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quarta-feira, 6 de julho de 2016

EUA - ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS

Escolhendo o Comandante em Chefe,
que vai dirigir o imperialismo na III Guerra Mundial
Ana Souza, do Socialist Workers League dos EUA

Pela luta dos trabalhadores, oprimidos e imigrantes, o Comitê de Ligação da Quarta Internacional, CLQI, apresenta sua nova seção, a Socialist Workers League, nascida no coração do monstro imperialista norte-americano. A SWL nasce em meio a prova de fogo da nova guerra fria. O proletariado dos EUA, multirracial desde suas origens, precisa assumir seu papel histórico na luta contra o imperialismo, consciente que o triunfo da luta contra sua própria burguesia liberará a si mesmo e ao proletariado mundial.

Prometendo desfazer-se do legado de George Bush Junior, Obama foi eleito surfando em uma onda de otimismo. Mas o seu "Sim, nós podemos" deixou à classe trabalhadora e os oprimidos a decepção do "O que fizemos?". Ao longo desses sofridos oito anos, Obama tem cinicamente implementado a agenda imperialista dando continuidade ao legado de terror de Bush no Oriente Médio, traindo as esperanças da classe trabalhadora e dos oprimidos, ampliando políticas que só aprofundaram a miséria dos trabalhadores após a depressão capitalista de 2008, estendendo a influência dos EUA ainda mais na Ásia, África, e agrupando aliados europeus ocidentais no cerco imperialista na fronteira russa, pavimentando o caminho de uma nova guerra.
Quem será o escolhido para liderar o imperialismo na III Guerra Mundial? Essa é de fato a grande pergunta da campanha eleitoral de 2016. O topetudo, candidato a bonapartista Donald Trump? Ou será a igualmente multimilionária, falcão de guerra, Hillary Clinton apoiada pelo autoproclamado "socialista" Bernie Sanders, cujas preocupações para aliviar o sofrimento humano, são, na prática, impetuosamente imperialistas? A arena eleitoral de 2016 está intricada no contexto de “Obusha” [ como criticamente Obama é chamado nos EUA pelos que acreditam que seu governo é uma mera continuidade de Bush ] ter exacerbado as mazelas do capitalismo americano. Os explorados esperavam que ele iria pelo menos atenuar essas mazelas quando estivesse no comando. As massas seguem desiludidas com a políticas impostas pelo governo dos EUA para salvar os grandes bancos, que só tem engordado seus próprios cofres. Por sua vez, a reforma da saúde, com o “Obamacare” efetivamente fez da população americana um mercado cativo para os sanguessuga dos seguros de saúde privados. Obama também realiza um ferrenho ataque aos imigrantes que o elegeram, sendo ele o “Chefe da Deportação”.

A depressão de 2008, e suas medidas contra os oprimidos, concentrou ainda mais riqueza nas mãos do 1% dos capitalistas mais ricos, agravando ainda mais o fosso entre a classe dominante e os trabalhadores, jogando 6 milhões de trabalhadores a mais na situação de extrema pobreza. Desde 1980, conduzindo as várias ondas de ataques contrarrevolucionários de roubos, guerras imperialistas e austeridade, os presidentes Reagan, Bush pai, Bill Clinton, Bush filho, em agora, Obama, demonstraram ser apenas diferentes instrumentos da execução dos interesses da classe dominante.

Um dos presidentes mais violentos, Obama deu plenos poderes ao aparato do Pentágono para dar continuidade a política belicista de seu desacreditado antecessor. Ele processou mais “traidores” dos EUA – verdadeiros heróis como Bradley Manning, que revelam ao mundo a espionagem e opressão planetária exercida pelo imperialismo – do que qualquer outro presidente. Obama dirige a campanha mundial sem precedentes de terrorismo e assassinato por drones.

“Nenhum presidente algum dia construiu mais ogivas nucleares que Obama. Está ‘modernizando’ o arsenal apocalíptico cos EUA, inclusive com novas 'mini' bombas atômicas, cujas dimensões e tecnologia 'inteligente' (sic), diz um dos altos generais dos EUA, asseguram que o uso das tais bombas ‘deixou de ser impensável’.” (EUA em silêncio preparam-se para a guerra, John Pilger, 27/5/2016, Counterpunch).

As chances da classe trabalhadora e oprimida ganhar alguma coisa dentro das eleições de 2016 são tão possíveis como ganhar o prêmio maior da lotaria. Na verdade, para os eleitores trabalhadores, que serão as vítimas do próximo mandato, a diferença entre os candidatos é a mesma entre levar um tiro na cabeça ou no peito. O republicano D. Trump debuta na máquina de eleições fraudulentas. A retórica de Trump apela para o racismo, sexismo, homofobia e xenofobia, cuja mensagem é direcionada as reacionárias bases do Partido Republicano. O plano nessas eleições é dar continuidade a corrida belicista acirrada na administração anterior e obter mais lucros para os comparsas como Goldman Sachs e outros interesses capitalistas americanos, vestidos de linguagem vaga sobre "direitos humanos".

"Foi Hillary Clinton quem, como secretária de Estado acirrou as disputas pelas ilhas do Mar do Sul da China... declarou que os EUA teriam ‘interesse nacional’ naquelas águas asiáticas. Filipinas e Vietnã foram encorajados e subornados para que mantivessem as 'demandas' e as disputas contra a China. Nos EUA, as pessoas já estão sendo adestradas para ver qualquer posição defensiva dos chineses, como agressão. Vale dizer que o cenário está pronto para escalada rápida rumo à guerra. E escalada similar de provocação e propaganda está em ação também contra a Rússia. Clinton, a ‘candidata mulher’, deixa por onde passa uma trilha de golpes sangrentos e morticínio: em Honduras, na Líbia (incluindo o assassinato do presidente da Líbia) e na Ucrânia. A Ucrânia agora é uma espécie de parque temático da CIA, pululando de nazistas, linha de frente de guerra que está sendo construída contra a Rússia – literalmente, a mesma linha divisória que os nazistas de Hitler passaram para invadir a URSS, que custou a vida de 27 milhões de pessoas. Esta catástrofe épica continua muito forte na memória do povo da Rússia... A campanha de Clinton à presidência recebeu dinheiro de nove das dez maiores empresas fabricantes de armas do mundo. Nenhum outro candidato sequer se aproxima desses 'números'”. (idem).

A ‘candidata mulher’ do imperialismo, mascara a destruição realizada por seu marido dos programas de assistência social para as mulheres pobres. Ciente da sua falta de popularidade entre a classe trabalhadora, Clinton conta com o apoio de seu aliado Sanders, um verdadeiro lobo em pele "socialista", que cumpriu a tarefa de reiludir as massas em direção ao tacão de ferro, como ele prontamente orientou através de seu apoio eleitoral para ela. Após o encontro com Obama no Salão Oval para acelerar o processo em canalizar os seus apoiadores para Clinton, o verdadeiro trabalho de Sanders como recrutador dos oprimidos e jovens foi finalmente revelado nas próprias palavras de Obama "Mr. Sanders irá desempenhar um papel central na definição da agenda democrata "(NYTimes, 6/10/16).

A trajetória política de Sanders inclui o apoio aos bombardeios promovido por Bill Clinton na Sérvia e a atual agenda sanguinária de Obama. Em um debate no Partido Democrata no início deste mês, Sanders declarou sua posição sobre a nova guerra fria, afirmando seu apoio para uma política que iria "reforçar o nosso limite de tropas naquela parte do mundo (Rússia) afirmando a Putin que a sua agressividade não ficará desnivelada.” Para enfatizar o seu alinhamento com o imperialismo, Sanders afirma "temos que trabalhar com a OTAN para proteger a Europa Oriental contra qualquer tipo de agressão russa”. Portanto, é evidente que suas manobras imperialistas são contrárias ao socialismo. Como nos ensinou Marx, um povo que oprime outro forja suas próprias algemas, o socialismo, por outro lado, unifica os trabalhadores e povos oprimidos que não têm nada a perder senão suas próprias algemas.

Para todos os lados, a eleição americana de 2016 sinaliza o fortalecimento da tirania sobre as massas, o capital e controle político interno e externo. A nova ordem também confirma uma reação imperialista sobre o desenvolvimento capitalista em todo o mundo tentando recuperar terrenos perdidos durante uma de suas piores crises desde a Grande Depressão iniciada em 1929.

À medida que as grandes potências ocidentais oscilavam em 2008, os BRICS se formaram sob o controle da China e da Rússia, integrando Brasil, Índia e África do Sul. Incapaz de tolerar um bloco capitalista rival, o monstro yanque avança com o aumento de tropas e Golpes brandos com o objetivo de esmagar as economias do BRIC, fomentando assim a guerra fria que pode ficar “quente” a qualquer minuto, e potencialmente provocar uma nova guerra mundial.

A parceria orquestrada entre os democratas sinaliza ânsia do partido para expandir o uso da força militar de Obama para realizar a "mudança de regime" em países que estão no caminho dos desejos dos Estados Unidos como parte da preparação para a III Guerra Mundial. Como categoricamente resumiu Obama quando endossou Clinton durante a sua declaração de três minutos, "eu não lembro de alguém tão qualificado para ocupar este cargo." Como uma máquina de guerra, os democratas apresentam a sua candidata muito bem preparado. Hillary Clinton não é apenas a queridinha das multinacionais para fazer o trabalho de todos os presidentes: ser o CEO do império, mas é a candidata presidencial com os laços mais estreitos com o aparelho de inteligência militar americana. Nenhum outro secretário de Política Externa tem ido tão longe como ela tem em impor-se como chefe militar que não só garante ocupações, mas também faz disso uma "manipulação bastante cínica como uma força para o bem universal."

Como seu dever imperialista, o patrão D. Trump confortavelmente articula seu compromisso afirmando que assumindo a presidência em novembro fará uma vasta escalada militar para garantir uma frente poderosa contra os BRICS na Guerra Fria. Ao declarar "America First" como princípio fundamental da sua política externa, Trump declarou que o "domínio militar (estadunidense) deve ser inquestionável, e refiro-me inquestionável, por qualquer um e por todos... Vai ser tão poderoso que seremos intocáveis." Enquanto ludibria as massas norte-americanas que o seguem desnorteadas prometendo restaurar empregos que forma terceirizados para os países neocoloniais, ele ira de fato abrir caminho para a classe dominante norte-americana empurrar os padrões de vida dos trabalhadores para níveis de miséria comparados aos mesmos níveis impostos aos países neocoloniais.

As opções apresentadas pelo imperialismo para as eleições de 2016 são um jogo de cartas marcadas e que de fato apenas prepara o esmagamento das massas e revigora o legado histórico da classe dominante em oprimir os povos. Cabe aos revolucionários socialistas denunciar a política fascista de Trump, a destreza belicista de Clinton, apoiada na falência cínica de Sanders, chamando os trabalhadores, oprimidos e imigrantes a resgatar as tradições de luta e resistência histórica da classe trabalhadora dos EUA, berço do Primeiro de Maio hoje comemorado internacionalmente. A campanha de Sanders, apesar do malogro de sua direção, revela a existência de um enorme público simpático ao socialismo nos EUA, carente de organização política. Chamamos toda a classe trabalhadora, a juventude, os imigrantes em geral para unificarmos a luta contra mais uma investida do capital. Não existe outra opção para as massas senão o voto nulo nas eleições americanas de 2016. Lutemos por estabelecer uma base de luta nas ruas, nas escolas, nas fabricas, nas corporações, nas instituições públicas e privadas, em todo país.