O estouro da bolha aqui, além dos despejos, incêndios criminosos e do parasitismo já sofrido, tende a ser pior para a população trabalhadora brasileira do que foram para nossos irmãos estadunidenses e espanhóis
A crise imobiliária estourou primeiro nos EUA em 2008, onde
os endividados devolviam os imóveis, eram despejados e se livravam da dívida.
Como ninguém arcou com as dívidas, os ativos tóxicos derivados dos subprimes, a
bolha estourou e os EUA se aproveitaram de sua condição de potência
imperialista hegemônica para resgatar seus bancos, exportando a crise ao resto do planeta. Pagou
as dívidas imobiliárias com os bancos pintando papel garantido por sua
prepotência militar, ou seja, emitindo dólares. Este processo agravou a crise
na Europa.
Na Espanha, os endividados devolvem os imóveis e seguem
endividados, pois sendo um país imperialista de segunda ordem, os espanhóis não
podem recorrer à mesma medida dos EUA, estourando sua bolha imobiliária em
2010.
Neste mesmo ano, o “esperto” governo semi-colonial
brasileiro tratou de atrair os grandes especuladores globais, dando-lhes similares garantias pela
especulação imobiliária. A partir do enorme déficit habitacional brasileiro, em
que boa parte da população trabalhadora é refém dos aluguéis, o governo do PT
perversamente fabricou uma bolha imobiliária no Brasil. Através do programa
“Minha casa, minha vida”, uma outra ferramenta do plano de “estímulo ao
crédito”, atraiu o capital especulativo para o mercado imobiliário brasileiro -
potenciado pela valorização da terra, turbinada pelos mega-eventos - através de
uma garantia legal para os especuladores similar àquela dada pelo Estado
espanhol, qual seja, a escravidão por dívida, a partir da nova lei do
inquilinato de 2010, possibilitando que 1) quem atrasar o pagamento tem 15
dias, depois de notificado, para quitar a dívida. Se não fizer o pagamento e o
juiz aceitar a ação de despejo, tem um mês para deixar o imóvel. Antes, esse
processo durava, em média, 14 meses e que
2) nem despejado o trabalhador se
livre da dívida. Devolvido o imóvel, ele volta para a ciranda especulativa com
valor maior do que no primeiro financiamento (diferente de um automóvel que
perde valor de mercado), alimentando a
“indústria do leilão” da Caixa Econômica Federal.
“As famílias brasileiras nunca estiveram tão endividadas. De
acordo com os dados mais recentes do Banco Central (BC), divulgados ontem, o
nível do endividamento subiu de 43,97% em março para 44,23% em abril. Quebrou
todos os recordes desde que a autoridade monetária começou a registrar as
informações, em 2005. Isso significa que a dívida total com os bancos
representa quase a metade de toda a renda familiar anual... Os números do BC
mostram que o aumento da dívida foi provocado por financiamentos da casa própria.
Descontados esses financiamentos, o endividamento das famílias ficou estável em
30,47% no mês. Segundo economistas, o dado comprova que o crédito voltado para
o consumo não aumentou em relação à renda e que a alta da dívida foi causada
pela compra de moradia.” (O Globo - 25/06/2013)
As garantias dadas pelo governo do PT aos especuladores da bolha brasileira herdam o pior das medidas anti-operárias empregadas nos EUA e Espanha. O que faz com que o estouro da bolha aqui, além dos despejos, incêndios criminosos e do parasitismo já sofrido, deva ser pior para a classe trabalhadora brasileira do que foram para seus irmãos estadunidenses e espanhóis. É preciso formular um programa correspondente a estas demandas, que coloque ao lado da luta por um salário mínimo vital, a criação do 14o salário que incorpore definitivamente aos rendimentos fixos o que hoje é pago em forma de PLR, tendo como referência o teto máximo já conquistado; a abolição de todas as dívidas dos trabalhadores com o pagamento de sua casa própria e a expropriação dos especuladores imobiliários, assim como o congelamento dos aluguéis, juros negativos com o capital comercial e com o capital financeiro, rumo à estatização de todo os bancos, grandes redes de supermercados, lojas comerciais e do grande capital imobiliário sob o controle dos trabalhadores.