A teoria dos Petro-Estados
Posicionamento da FCT diante dos governos Bolivarianos
Nós defendemos a unidade da luta com os governos
bolivarianos da Venezuela, Equador e Bolívia quando atacados pelo imperialismo,
numa frente anti golpista ou anti-imperialista. Os governos bolivarianos
dirigem Estados capitalistas, são governos de frações “nacionalistas”,
estatistas, mas que se opõem ao controle operário das empresas estatizadas e
sobretudo a realização de verdadeiras revoluções proletárias, com completa
expropriação da classe dominante, como ocorreu em Cuba. Nós não apoiamos esses
governos nem criticamente.
BOLIVARIANISMO E OS PETRO-ESTADOS
A posição de ir além da frente única e além de defendermos a
eles [contra o imperialismo e o golpismo] e passar a apoiá-los são coisas muito
distintas.
Na verdade, os governos bolivarianos têm uma característica
comum, além de reivindicarem a figura de Simon Bolívar (que, segundo Marx,
seria “o mais covarde, brutal e miserável dos canalhas”, Carta a Engels
14/02/1858) e estarem na América Latina, é o fato de são burguesias que vivem
da renda petroleira ou do gás, condição em que os fazem em parte adversários do
imperialismo na política, as vezes sócios fornecedores, na economia. Mas,
estruturalmente existe um novo nacionalismo com políticas estatizantes em
relação as companhias petrolíferas, onde também se inclui a Rússia, apoiado na
renda dos hidrocarburetos em geral no mundo de países não imperialistas que se
opõe as ambições monopolistas por parte do imperialismo e suas corporações as
que antes eram as 7 irmãs e hoje são 4 grandes companhias que controlam grande
parte do petróleo mundial. Eles entram em choque com o imperialismo para que
setores da burguesia nacional fiquem com uma parte maior da exploração do
petróleo e gás e neste choque precisam se apoiar nas massas, fazer um certo
populismo.
Não podemos confundir esse populismo com alguma espécie de
socialismo. A história nos mostrou que nenhuma burguesia nacionalista
conduziu verdadeiramente a luta de classes ao socialismo. São governos que só
buscam negociar melhores condições com o imperialismo, sendo incapazes de
conduzir seus países a libertação nacional em relação ao imperialismo. Eles não
se apoiam nas massas por ser revolucionários, mas para que esta burguesia nacional
possa ter apoio popular na barganha com o imperialismo e suas frações burguesas
dentro desses países.
BOLIVARIANOS SÃO ADVERSÁRIOS DO IMPERIALISMO?
Tem contradições com o imperialismo, são adversários, mas
não inimigos de classe. Enfrentam o imperialismo contra os seus interesses em
tornar esses povos vassalos.
E OS DEMAIS PAÍSES LATINOS? QUAL A NOSSA POSIÇÃO?
São adversários por estas contradições que o camarada se
referiu, mas inimigos de classe eles são é dos trabalhadores. Basta que os trabalhadores
verdadeiramente tentarem avançarem para estabelecer o controle operário dos
meios de produção nos países bolivarianos, aí veremos os dentes dos governos
bolivarianos contra o socialismo
Colômbia, Chile, México e Perú são governados por partidos pro
imperialistas, vassalos, dependente dos EUA.
Nossa posição é a que foi aprovado no nosso I Congresso em
relação a todos que entrarem em choque contra o imperialismo, sejam governos,
guerrilhas (Hamas, Hezbolah, Curdos, Farcs), frente única com eles, mas nenhum
apoio político.
O Brasil hoje é parcialmente dependente dos EUA, mas sua
aliança hoje com o bloco Russo Chinês, inimigos globais do Imperialismo, dos
EUA e UE, coloca o governo do PT atual como indesejável para o EUA, e também por
isso querem derrubar a Dilma e prender o Lula. A pecha de "luta contra a
corrupção" é para atrair a classe média vira lata.
A FTC É A FAVOR DO ATUAL GOVERNO BRASILEIRO?
Nós defendemos o PT contra o golpe. Mas somos contra a
guinada de direita de Dilma, que faz isso para negociar com a burguesia
golpista.
A FCT não defende apoio (nem crítico) a nenhum governo
burguês, sendo o do PT um governo burguês que realiza medidas contra os
trabalhadores. Nós combatemos o “Fora Dilma!” e o macarthismo antipetista, mas
não defendemos nem o governo nem suas medidas antioperárias nem o PT. Somos
contra o golpe e seus agentes.
Exatamente por não termos uma política permanente de apoio
aos governos nacionalistas burgueses, como defendia um membro da FCT que saiu
do agrupamento ao ser contrariado por nossa defesa intransigente da
independência política da classe trabalhadora, em algumas situações, como no
segundo turno de 2014, fomos obrigados a chamar voto em Dilma para derrotar a
direita golpista tucana, em outras, como no segundo turno das eleições presidenciais
argentinas, chamamos o voto nulo, como defende o documento da nossa corrente
irmã, a TMB, publicado na seção internacional desta edição do FdT.
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