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domingo, 16 de agosto de 2015

DECLARAÇÃO FCT-FT CONTRA O GOLPE

Derrotar o Golpe de Estado em marcha no Brasil
Não ao Golpe!
Mobilizar os trabalhadores para combater a sabotagem patronal da economia e as medidas covardes contra a população e de capitulação de Dilma à direita e a seu ministro Joaquim Levy!

Declaração da Frente Comunista dos Trabalhadores (Liga Comunista, Coletivo Lenin-FO, Espaço Marxista e Tendência Revolucionária) e Fração Trotskista-Vanguarda Operária

Desde o segundo semestre de 2013 está em marcha um golpe de Estado no Brasil. Os principais expoentes da frente golpista são banqueiros, empresários, ONGs, grande parte do parlamento e do poder judiciário ligado a oposição burguesa pró-imperialista, com o apoio ora aberto ora dissimulado da grande mídia nacional e internacional. O cerco é tão amplo que o instrumento mais ativo da caçada ao PT e a seu governo está instalado nada mais nada menos do que na polícia que é ligada ao poder executivo, a Polícia Federal.

Em 2009, quando a China passou a ser a principal parceira comercial do Brasil, a bíblia do mundo das finanças internacionais, a The Economist britânica, soou o alarme: “De que lado está o Brasil?”. Não estava nada contente com a política internacional de alinhamento de Lula com os bolivarianos e com os BRICS. O principal comentarista político da superpoderosa Rede Globo, Merval Pereira, anunciou que a crise política do governo Dilma atingiu no princípio de agosto, a situação de “tempestade perfeita”. Na “Cúpula do Trovão”, articulando de cima a frente golpista no Brasil está a embaixadora dos EUA no país, Liliana Ayalde, que assumiu o cargo em primeiro agosto de 2013, tendo no seu currículo a articulação do Golpe de Estado “suave” do Paraguai e sido expulsa da Bolívia em 2008, sob a acusação de tramar o mesmo contra Evo. A atividade de Ayalde é facilitada pelo fato de que o serviço de espionagem de seu país grampeou as conversações mais internas do governo brasileiro. O mega-especulador George Soros, que patrocinou diretamente o golpe fascista na Ucrânia e é dono de muitas ações da Petrobras declarou abertamente em entrevista à TV americana ABC que aposta na quebra econômica do Brasil. Jorge Paulo Lemann, dono da Ambev e o empresário mais rico do país patrocina o movimento pelo Fora Dilma e PT "VemPraRua". Mais nítido, impossível e só não percebe a conspiração golpista do imperialismo e do grande capital para derrubar Dilma quem não quer.

Além destas ferramentas nítida e diretamente usadas pela oposição burguesa, duas outras tem servido de forma indireta, mas com muita maestria, pela ofensiva reacionária que mais atingirá a população pobre e trabalhadora que propriamente ao governo do PT: a crise econômica e a política de capitulação do governo Dilma à pressão golpista.

O GOLPE DO IMPERIALISMO POR TRÁS
DA CRISE ECONÔMICA NO BRASIL, MERCOSUL E OS BRICS

A tal crise, na verdade um boicote econômico deliberado pelo grande capital vinculado aos EUA e muito maior que a sofrida pelo governo Salvador Allende às vésperas do sanguinário golpe desferido por Pinochet. O planeta inteiro, incluindo o Brasil, apresenta índices de crescimento negativos ou medíocres em relação ao período anterior a crise mundial de 2008. Mas sobre o Brasil está havendo um forte desinvestimento no país por parte do grande capital e a política econômica dependente mantida pelo PT não é páreo para este boicote financeiro. A economia do Brasil é vítima da derrubada dos preços das commodities provocada pelo imperialismo como parte da guerra fria comercial contra as bases econômicas dos BRICS e seus sócios dependentes e semicoloniais. Este ataque é desferido a partir da alta dos juros nos EUA, que fortalece o dólar, atrai os investimentos para os títulos do tesouro dos EUA e reduz os preços das commodities armazenáveis, obrigando o incremento da extração e evacuando os estoques, ampliando a oferta mundial de commodities e reduzindo seus preços, além de provocar o aumento histórico das cotas de extração do petróleo pela Arábia Saudita e nos próprios EUA, primeiro e terceiro produtores mundiais de petróleo. A mais valia extraída do Brasil é desviada para alimentar a reprodução ampliada em outros países, cessando o ciclo aqui enquanto não muda a gestão política do país, trata-se evidentemente de um estrangulamento golpista da economia do país, seguindo o roteiro de "regime change" da CIA. Nos últimos meses os especuladores golpistas retiraram do país 1 trilhão e duzentos bilhões de reais. O agravamento da crise econômica desestabiliza politicamente o país, com a mídia e a oposição burguesa culpando Dilma e o PT. Para além disto, os EUA buscam, neste momento, tornar o Brasil improdutivo para estrangular as bases de suprimento da China e fortalecer o anel do pacífico que são as suas bases na região. Estão desindustrializando e desenergizando um país inteiro de mais de 200 milhões de habitantes! O parque industrial sofre um lockout e toda economia dele derivada (comercio, serviços, etc.), estão liquidando a Petrobras e o programa nuclear.

“Eles já desativaram grande parte da produção de bens de capital (máquinas, equipamentos, instalações), que continuou desabando de - 11,2% no segundo semestre do ano passado para - 20,0% nos seis primeiros meses de 2015. O estratégico setor de bens de consumo duráveis é outro que também apresenta ritmo de sucateamento, passando de - 10,1% no segundo semestre de 2014 para -14,6% nos seis primeiros meses deste ano. Mas isso é a única coisa que as classes dominantes sabem fazer. Paralisar a produção, afogar os trabalhadores no inferno do desemprego, reduzir salários, recuperar a taxa geral de lucro da safra anterior da acumulação do capital. Os novos números da produção industrial revelam o verdadeiro objetivo do famigerado ‘ajuste fiscal’ que vem sendo implantado a ferro e fogo no Brasil, não importa suas consequências políticas e sociais. O que está em jogo é salvação da propriedade privada e a permanência da produção de capital. À luta de classes decidir o resultado desta partida”. (Roger Amarante, Crítica da Economia, 04/08/2015)

A "crise econômica" vem provocando inflação e desemprego. No primeiro semestre foram demitidos 345 mil trabalhadores. Enquanto isso, os banqueiros lucram com a crise. Itaú, Bradesco e Santander tiveram os maiores lucros de suas histórias no 2º trimestre de 2015. A “crise” é usada como instrumento político golpista para justificar um suposto apoio por parte da população em geral ao processo de impedimento de Dilma que parece cada vez mais iminente, o qual será necessariamente seguido pela cassação dos direitos políticos de Lula para que o mesmo não possa concorrer em 2018.

O nível internacional, o EUA e UE têm instalado e novas bases da OTAN, aumentando contingente nas bases no entorno da Rússia e China, e vem aplicando, desde 2011, golpes e financiando grupos terroristas em Estados com acordos comerciais e militares com o bloco Russo-Chinês, como a Síria, Líbia, Tailândia e Ucrânia, além de sanções econômicas contra a Rússia e especulações nas bolsas de Chinesas e a chamada guerra cambial, gerando instabilidade política e comercial nos países do bloco Eurásico.

Também a OPEP, oligopólio dos países produtores de petróleo controlado pela Arábia Saudita, braço direito dos EUA no mundo árabe, derrubou o preço do petróleo, levando a uma crise grave na Venezuela e na Rússia.

Outra agravante desta crise está no fato de que a China, vítima de ataques especulativos em suas bolsas de valores e realizando políticas anticíclicas e de contratendências a queda de suas taxas de lucro vem reduzindo a demanda de consumo de pelos produtos primários da América Latina, que em 2015 contribuiu para derrubar o PIB dos países do Mercosul.

No entanto esse cerco dos EUA e UE forçou a Rússia e a China a aumentarem exponencialmente suas relações econômicas, políticas e militares, e levou os dois países a iniciarem transações comerciais internacionais sem o uso do dólar Norte-Americano e a acelerarem a criação do banco dos BRICS.

Houve uma intensificação nas relações econômicas e militares com a América Latina. Na Venezuela a Rússia fechou um acordo militar. Na Nicarágua, a China esta para construir um novo canal do Atlântico-Pacífico, que rivalizará com o Canal do Panamá. No Brasil e Peru a China planeja construir a ligação da estrada de ferro que também ligará o Atlântico ao Pacífico, além de 30 Bilhões de investimentos nas industrias Mercosul e também uma base área na Argentina. No entanto, todos esses investimentos estão ameaçados com as intervenções políticas no EUA na América Latina e demais membros do bloco de países alinhados com a Rússia e a China.

O Imperialismo também voltou sua cobiça para a América Latina e pretende retomar o controle econômico e político sobre a região. Foi vazado por Eduard Snowden em 2013 e 2014 informações que revelaram a espionagem da CIA desde 2010 sobre a Presidente Dilma e o Ministério de Minas e Energia, com o claro objetivo de obter informações políticas e econômicas, principalmente sobre o Pré-sal e a Petrobrás.

O imperialismo vem organizando as facções burguesas pró-imperialistas com movimentos de ruas, lockouts e sabotagens econômicas em vários países da região, começando com Venezuela, Equador, Argentina e agora no Brasil. No Brasil, desde 2014, a ação da Lava-Jato da PF em conjunto com o juiz estrelinha da Globo, Sergio Moro, reduziu ou paralisou as atividades da Petrobras e das empresas off shore de óleo e gás, e paralisou as grandes empreiteiras do país, como Odebrecht, que prestam serviços por licitações nas três esferas do Estado brasileiro.

Essa verdadeira operação de sabotagem não só vem servindo para desestabilizar diretamente o PT e o governo Dilma, mas também desempregou milhares de trabalhadores ou talvez milhões se considerar o setor de serviços que gera empregos indiretos em torno das atividades industriais. Essa sabotagem é também o principal meio para quebrar com o que sobrou de estatal da Petrobras e será uma forma de reverter o regime de partilha do Pré-sal para colocar na jogada as empresas petroleiras anglo-americanas, como ja vem defendendo o PSDB no Congresso.

Mas o pior de tudo é que o próprio governo Dilma é vítima e cúmplice da pressão do imperialismo e dos bancos, e por isso montou um ministério de crápulas, dando o controle da economia do país para o ministro Joaquim Levi, homem de confiança do Bradesco, que aprofundou a recessão econômica como suposta forma de combater a inflação e cortar gastos do governo, mas que só melhorou mesmo o lucro recorde dos bancos e vem reduzindo e cortando de verdade os direitos dos trabalhadores a destruído e paralisado milhares de postos de trabalho nas indústrias e no comércio.

A real intenção de Levy, e por traz dele os bancos privados junto com a Operação Lava Jato, é um processo de desindustrialização coordenada com o as multinacionais imperialistas, que vai sucatear e privatizar as ultimas empresas estatais do país, como a Petrobrás e a Eletrobrás (setor primário), e a destruição do parque industrial nacional de bens de consumo (automóveis, eletrodomésticos, etc.) com a transferência para países da Aliança do Pacífico (México, Colômbia, Peru e Chile) cuja aliança na verdade é um livre comércio que favorece aos EUA.

CONTRA OS ATAQUES DO CONGRESSO E DO GOVERNO DILMA/LEVI!
CONTRA O GOLPISMO DA DIREITA, MAS NENHUMA CONFIANÇA
NO GOVERNO PT/PMDB!

Por tudo isto os trabalhadores não podem nutrir nenhuma ilusão que as burguesias dos BRICS vão oferecer qualquer resistência consequente contra a ofensiva imperialista, ao golpe de Estado seja qual a forma que ele se manifeste (impeachment, novas eleições ou mesmo golpe militar). Devem combater a direita por todos os meios sem abrir mão da construção de uma Frente Única anti-imperialista e antigolpista com as organizações de massa do país, a CUT, o MST, o MTST, como nas manifestações do dia 20 de agosto, exigindo que os aparatos destas organizações de massas que convoquem e construam uma verdadeira greve geral contra o Golpe. Pela criação de comitês de Luta nas fábricas, nos bairros, nos sindicatos em defesa dos nossos direitos e contra qualquer movimento golpista, aliados ao armamento e milícias sindicais e populares para defender os partidos de esquerda, sindicatos, associações, etc.; a anulação de todas as medidas antioperárias e antipopulares neoliberais de Lula e Dilma e seguir a luta pela estatização dos setores estratégicos e energéticos do Brasil, dos recursos naturais nas mãos dos estrangeiros imperialistas, sob o controle dos trabalhadores, a suspensão dos direitos de concessões a mídia golpista, a nacionalização das empresas (incluindo igrejas) que patrocinam o golpismo pró-imperialista.

Toda esta luta contra a direita, o imperialismo e o golpe de Estado, cuja vítima principal será a classe trabalhadora, como já estamos vendo pelo simples fortalecimento dos setores de direita no Congresso (redução da maioridade penal, terceirização, reforma política, etc.), também deve estar combinada a estratégia da superação das ilusões das amplas massas no covarde e aburguesado PT, na luta por um partido operário e revolucionário que conduza os trabalhadores a tomada do poder através da revolução social.