
Dilma não caiu ainda graças as contradições internas e temores de seus adversários. Afinal, 99% das medidas neoliberais deste governo, tomadas sob a pressão da direita golpista e do imperialismo, torpedeiam a própria base de sustentação popular de Dilma.
O PSDB, principal partido da oposição burguesa, governante do Estado mais rico do país, está dividido em pelo menos três táticas distintas para o enfrentamento ao PT. Alckmin, governador de São Paulo, cujo mandato se encerra em 2017, é contra o impeachment, contando será ele o candidato favorito do partido em 2018. Aécio, sabe que suas chances de chegar a presidência só se abrem se tiver um terceiro turno, ou seja, novas eleições presidenciais antes de 2018, quando Alckmin exigir uma nova tentativa de derrotar o PT. Portanto, Aécio defende qualquer saída de interrupção do mandato de Dilma que convoque um novo pleito presidencial. O Senador José Serra, isolado dentro do ninho tucano, por sua vez, defende o parlamentarismo, acreditando que tal sistema de governo abriria a possibilidade dele ser o primeiro ministro. O senador Aloísio Nunes, em uma declaração em favor da tática de Alckmin, disse que o objetivo da política de desestabilização é “fazer sangrar” Dilma até 2018. Nenhuma das táticas tucanas admite entregar os frutos da conspiração de presente para o PMDB e para que existam novas eleições é preciso derrubar igualmente o vice-presidente na primeira metade do mandato de Dilma, até o final de 2016.
O PMDB é o partido que nunca saiu do governo federal desde a ditadura militar. Se o PSDB, filhote remasterizado do PMDB, chegou à conclusão que só através de um Golpe de Estado ou da cassação dos direitos políticos de Lula, consegue voltar a presidência, menos chances tem ainda o desmoralizado e mafioso PMDB. Sendo assim, a única forma do PMDB chegar à presidência seria golpeando o partido hospedeiro que tem lhe levado nas costas desde 2002, através de um impeachment ou da renúncia de Dilma. Mas, o vice-presidente da nação, Michel Temer, e os presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha só podem assumir a vaga de Dilma se derrotarem as pretensões dos outros dois correligionários. Cunha e Calheiros precisam derrubar Temer junto com Dilma para terem chances. Calheiros precisa puxar o tapete de Cunha, o segundo na linha da sucessão presidencial, para assumir.
Seja como for, a “Agenda Brasil”, defendida por Calheiros, ou o “Uma ponte para o futuro”, defendida por Temer e pelo conjunto do PMDB, bem como os governos policialescos do partido no Rio de Janeiro dão uma pista de como seria o salto de qualidade nos atuais ataques contra a população trabalhadora em um governo golpista do PMDB.
Não fossem as forças que governam a história humana – a dialética e o materialismo, que aqui se apresentam principalmente através das contradições paralisantes da frente ampla golpista, e o medo que os golpistas têm da resistência do proletariado – a direita, tão cruel quanto covarde, já teria sido mais ousada. Dilma e o PT, já venderam suas almas ao diabo e se acham no lucro pelos mais de 3 mandatos, podem ficar reféns desta situação, nós trabalhadores, não.
Um Golpe vitorioso tentará nos impor o que PT nunca ousou em arrocho salarial e liquidação de nossos direitos, condições de trabalho e vida para superar a crise capitalista às custas do aumento de nossa miséria e exploração. Precisamos edificar uma poderosa frente antigolpista, anti-imperialista contra a reação e o capital.
Precisamos ficar alertas, superando o mito de que no Brasil não há luta de classes entre o natal e o carnaval e preparar uma Greve Geral para o início de 2016, quando os ataques contra o proletariado tendem a acentuar a nossa miséria e recrudescerá a escalada golpista, uma greve geral pela anulação de todas as medidas reacionárias tomadas por Cunha e pelo ajuste fiscal do governo Dilma-Levy, ou deixarmos que os patrões sigam nos "ajustando" ou nós "ajustamos" os patrões.