Crescimento da riqueza capitalista, pauperização relativa das massas e impotência reformista
O Bolchevique #8 – janeiro de 2012
Marx abandonou a concepção de pauperização absoluta do proletariado e a teoria dos salários baseado no mínimo fisiológico, vigente no Manifesto Comunista. A evolução de sua crítica da economia política o conduziu à formulação da mais-valia relativa (ampliação da produtividade física do trabalho pela via do aprimoramento tecnológico). Assim, na medida em que podem interferir apenas no preço da força de trabalho, os sindicatos são impotentes diante da pauperização relativa dos operários e do crescimento da riqueza econômica. O sindicalismo reformista é incapaz de modificar a posição relativa do operário diante do capitalista, que tenderia a degradar-se cada vez mais, uma degradação identificada, não necessariamente com uma pauperização absoluta da força de trabalho, mas com uma precariedade crescente de seu emprego, dado o incremento da composição orgânica do capital, posto pela elevação da produtividade do trabalho.
A disparidade, favorável e momentânea, do impacto da crise sobre o Brasil também se percebe em outros indicadores econômicos, como no emprego e na Utilização da Capacidade Instalada (UCI), que se apresentam de forma quase inversas aos retraídos índices dos EUA e União Européia.
No Brasil, sob a base de uma precarização crescente do trabalho, a burguesia comemora o máximo recrutamento do exército industrial de reserva absorvido por uma UCI de 80% que se reflete em todos os ramos da produção.
A disparidade, favorável e momentânea, do impacto da crise sobre o Brasil também se percebe em outros indicadores econômicos, como no emprego e na Utilização da Capacidade Instalada (UCI), que se apresentam de forma quase inversas aos retraídos índices dos EUA e União Européia.
No Brasil, sob a base de uma precarização crescente do trabalho, a burguesia comemora o máximo recrutamento do exército industrial de reserva absorvido por uma UCI de 80% que se reflete em todos os ramos da produção.
Isto também se reflete na condição de vida das massas, que de tão miseráveis comemoram a aquisição de bens de consumo, serviços e entretenimentos elementares em nossa época*: automóvel (cujos preços no Brasil são os mais caros do mundo), computador, celulares e viagens. O acesso a estes modestos “sonhos de consumo” lhes custa um sobreendividamento escravizante e o aumento da jornada de trabalho. Sobre tudo isto é importante notar que estes bens de consumo não passam de migalhas frente ao montante decuplicado de valor que estas mesmas massas criam e que o tal crescimento econômico se apóia na verdade em uma espetacular pauperização relativa da classe trabalhadora. Acompanhando a distância o crescimento da inflação, um importante mecanismo burguês de desvalorização da força de trabalho, os salários sofrem perdas reais em seu poder aquisitivo, ilusoriamente compensadas pelo endividamento crescente.
Os reformistas e sindicalistas, seguidos pelos centristas, que limitam a luta contra o capitalismo no terreno da crítica a desigualdade social, ao campo da circulação e distribuição de mercadorias, são cada vez mais massacrados pelo governo de frente popular, tanto no terreno sindical quanto no das eleições burguesas. Isto é assim porque, a não ser para alguns setores da classe trabalhadora já despejada no abismo do ultra-lumpemproletariado como os usuários de drogas despejados da Cracolândia, não faz o menor sentido diante da realidade pregar contra a pauperização absoluta das massas.
Há mais de um século Marx mostrou a impotência da crítica contra a pauperização absoluta frente a necessidade de um programa revolucionário contra a crescente pauperização relativa das massas. Já da mesma época os marxistas rechaçaram a política burguesa e cada vez mais impotente do sindicalismo dentro do movimento operário sem deixar de reivindicar a luta sindical como uma “escola de guerra dos operários” onde eles devem ser convencidos da necessária luta revolucionária pela tomada violenta do poder político e da criação de um partido para tal tarefa.
A pauperização relativa da população trabalhadora é uma tendência geral do capitalismo, fruto da desproporção crescente entre o que o trabalhador recebe, em salários, e o que produz para o acúmulo da riqueza capitalista para a classe que o explora. Assim que todos os reformistas, sindicalistas e “marxistas” vulgares acabam pregando para o deserto por serem suas concepções completamente ineficazes diante da pauperização relativa do proletariado que lhes vira as costas, jogando assim água no moinho dos setores burgueses que lhes repartem migalhas.
* O homem é um animal que fabrica necessidades e a cada dia fabrica mais necessidades em relação a natureza e a sua sociedade. A precariedade dos transportes coletivos imposta pelo capitalismo obriga aos operários a possuir carros, por exemplo. Portanto, cada vez mais cresce a pauperização relativa das massas laboriosas, uma vez que os trabalhadores estão sempre atrás do prejuízo criado pelo capitalismo que, na outra ponta da relação, concentra cada vez mais capitais.