dO Bolchevique #4
A guerra civil na Líbia tem provocado um debate mundial na esquerda. Em outro artigo sob o nome de "SU, CMI, L5I, LIT, PO, FT, FLTI: finalmente as ‘internacionais’ revisionistas se reunificam em Bengasi" estabelecemos uma polêmica com várias correntes internacionais e nacionais sobre a questão. A maioria das correntes faz uma dupla contabilidade de simultaneamente rechaçar a intervenção imperialista e reivindicar politicamente as manifestações anti-Gadafi, cuja "defesa" é a justificativa do imperialismo para invadir o país.
Nas linhas seguintes, trataremos de demonstrar o caráter da tal oposição, comprovando que este fenômeno "popular" pró-imperialista não é novo na história contemporânea. Na forma elaborada como ele se apresenta, está presente pelo menos desde o segundo pós-guerra, no início da Guerra Fria. Demonstraremos que, como é uma criatura do imperialismo, a insurgência libia não só é reacionária desde sua gênese, como reacionária de todos os pontos de vista.
Os revolucionários não tomam o lado político de Gadafi e menos ainda da oposição burguesa fantoche do imperialismo, mas reivindicam uma frente única militar com Gadafi, o Exército e os trabalhadores líbios contra os agentes internos (CNT) do imperialismo que pavimentaram o caminho da ofensiva militar externa (OTAN).
OS "REBELDES" NÃO NASCERAM ONTEM
Em um artigo de primeira página, o New York Times (TNYT), descreveu a diferença entre a Líbia e as demais lutas que eclodiram em todo o mundo árabe. "Diferentemente das rebeliões juvenis possibilitadas pelo Facebook, a insurreição neste caso foi dirigida por gente mais madura e que se opunha ativamente ao regime há certo tempo". O artigo descreve o contrabando de armas através da fronteira egípcia durante semanas, permitindo que a rebelião "escale rápida e violentamente em pouco mais de uma semana". (25/02/2011).
O grupo opositor que é mais citado é a Frente Nacional pela Salvação da Líbia (NFSL por sua sigla em inglês). A NFSL foi fundada em 1981, e é uma organização financiada pela CIA, com escritórios em Washington. Seu braço militar é o chamado Exército Nacional Líbio, cuja base de operações é no Egito, perto da fronteira líbia.
Em cima de carros de luxo novos, "rebeldes" monarquistas assistem a chegada de lança-foguetes,
a ‘ajuda’ imperialista para assassinarem a população de seu próprio país (Ajdabiyah, 7/04/2011)
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Também é amplamente citada pelo TNYT a Conferência Nacional da Oposição Líbia, uma coalizão formada pela NFSL que também inclui a União Constitucional Líbia (LCU), dirigida por Muhamad as-Senussi, pretendente ao trono líbio. O site da LCU na internet chama o povo líbio a reiterar um juramento de lealdade ao rei Idris el-Senussi como líder histórico do povo líbio. A bandeira utilizada pela coalizão é a do antigo Reino da Líbia.
"O NFSL reivindicou a responsabilidade pelo ousado ataque contra a residência de Gadafi em Bab al Aziziyah em 08 de maio de 1984. Embora a tentativa de golpe tenha fracassado, Kadafi escapou incólume e grupos dissidentes afirmaram que alguns libaneses, cubanos gusanos e alemães orientais morreram. Segundo várias fontes, a CIA treinou e apoiou o NFSL antes e depois da operação de 08 de maio." ("LÍBIA: um estudo do país", Federal Research Division da Biblioteca do Congresso dos EUA).
Evidentemente esses agentes da CIA e os antigos monarquistas são política e socialmente diferentes da juventude privada de direitos e dos trabalhadores que ocuparam praças e fizeram greves contra os ditadores respaldados pelos EUA no Egito e na Tunísia e que hoje se manifestam no Bahrein, no Iêmen e Omã.
Segundo o artigo do Times, foi a ala militar da NFSL que, utilizando armas contrabandeadas, capturou rapidamente postos policiais e militares na cidade portuária mediterrânea de Bengasi e em áreas próximas ao norte dos campos petrolíferos mais ricos da Líbia, onde se encontram a maioria de seus gasodutos e oleodutos, as refinarias e seu porto de gás natural liquefeito. Essa área, agora controlada pelo imperialismo mas eufemisticamente apontada pela grande imprensa e seus papagaios como "tomada pelos rebeldes", inclui quase 80% das instalações petrolíferas da Líbia.
O Conselho Nacional Líbio nomeou como comandante de suas operações militares o agente da CIA Hifter Jalifa, um desertor do Exército líbio que há 20 anos mora em Virgínia, na periferia de Washignton DC, a oito quilômetros da sede da CIA em Langley, segundo informam a rede de TV Al Jazeera (14/03), o Daily Mail (19/03) e o site especializado em assuntos ligados a CIA, McClatchy Newspapers. O Washington Post (26/03/1996), descreve uma rebelião armada contra Gadafi na Líbia e cita Hifter como "o coronel, de um grupo ao estilo dos CONTRAS apoiados pelos Estados Unidos denominado Exército Nacional Líbio". Os CONTRA-REVOLUCIONÁRIOS foram forças terroristas financiadas e armadas pelo governo dos EUA na década de 1980 contra o governo sandinista da Nicarágua.
"REVOLUCIONÁRIOS" CUJA VITÓRIA DEPENDE INTEIRAMENTE DA AÇÃO DO IMPERIALISMO
"Dezenas de forças especiais da CIA e do SAS têm andado a treinar, a aconselhar e a apontar alvos para os chamados ‘rebeldes’ líbios empenhados numa guerra civil contra o governo de Gadafi, as suas forças armadas, as milícias populares e os apoiantes civis" (NY Times 30/03/11). Apesar de contar com o apoio de uma coalizão militar composta por duas dezenas de países, e com o maior aparato bélico da história da humanidade, os rebeldes vêm perdendo terreno dia após dia. O Los Angeles Times (31/Março/2011) descreveu como "muitos rebeldes em caminhões com metralhadoras deram meia-volta e fugiram (…) apesar de suas metralhadoras pesadas e espingardas antiaéreas serem parecidas com qualquer veículo governamental semelhante". Certamente que nenhuma força "insurgente" na história recebeu um apoio militar tão poderoso, de tantas potências imperialistas na sua confrontação com um regime instituído. Mesmo assim, as forças ‘rebeldes’ que inicialmente conquistaram algumas cidades ao oeste de Bengasi encontram-se agora em plena retirada, fugindo desordenadamente. Confiantes na vitória, os dirigentes do CNT não querem arriscar-se no front. Mortos, não substituirão Gadafi e menos ainda desenvolverão uma promissora carreira política como a dos atuais títeres postos para governar Bagdá, Cabul e Porto Príncipe. Preferem travar a batalha assistindo a reuniões de cúpulas imperialistas como a que recentemente ocorreu em Londres sobre a Libia, onde a ‘estratégia de libertação’ de seu país consiste basicamente no apelo, fartamente registrado pela mídia mundial, para que as tropas invasoras bombardeiem seu próprio país e, não sendo este método suficiente para derrotar Gadafi, que invadam por terra a Líbia.
Como corretamente compara James Petras: "A principal diferença entre a capacidade militar das forças líbias pró-governo e os ‘rebeldes’ líbios apoiados por imperialistas ocidentais e por ‘progressistas’, reside na sua motivação, nos seus valores e nas suas compensações materiais. A intervenção imperialista ocidental exaltou a consciência nacional do povo líbio, que encara agora a sua confrontação com os ‘rebeldes’ anti-Kadafi como uma luta para defender a sua pátria do poderio estrangeiro aéreo e marítimo e das tropas terrestres fantoches – um poderoso incentivo para qualquer povo ou exército. O oposto também é verdadeiro para os ‘rebeldes’, cujos líderes abdicaram da sua identidade nacional e dependem inteiramente da intervenção militar imperialista para os levar ao poder. Que soldados rasos ‘rebeldes’ vão arriscar a vida, a lutar contra os seus compatriotas, só para colocar o seu país sob o domínio imperialista ou neo-colonialista? Finalmente, as notícias dos jornalistas ocidentais começam a falar das milícias pró-governo das aldeias e cidades que repelem esses ‘rebeldes’ e até relatam como ‘um automóvel cheio de mulheres (líbias) surgiu repentinamente (de uma aldeia) … e elas começaram a fingir que aplaudiam e apoiavam os rebeldes…’ atraindo os rebeldes apoiados pelo ocidente para uma emboscada mortal montada pelos seus maridos e vizinhos pró-governo (Globe and Mail, 28/03/11 e McClatchy News Service, 29/03/11). Há vários relatos de órgãos da mídia imperialista insuspeitos de apoiarem o regime de Gadafi que apontam a unidade da população com o Exército líbio. "Em algumas cidades e vilas, os moradores se voltaram contra os rebeldes e lutaram ao lado das tropas governistas" (Independent, 31 de Março). Este foi o caso na cidade de Al Aghayla.
O moral das tropas pró-imperialistas é completamente distinto do daqueles que lutam contra os invasores e os traidores. As forças pró-governo mantiveram o controle da cidade de Ajdabiya por oito dias, mesmo quando estavam sendo bombardeados por mísseis da OTAN. Mas, sob condições extremamente desproporcionais de luta fizeram uma retirada ordenada para fora da cidade, se reagruparam e contra-atacaram, rapidamente recuperar o terreno perdido. Por sua vez, os ‘rebeldes’ que passam a maior parte de seu tempo fazendo pose em cima de tanques bombardeados pela OTAN e disparando à toa suas armas com farta munição, costumam bater em retirada desesperada e dispersamente com a chegada do exército regular líbio. Vale observar, como na foto que publicamos da fuga de rebeldes de Ras Lanuf em 30 de março, o tipo e a marca dos carros que os revisionistas apontam como sendo de "milícias operárias".
"A incapacidade de os ‘rebeldes’ avançarem, apesar do apoio maciço do poder imperialista aéreo e marítimo, significa que a ‘coligação’ EUA-França-Inglaterra terá que reforçar a sua intervenção, para além de enviar forças especiais, conselheiros e equipes assassinas da CIA. Perante o objetivo declarado de Obama-Clinton quanto à ‘mudança de regime’, não haverá outra hipótese senão introduzir tropas imperialistas, enviar carregamentos em grande escala de caminhões e tanques blindados e aumentar a utilização de munições de urânio empobrecido, profundamente destrutivas." (Obama e a defesa da "rebelião", James Petras, 04/04/2011).
"O ‘primeiro presidente negro’ de Washington ganhará a infâmia da história como o presidente americano responsável pelo massacre de centenas de líbios negros e da expulsão em massa de milhões de trabalhadores africanos subsaarianos que trabalham para o atual regime" (Globe and Mail, 28/03/11).
"REBELDES" RACISTAS, XENÓFOBOS E ANTIOPERÁRIOS
Os ‘rebeldes’ têm se destacado pela perseguição aos trabalhadores estrangeiros e em especial aos operários negros das indústrias petrolíferas da Líbia. Os imigrantes negros, provenientes das regiões subsaarianas, têm sido sequestrados ou sumariamente executados. Como descreve em detalhes o Somaliland press:
"Na Líbia, a leste, a caçada aos negros africanos teve início quando as cidades passaram ao controle dos rebeldes. Eles começaram a deter, insultar, violar e até mesmo executar imigrantes negros, estudantes e refugiados. Nas últimas duas semanas, mais de 100 africanos de vários estados subsaarianos foram mortos por rebeldes da Líbia. De acordo com refugiados somalis na Líbia, pelo menos cinco somalis da Somalilândia e da Somália foram executados em Trípoli e Bengasi por multidões anti-Gadafi. Dezenas de refugiados e trabalhadores imigrantes da Etiópia, Eritreia, Gana, Nigéria, Chade, Mali e Níger, foram mortos, e alguns deles foram levados para o deserto e esfaqueados até a morte. Homens negros que estavam recebendo cuidados médicos em hospitais de Bengasi foram raptados de seus leitos por rebeldes armados. Mais de 200 imigrantes africanos foram sequestrados e estão em locais secretos mantidos pelos rebeldes. Em muitas disputas envolvendo os moradores da Líbia e negros africanos, os líbios estão acusando os africanos de mercenários.
Milhares de africanos acusados nesta histeria como mercenários estão aterrorizados. Alguns trancaram-se nas suas casas, enquanto outros se esconderam no deserto. Insultados, ameaçados, espancados, perseguidos e assaltados. O seu único crime foi ser negro e, por isso, são tratados como ‘mercenários’ de Gadafi.
Mohamed Abdillahi, da Somália, 25, estava dormindo em sua casa em Zouara, quando a multidão chegou. ‘Eles bateram na porta em torno de 1:00 da manhã e nos mandaram sair dizendo: vamos matá-los, são negros, estrangeiros, claro.’
Os depoimentos são muito semelhantes entre os milhares de africanos que viram o lado feio da Líbia nas últimas semanas. ‘Eles nos atacaram, eles levaram tudo de nós’, disse Ali Farah, trabalhador somali de 29 anos. ‘Eles queriam matar civis, eles bateram muito em nós. Para mim, eles são animais ", diz Jamal Hussein, 25 anos, trabalhador sudanês".
“Rebeldes” prendem um jovem negro estrangeiro entre as cidades de Brega e Ras Lanuf (Reuters / G.Tomasevic) http://somalilandpress.com/libya-rebels-execute-black-immigrants-while-forces-kidnap-others-20586 |
Por trás do combate aos "mercenários de Gadafi" se escondeu um cruel massacre de trabalhadores negros realizados pelos "rebeldes". Novamente um simples Google teria revelado as mentiras por trás da propaganda. Segundo a imprensa da Somalilândia em 27 de março, um motorista de ônibus da Somália cujo primo era engenheiro nos campos de petróleo na Líbia, relatou que o parente, sua esposa e dois filhos foram assassinados pelos ‘rebeldes’ xenófobos e conlui: "Gadafi é um bastardo, mas essas pessoas devem ser derrotadas. Eu não tenho nenhuma hesitação em apoiar Gadafi contra eles." http://www.cpgb.org.uk/article.php?article_id=1004340.
Como explicamos em nossa declaração internacional com o SF britânico e o RMG sul africano "os agentes nativos do imperialismo são meros abre-alas para a intervenção multinacional no país. São racistas e xenófobos, inimigos da classe operária negra africana que trabalha na Líbia. Em nome da caçada aos "mercenários de Gadafi", perseguem os negros para de fato desvalorizar ainda mais a força de trabalho no país, preparando-a para a superexploração da nova era de extrema rapina imperialista." (Declaração LC-SF-RMG sobre Líbia, 21/04/2011).
OS CRIMES DOS EUA E DA UE NA LÍBIA
Os Estados Unidos e seus aliados imperialistas estão repetindo na Líbia os crimes contra a humanidade que já cometeram na ex-Iugoslávia, no Iraque e no Afeganistão. A agressão ao povo líbio é diferente das outras apenas no discurso, que no caso da líbia ultrapassa os limites da mentira. A encenação, sustentada por calúnias e hipocrisia, faz lembrar os nazistas em suas campanhas que precederam a anexação da Áustria e as invasões da Tchecoslováquia e Polônia da década de 30 do século passado.
Michel Chossudovsky, James Petras e outros escritores progressistas, têm revelado em seus sugestivos artigos - citando fontes fidedignas – que a rebelião de Bengasi foi engendrada com grande antecedência, e alertaram que os serviços de inteligência dos EUA e Reino Unido (Inglaterra) cumpriram papel decisivo na conspiração iniciada pelos rebeldes monarquistas, tidos como "revolucionários" por grande parte da esquerda, dos reformistas aos pseudotrotskistas.
A intervenção militar na Líbia já tinha sido elaborada pelo Pentágono antes das primeiras manifestações em Bengasi, quando nesta cidade foram hasteadas as bandeiras da monarquia fantoche do rei Idris, criada pelo Imperialismo britânico após a expulsão dos italianos. Estas informações estão descritas em documentos (ver correspondência diplomática divulgada pela Wikileaks) que agora começam a se tornar públicos em sites alternativos.
Os discursos do imperialismo visando a encontrar respaldo para as agressões ao povo líbio e montados a partir de uma enorme campanha de desinformação da grande mídia ocidental, têm se empenhado na defesa e propaganda da intervenção militar. Essa propaganda está sendo facilmente desmascarada, diariamente. Hoje não é mais possível desmentir que o texto da resolução do Conselho de Segurança da ONU – aprovado com a abstenção cúmplice e criminosa da China e da Rússia – foi violado pelos agressores imperialistas dos EUA e União Européia.
Os ataques aéreos, que não estavam previstos, foram desencadeados por aviões franceses e por navios de guerra dos EUA e Reino Unido, que dispararam mais de 100 mísseis Tomahwac sobre diversos alvos. Os governos dos EUA, Reino Unido, França e Itália afirmam que a intervenção é humanitária e para proteger as populações civis, e que os "danos colaterais" são mínimos. Esses senhores mentem descaradamente.
As chamadas "bombas inteligentes" têm atingido com precisão depósitos de combustíveis, produtos tóxicos, pontes, portos, edifícios públicos, quartéis, fábricas, centrais elétricas, sedes de televisão e jornais. Reduziram a escombros a residência de Muamar Gadafi. O objetivo claro dessas ações foi a destruição da infra-estrutura produtiva da Líbia e de sua rede de comunicações.
Outro objetivo prioritário foi lançar o temor na população civil das áreas bombardeadas. Os porta-vozes do Pentágono, como o secretário da defesa dos EUA Robert Gates, afirmam que a coalizão imperialista não se desviou de seus objetivos "humanitários" e garantem que as baixas entre os civis têm sido mínimas, inexistindo no caso dos bombardeios "cirúrgicos".
Essas afirmações são desmentidas por órgãos de imprensa árabes e ocidentais. Segundo a Al Jazeera, o "bombardeamento humanitário" de Adhjebabya, foi na verdade uma "matança sanguinária executada com requintes de crueldade". Vários jornalistas têm usado a palavra "tragédia" para descrever as cenas que têm presenciado em bairros residenciais em Trípoli.
Os comandantes das forças armadas ianques e britânicas continuam afirmando que somente instalações militares têm sido atingidas. Essas afirmações se constituem em grosseiras falsificações. Os bombardeios a hospitais de Trípoli e clínicas de Ain Zara, transformados em ruínas, são o espelho do "bombardeio humanitário" da OTAN. Jornalistas que estiveram em Ain Zara e falaram com sobreviventes, afirmam que nesta localidade não havia nem soldados, nem armas, e muito menos carros blindados.
Essas atrocidades cometidas por Barack Obama, David Cameron, pelo fascista Berlusconi e pelo direitista Sarcozy, todas apoiadas incondicionalmente pelos rebeldes "revolucionários", racistas, xenófobos e ultradireitistas líbios, são o prenúncio de prováveis novas ações militares do imperialismo contra a Síria, o Irã, e contra os Estados Operários Norte-coreano e Cubano.
Em resumo, essa intervenção "humanitária" do imperialismo norte-americano e europeu, apoiada internamente pelos rebeldes anti-Gadafi organizados pela CIA, visam a se apoderar das reservas de petróleo (o dobro das norte-americanas) e de gás na Líbia, as maiores da África. Essa intervenção pseudo-humanitária tem como objetivo dar continuidade ao processo de recolonização pelo Imperialismo de suas semicolônias, processo iniciado com a vitória da contrarrevolução capitalista que destruiu os Estados Operários da União Soviética e do Leste Europeu e que teve suas primeiras manifestações na Primeira Guerra do Golfo, na invasão do Afeganistão e do Iraque.
O imperialismo aproveitou-se do caráter não autóctone de grande parte do proletariado na Líbia, da inexistência de qualquer organização sindical no país e da desmoralização de Gadafi após o início da ofensiva de Bush, conhecida como guerra ao terror, para realizar um novo tipo de recolonização, dando um salto de qualidade neste tipo de empreitada. Entre o pós-guerra e 2011, o "know how" da CIA em articular golpes de Estado incrementou-se, desde a arregimentação de lumpens para derrubar o governo nacionalista de Mossadeq.
DERROTAR O GOLPISMO IMPERIALISTA E AVANÇAR CONTRA O DECRÉPITO REGIME DE GADAFI RUMO À REVOLUÇÃO PROLETÁRIA
Somente uma revolução proletária socialista resolverá de forma conseqüente o problema do desemprego e do arrocho salarial crescentes no país, assim como cumprirá as tarefas democráticas (separação da Igreja do Estado, reforma agrária) e de libertação nacional pendentes (controle das riquezas e do comércio exterior).
Combater o golpismo imperialista neste momento é combater uma ameaça que agravará a dependência nacional líbia da grande burguesia mundial, que pretende subjugar as massas líbias e africanas como aos povos governados por títeres amistosos como na Arábia Saudita. Os revolucionários realizam este combate sem, no entanto, emprestar nenhum apoio político a Gadafi. Por tudo isto, é preciso construir um partido de oposição revolucionária que conquiste a consciência do proletariado líbio e africano para o enfrentamento estratégico contra Gadafi, dando um sentido verdadeiramente socialista e revolucionário ao que as massas tinham de expectativa no pan-arabismo, que unifique as massas árabes, persas e africanas em uma luta revolucionária pela expulsão do imperialismo da região, pela destruição do enclave sionista de Israel e pelo estabelecimento da Federação das Repúblicas Socialistas do Oriente Médio.