do custo de vida, ainflação, a deterioração dos salários, o endividamento crescente da população assalariada, a disparada do custo dos aluguéis, dos alimentos, enquanto cataratas de verbas estatais são destinadas para a Copa das Confederações, Copa do Mundo de futebol, Olimpíada, etc.

Dilma, que até poucos dias posava de governante mais popular o país, que juntamente com Lula, havia tirado a população da miséria, trazido os mega-eventos para o Brasile absorvido e/ou debilitado a oposição de direita, foi vergonhosamente vaiada na abertura da Copa das Confederações e não pode mais esconder a crescente insatisfação popular contra a conjuntura política criada por seu governo, acrescida da chegada da crise econômica no país, que até então também era ocultada. Diante da dimensão que ganharam os protestos, a burguesia e suas instituições buscam controlar o movimento e não mais bater de frente com o mesmo. O governo Alckmin (PSDB) diz agora "estar aberto ao diálogo", enquanto Haddad (PT) monta um Conselho Municipal de Transportes. Dilma e seus porta-vozes fingem em suas declarações que as manifestações não se opõem ao seu governo e a seus mega eventos. A mídia burguesa, que demonizou os protestos por semanas, busca agora apadrinhá-los, adestrá-los ao pacifismo e isolar os setores mais radicalizados da juventude.

Os governos estaduais PSDB, PMDB, PT, etc, que atacaram truculentamente os manifestantes nos protestos anteriores adotaram um tom conciliador no discurso, mas a brutalidade segue a mesma ou piora em alguns episódios como na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, no Palácio dos Bandeirantes em São Paulo, nas principaisavenidas de Porto Alegre, no centro de BH e na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, onde a polícia disparou balas de chumbo contra os manifestantes e carregou nas bombas de gás lacrimogênio. No Rio, pelo menos meia dúzia de manifestantes foram hospitalizados com tiros de balas de chumbo.

Haddad, prefeito de São Paulo, que governa a vitrine do PT para as eleições ao governo do Estado de 2014, que antes dizia ser impossível baixar a passagem, após os protestos do dia 17 mudou o discurso para defender o incremento nos subsídios municipais na tarifa dos ônibus. O prefeito petista argumenta que se no Brasil o Estado arca em média com 1/3 dos custos dos transportes em subsídios, na Europa a média é de 2/3. Com isso, acena ao empresariado paulista que pode superar o tucanato no desvio de verbas estatais para os bolsos do patronato.

Nós da Liga Comunista defendemos, nenhum subsídio para o empresariado, verbas públicas para o transporte, a saúde e a educação públicas e gratuitas, pela estatização de todos os transportes coletivos, da saúde e da educação sob o controle dos trabalhadores e passe livre para toda a população trabalhadora e para a juventude.

Esse movimento de massas precisa da adesão da classe trabalhadora organizada. É fundamental que as direções e oposições classistas dos aparatos sindicais combatam para arrastar nossas categorias para a luta, superando os limites pequeno burgueses do atual movimento (conciliador, pacifista e apartidário), nutrindo a rebelião popular em curso de um norte estratégico de classe. Precisamos unir os estudantes e a juventude com os operários das fábricas, canteiros de obras, refinarias e pararmos esse país. Nossa pequena organização, a Liga Comunista, que faz parte da categoria dos metalúrgicos de Campinas e participa da greve da multinacional CAF, iniciada  no dia 20 de maio, já sente em nossa luta o reflexo desta rebelião popular, forçando o patronato a sair do impasse em que se encontram as negociações. Reciprocamente, os trabalhadores organizados podem superar a mentalidade conciliadora das direções do atual movimento em favor não apenas da redução da passagem, mas também da melhoria do transporte, saúde e educação para o conjunto da classe trabalhadora, melhoria consistente que só pode ocorrer a partir da estatização sob controle dos próprios trabalhadores.