Metalúrgicos da CAF entram em greve apontando o caminho da
luta contra as demissões!
Folha do Trabalhador # 19 - fevereiro de 2013
A CAF (Construcciones y Auxiliar de Ferrocarriles),
multinacional europeia construtora de trens, quer super-explorar seus operários
no Brasil. Em 2012 a empresa tentou impor a suspensão temporária dos contratos
de trabalho na matriz de Beasain (no País Basco, norte da Espanha) mas
encontrou uma dura resistência grevista dos metalúrgicos na planta.
Mas, se na Espanha a empresa justifica o ataque em virtude
da recessão, no Brasil, a CAF não possui nem esta desculpa para o aumento de sua
ganância às custas de nosso suor, pois anda nadando de braçada com fabulosos
contratos Estatais, como o de fornecimento de 60 “carros” (15 trens) para o
metrô de Recife. Se nossos irmãos operários bascos não engoliram estas
desculpas esfarrapadas da empresa, nós menos ainda engoliremos!
A verdade é que a multinacional anda cobrando da filial o
envio de mais lucros para a matriz. Por isto, em Hortolândia, a CAF vem pressionando
os operários para acelerarem a produção e aumentarem a jornada enquanto demite
trabalhadores com a finalidade de contratar novos pagando menos da metade do
que paga aos atuais.
PRESSÃO PELO AUMENTO DOS RITMOS DE PRODUÇÃO
Desde o inicio de janeiro há uma tensão para alcançar o
limite máximo da produção da fábrica, também conhecido como Nível de Utilização
da Capacidade Instalada (NUCI) [1]. Em todo país, este limite subiu para 84,4%
entre o último mês de 2012 e o primeiro de 2013, o maior nível desde fevereiro
de 2011 [2]. Os trabalhadores sentiram a pressão dos chefetes pelo aumento daprodução, fazer horas extras e trabalhar nos sábados, visando acumular estoqueno primeiro trimestre do ano precavendo-se para enfrentar as lutas por PLR,campanha salarial, etc. (Folha do Trabalhador #18).
Esta pressão e este assédio moral vêm provocando uma
situação que aumenta enormemente os riscos de acidente. Mas, apesar
disto, os chefetes tentam "acorrentar os cipeiros ao trem", impedindo que façam
seu trabalho de prevenção e pondo em perigo as próprias condições de vida da
peãozada.
DEMISSÕES EM MASSA
Mas o ataque apenas começou com o aumento dos ritmos de produção de janeiro.
O objetivo da empresa é aumentar a produção barateando a mão-de-obra. Por isto,
quer demitir operários que ganham em média 2.800 reais para recontratar outros
por 1.300 reais, ou seja, quer pagar menos da metade do que paga hoje.
Os metalúrgicos da CAF possuem um imenso orgulho de suas lutas vitoriosas, sendo uma das poucas fábricas do país a realizar 7 greves nos 3 últimos anos, conquistando por exemplo o reajuste salarial de 5,17% a cada 6 meses.
Os metalúrgicos da CAF possuem um imenso orgulho de suas lutas vitoriosas, sendo uma das poucas fábricas do país a realizar 7 greves nos 3 últimos anos, conquistando por exemplo o reajuste salarial de 5,17% a cada 6 meses.
No dia 08/02, às vésperas do carnaval, a empresa
chamou os representantes sindicais para uma reunião em um hotel de luxo e, ao
mesmo tempo, sorrateiramente, o RH deu inicio a uma demissão em massa. Quando a
CAF mandou embora 36 metalúrgicos foi gota d´água para todos que sentiam o
chicote estalar na pele com mais força desde o início do ano. A companheirada
paralisou a produção e saiu da empresa em solidariedade aos demitidos. Na
assembleia da quarta feira de cinzas, 13/02, a decisão foi entrar em
Greve pela reintegração dos demitidos, contra o anúncio de mais demissões e
pela estabilidade no emprego [3].
Os operários da CAF precisam de toda a estrutura do
sindicato (Intersindical/ASS), dos dirigentes sindicais liberados e da mais ampla solidariedade do
conjunto das organizações de massa e de vanguarda dos trabalhadores em favor de
sua vitória. Não existe outra saída, só a utilização dos métodos que fazem a
classe mostrar sua força numérica e seu poder de parar a produção pode derrotar os
patrões.
Se as demissões não forem revertidas, perdemos todos. Pagarão
com o emprego os demitidos e com muito mais infernais ritmos de produção e
chicotadas os que ficarem. Chega de escravidão para incrementar a remessa de
lucros da CAF para o imperialismo espanhol! Derrotar as demissões hoje para
seguir a luta pelo controle da produção por todos os operários! Greve até a
vitória!
Notas:
[1] Capacidade instalada da indústria pode ser traduzida
como o limite da produção ou a capacidade máxima de produção de uma fábrica. É
a quantidade de unidades de produto que as máquinas e equipamentos instalados
são capazes de produzir. O nível de utilização da capacidade instalada é dado
pela relação entre o volume efetivamente produzido pela indústria (ou unidade
industrial) e o que poderia ser produzido – se o equipamento estivesse operando
a plena capacidade. Em outros termos, a diferença entre o volume efetivamente
produzido e aquele que poderia se produzido se houvesse plena utilização da
capacidade instalada, corresponde à capacidade ociosa.
[2]
http://www.valor.com.br/brasil/2987950/producao-industrial-deve-crescer-no-primeiro-trimestre-preve-fgv
[3] mesmo pelas leis trabalhistas burguesas os trabalhadores
podem entrar em greve sem comunicar previamente aos patrões quando há demissão
em massa