O Comitê de
Ligação para a Quarta Internacional (CLQI) envia suas mais calorosas saudações
revolucionárias aos trabalhadores, aos pobres e oprimidos do mundo. Não se pode
defender a própria nação contra o imperialismo e apoiá-lo quando ele realiza
guerras contra outras nações em conflitos internacionais diretamente lideradas
pelos EUA ou por seus aliados. Podemos dizer que o CLQI foi a única organização
trotskista internacional que consistentemente defendeu a Líbia e todas as
outras semi-colônias contra o ataque do imperialismo desde a guerra da CIA /
OTAN para derrubar Muammar Gaddafi em 2011.
A crise global do imperialismo
Nos orgulhamos
de não ter o que modificar em nossas declarações internacionais sobre a Líbia,
elaboradas a partir de abril de 2011. As várias declarações do CLQI de 2011-12 destacaram
a importância da Frente Única Antiimperialista (FUA). A FUA corresponde a uma
política de unidade contra o imperialismo sem, no entanto, dar qualquer apoio
político aos nacionalistas burgueses. As direções burguesas dessas lutas
nacionais seguem sendo inimigas de classe de seu próprio proletariado e de todos
os seus partidos e sindicatos, mesmo quando se encontram em confronto direto
com o imperialismo, como explicou Trotsky em defesa da Abissínia em 1935,
contra a Itália; em defesa da China em 1936, contra o Japão e; hipoteticamente,
em defesa do Brasil “semi-fascista”, contra um ataque do imperialismo
britânico.
Reconhecemos
que as economias russa e chinesa são claramente capitalistas, mas são
semi-colônias avançadas e não imperialistas no sentido marxista clássico. Na
China, a fonte dos privilégios da burocracia stalinista e suas estreitas
relações familiares são as zonas costeiras empresariais capitalistas, que
definem o caráter de classe desse estado como capitalista. A economia da China
é infinitamente superior à russa.
A China
concentra muito mais capital do que a Rússia e exporta para todo o mundo.
Evidentemente a China aspira ao status de potência imperialista. É um país
centralizado que já antecipa certas características novas de uma potência hegemônica
centralizada.
No entanto,
mantém muitas características de uma semicolônia em seu interior rural. A África
e a América Latina estão fortemente influenciadas pela China na esfera
mercantil e também financeiro. Apesar de todos os esforços, golpes, guerras e
blefes do imperialismo, a China e a Rússia estão cada vez mais contestando o
controle imperialista do mundo. Atualmente, eles estão exercendo o verdadeiro
“Soft Power” (poder suave). Eles são nossos aliados na luta antiimperialista
internacional, na Ucrânia, na Síria, na Venezuela. Mas eles são nossos adversários
na luta das classes trabalhadoras e das nacionalidades oprimidas dentro da
China e da Rússia.
Podemos ver que
nos EUA, Grã-Bretanha e França as classes dominantes estão amargamente
divididas. Os democratas tentam derrubar Trump em um dramático conflito, mas
seus índices de popularidade ainda oscilam em 50%. Há três frações se
degladiando no partido conservador britânico (os tories). O Brexit britânico e
o presidente francês, Macron, não possuem mais que 30% de apoio popular. Os
EUA, embora tenha ingressado em seu declínio histórico e tente conter essa
tendência com mais desespero belicista, continuam a ser a superpotência
hegemônica global, sempre a principal inimiga da classe trabalhadora, pobre e
oprimida do mundo.
Especialmente
desde a eleição de Donald Trump em 2016, os EUA começaram a intensificar as
guerras comerciais e começaram a estimular as rivalidades inter-imperialistas
contra a UE (um “inimigo” como Trump a definiu). O presidente dos EUA apoiou ao
bárbaro criminoso de guerra Netanyahu e as FDI (forças armadas sionistas) em
seu ataque à nação palestina, transferindo a embaixada dos EUA para Jerusalém
Oriental e reconhecendo as Colinas de Golã, o território sírio capturado na
guerra de 1967, como parte do Estado israelense, levantando a questão da
expropriação da Cisjordânia. Putin apoiou a reeleição de Netanyahu em Israel.
Trump também retomou o ataque do imperialismo norte-americano contra os
remanescentes deformados estados operários de Cuba e Coréia do Norte,
parcialmente relaxados por Obama e contra o mundo semicolonial em geral, como
Venezuela, Bolívia (reafirmando a Doutrina Monroe), contra Irã, Síria e com
muito alvos importantes são aquelas semicolônias avançadas nos BRICS, Brasil,
Rússia, Índia, China e África do Sul.
Na Líbia, o
Khalifa Haftar, sediado em Benghazi, apoiado pela França, Egito e Rússia, está
montando um ataque contra o governo de Trípoli, que é nominalmente apoiado pela
"comunidade internacional", ou seja, EUA e seus aliados mais próximos.
Mas, para debilitar a oposição democrata cujo governo realizou a intervenção militar
na Líbia, Trump declarou apoio a ofensiva de Haftar, uma derrota para as tropas
dos EUA na Líbia, mas vitória para Trump na luta intraimperialista. Além desse
conflito entre duas frações do imperialismo dos EUA, outro conflito se realiza
entre duas outras nações imperialistas. O ataque de Haftar é também um conflito
para o controle dos recursos petrolíferos da Líbia entre a França e a Itália. E
assim, lemos que as relações entre os dois estão no seu pior desde a Segunda
Guerra Mundial.
Como reflexo do
declínio dos EUA, Theresa May anunciou que o Reino Unido utilizará a gigante de
telecomunicações chinesa Huawei para construir certos componentes “não
essenciais” da rede de dados 5G do Reino Unido. Essa decisão foi tomada no
Conselho de Segurança Nacional, supostamente um órgão secreto, cuja decisão foi
imediatamente vazada para o Daily Telegraph. Mas, supostamente em defesa da
segurança dos EUA, o Secretário de Estado Mike Pompeo deixa claro:
"Se
um país adotar essa [tecnologia da Huawei] e colocar em alguns de seus sistemas
críticos de informação, não poderemos compartilhar informações com ele, não
poderemos trabalhar com ele", disse ele. "Em alguns casos, há risco de
nem sequer podermos alocar recursos americanos nesse país, uma embaixada
americana, um posto militar americano."
A mudança de regime na Venezuela está se mostrando mais difícil, já que tanto a China quanto a Rússia têm interesses materiais para defender em Caracas. Mas os agentes regionais do imperialismo estadunidense no Brasil, Colômbia, Peru, Chile, Bolívia e Argentina estão ajudando os EUA contra a Venezuela e Cuba. A mudança de regime foi efetivada tanto no Zimbábue quanto na África do Sul, novamente via agentes internos e direitos (embora no Zimbábue o golpe militar tenha sido mal disfarçado).
A prisão de
Julian Assange, fundador do Wikileaks, na embaixada equatoriana em Londres, em
11 de abril, é outro crime imperialista. Expõe, mais uma vez, o papel
internacional da classe dominante imperialista britânica que, nas palavras da
amiga de Assange, Pamela Anderson, age como "a vadia da América".
O CLQI rejeita
todas as tentativas do estado britânico de esmagar a resistência dos
republicanos "dissidentes" no norte da Irlanda pela morte acidental
da jornalista Lyra McKee em 18 de março. Apoiamos a declaração do Grupo de
Apoio aos Prisioneiros Republicanos Irlandeses:
“O
IRPSG expressa nossa total solidariedade às lutas antiimperialistas na Irlanda
e faz uma diferenciação acentuada entre os combatentes republicanos contra a
ocupação britânica dos seis condados do nordeste da Irlanda, o Exército Britânico,
o Serviço de Polícia da Irlanda do Norte (PSNI) e Defensores leais dessa
ocupação. Apoiamos as lutas antiimperialistas republicanas travadas por todos
os grupos "dissidentes", enquanto discordamos de alguns de seus
métodos e lutamos por uma direção socialista para essas lutas da classe
trabalhadora. O apoio incondicional, mas crítico, dos socialistas é o grande
princípio para aqueles que empreendem lutas antiimperialistas."
As lutas da classes no terreno doméstico
Na primeira
linha do Programa de Transição, Trotsky escreve: “A situação política mundial
como um todo é principalmente caracterizada por uma crise histórica da direção
do proletariado”. Essa afirmação é tão verdadeira hoje quanto quando escrita em
1938.
Esta crise de direção,
se demonstra acentuada na posição reacionária e pró-imperialista da maioria da
esquerda para a “rebelião de Benghazi” na Líbia, em 2011. Isso produziu agora
dois movimentos de importância global: os coletes amarelos da França e o
movimento global de estudantes e jovens contra das Alterações Climáticas. Ambos
surgiram fora das direções tradicionais da classe trabalhadora, da socialdemocracia,
da burocracia sindical, dos stalinistas, maoístas / marxistas-leninistas, dos reformistas
(os “revisionistas”, na linguagem dos marxistas-leninistas), centristas da
esquerda trotskista e outros.
Na
Grã-Bretanha, o número de trabalhadores em greve foi o menor desde 1893. Nos
EUA, o número de greves em 2017 atingiu sua menor marca histórica desde quando esses
dados começaram a ser contabilizados. No entanto, na Grã-Bretanha há um
movimento de pequenos sindicatos não reconhecidos e militantes como o IWW para
organizar garis, motoristas de correio e outros trabalhadores de baixa renda.
Nos EUA, houve uma onda de greves de professores que indica uma crescente onda
de atividade militante.
Na Argentina, já
ocorreram cinco greves gerais contra o Presidente Macri que levou
a economia do país ao colapso, um terço da população e quase 2/3 das crianças
está vivendo abaixo da linha oficial da pobreza, e a inflação chegou a 40% no
final do ano.
No Brasil, o
número de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza extrema superou os 10
milhões, sendo que 7 milhões a mais foram produto da sabotagem da economia
realizada pelo processo golpista. A escravocrata “reforma trabalhista”, ao
contrário de reduzir o desemprego, como o governo golpista propagara, ampliou o
número de desempregados. A soma de pessoas sem emprego, que desistiram de
procurar ou que trabalham apenas poucas horas na classe trabalhadora chegou a 28
milhões, de acordo com os próprios dados oficiais. O PT e o PCdoB no governo
por quatro mandatos presidenciais foram paulatinamente desarmando politicamente
os trabalhadores com uma política de colaboração de classes, realizando
concessões crescentes ao imperialismo e a ofensiva neoliberal. Assim, ao
contrário de organizar os trabalhadores para resistir a ofensiva da direita,
como por exemplo orquestrou até agora o governo venezuelano, a esquerda brasileira
entregou o poder pacificamente, sem a necessidade do golpe disparar um único
tiro. Com sua traição no governo e sua covardia em defendê-lo, a esquerda
empurrou uma parte do proletariado e das classes médias para os braços da
extrema direita, que se apresenta demagogicamente como anti-regime.
Mesmo assim, apesar
da classe trabalhadora brasileira ter protagonizado a maior paralisação
nacional da história do país em 2017 contra a reforma previdenciária, que
mobilizou 40 milhões de pessoas e conseguiu conter a extinção da aposentadoria,
agora, a esquerda sindical e partidária volta a acomodação com ilusões parlamentares,
judiciais e eleitorais, perigosamente aquém do aprofundamento do golpe
pró-imperialistas e das ameaças neonazistas que rondam os trabalhadores e suas
organizações. Nós defendemos a organização de uma greve geral para derrotar o
governo de Bolsonaro e os militares, a reforma previdenciária, anule todas as
medidas golpistas, liberte Lula, e realize novas eleições gerais.
Na França, a
revolta das camadas mais pobres de trabalhadores (incluindo todo trabalhador
nativo ou imigrante) teve como estopim a questão dos impostos sobre o
combustível e, ao mesmo tempo, dos salários e pensões. Estas são a demanda mais
importante e gerais. Os coletes amarelos (gilets jaunes) voltam as ruas frequentemente.
Seus postos são inequivocamente proletários e estão lutando para se organizar
nacional e internacionalmente à medida que sua consciência de classe se
desenvolve. Desde que começou em 17 de novembro de 2018, esse movimento se
mostrou impossível de reprimir com a violência policial ou de ser enganado com
vagas promessas políticas. Ele provocou uma resposta na vizinha Bélgica e
Holanda e na África francófona; Argélia, Marrocos e Sudão.
A luta de
classes em torno da questão climática
O movimento de
mudanças climáticas começou como movimentos de classe média, mas os gilets
jaunes são proletários desde o início e agora estão claramente radicalizando
para a esquerda. Seus líderes não podem vendê-los porque não têm líderes! Essa
é a força e a fraqueza ao mesmo tempo. Mas, dada a precipitada retirada da
extrema esquerda internacionalmente da política revolucionária e, consequentemente,
de todas as tentativas de mobilizar as massas para aquele ataque às cidadelas
do poder, ela não poderia surgir de nenhuma outra forma. Seus
"líderes" que organizam as mobilizações agora são semi-anarquistas e
militantes esquerdistas mais velhos que não se curvaram diante do pessimismo prevalecente
à esquerda e são revigorados por este poderoso ascenso vindo de baixo. O
governo é capaz de entregar um braço e uma perna para ter "líderes" capazes
de enganá-los e compra-los.
O movimento por
mudanças climáticas começo como um movimento de classe média, quando Greta
Thunberg, então com 15 anos, decidiu não ir à escola, mas começou a sentar-se
do lado de fora do parlamento sueco em 20 de agosto de 2018 com a placa
“Skolstrejk för klimatet” (“greve escolar pelo clima”). Ela não fazia ideia da reação
que sua vigília solitária provocaria até as eleições de 7 de setembro.
As razões que
causaram a explosão social são múltiplas. O efetivo desprezo para com o Acordo
de Paris pelos países ricos, as negações veementes do governo Trump e a
frustração crescente de centenas de cientistas que lutam em vão há décadas
contra um establishment capitalista que os estudantes entenderam corretamente como
um sistema que só obedece ao deus da lucratividade.
O CO2 é um gás
de efeito estufa muito perigoso para o aquecimento global, mas havia um ponto
de inflexão e um grande temor de que, além de um aumento global de 2 graus
centigrados, houvessem consequências incontroláveis. Terry Townsend observa:
“O
preço da inação prolongada pode ser uma catástrofe climática. Se as camadas de
gelo da Groenlândia e do oeste da Antártida entrarem em colapso, o nível do mar
pode subir até 10 metros no espaço de algumas décadas. Um derretimento mais
moderado poderia retardar ou interromper a circulação das correntes oceânicas
no Atlântico Norte, responsáveis pelas temperaturas relativamente amenas do
norte da Europa.
Estudos
mais recentes revelam que o aquecimento pode causar a liberação abrupta de
grandes quantidades de metano - um gás que provoca um efeito estufa 21 vezes
mais potente que o dióxido de carbono - armazenado em tundra congelada, mas
rapidamente descongelante; e isso aceleraria muito o processo de aquecimento.
Existem vários circuitos reativos ("feedback loops") que podem
acelerar muito o aquecimento global, todos os quais são imprevisíveis "
Mas a
militância e determinação dos jovens que se mobilizaram nas escolas às
sextas-feiras na Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Holanda, Alemanha,
Finlândia, Dinamarca, Japão, Suíça, Reino Unido, Estados Unidos, Colômbia, Nova
Zelândia e Uganda dá aos antigos revolucionários uma nova esperança. 1,4 milhão
atingiu a escola em março.
Youth Strike 4
Climate Change, Extinction Rebellion e Earth Strike entre outros são obviamente
a esperança para o futuro. Agora as batalhas maiores estão à frente e
certamente concluiremos com Terry Townsend que devemos "Mudar o sistema,
não o clima". E esses movimentos estão arrastando a classe trabalhadora,
que já não pode viver em seu modo de vida anterior.
A burocracia sindical, a “espinha dorsal
do imperialismo britânico”
Cada renegado
da luta pela construção do partido mundial da revolução socialista, todo renegado
da luta de classes culpa a classe trabalhadora, sua falta de combatividade, sua
incapacidade de liderar o processo e, com isso, defende a traição de classe da
burocracia sindical e seus representantes políticos no parlamento, os
trabalhistas e socialdemocratas em todo o mundo.
Como observamos
em maio de 2012:
“Trotsky
disse que os dirigentes britânicos das Trade
Unions (sindicatos) eram a 'espinha dorsal do imperialismo britânico' e
isso é verdade em todas as burocracias sindicais do planeta, desde a TUCentral
britânica até a COSATU na África do Sul, passando pela Central Única dos
Trabalhadores (CUT) do Brasil e a CGT (Confederação Geral do Trabalho da
República) na Argentina até a AFL / CIO nos EUA.
Sem
por um único momento negligenciar nossos deveres internacionalistas, nossa
tarefa principal hoje em nossa própria luta de classes é lutar e colocar
alternativas a esses enganadores traiçoeiros. A construção de movimentos de
base nos sindicatos, a apresentação de exigências a todos aqueles que
reivindicam a direção da classe trabalhadora, a exposição incansável dos
centristas que defendem o burocrata sindical de esquerda e os líderes
indecorosos nacionalistas são nossas tarefas centrais na luta de classes. ”
Rejeitamos
totalmente quaisquer sugestões de que os sindicatos se tornaram agentes simples
do Estado capitalista, que o Programa de Transição de Trotsky não se aplica
mais em 2019, que devemos procurar construir nossa própria seita isoladamente
da luta de massas da classe trabalhadora.
Nós confiamos
firmemente como sempre que com uma orientação correta em relação ao
imperialismo internacionalmente e à luta de classes nacionalmente, baseada na
oposição irreconciliável à burocracia sindical e àqueles que se recusam a
combatê-la consistentemente, nossa pequena corrente internacional sem dúvida
encontrará o ouvido da nova vanguarda internacional da classe trabalhadora.
● Derrotar o
imperialismo mundial, o capital financeiro e seus agentes na Líbia Síria, Irã,
Ucrânia, Venezuela e em todos os conflitos!
● Não confiar
nos líderes nacionalistas burgueses, mesmo quando são de esquerda!
● Somente a
classe operária internacional pode derrotar o imperialismo global!
● Liberdade
para Lula, Assange e Manning, reféns do imperialismo dos EUA!
● Avante Comitê
de Ligação para a Quarta Internacional!
● Pela
refundação da Quarta Internacional