Derrotar o Golpe
de Estado em marcha no Brasil
Não
ao Golpe!
Mobilizar os
trabalhadores para combater a sabotagem patronal da economia e as medidas
covardes contra a população e de capitulação de Dilma à direita e a seu
ministro Joaquim Levy!
Declaração da Frente Comunista dos Trabalhadores (Liga Comunista, Coletivo Lenin-FO, Espaço Marxista e Tendência Revolucionária) e Fração Trotskista-Vanguarda Operária
Desde
o segundo semestre de 2013 está em marcha um golpe de Estado no Brasil. Os
principais expoentes da frente golpista são banqueiros, empresários, ONGs,
grande parte do parlamento e do poder judiciário ligado a oposição burguesa pró-imperialista,
com o apoio ora aberto ora dissimulado da grande mídia nacional e internacional.
O cerco é tão amplo que o instrumento mais ativo da caçada ao PT e a seu
governo está instalado nada mais nada menos do que na polícia que é ligada ao
poder executivo, a Polícia Federal.
Em 2009, quando a China passou a ser a principal parceira comercial do Brasil, a
bíblia do mundo das finanças internacionais, a The Economist britânica, soou o
alarme: “De que lado está o Brasil?”. Não estava nada contente com a
política internacional de alinhamento de Lula com os bolivarianos e com os
BRICS. O principal comentarista político da superpoderosa Rede Globo, Merval
Pereira, anunciou que a crise política do governo Dilma atingiu no princípio de
agosto, a situação de “tempestade perfeita”. Na “Cúpula
do Trovão”, articulando de cima a frente golpista no Brasil está a
embaixadora dos EUA no país, Liliana Ayalde, que assumiu o cargo em primeiro
agosto de 2013, tendo no seu currículo a articulação do Golpe de Estado “suave”
do Paraguai e sido expulsa da Bolívia em 2008, sob a acusação de tramar o mesmo
contra Evo. A atividade de Ayalde é facilitada pelo fato de que o serviço de
espionagem de seu país grampeou as conversações mais internas do governo
brasileiro. O mega-especulador George Soros, que patrocinou diretamente o golpe
fascista na Ucrânia e é dono de muitas ações da Petrobras declarou abertamente em
entrevista à TV americana ABC que aposta na quebra econômica do Brasil. Jorge
Paulo Lemann, dono da Ambev e o empresário mais rico do país patrocina o movimento
pelo Fora Dilma e PT "VemPraRua". Mais nítido,
impossível e só não percebe a conspiração golpista do imperialismo e do grande
capital para derrubar Dilma quem não quer.
Além
destas ferramentas nítida e diretamente usadas pela oposição burguesa, duas
outras tem servido de forma indireta, mas com muita maestria, pela ofensiva
reacionária que mais atingirá a população pobre e trabalhadora que propriamente
ao governo do PT: a crise econômica e a política de capitulação do governo
Dilma à pressão golpista.
O GOLPE DO IMPERIALISMO POR TRÁS
DA CRISE
ECONÔMICA NO BRASIL, MERCOSUL E OS BRICS
A
tal crise, na verdade um boicote econômico deliberado pelo grande capital
vinculado aos EUA e muito maior que a sofrida pelo governo Salvador Allende às
vésperas do sanguinário golpe desferido por Pinochet. O planeta inteiro,
incluindo o Brasil, apresenta índices de crescimento negativos ou medíocres em
relação ao período anterior a crise mundial de 2008. Mas sobre o Brasil está
havendo um forte desinvestimento no país por parte do grande capital e a
política econômica dependente mantida pelo PT não é páreo para este boicote
financeiro. A economia do Brasil é vítima da derrubada dos preços das commodities
provocada pelo imperialismo como parte da guerra fria comercial contra as bases
econômicas dos BRICS e seus sócios dependentes e semicoloniais. Este ataque é
desferido a partir da alta dos juros nos EUA, que fortalece o dólar, atrai os
investimentos para os títulos do tesouro dos EUA e reduz os preços das
commodities armazenáveis, obrigando o incremento da extração e evacuando os
estoques, ampliando a oferta mundial de commodities e reduzindo seus preços,
além de provocar o aumento histórico das cotas de extração do petróleo pela
Arábia Saudita e nos próprios EUA, primeiro e terceiro produtores mundiais de
petróleo. A mais valia extraída do Brasil é desviada para alimentar a
reprodução ampliada em outros países, cessando o ciclo aqui enquanto não muda a
gestão política do país, trata-se evidentemente de um estrangulamento golpista
da economia do país, seguindo o roteiro de "regime change" da CIA. Nos
últimos meses os especuladores golpistas retiraram do país 1 trilhão e duzentos
bilhões de reais. O agravamento da crise econômica desestabiliza politicamente
o país, com a mídia e a oposição burguesa culpando Dilma e o PT. Para além
disto, os EUA buscam, neste momento, tornar o Brasil improdutivo para
estrangular as bases de suprimento da China e fortalecer o anel do pacífico que
são as suas bases na região. Estão desindustrializando e desenergizando um país
inteiro de mais de 200 milhões de habitantes! O parque industrial sofre um lockout
e toda economia dele derivada (comercio, serviços, etc.), estão liquidando a
Petrobras e o programa nuclear.
“Eles já desativaram grande parte da produção de bens
de capital (máquinas, equipamentos, instalações), que continuou desabando de - 11,2%
no segundo semestre do ano passado para - 20,0% nos seis primeiros meses de
2015. O estratégico setor de bens de consumo duráveis é outro que também apresenta
ritmo de sucateamento, passando de - 10,1% no segundo semestre de 2014 para
-14,6% nos seis primeiros meses deste ano. Mas isso é a única coisa que as
classes dominantes sabem fazer. Paralisar a produção, afogar os trabalhadores
no inferno do desemprego, reduzir salários, recuperar a taxa geral de lucro da
safra anterior da acumulação do capital. Os novos números da produção
industrial revelam o verdadeiro objetivo do famigerado ‘ajuste fiscal’ que vem
sendo implantado a ferro e fogo no Brasil, não importa suas consequências
políticas e sociais. O que está em jogo é salvação da propriedade privada e a
permanência da produção de capital. À luta de classes decidir o resultado desta
partida”.
(Roger Amarante, Crítica da Economia, 04/08/2015)
A
"crise
econômica" vem provocando inflação e desemprego. No primeiro
semestre foram demitidos 345 mil trabalhadores. Enquanto isso, os banqueiros
lucram com a crise. Itaú, Bradesco e Santander tiveram os maiores lucros de
suas histórias no 2º trimestre de 2015. A “crise” é usada como instrumento
político golpista para justificar um suposto apoio por parte da população em
geral ao processo de impedimento de Dilma que parece cada vez mais iminente, o
qual será necessariamente seguido pela cassação dos direitos políticos de Lula
para que o mesmo não possa concorrer em 2018.
O
nível internacional, o EUA e UE têm instalado e novas bases da OTAN, aumentando
contingente nas bases no entorno da Rússia e China, e vem aplicando, desde
2011, golpes e financiando grupos terroristas em Estados com acordos comerciais
e militares com o bloco Russo-Chinês, como a Síria, Líbia, Tailândia e Ucrânia,
além de sanções econômicas contra a Rússia e especulações nas bolsas de
Chinesas e a chamada guerra cambial, gerando instabilidade política e comercial
nos países do bloco Eurásico.
Também
a OPEP, oligopólio dos países produtores de petróleo controlado pela Arábia
Saudita, braço direito dos EUA no mundo árabe, derrubou o preço do petróleo,
levando a uma crise grave na Venezuela e na Rússia.
Outra
agravante desta crise está no fato de que a China, vítima de ataques
especulativos em suas bolsas de valores e realizando políticas anticíclicas e
de contratendências a queda de suas taxas de lucro vem reduzindo a demanda de
consumo de pelos produtos primários da América Latina, que em 2015 contribuiu
para derrubar o PIB dos países do Mercosul.
No
entanto esse cerco dos EUA e UE forçou a Rússia e a China a aumentarem
exponencialmente suas relações econômicas, políticas e militares, e levou os
dois países a iniciarem transações comerciais internacionais sem o uso do dólar
Norte-Americano e a acelerarem a criação do banco dos BRICS.
Houve
uma intensificação nas relações econômicas e militares com a América Latina. Na
Venezuela a Rússia fechou um acordo militar. Na Nicarágua, a China esta para
construir um novo canal do Atlântico-Pacífico, que rivalizará com o Canal do
Panamá. No Brasil e Peru a China planeja construir a ligação da estrada de
ferro que também ligará o Atlântico ao Pacífico, além de 30 Bilhões de
investimentos nas industrias Mercosul e também uma base área na Argentina. No
entanto, todos esses investimentos estão ameaçados com as intervenções
políticas no EUA na América Latina e demais membros do bloco de países
alinhados com a Rússia e a China.
O
Imperialismo também voltou sua cobiça para a América Latina e pretende retomar
o controle econômico e político sobre a região. Foi vazado por Eduard Snowden
em 2013 e 2014 informações que revelaram a espionagem da CIA desde 2010 sobre a
Presidente Dilma e o Ministério de Minas e Energia, com o claro objetivo de
obter informações políticas e econômicas, principalmente sobre o Pré-sal e a
Petrobrás.
O
imperialismo vem organizando as facções burguesas pró-imperialistas com
movimentos de ruas, lockouts e sabotagens econômicas em vários países da região,
começando com Venezuela, Equador, Argentina e agora no Brasil. No Brasil, desde
2014, a ação da Lava-Jato da PF em conjunto com o juiz estrelinha da Globo, Sergio
Moro, reduziu ou paralisou as atividades da Petrobras e das empresas off
shore de óleo e gás, e paralisou as grandes empreiteiras do país, como
Odebrecht, que prestam serviços por licitações nas três esferas do Estado
brasileiro.
Essa
verdadeira operação de sabotagem não só vem servindo para desestabilizar
diretamente o PT e o governo Dilma, mas também desempregou milhares de
trabalhadores ou talvez milhões se considerar o setor de serviços que gera
empregos indiretos em torno das atividades industriais. Essa sabotagem é também
o principal meio para quebrar com o que sobrou de estatal da Petrobras e será
uma forma de reverter o regime de partilha do Pré-sal para colocar na jogada as
empresas petroleiras anglo-americanas, como ja vem defendendo o PSDB no
Congresso.
Mas
o pior de tudo é que o próprio governo Dilma é vítima e cúmplice da pressão do
imperialismo e dos bancos, e por isso montou um ministério de crápulas, dando o
controle da economia do país para o ministro Joaquim Levi, homem de confiança
do Bradesco, que aprofundou a recessão econômica como suposta forma de combater
a inflação e cortar gastos do governo, mas que só melhorou mesmo o lucro
recorde dos bancos e vem reduzindo e cortando de verdade os direitos dos
trabalhadores a destruído e paralisado milhares de postos de trabalho nas
indústrias e no comércio.
A
real intenção de Levy, e por traz dele os bancos privados junto com a Operação
Lava Jato, é um processo de desindustrialização coordenada com o as
multinacionais imperialistas, que vai sucatear e privatizar as ultimas empresas
estatais do país, como a Petrobrás e a Eletrobrás (setor primário), e a
destruição do parque industrial nacional de bens de consumo (automóveis,
eletrodomésticos, etc.) com a transferência para países da Aliança do Pacífico
(México, Colômbia, Peru e Chile) cuja aliança na verdade é um livre comércio que
favorece aos EUA.
CONTRA OS ATAQUES DO CONGRESSO E DO GOVERNO
DILMA/LEVI!
CONTRA O GOLPISMO DA DIREITA, MAS NENHUMA CONFIANÇA
NO GOVERNO
PT/PMDB!
Por
tudo isto os trabalhadores não podem nutrir nenhuma ilusão que as burguesias
dos BRICS vão oferecer qualquer resistência consequente contra a ofensiva
imperialista, ao golpe de Estado seja qual a forma que ele se manifeste
(impeachment, novas eleições ou mesmo golpe militar). Devem combater a direita
por todos os meios sem abrir mão da construção de uma Frente Única anti-imperialista
e antigolpista com as organizações de massa do país, a CUT, o MST, o MTST, como
nas manifestações do dia 20 de agosto, exigindo que os aparatos destas
organizações de massas que convoquem e construam uma verdadeira greve geral
contra o Golpe. Pela criação de comitês de Luta nas fábricas, nos bairros, nos
sindicatos em defesa dos nossos direitos e contra qualquer movimento golpista,
aliados ao armamento e milícias sindicais e populares para defender os partidos
de esquerda, sindicatos, associações, etc.; a anulação de todas as medidas
antioperárias e antipopulares neoliberais de Lula e Dilma e seguir a luta pela
estatização dos setores estratégicos e energéticos do Brasil, dos recursos
naturais nas mãos dos estrangeiros imperialistas, sob o controle dos
trabalhadores, a suspensão dos direitos de concessões a mídia golpista, a nacionalização
das empresas (incluindo igrejas) que patrocinam o golpismo pró-imperialista.
Toda
esta luta contra a direita, o imperialismo e o golpe de Estado, cuja vítima
principal será a classe trabalhadora, como já estamos vendo pelo simples
fortalecimento dos setores de direita no Congresso (redução da maioridade
penal, terceirização, reforma política, etc.), também deve estar combinada a
estratégia da superação das ilusões das amplas massas no covarde e aburguesado
PT, na luta por um partido operário e revolucionário que conduza os
trabalhadores a tomada do poder através da revolução social.