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sexta-feira, 31 de julho de 2020

GREVE POR TEMPO INDETERMINADO NA RENAULT

Cobrir de solidariedade a greve por tempo indeterminado dos metalúrgicos da Renault!

Pela estatização sem indenização e sob controle operário da multinacional francesa e de todas as empresas que demitirem durante a pandemia

Por unanimidade, os metalúrgicos da fábrica da Renault de São José dos Pinhais, no Paraná, que possui 7,2 mil funcionários, entraram em greve por tempo indeterminado contra a demissão de 747 trabalhadores pela multinacional francesa e o fechamento do terceiro turno.

O Complexo de plantas fabris denominado Ayrton Senna foi criada em 1998 e se orgulha de [os operários] já ter produzido desde então 3 milhões de veículos e 4 milhões de motores destinados ao mercado nacional e internacional. A fabricante possui 300 concessionárias no Brasil. A Renault criou um banco próprio no Brasil, o RCI. No ano passado, ampliou sua participação no mercado de vendas de veículos no país para 9%, assumindo a quarta posição no ranking de veículos leves, e a primeira em vendas de veículos elétricos. Tantas vendas e lucratividade alavancados desde 2010, permitiu a Renault criar um banco próprio no Brasil, o RCI e, em 2019, abrir uma quarta fábrica no Complexo Ayrton Senna, de injeção de alumínio fornecedora para a injeção de alumínio da Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi. Na imagem a seguir, reproduzimos o demonstrativo de resultados da alta lucratividade da empresa divulgado pela própria empresa.

Como toda grande corporação imperialista, o marketing social da empresa apoia-se na criação de institutos beneficentes, preocupados com a educação, segurança, biodiversidade, respeito pela natureza, qualidade de vida, e mobilidade sustentável e toda uma demagogia capitalista. Com os responsáveis por sustentar toda a produtividade da empresa, a conversa é bem outra.

Apesar da altíssima lucratividade dos últimos anos e de toda sua demagogia social, como várias outras empresas capitalistas, diante da ameaça de redução de suas taxas de lucratividade, a Renault foi cruel e não poupou seus operários de ataques durante a pandemia. Demintiu 747 metalúrgicos pais de famílias. Até trabalhadores infectados pela Covid-19 e internados nos hospitais foram demitidos.

Segundo a nota oficial da empresa:

“A Renault do Brasil informa que desde o início da pandemia, em março, aplicou soluções de flexibilidade como férias coletivas e a MP 936 (redução de jornada e salários) para o enfrentamento da crise da Covid-19. Com o agravamento da situação, queda das vendas [da marca] em 47% no primeiro semestre e a falta de perspectiva de retomada do mercado, a Renault buscou negociações com o sindicato e vem nos últimos 50 dias trazendo propostas para a necessária adequação da estrutura fabril. Após realizar todos os esforços possíveis e não havendo aprovação das medidas propostas, não restou outra alternativa que, em 21 de julho, anunciar o fechamento do terceiro turno e o desligamento de 747 colaboradores da produção do Complexo Ayrton Senna”

Mas o fato é que a empresa também foi covarde na própria negociação com o sindicato. Estabeleceu um prazo de 72h para receber a resposta da categoria, o que em si já é um ultimato, se aceitava ou não um Programa de Demissões Voluntárias. PDV proposto previa o pagamento de 1,5 a 4 salários extras (dependendo do tempo de casa de cada funcionário), primeira parcela de R$ 8,5 mil do programa de participação nos resultados (PPR) e extensão de vale-mercado até o fim do ano e do plano médico até junho de 2021. Mas, ao sentir que os metalúrgicos não caíram na manobra, pois a manutenção dos empregos em tempos de crise capitalista é o que mais importa para os trabalhadores, que rejeitaram o PDV na assembleia do dia 17 de julho, a multinacional iniciou as demissões 24h antes do fim prazo que ela mesmo havia acordado.

A Renault acrescenta ainda que o enxugamento do quadro de funcionários e da produção na fábrica do Paraná “também está alinhada com projeto de redução de custos anunciado pelo Grupo Renault em maio”, que envolve cortes de € 2 bilhões nos próximos três anos, com a diminuição da capacidade global de produção de 4 milhões para 3,3 milhões veículos/ano, fechamento de fábricas e demissão de 15 mil pessoas no mundo (4,6 mil só na França).
A empresa é a segunda montadora a anunciar demissões desde o início da crise da pandemia de coronavírus. A primeira foi justamente sua sócia de Aliança, a Nissan, que também adota programa global de cortes de custos e em 22 de junho anunciou o fechamento de um dos dois turnos de produção na fábrica de Resende (RJ), com a demissão de 398 pessoas. (http://www.automotivebusiness.com.br/noticia/31477/sem-acordo-renault-fecha-turno-e-demite-747-empregados-entram-em-greve)

Os metalúrgicos paranaenses em greve fizeram protestos também em frente ao palácio do governador paranaense, Ratinho Junior do PSD, um dos sócios [minoritário] da montadora francesa. A Renault é favorecida pelo governador sócio da empresa, com gordos incentivos fiscais, justificados em nome do compromisso da geração e manutenção dos empregos por parte da empresa.

O Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, filiado a Força Sindical, vem apoiando a greve por tempo indeterminado e criticando a empresa por romper o compromisso assumido e renovado de não demitir e assegurar os empregos para receber os incentivos fiscais. Também vem criticando o governador por seu silêncio diante do conflito. Mas, para ser consequente, precisaria avançar na luta para que a empresa fosse confiscada pela quebra de contratos e compromissos em forma de gordos incentivos fiscais, reivindicar a estatização sem indenização da Renault sob o controle operário. Esse é o programa que vem sendo reivindicado pela FCT desde o início da pandemia (para acessar ao programa clique aqui: "