TRADUTOR

sábado, 22 de agosto de 2015

EDITORIAL DO FOLHA DO TRABALHADOR 24

Contra o ceticismo e o derrotismo,
erguer a Frente Comunista dos Trabalhadores!

O primeiro ano do segundo mandato de Dilma Rousseff já se encontra na metade, e está longe de ser tranqüilo. A oposição de direita tem recrudescido seus ataques, através de todas as instâncias possíveis: não apenas por meio da mídia venal - vide as campanhas sensacionalistas de panfletos como Veja e Época -, onde recorre a mentiras deslavadas no afã de desestabilizar o governo, como pelos meios institucionais disponíveis, como o show midiático-judicial da “Lava Jato” (emulando outro show, o do “Mensalão” de Joaquim Barbosa) e os pedidos insistentes de impeachment no primeiro semestre de 2015, Dilma já sofrera quase tantos pedidos quanto FHC em seus 8 anos de mandato- com bases nas alegações mais diversas, da suposta leniência da presidente com os supostos desmandos na Petrobras às “pedaladas fiscais” no TCU. Jogando contra, o suposto “aliado” PMDB, partido do mafioso presidente da Câmara (o parlamento mais reacionário das últimas décadas), Eduardo Cunha, que há pouco acusou o PT de atiçar a Polícia Federal contra si, declarou-se, hipocritamente, oposição.

O fato de tais ofensivas da direita continuarem de vento em poupa, apesar das medidas anti-operárias do Governo Dilma (como os cortes na educação e as mudanças para pior em direitos trabalhistas, no bojo do “ajuste fiscal” do neoliberal Levy), provam o que a Frente Comunista dos Trabalhadores (FCT) - quando ainda se chamava Comitê Paritário - tem dito desde o segundo turno das eleições presidenciais de 2014: o PT já não consegue satisfazer a direita. Os setores reacionários de nossa sociedade e o capitalismo mundial precisam que as medidas realizadas pelo PT sejam implementadas em um ritmo ainda mais forte e acelerado. O modelo tende a ser o praticado pelo governo tucano do fascista Beto Richa no Paraná, na votação do pacote anti-profissionais da educação em maio deste ano, à base de balas de borracha, cassetetes e cães sanguinolentos. Apesar do Governo Federal petista se portar com igual truculência, como vimos no leilão do Campo de Libra em 2013 no Rio de Janeiro, ainda possui um lastro social, consubstanciado na inserção em organismos de massa - CUT, UNE, MST - refletindo o acúmulo de sua construção desde as greves operárias do ABC paulista em fins dos anos 70. Tal contato de massa, mesmo que timidamente, açula as contradições internas no partido e no governo, além de, aos olhos do fascismo descarado, dar ao PT uma tinta "vermelha" incômoda, mesmo que em verdade não a tenha. O capitalismo internacional capitaneado por Washington, portanto, quer um aliado "puro sangue" para implementar sua agenda neoliberal em proporções inauditas, e essa pressa tem razão de ser: a necessidade de recuperar o prejuízo da crise de 2008 e de inviabilizar o pólo alternativo sino-russo, que se apresenta como força ascendente.

Não é preciso dizer que a esquerda, nesse quadro, tem tarefas hercúleas diante de si. Mais do que nunca o momento pede união de forças, não em torno de pautas rebaixadas ou oportunistas, e sim para a defesa, no atual momento, e ofensiva, quando as condições históricas permitirem, da classe trabalhadora. A atuação isolada de pequenos grupos sequer arranha, minimamente que seja, o poderoso arcabouço repressivo do capitalismo. Já a reação, pelo contrário, se articula desde o nível internacional, tendo inúmeras ferramentas à disposição, do poder bélico ao econômico, passando pela ciência - vide as cada vez mais avançadas maquinarias e tecnologias de guerra, internet inclusive - e grande mídia.

A FCT está se construindo tendo em vista esse cenário. Consciente de suas ainda humildes forças, tem conseguido manter coeso o trabalho dos grupos que lhe integram: a Liga Comunista, o Coletivo Lênin, a Tendência Revolucionária e o blog Espaço Marxista, além de simpatizantes e aliados no Brasil e no mundo, e em especial em estreito vínculo com a Tendencia Militante Bolchevique argentina e o Socialist Fight britânico, compondo o Comitê de Ligação pela Quarta Internacional.

Ainda no ano de 2015 será realizada o primeiro Congresso da FCT, onde daremos um tremendo salto de qualidade que nos habilitará a desempenhar melhor nossas tarefas. Contra o esquerdismo sectário de um lado e o oportunismo revisionista, de outro, e sobretudo contra os céticos e derrotistas que jogaram a toalha nestes tempos de reação, nós da Frente Comunista dos Trabalhadores avançamos resolutos na luta pelo socialismo na perspectiva do comunismo, à luz das lições de Marx, Engels, Lênin e Trotsky.