Líbia, Síria, Egito, Honduras, Paraguai, Ucrânia, Venezuela,
o espectro do golpismo ronda o planeta
Derrotar a reação golpista no Brasil!
Nenhuma confiança no governo Dilma, que aprimora o aparato
repressivo herdado do regime militar contra a população trabalhadora!
DECLARAÇÃO DA LIGA COMUNISTA - 50 ANOS DO GOLPE DE ESTADO NO BRASIL
DECLARAÇÃO DA LIGA COMUNISTA - 50 ANOS DO GOLPE DE ESTADO NO BRASIL
50 anos depois do golpe de Estado de 1964, a população
trabalhadora segue sob a ditadura do capital. Ditadura agravada pela
decomposição da frágil democracia instituída em 1985. Se a crise econômica
mundial de 1973 marcou o início do declínio da ditadura militar, a crise de
2008, que atinge retardatariamente o Brasil, coloca novamente o país em uma
encruzilhada: avançar em direção a revolução social ou retroceder para um novo
golpe de Estado.
Desde 2012, ano de maior número de greves no país desde
1996, a quantidade de lutas no Brasil vem crescendo visivelmente. Em 2013,
ocorreram as maiores manifestações de massas do país desde as “Diretas já!” e o
“Fora Collor!”. Em 2014, os protestos começaram com os rolezinhos da juventude
oprimida contra o apartheid brasileiro, foram seguidos pela greve dos correios
em defesa de seu plano de saúde, pelos condutores de Porto Alegre contra os
patrões e contra os pelegos, e pela vitoriosa luta por aumento salarial dos
garis cariocas. Este ascenso representa a resistência da população trabalhadora
à política burguesa de tentar fazer que os trabalhadores paguem pela crise
capitalista. As classes dominantes perceberam que não dá para conter a onda
excepcional de resistência popular com os meios tradicionais da democracia burguesa.
A oposição burguesa tratou sorrateiramente de reanimar a
extrema direita e a infiltrar agentes provocadores, policiais à paisana,
neonazistas, fanáticos religiosos e toda a escória nas manifestações, para
tomar bandeiras, expulsar militantes de esquerda, bem como a fazer
manifestações pela volta da ditadura militar, como a marcha golpista realizada
em São Paulo no dia 22/03/2014, visivelmente apoiada pelo governo Alckmin e seu
aparato repressivo policial.
A CLASSE MÉDIA ENDIVIDADA, ENFURECIDA, E MANIPULADA,
BASE SOCIAL DO GOLPISMO
O material humano do golpismo é a chamada classe média,
endividada com banqueiros e empresários. É assim no Egito, na Ucrânia ou na
Venezuela e também no Brasil. A insatisfação, indignação e desespero da classe
média são manipulados pela direita contra os trabalhadores, contra a juventude
marginalizada e contra o governo do PT, falsamente identificado como “governo
dos trabalhadores”. Agentes do grande capital, os demagogos fascistas enganam a
classe média e a coloca a serviço dos mesmos que a arruinaram e contra os
trabalhadores. Seduzida pelo suposto combate a corrupção, a classe média é
posta para marchar pela volta da ditadura, quando foi justamente durante o
regime militar que a corrupção foi praticada em larga escala, mas ocultada pela
repressão estatal e pela censura midiática. Incapaz de derrotar o PT pelo voto
e reconquistar o governo nacional, a direita ameaça cada vez mais com o
golpismo, chantageia o Executivo através do Judiciário, do Legislativo e da
Mídia.
UMA ERA DE GOLPES
DE ESTADO PARLAMENTARES
Acontecimentos recentes demonstram que após um período
marcado por invasões militares diretas (Afeganistão, Iraque, Haiti) o
imperialismo voltou a recorrer aos Golpes de Estado, só que agora com disfarce
de rebelião popular (Líbia, Síria e Ucrânia) quando os governos de plantão não
contentam os apetites imperiais. Todavia, nos últimos tempos vemos o predomínio
de uma modalidade parlamentar de golpismo (Honduras, Paraguai e Ucrânia), tendo
como exceção o golpe militar no Egito.
O PT PAVIMENTA O
CAMINHO DA REAÇÃO
Por sua vez, chantageado, o governo Dilma tenta convencer o
imperialismo e a grande burguesia que é capaz de atender suas demandas contra
as massas e ainda manter o controle da situação: eleva os juros pagos pelo
Banco Central, reduz impostos e abre as torneiras de financiamento para os
megaeventos, enquanto arregimena tropas federais contra a população, invade e
ocupa aos bairros proletários no Rio de Janeiro como fazia a ditadura militar;
apoia ao recrudescimento da legislação, como a fascistóide “lei
antiterrorista”, para criminalizar o direito de manifestação, etc. Em resumo: o
governo do PT pavimenta o caminho do golpismo e do fascismo.
FRENTE ÚNICA ANTIGOLPISTA
E INDEPENDENCIA DE CLASSE
Contra a reação golpista chamamos a construção de uma frente
única antifascista até com o PT e a CUT. Exigimos que coloquem todo o aparato
que hoje controlam, sindicatos, governos, meios de comunicação, armamento,
tudo, a serviço da luta e dos comitês de luta contra o golpismo. Mas, neste
processo, os revolucionários não devem recuar um só milímetro na organização da
luta estratégica dos trabalhadores pela derrubada revolucionária o governo
petista, na denúncia de toda sua política burguesa e anti-operária, da invasão
militar do Haiti com a ONU a Copa das empreiteiras com a Fifa.
Primeiro, para não repetir os erros fatais da esquerda da
década de 1960, que antes do golpe não acreditava seriamente que ele pudesse
vir a ocorrer e depois do mesmo, confiou na organização da resistência por
Jango, acabando por não organizando qualquer resistência ao Golpe. Segundo,
porque os revolucionários devem ajudar a maioria dos trabalhadores, que hoje
apoiam eleitoralmente o PT porque sabem que com a direita o ataque será ainda
pior (a exemplo do governo Alckmin), a adquirir independência política e de
organização tanto contra a reação como para construir um movimento operário
pós-lulista, possuidor de uma consciência de classe superior a atual para lutar
por um governo próprio.
PSTU E PSOL, A ESQUERDA QUE O GOLPISMO IMPERIALISTA GOSTA
Por sua vez, partidos como o PSOL e PSTU se dizem
socialistas e revolucionários, mas, criminosamente, apoiam os golpes do
imperialismo ou seus agentes. São dois partidos organicamente pequeno burgueses voltados a capitalizar eleitoralmente o voto da classe média reacionária. O PSTU e correntes do PSOL (MES, CST) apoiam os
mercenários da CIA, na Líbia e na Síria e em Cuba (Yoany Sanchez). O principal
parceiro internacional da Conlutas é a ONG Batay Ovriere haitiana (organização
financiada pelo NED dos EUA, instiuição golpista vinculada a CIA). Os dois
partidos apresentam como “revoluções populares” aos golpes de Estado
pró-imperialistas, mesmo quando os golpes são liderados por sangrentas
ditaduras militares (Egito) ou por neonazistas declarados (Ucrânia). Não por
acaso, estes dois partidos que atuam claramente como caixa de ressonância do
golpismo imperialista mundo afora vem boicotando a luta antigolpista no Brasil
e atacando aos setores antigolpistas como os Black Blocs (PSTU) ou defendendo
mais intervenção policial e militar nos bairros proletários, as UPPs (PSOL).
PELA DISSOLUÇÃO DA POLÍCIA!
A atualidade do combate dos nossos heróis assassinados pela
ditadura está primeiramente na luta contra o golpismo e pelo socialismo, mas
também no fim da anistia para os torturadores de ontem e de hoje e seus
mandantes, expropriando ao conjunto dos empresários e a mídia que enriqueceram
graças a repressão. Nos setores da economia onde se explora diretamente a mais
valia, fábricas, parte de empresas privadas, Petrobrás, é onde o capital exerce
sua ditadura de forma mais draconiana. É preciso liquidar toda a máquina de
guerra da burguesia contra o proletariado, a que segue torturando e matando a
população trabalhadora, como fez com Amarildo e Cláudia.
O aparato repressivo não foi desmontado na democracia, foi
aprimorado nos últimos 40 anos e sua principal expressão é a Polícia Militar,
seus esquadrões de elite e seus grupos de extermínio. As polícias brasileiras,
as mais assassinas do planeta, matam mais que cinco pessoas por dia, o que
significa mais de 1800 pessoas por ano, ou quase 40 mil em 20 anos. Também nos
últimos 20 anos, a população carcerária aumentou 400%, fazendo do Brasil o de
maior número de presos em relação a sua população. Tudo isso comprova que
vivemos uma ditadura do capital cada vez mais repressiva e assassina durante a
atual democracia burguesa. O aparato repressivo foi sofisticado com as novas
tecnologias bélicas e de comunicação e altos investimentos estatais. Por tudo
isso não devemos nos contentar com uma luta meramente pela desmilitarização
desta máquina mortífera, é preciso dissolvê-la incondicionalmente!
Somente um governo direto dos trabalhadores poderá executar
de forma consequente as reformas de base, liquidar com o latifúndio, as
oligarquias regionais, o parasitismo das multinacionais, do capital fiananceiro,
do imperialismo que controlam o Brasil, e sob seus escombros edificar um país
verdadeiramente livre dentro Federação de Repúblicas Socialistas das Américas.
Este é o mais digno modo de honrarmos a memória dos que
tombaram na ditadura, lutando contra o golpismo por direitos civis e
democráticos e simultaneamente também lutando pelo estabelecimento de um
governo operário e dos trabalhadores, pela ditadura revolucionária do
proletariado, a verdadeira democracia operária.