Leon
Trotsky, 20
de fevereiro de 1938
Ao completarem-se 75 anos do assassinato de Leon Sedov (24/02/1906 - 16/02/1938), envenenado por agentes stalinistas em um Hospital russo em Paris, a Liga Comunista traduz para o português a obra “Leon Sedov: Son, friend, fighter – dedicated to the proletarian youth” (Writings of Leon Trotsky, 1938-1939, Merit Publisieres, ) escrito por Trotsky após perder mais do que um filho e amigo, mas sobretudo o quadro mais importante da luta pela IV Internacional.
Ao resumir o período de colaboração com Sedov, Trotsky escreveu:
"Esta colaboração só foi possível porque a nossa solidariedade ideológica passou a fazer parte de nosso sangue e de nossa medula: o nome do meu filho tem o legítimo direito de ser posto ao lado do meu em quase todos os livros que escrevi a partir de 1928." (Leon Sedov - filho, amigo, lutador - dedicado a juventude proletária, por Leon Trotsky).
De julho de 1929 até o dia de seu assassinato, Sedov foi editor do Boletim da Oposição russa, o único órgão do genuíno bolchevismo russo desde a morte de Lênin (1924). Acompanhou Trotsky em seu exílio em Alma Ata (Cazaquistão) e Prinkipo (Turquia). Sedov, possuía um talento excepcional e estatura independente, subordinado-se abnegadamente as tarefas que lhe cabiam. Escreveu pouco, não porque lhe faltasse capacidade ou talento, mas por que lhe sobrecarregavam outras tarefas políticas para as quais ele foi imprescindível. Todavia, os poucos escritos de Sedov estão entre os mais valiosas obras do movimento trotskista. Além de seus artigos assinados como N. Markin em 1930 e 1931 como: “A dissolução do Partido Comunista dentro da Classe; A perseguição da oposição bolchevique russa; A Vida dos exilados e presos da oposição russa; Oposicionistas russos em greve de fome!; Sedov escreveu a primeira denúncia pública dos crimes e falsificações stalinistas: “O Livro Vermelho – Sobre os processos de Moscou”. Nos últimos dois anos de sua vida Sedov passou a trabalhar entre Berlim e Paris. Ele conseguiu permanecer na Alemanha ainda por várias semanas mesmo sob a perseguição nazista após a chegada de Hitler ao poder. Em Paris, ele trabalhou sob a vigilância contínua da GPU. Os criminosos e traidores do Kremlin nunca subestimaram o papel e a importância de Leon Sedov. Stalin não poupou esforços para manchar seu nome. Os espiões e assassinos da GPU (agencia de espionagem da URSS, precussora da KGB) buscavam seguir cada passo seu. Eles colocaram armadilha após armadilha para matá-lo. Nos infames Processos de Moscou, o nome de Sedov, invariavelmente aparecia lado a lado com o de Leon Trotsky. Os "juízes" de Stalin condenaram aos dois à morte à revelia. Os assassinos de Stalin finalmente cumpriram a sentença executando a Sedov em 1938 e a Trotsky em 1940.
Sedov morreu na flor de sua maturidade revolucionária, privando-o da oportunidade de jogar o grande papel que ele estava destinado a assumir nas batalhas decisivas da 2ª geração da IV Internacional que viria a ser destruída pelos epígonos a partir do III Congresso. Seu nome, sua memória e a grande tradição que simboliza permanecem indelevelmente inscrito na bandeira imaculada da Quarta Internacional que ele fez muito para construir.
<<Enquanto escrevo estas linhas, com a mãe de Leon Sedov ao meu lado, continuam chegando de vários países continuar telegramas de condolências. E para nós cada telegrama levanta a mesma questão aterradora: "É possível aos nossos amigos na França, Holanda, Inglaterra, EUA, Canadá, África do Sul e aqui no México aceitar como consumado o fato de que Sedov já não exista mais?" Cada telegrama é mais um novo sinal de que ele morreu, mas ainda não consigo acreditar. E não apenas porque era o nosso filho, fiel, dedicado, amoroso, mas, acima de todas as coisas, porque ele, mais do que ninguém na terra, tornou-se parte da nossa vida, entrelaçada com todas as suas raízes, o nosso camarada defensor, nosso parceiro, nosso guardião, nosso conselheiro, nosso amigo.
Ao resumir o período de colaboração com Sedov, Trotsky escreveu:
"Esta colaboração só foi possível porque a nossa solidariedade ideológica passou a fazer parte de nosso sangue e de nossa medula: o nome do meu filho tem o legítimo direito de ser posto ao lado do meu em quase todos os livros que escrevi a partir de 1928." (Leon Sedov - filho, amigo, lutador - dedicado a juventude proletária, por Leon Trotsky).
De julho de 1929 até o dia de seu assassinato, Sedov foi editor do Boletim da Oposição russa, o único órgão do genuíno bolchevismo russo desde a morte de Lênin (1924). Acompanhou Trotsky em seu exílio em Alma Ata (Cazaquistão) e Prinkipo (Turquia). Sedov, possuía um talento excepcional e estatura independente, subordinado-se abnegadamente as tarefas que lhe cabiam. Escreveu pouco, não porque lhe faltasse capacidade ou talento, mas por que lhe sobrecarregavam outras tarefas políticas para as quais ele foi imprescindível. Todavia, os poucos escritos de Sedov estão entre os mais valiosas obras do movimento trotskista. Além de seus artigos assinados como N. Markin em 1930 e 1931 como: “A dissolução do Partido Comunista dentro da Classe; A perseguição da oposição bolchevique russa; A Vida dos exilados e presos da oposição russa; Oposicionistas russos em greve de fome!; Sedov escreveu a primeira denúncia pública dos crimes e falsificações stalinistas: “O Livro Vermelho – Sobre os processos de Moscou”. Nos últimos dois anos de sua vida Sedov passou a trabalhar entre Berlim e Paris. Ele conseguiu permanecer na Alemanha ainda por várias semanas mesmo sob a perseguição nazista após a chegada de Hitler ao poder. Em Paris, ele trabalhou sob a vigilância contínua da GPU. Os criminosos e traidores do Kremlin nunca subestimaram o papel e a importância de Leon Sedov. Stalin não poupou esforços para manchar seu nome. Os espiões e assassinos da GPU (agencia de espionagem da URSS, precussora da KGB) buscavam seguir cada passo seu. Eles colocaram armadilha após armadilha para matá-lo. Nos infames Processos de Moscou, o nome de Sedov, invariavelmente aparecia lado a lado com o de Leon Trotsky. Os "juízes" de Stalin condenaram aos dois à morte à revelia. Os assassinos de Stalin finalmente cumpriram a sentença executando a Sedov em 1938 e a Trotsky em 1940.
Sedov morreu na flor de sua maturidade revolucionária, privando-o da oportunidade de jogar o grande papel que ele estava destinado a assumir nas batalhas decisivas da 2ª geração da IV Internacional que viria a ser destruída pelos epígonos a partir do III Congresso. Seu nome, sua memória e a grande tradição que simboliza permanecem indelevelmente inscrito na bandeira imaculada da Quarta Internacional que ele fez muito para construir.
<<Enquanto escrevo estas linhas, com a mãe de Leon Sedov ao meu lado, continuam chegando de vários países continuar telegramas de condolências. E para nós cada telegrama levanta a mesma questão aterradora: "É possível aos nossos amigos na França, Holanda, Inglaterra, EUA, Canadá, África do Sul e aqui no México aceitar como consumado o fato de que Sedov já não exista mais?" Cada telegrama é mais um novo sinal de que ele morreu, mas ainda não consigo acreditar. E não apenas porque era o nosso filho, fiel, dedicado, amoroso, mas, acima de todas as coisas, porque ele, mais do que ninguém na terra, tornou-se parte da nossa vida, entrelaçada com todas as suas raízes, o nosso camarada defensor, nosso parceiro, nosso guardião, nosso conselheiro, nosso amigo.
Daquela
geração mais antiga, cujas fileiras entramos no final do século passado na
estrada para a revolução, todos, sem exceção, foram varridos da face da terra.
Aqueles que sobreviveram das sentenças de trabalhos forçados, dos duros
exílios, as penúrias da emigração, da guerra civil e da peste, tem encontrado em
Stalin o flagelo pior flagelo da revolução. Depois de ter destruído a geração
mais velha, também destruiu a melhor parte da seguinte, ou seja, a geração que despertou
em 1917 e esteve na linha de frente em um dos 24 exércitos da frente
revolucionária. Espezinhou e também massacrou os melhores jovens contemporâneos
de Leon. Ele próprio sobreviveu por um milagre, porque nos acompanhou no
exílio, seguindo também para a Turquia. Durante a nossa última emigração fizemos
novos amigos, muitos dos quais entraram intimamente em nossas vidas,
tornando-se efetivamente membros de nossa família. Mas todos eles entraram em
contato conosco pela primeira vez nos últimos anos, quando já caminhávamos para
a velhice. Leon era o único que nos conheceu quando ainda éramos jovens, ele fez
parte de nossas vidas desde o primeiro momento do seu nascimento. Apesar de sua
juventude, parecia ser nosso contemporâneo. Junto conosco passou por nossa segunda
emigração: Viena, Zurique, Paris, Barcelona, Nova York, Amherst (um campo de
concentração no Canadá) e, finalmente, em Petrogrado.
Informes
recentes dizem que Leon Sedov vivia em Paris "sob condições modestas"
(muito mais modestas, permitam-me acrescentar, que as de um trabalhador
qualificado). Mesmo em Moscou, nos anos em que seu pai e sua mãe ocupavam altos
postos do governo soviético, ele não vivia em condições melhores, mas piores do
que nos últimos anos, em Paris. Era esta a regra entre os jovens da burocracia?
De jeito nenhum. Mesmo aí, ele foi uma exceção. Nesta criança que caminhava
para a puberdade e adolescência, o sentido de dever despertou precocemente.
Em
1923, Leon se jogou com afinco no trabalho da Oposição. Seria muito equivocado
ver isso como nada mais do que influência dos pais. Afinal, quando ele deixou o
apartamento confortável no Kremlin para ir para um quarto frio, escuro, onde se
passava fome, ele o fez contra a nossa vontade, embora não ofereçamos resistência
a este sua decisão. O mesmo instinto que o obrigou a escolher o ônibus lotados anti
os carros de luxo do Kremlin, determinou a sua orientação política. A
plataforma da Oposição simplesmente deu expressão política a estes traços inerentes
ao seu caráter. Leon rompeu completamente com aqueles seus colegas cujos pais burocratas
violentamente romperam com o "trotskismo" para se reunir com os seus
amigos padeiros. Então, aos 17 anos, começou sua vida revolucionária
inteiramente consciente. Ele rapidamente se dedicou a arte do trabalho
conspirativo, reuniões ilegais, publicação e distribuição de documentos
secretos da Oposição. Rapidamente o Komsomol desenvolveu seus próprios quadros
da Oposição.
Leon
tinha um grande talento para a matemática. Ele nunca se cansou de ajudar a muitos
trabalhadores-estudantes que nunca frequentaram a escola secundária. Ele se
dedicou a esse trabalho com toda a sua energia, incentivando, orientando, estimulando-os
contra a preguiça, o jovem mestre sentiu este trabalho como um serviço a sua
classe. Seus próprios estudos na Academia Técnica Superior foram realizados com
muito sucesso. Mas estes estudos não ocupavam muito sua jornada. A maior parte de
seu tempo, sua força e seu espírito eram dedicados à causa da revolução.
Notas:
[1] “Leon Sedov: filho, amigo, lutador – [Escrito] dedicado
à juventude proletária”, foi publicado pela Liga da Juventude Socialista
(Quarta-Internacionalista), em março de 1938.
[2] A Revolução de Fevereiro na Rússia, em 1917, derrubou o
czar e estabeleceu o Governo Provisório burguês, que se manteve no poder até a
Revolução de Outubro quando foi estabelecido o Governo Soviético, sob a
liderança dos bolcheviques.