ao III Congresso da TPR
Agradecemos imensamente ao convite da TPR para a Liga Comunista a fim de participarmos de vosso Congresso.
Historicamente, por todos os meios e, sobretudo, se valendo do apelo
popular pelo futebol, as burguesias do Brasil e da Argentina, títeres do
imperialismo, tratam de manter separados os irmãos operários de nossos
países. No último período, o patronato do MERCOSUL, e mais ainda, as
multinacionais automobilísticas imperialistas, tratam de explorar as
desigualdades entre as fronteiras, chantageando sempre de forma selvagem
ao proletariado de um lado e do outro, para arrancar taxas de mais
valia maiores e o máximo de subsídio estatal. A unidade do proletariado
de ambos os países, cujas premissas objetivas estão dadas, fazem nossos
inimigos de classes temerem como a abertura das portas do inferno.
Estas condições objetivas carecem ainda de uma expressão política e
organizativa. As condições objetivas para ações unitárias, inclusive
reivindicativas, em ambos os países, já estão postas há algum tempo e
outras condições marcham aceleradamente para estabelecer-se. A
possibilidade de ações desta natureza por parte do proletariado de ambos
os países será uma marca que jamais se apagará na consciência da
vanguarda do proletariado internacional. Primeira conclusão: temos
diante de nossos olhos as forças materiais sobre cujas bases podemos
reconstruir definitivamente a IV Internacional.
De nossa parte, fazemos e faremos tudo que tiver ao nosso alcance para
desintoxicar o proletariado do veneno patriota-nacionalista em relação
aos nossos irmãos trabalhadores tanto da Argentina como de todo o
planeta. Foi através de nossa corrente, o Comitê de Ligação pela IV
Internacional, que pela primeira vez na historia, organizações
trotskistas da Argentina e Grã Bretanha tiveram uma posição comum e
consequente em defesa da FUA na guerra das Malvinas, pela vitória da
nação oprimida contra o imperialismo inglês.
Em 2012, tivemos o primeiro contato com a TPR, por iniciativa do
camarada Christian Armenteros, que buscava conhecer a elaboração que
fizemos combinando a FUA como tática à revolução permanente como
estratégia. Foi um passo progressivo da TPR. E por isto, tratamos de
elaborar um longo documento em resposta a vossa organização e,
simultaneamente, acertando as contas com o altamirismo, do qual também
somos originários (no caso da LC e da TMB). Para nós, vossa abnegação
também é muito positiva diante da resistência do fato de que em toda a
existência do PO, tendo como única exceção quando a direção do partido
foi obrigada a exilar-se no Brasil durante a ditadura militar argentina,
efetivamente nunca houve uma construção sequer de uma extensão orgânica
de PO em parte alguma. Por isto, reconhecemos e apoiamos como podemos a
disposição de vossa corrente em realizar militância internacional.
Todavia, algumas de vossas concepções políticas nos levam a crer que
apesar de terem saído (em verdade, expulsos burocraticamente) do PO,
parte dos desvios empiristas do PO ainda não foi plenamente superado
pelos camaradas. Isto se reflete na reivindicação da tática da FUA.
Reivindicam a FUA acertadamente na América Latina contra as tentativas
do golpismo pró-imperialista (Honduras, Paraguai, Venezuela) e
certamente também reivindicariam, retrospectivamente, a aplicação da
tática da FUA para Nicarágua, nos anos 1980, mas, contraditória e
erroneamente, se opõem a aplicação da FUA nos conflitos entre os Estados
oprimidos da Líbia e Síria. Países governados por partidos burgueses
que caíram em desgraça para o imperialismo e agora tiveram de enfrentar e
enfrentam militarmente os “contras” (CNT, ELS, etc.) armados pela CIA e
OTAN.
Acreditamos também que os camaradas da TPR ainda não encontraram o
caminho correto de construção organizativa, alimentando falsas
expectativas na reforma e regeneração do PO, da FIT e da CRCI que,
definitivamente, não são instrumentos de combate a Frente Popular e a
política de colaboração de classes, como vimos no apoio do CRCI ao MAS e
a Evo Morales (2005), ou ao Syriza (2012), para não falar que, já na
legalização do Partido Obrero em 1983, Altamira justifica o chamado a
uma frente popular eleitoral com o peronismo burguês em nome da FUA (do
livro raro: “Que es el Partido Obrero”). Tudo isto já expomos para os
camaradas em nossa carta a TPR de agosto de 2012 e aguardamos que
reflitam.
http://lcligacomunista.blogspot.com.br/2012/08/revisando-o-revisionismo-ii.html
Por fim, esperamos sobretudo que vosso Congresso avance sua construção
partidária no espírito da evolução que alcançou a Oposição de Esquerda
em 1933, quando superou a política de regenerar os aparatos burocráticos
dos PCs, mas já apontando em direção a construção de uma nova
internacional marxista e revolucionária, a IV Internacional, a qual
desejamos reconstruir, superadas estas diferenças, unindo forças com a
TPR.
Saudações trotskistas,
Humberto Rodrigues,
Liga Comunista – Brasil
Leon Carlos
Tendencia Militante Bolchevique - Argentina
Gerry Downing
Socialist Fight – Grã Bretanha
Comitê de Ligação pela IV Internacional