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quarta-feira, 16 de março de 2016

DECLARAÇÃO DA FCT 14/03/2016

Ruptura com a política econômica e mobilização do povo ou Golpe da Direita

Declaração da FCT 14/03/2016

O quinto dia nacional de protesto da direita (13/03/2016) foi maior que os anteriores, mas ampliou-se apenas dentro dos setores mais parasitários da sociedade, da pequena burguesia e da burguesia. Como alguns jornais da burguesia admitem, o protesto ficou restrito aos setores mais abastados.

APANHANDO DA DIREITA, CONTRA AS CORDAS, O PT “REAGE” DESCONTANDO
NA SUA PRÓPRIA BASE SOCIAL

“Nunca na história desse país” um governo e um partido sofreram tamanha demonização, tanto massacre midiático, jurídico e policial como Dilma, o PT e Lula vem sofrendo. Embriagados acreditando na democracia burguesa, nas alianças podres que fizeram e temendo mover as massas contra a oposição golpista, os demonizados não oferece uma resistência a altura nem sequer se defendem. Pelo contrário. A principal reação do governo e a única consistente é descontar os ataques da direita na sua própria base social de apoio, nos seus eleitores, através de dezenas de medidas antipopulares, a pressão que vem sofrendo da direita e do imperialismo. No vale tudo para não perder o mandato, o partido governante abandona seus dirigentes condenados a própria sorte e acredita piamente no espírito “republicano” da oposição golpista.

Apesar de toda guerra midiática para amplificar a caçada ao PT, a mobilização social da direita golpista até agora não tem contagiado o proletariado. Mesmo sendo duramente castigada pela política econômica do governo Dilma, a população pobre e trabalhadora não aderiu a convocação dos patrões para derrubar o governo do PT.

BRAVA GENTE TRABALHADORA BRASILEIRA!

A direita não consegue mobilizar o proletariado apesar de Dilma atacá-lo seguidamente com a reforma trabalhista com a aprovação da 664 e 665 (reduzindo direitos como o seguro defeso, o seguro desemprego, a pensão por morte, o abono salarial e o auxílio doença), coibir seu direito de organização e manifestação com a lei antiterrorismo, entregar o pré-sal para as multinacionais imperialistas, etc. Brava gente brasileira!

Diferente das classes médias estupidificadas, o proletariado não tem se deixado enganar até agora. Desgraçadamente, o proletariado que se nega a seguir a mobilização da direita também não é mobilizado pela esquerda graças a política de adaptação passiva a escalada golpista por parte do governo e do PT. Mas, atenção! Que Dilma, Lula e o PT, além de não saberem se defender, não continuem também abusando da tolerância dos de baixo com seu neoliberal ajuste fiscal. Falta pouco, muito pouco, para que a campanha histérica golpista não intoxique a sofrida população pobre e trabalhadora, que não deposita a mesma confiança de antes no PT, não se manterá inativa para sempre em meio a radicalização da luta política e cujas camadas superiores tendem a se deixar influenciar pela pequena burguesia.

AINDA É POSSÍVEL DERROTAR O GOLPE!

Os apoiadores do governo se equivocam quando acreditam que toda situação propícia ao golpismo emana da conspiração da direita e do imperialismo. Sim, o grande capital multinacional e nacional está muito empenhado no sucesso do golpe de Estado do que sabemos. Disso não temos dúvidas. Mas a história não depende da vontade deles. A derrota do todo poderoso EUA na guerra do Vietnã ou o fracasso do golpe contra Chavez, só para citar dois exemplos, estão aí para comprovar isso. Mas Dilma e o PT cavam a própria cova, dão um tiro no pé e se vulnerabilizam para que a direita os acerte na cabeça, pavimentam o caminho do golpe.

Para que a escalada da direita seja vitoriosa não basta que os agentes do imperialismo o desejem. O golpe poderia ser derrotado por uma ampla convocação por parte do governo, da CUT, PT, MST a todo o proletariado e em particular a todos os beneficiados pelos programas sociais. Só os do Bolsa Família sozinhos já são 50 milhões, ¼ da população! O Minha casa minha vida beneficiou diretamente 7 milhões. A CUT possui mais de 5 milhões de sindicalizados. A CTB outros tantos.

Se, como diz a Datafolha, foram 500 mil coxinhas para a paulista, e se foram entre 500 a 700 mil no resto do país, teríamos uma mobilização da direita de no máximo 1,2 milhões de pessoas. Só o PT possui 1,5 milhões de filiados. O PCdoB, outros milhares, sem contar as centenas de colaterais destes mega aparatos partidários reformistas, como o MST, a UNE,... Se a Frente Brasil Popular verdadeiramente quisesse mobilizar a massa para derrotar o golpe e ainda tivesse autoridade moral sobre sua base para isso, poderia por brincando 3 milhões de pessoas nas ruas do país.

Se é assim, por que isso não foi feito ainda? Porque a massa não foi convocada e não vai sair durante a semana e em horário de serviço, em pleno desemprego crescente para uma manifestação em uma sexta feira de trabalho, como é o dia 18/03, nem vai para Brasília no dia 31, sem que sequer o seu sindicato tenha convocado uma greve de toda a categoria. Quem os neutralizou? Provavelmente as mesmas direções políticas que temem que o povo organizado possa resistir não só a direita mas também ao famigerado “ajuste fiscal”, as reformas trabalhistas e previdenciária, etc.

Certamente os beneficiados dos programas assistenciais, os filiados à CUT, os sem terra, os filiados ao PT, qualquer um desses setores sozinho mobilizado já somaria uma massa 10 vezes mais poderosa do que toda a classe média reacionária mobilizada, mesmo com os números inflacionados pela mídia. Mas, ao contrário de mobilizar suas bases sociais, aos 54 milhões que votaram nas últimas eleições no PT, Dilma segue promovendo mais políticas econômicas anti-operárias, anunciando agora a reforma previdenciária. O mesmo faz o PT e Lula, que seguem sua adaptação passiva ao ascenso golpista com uma bravata de resistência para a platéia, apostando todas suas fichas na conciliação de cúpula com os aliados golpistas, apelando no café da manhã para um venal PMDB que jantará com o PSDB, e por fim decide como irá devorar o PT, seu governo e o próprio Lula.

FRENTE ÚNICA PARA DEFENDER NOSSAS
SEDES, BANDEIRAS E MILITANTES DA
OFENSIVA FASCISTA QUE JÁ COMEÇOU!

A principal novidade da conjuntura política deste março de 2016 foram os cercos, invasões, apedrejamentos, pichações, intimidações policiais e fascistas aos sindicatos, centrais sindicais, partidos de esquerda e a entidades estudantis. Coordenados diretamente por governos tucanos e pela extrema direita os ataques as nossas organizações já começaram. Mesmo antes da consumação do Golpe de Estado, tamanha ousadia se deve primeiramente porque a vanguarda da classe, os ativistas sindicais e militantes estão politicamente entorpecidos e viciados pela política de colaboração de classes e pela crença na legalidade burguesa. Em segundo lugar, esta ofensiva é um ensaio da intervenção fascista que aponta o quão pior será para todos os trabalhadores e lutadores sociais se deixarmos eles avançarem com seu golpe. Sobre os bairros operários a ditadura tenderá ser escancarada, tentarão impor uma militarização pior do que já são as UPPs fluminenses.

A experiência histórica nos ensinou que
“a fascistização do Estado significa (...), antes de tudo e sobretudo, destruir as organizações operárias, reduzir o proletariado a um estado amorfo, criar um sistema de organismos que penetre profundamente nas massas e esteja destinado a impedir a cristalização independente do proletariado. É precisamente nisto que consiste a essência do regime fascista.” (Trotsky, Revolução e Contrarrevolução na Alemanha).
A função de tais investidas é amedrontar preventivamente a vanguarda dos trabalhadores e da juventude. Precisamos organizar a resistência política e militar e cada local de trabalho, nas nossas sedes sindicais, partidárias, estudantis, tomando como princípio que o ataque a um de nós deve ser considerado como um ataque a todos.