Tudo que a OTAN precisava para invadir a Síria
Defender os imigrantes da repressão imperialista!
Defender a Síria da OTAN!
Defender a Síria da OTAN!
Marcos Silva, Frente Comunista dos Trabalhadores
Os
ataques terroristas do Estado Islâmico em Paris, capital da França, um país
imperialista membro da OTAN, alarmaram todos os países ocidentais. Nas
principais mídias ocidentais, CNN, BBC, e no Brasil a Globo, o que se viu foi
um intenso alarmismo e uma campanha direcionando a população a exigir uma
reposta mais dura dos países ocidentais e a incursão de mais uma "guerra
ao terrorismo 2.0" supostamente contra o Estado Islâmico.
Desde
atentados de 2001, os governos da França têm apoiado as intervenções dos EUA
constantemente no Oriente Médio e no Norte da África, além de intervenções nas
suas ex-colônias em toda África. Mais recentemente a França, desde 2011, sob os
governos de Sarkozi e depois François
Hollande, apoiou com bombardeios aos mercenários que derrubaram Kadaffi na
Líbia, e desde o princípio também apoiou
mercenários que lutam para derrubara Bashar Al Assad na Síria.
O
próprio imperialismo foi então o responsável pelo surgimento do E.I. Desde 2011
os mercenários, financiados e armados pela própria OTAN (EUA e UE), vinham se
organizando com apoio financeiro e militar dos países imperialista, em 2013
tomaram uma vasta região da Síria e do Iraque, onde fundaram o Estado Islâmico.
Isso só foi possível porque a tantos os EUA quanto a UE, incluindo aí a França,
e também Israel, deram recursos e apoiaram a organização desses mercenários
para que pudessem derrubar o governo da Síria.
Mas
mais uma vez a "resposta" que a burguesia imperialista apela supostamente
contra o E.I. é na verdade um apelo pelo cerceamento e perseguição das
liberdades civis dos trabalhadores imigrantes ou filhos de imigrantes de origem
árabe e islâmica dentro da União Europeia (ainda estagnada ou com crescimento
pífio), e externamente é a preparação da invasão da OTAN na Síria, justamente
um mês depois da entrada firme da Rússia no Oriente Médio para defender o atual
governo Sírio em coalizão com os governos xiitas do Iraque e do Irã contra os
ataques do Estado Islâmico e os "rebeldes" da OTAN, ação tática
genial de Putin e que deixou os EUA e a UE temporariamente perplexos por verem
seus planos de dominação do Oriente Média parcialmente paralisados.
MAIS UMA VEZ A INTELIGÊNCIA SABIA,
MAS
PREFERIU FORTALECER A DIREITA...
Não no passado, em sua origem, mas hoje o E.I. é um monstro mantido financeiramente pelo imperialismo e que serve aos
propósitos da política externa do EUA e UE em uma contínua parceria teatral
entre as cúpulas do EI e os serviços de inteligência imperialistas (CIA-NSA,
Mossad, MI5-MI6, DPSD- DGSE),
diferente do que foi Osama Bin Laden, o Taliban e Al Qaeda nos anos 80 e depois
nos anos 90 e 2000, que depois de usados contra a URSS se voltaram contra o seu
criador. Hoje, o E.I. faz o trabalho sujo para justificar a intervenção imperialista supostamente contra o próprio E.I.
Assim
como os atentados de 11 de setembro de 2001 nos EUA, os atentados na França
serviram, e não por coincidência, para a burguesia difundir o ódio
anti-islâmico entre a população e justificar uma ação de resposta dentro e fora
país, com estado de exceção legalizando a perseguição a comunidade muçulmana
dentro da França e fortalecendo a política externa expansionista, como
sinalizado pela resposta do Presidente François Hollande, afirmando que o país
está em "guerra contra o terrorismo". Além disso, com essa reação política
à direita aos ataques do E.I. em París, o governo Hollande está calçando o
caminho para a ascensão da extrema-direita fascista de Marine Le Pen.
No
entanto no 11 de setembro, a CIA, a agencia de inteligência do EUA, sabia dos
ataques e não fez nada para impedir, pois o governo Bush precisava apelar para
o sentimento de ódio nacionalista após os ataques para conseguir aprovar as
invasões no Iraque e no Afeganistão, que chamou de "guerra ao
terror".
A
inteligência da França, desde o ataque à redação do Charlie Hebdo, vem
monitorando eletronicamente pela internet e pelas redes de telefonia cidadão
muçulmanos "supostamente terroristas". Como reconheceu, a
inteligência francesa já esperava os ataques. O próprio governo xiita do Iraque
mandou um aviso para a inteligência francesa avisando de possíveis ataques
globais do E.I. E porque a inteligência não impediu? Pelos mesmos motivos que
os EUA não impediu os ataques de 11 de setembro: ter um motivo para justificar
diante da população ocidental uma ação militar de invasão terrestre no Oriente
Médio.
A
PRÓXIMA JOGADA DA OTAN:
A DISPUTA DO ORIENTE MÉDIO COM A RÚSSIA
Desde
que Putin começou a apoiar a colisão dos governos da Síria, Iraque, Curdistão
Iraquiano e Irã com bombardeios e armas, o E.I. perdeu 25% do território que
ele já teve desde a sua fundação. Isso não pode passar em branco para o
Imperialismo.
Além
disso, em Rojava, região curda da Síria cercada pelo E.I. e pela Turquia, está
havendo uma Revolução Curda que resiste tanto ao E.I. quanto ao governo
proto-fascitas de Erdogan na Turquia. Essa Revolução está inspirando os Curdos
da Turquia à saírem em defesa da sua independência e autodeterminação. Essa
situação enfraquece o governo Turco, Estado membro da OTAN, e consequentemente
mina as táticas da própria OTAN para o Oriente Médio.
Nesse
contexto pós atentados de Paris, podemos esperar que a UE e os EUA façam uma
ação militar mais ampla e intervenham na Síria com tropas vindas da Turquia e
do Mar Mediterrâneo, com o objetivo não de acabar com o Estado Islâmico, mas com
o objetivo de derrubar o governo de Bashar Al-Assad na Síria e dos xiitas no
Iraque, e finalmente impedir que a Revolução dos Curdos em Kobane-Rojava se
espalhe para o território curdo dentro da Turquia.
PRÓXIMO LANCE DE PUTIN:
APOIO DA
CHINA CONTRA A INTERVENÇÃO DA OTAN
EM PREPARAÇÃO À ESCALADA RUMO A TERCEIRA
GUERRA MUNDIAL
A
Rússia de Putin, desde 2013, está sob forte ataque dos EUA e da UE, não por
vias diretas, mas pelos golpes e guerra civil em países tradicionalmente na
influência política e econômica russa, ucraniana, a própria Síria e mesmo a
Líbia. Ainda existe um movimento de sabotagem e golpes contra os países membros
do BRICS e associados periféricos com o objetivo de retardar da execução das
atividades do novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS e o início de operações
de comércio sem o uso do dólar. Além desses golpes, também há um conjunto de
sanções econômicas que restringiram o comércio com a EU e EUA, e que forçou a Rússia
a se aliar ainda mais com a China em busca de uma alternativa econômica e mesmo
militar ao ocidente.
Mas como dissemos acima, Putin conseguiu anular parcialmente os planos da OTAN na Síria quando iniciou operações em coalizão com o governo Sírio, xiita do Iraque e Irã além dos curdos autônomos no Iraque, e deu á Rússia uma vantagem tática. Certamente a Rússia, com o apoia da China, não deixará passar no Conselho de Segurança da ONU uma intervenção da OTAN na Síria, supostamente contra o E.I., porque sabe que na verdade a intervenção do imperialismo será para derrubar o governo de seu aliado Bashar Al-Assad. Mas mesmo assim, ela deverá ocorrer, e o que acontecerá após isso?
Podemos esperar uma escalada da guerra que poderá levar a uma III Guerra Mundial, guerra esta que hoje ocorre de forma indireta, para uma guerra direta entre as potências da OTAN, lideradas por EUA e França, contra a coalizão asiática que será liderada por Rússia e Irã inicialmente apoiados economicamente e politicamente pela China, até o momento em que algum incidente criado no Mar da China pelo EUA faça com que o Xi Jianping entra militarmente no conflito. Em Resumo, está em aberto uma nova possibilidade real de Guerra Mundial.