O odor da guerra...
Esta é a tradução para o português de um artigo do jornalista russo Nikolai Yurenev que por outros meios chega a conclusões similares às nossas, da Frente Comunista dos Trabalhadores e do Comitê de Ligação pela IV Internacional, sobre
a marcha da terceira guerra mundial. Ele aponta, que assim como no conflito em
Donbasse, leste da Ucrânia, e da Síria agora, também está se abrindo uma frente
de batalha russo-turca. Ou seja, que desde vários poros se prepara a III Guerra
Mundial.
Se aproxima o hálito podre da guerra. Muitos ainda não
perceberam, para a maioria é inacreditável, mas a guerra já está acontecendo.
No meu caso, não posso mais desprezar a sensação de que a terceira guerra
mundial já começou. Seguimos nos enganando e nos deixando enganar pensando que
se tratam apenas de conflitos locais...
Mas, as fileiras de nossos aliados diminuem, enquanto as de
nossos oponentes aumentam.
Até hoje, a Rússia já tem duas frentes abertas: no front ucraniano,
em Donbass e no front sírio. A abertura do terceiro, na Turquia, parece estar
na esquina. E, a partir daí quem sabe.
Não existe, portanto, uma só frente de batalha nesta guerra.
Ela se regionaliza em todas as partes do globo. No futuro os historiadores
identifiquem o momento em que ela começou, a genesis da III Guerra Mundial.
Pode ser que essa linha já tenha sido cruzada. Afinal de contas, a II Guerra
Mundial não começou no dia 22 de junho de 1941 [início do ataque alemão a União
Soviética ], mas em setembro de 1939.
Se observamos a Síria, o conflito já envolveu inclusive a
OTAN, a Rússia e outros 50 países. Como pode isso não ser uma guerra mundial?
A Turquia, membro da OTAN, derrubou um avião russo. Em
troca, nossa defesa prometeu derrubar aeronaves turcas. Foi instalado um
sistema antimísseis S-400. Imagine se derrubasse um avião dos EUA. Se tivesse no
lugar dos turcos, eu aceitaria tal provocação. A partir daí se abriria a Caixa
de Pandora.
Não não sou nem um pessimista nem busco fazer alerme. Mas é
meu dever dizer para aonde apontam as tendências dos acontecimentos de agora.
O problema é que muitos dos atuais patriotas instalados em
seu sofá, que se encontram na reserva não tem a menor ideia do que realmente
significa a guerra. Acreditam que seria como acalorados debates televisivos, em
que enalteceríamos com orgulhos “nossos filhos” com uma mentalidade patriótica.
Mas a guerra, com seu cheiro azedo de pólvora, se nega a
abandonar nosso olfato. O cheiro de combustível e pneu ardendo, o cheiro de
metal fundindo-se sob o calor insuportável. E o enjoativo cheiro de gordura
queimada, gordura humana. É o cheiro da roupa que passa semanas sem ser lavada.
É o mau cheiro de merda e urina de um sanitário, utilizada com uma certa
parcimônia a princípio mas logo depois usado sem nenhuma decência ou cuidado.
A guerra é o fedor dos corpos em decomposição sob o sol
intenso, corpos podres de cor esverdeada dos quais os aves arrancam os olhos. É
ver esse corpo pelo qual ninguém mais se preocupa, abandonado aos pés de um
edifício sob o fogo inimigo.
A guerra fede a cigarros baratos misturados ao vapor de licor
caseiro da confraternização em memória aos mortos do ataque derrotado de ontem.
O odor da guerra é o de um batalhão de grangrenados sob os
cuidados médicos, com ataduras empapadas de sangue, que já não servem mais ao
garoto que morreu com um estilhaço enfiado no estômago.
Mas, sobretudo, é o aroma do perfume e dos cigarros de luxo
de uma reunião de algum político que se beneficia da guerra. Do incomparável
aroma de tinta das cédulas recém-saídas do banco.