Mobilizar os trabalhadores
para derrotar o Golpe!
Declaração da FCT para as manifestações do dia 31/03/2016
Foi fabricada uma crise política no Brasil superior àquela
que conduziu ao Golpe de 1964.
O Governo eleito do PT está sendo demolido, o impeachment é
iminente e Lula está ameaçado de prisão.
O processo brasileiro se assemelha aos que derrubaram
recentemente os Presidentes do Paraguai e de Honduras. Mas aqui a luta de classes possui dimensões bem maiores e mais complexas. Não será fácil a realização do golpe e menos ainda a vida do governo golpista.
É o imperialismo quem trama nos bastidores da crise política
e do impeachment, vendo aí a oportunidade histórica para tomar o nosso
petróleo.
Os golpistas se aproveitaram do momento em que a recessão
mundial chegou no Brasil para converter
crise econômica em crise política. Vêm conseguindo ajudados pela capitulação do
governo Dilma, do PT e da CUT às pressões da direita.
A política de ganhar fôlego capitulando mais e mais ao
inimigo, só fortaleceu ao inimigo e enfraqueceu a resistência.
Os estrategistas do PT substituíram o lema de que a melhor
defesa é o ataque pelo de que a melhor defesa é o auto ataque. E isso só
confundiu e confunde o campo antigolpista, como a sanção da lei antiterrorista
por Dilma que tem por finalidade a criminalização da resistência popular ao
golpe.
A conspiração de direita não se detém com nenhuma das
reacionárias medidas tomadas por Dilma porque segue a estratégia do
imperialismo de contra-atacar a expansão os BRICS e realinhar
internacionalmente o país com os EUA.
O mais importante não é se Lula e Dilma são corruptos ou não.
Todo governo burguês é. A esquerda não pode colocar a questão da corrupção como
seu principal eixo político. Quem faz isso, acaba se confundindo com as
bandeiras da direita, reforçando-as, e a auxiliando na sua caminhada em direção
ao poder.
O governo Dilma será substituído por um governo que atacará
em profundidade os direitos dos trabalhadores, e tentará liquidar a CLT, muito
mais do que fez Dilma, com o seu ajuste fiscal e a ameaça de uma nova reforma
da Previdência.
Dilma e a direita não são iguais, nem com a ameaça feita
pelo governo dela de uma Reforma da Previdência. Hoje, em março de 2016, Dilma
já não tem mais força alguma para aplicar a tal Reforma, tamanho é o
esvaziamento político do seu governo. Aqueles que ainda insistem em dar a Dilma
um papel de protagonista no encaminhamento das reformas, na verdade estão
recorrendo a um artifício para justificar seu alinhamento com o “Fora Dilma” e
“Eleições Gerais”, como o PSTU e o MES.
O POVO SE MOBLIZARÁ CONTRA O GOLPE PARA DEFENDER A SI MESMO
E NÃO POR UM LULA QUE O TRAIU, POR UM GOVERNO QUE O ATACA, NEM PELA DEMOCRACIA
DOS RICOS
O PT, aburguesado, não consegue sequer se defender, aposta
mais na compra dos inimigos com cargos e na justiça burguesa que no povo que o
elegeu.
Romper com esse curso que conduz a derrota e ao isolamento
exige a anulação de todas as medidas neoliberais, entreguistas e de
criminalização das lutas (MPs 664 e 665, privatização do pré-sal e da
Petrobrás, terceirização, apoio as UPPs, congelamento dos salários do
funcionalismo). Em seguida, é preciso realizar as reformas agrária e urbana,
anistiar aos devedores do Minha Casa Minha Vida, aumentar os salários e o Bolsa
Família, expropriar a Rede Globo; extinguir o imposto sobre os salários (“de
renda”) e criar um imposto progressivo sobre os milionários.
Se tais medidas fossem tomadas e o povo fosse armado contra
os que querem assaltar seus direitos, o golpe poderia ser facilmente debelado.
As manifestações contra a direita aumentariam de tamanho e varreriam a reação
das ruas, acuando a oposição burguesa e podendo ir além na luta contra a
burguesia.
Todavia, Dilma teme mais ao ascenso popular que ao golpe da
direita, segue querendo repactuar com os seus algozes lançando dolorosas
medidas contra seus próprios eleitores.
Assim, a população trabalhadora - a única alternativa do
governo contra o golpismo - é empurrada por Dilma e o PT para a reação, porque
o seu legítimo sentimento presente de indignação contra as medidas que o
governo federal toma contra ela acaba pesando mais do que o temor de um golpe
futuro da direita.
Por isso, sem renunciar a defesa de nossas conquistas
históricas contra as medidas neoliberais de Dilma nem muito menos a luta pela
revolução socialista, compreendemos que a tarefa central agora é a união de
todos contra o Golpe.
Precisamos impulsionar comitês de ação e autodefesa em todos
os locais de trabalho e estudo contra os ataques fascistas à população
trabalhadora, sedes partidárias, sindicais, institutos, associações e todo e
qualquer ativista ou militante ameaçado pela direita.
Sem desprezar o terreno da luta parlamentar e judicial,
acreditamos que a luta só pode ser vencida também nesse campo desfavorável
quando for vencida nas ruas, varrendo a direita e suas manifestações
reacionárias e com métodos de luta de classes, com greves e ocupações contra os
patrões que patrocinam o golpe em todo país.