Pela construção da frente única anti-imperialista!
Nenhuma confiança em Hafter!
Pela vitória militar do Exército Nacional Líbio!
Depois da queda de Kadafi em 2011 pela intervenção da
coalizão imperialista na Líbia em 2011, se acumularam as contradições internas
entre as forças que derrubaram Kadafi. Estas contradições internas deram um
salto de qualidade a partir de 2014, iniciando uma segunda guerra civil na Líbia
que se estende até hoje.
Manifestação pela expulsão do imperialismo da Líbia em São Pàulo em 4/6/2011. O Comitê Antiimperialista teve como uma das principais organizadoras, a Liga Comunista, organização precursora da FCT. |
Hoje, o chamado Exército Nacional Líbio (LNA), comandado pelo
marechal Khalifa Belqasim Hafter está avançando suas posições sobre Trípoli, a
capital da Líbia, onde está sediado o chamado Governo do Acordo Nacional (GNA) reconhecido
pela ONU e apoiado pelas potencias imperialistas como EUA e União Europeia.
O governo fantoche do GNA não resistiu a ofensiva do LNA que
usou contra o GNA os mesmos métodos usados pelo imperialismo contra Kadafi,
como o da "zona de exclusão aérea".
“Criada por uma comissão presidida pela ONU há três anos, a GNA é um governo apenas de nome, sendo seu único poder controlar as receitas da Líbia no exterior. Não tem força de segurança própria em um capital controlado por milícias disputas. Em fevereiro, o GNA persuadiu algumas milícias a voar para o sul para se opor ao avanço de Haftar, mas o LNA, que inclui a força aérea da Líbia, impôs uma zona de exclusão aérea. Um avião de transporte da GNA foi bombardeado no asfalto e outro, carregando um comandante da milícia, forçado a desviar. Sem reforços, as milícias do sul desmoronaram antes do avanço do LNA." (idem)
Jornal da Liga Comunista com declaração internacional e especial sobre a Líbia |
Em 2017, o chamado Exército Nacional da Líbia se apoderou do
estratégico Golfo de Sidra, um ponto-chave para a produção de petróleo na África.
Em fevereiro 2019, as forças comandadas por Hafter assumiram o controle do Sharara,
o maior campo de petróleo do país, um ponto vital para o governo de Trípoli. Sharara
produz 315.000 barris de petróleo por dia e no momento da sua ocupação pelo Exército
Nacional da Líbia era explorada pela multinacional espanhola Repsol.
Antes de tomar Tripoli, Hafter passou a controlar quase todos os campos de petróleo do país. Hafter é um populista armado que se apoiou na insatisfação popular do sul do país, abandonado pelas forças repressivas leais ao imperialismo.
Antes de tomar Tripoli, Hafter passou a controlar quase todos os campos de petróleo do país. Hafter é um populista armado que se apoiou na insatisfação popular do sul do país, abandonado pelas forças repressivas leais ao imperialismo.
“Apesar das
receitas crescentes do petróleo no país, que totalizaram US $ 26 bilhões no ano
passado, o sul da Líbia se queixa de falta de dinheiro, com infra-estrutura em
ruínas e alta taxa de desemprego. Tobruk promete reverter essa tendência, e as
unidades do LNA foram bem-vindas em muitas cidades do sul.”
Em meio ao enfraquecimento do controle político e militar do
país pelos EUA, os petroleiros da National Oil Corporation de vários campos resolveram
entrar em greve para reivindicar aumento salarial, uma vez que a produção
amentou e os salários não acompanharam. A principal paralisação ocorreu em Sharara,
em março de 2019.
"Os trabalhadores da
National Oil Corporation, como outros funcionários do setor público, sofreram
por causa de uma quase-desvalorização do dinar líbio, que alimentou a inflação,
já que a Líbia importa a maior parte de seus alimentos e outras necessidades.
Cerca de 50 a 60
trabalhadores em El Sharara, vestindo macacões azuis, apareceram em um vídeo
exigindo um aumento salarial de 67%, um número que o governo decidiu em 2013.
Esse aumento de
salário planejado nunca foi implementado. Logo depois que o governo se fixou no
montante, as finanças públicas foram atingidas por uma série de bloqueios de
campos petrolíferos por grupos armados e manifestantes.
Trabalhadores em
outros dois campos também postaram fotos que os mostram exigindo um aumento
salarial, chamando seu movimento de 'Sabaa Wa Steen', a palavra árabe para 67".
(idem)
O avanço do LNA provocou a fuga desesperadas das tropas dos EUA
que ocupavam Trípoli. Diante do risco de sofrer uma humilhante derrota, como a que sofreu no Vietnã em 1975 ou na Somália em outubro de 1993, em um episódio que deu origem ao filme “Falcão negro em perigo” (Black Hawk Down), o imperialismo optou por bater em retirada.
"Fontes libanesas divulgaram um vídeo mostrando uma aterrissagem do navio de pouso marítimo (LCAC) dos EUA na costa da região de Janzur, a oeste de Trípoli. Segundo as fontes, o LCAC evacuou o pessoal do complexo de Palm City, onde se sabe que muitas missões diplomáticas estão estacionadas." (Militares dos EUA fogem da Líbia)Derrotas como essas são sintomas do “declínio do império americano” e tem se tornado cada vez mais frequentes. Crimeia, Donbass, Síria, Turquia e agora Líbia, os Estados Unidos sofreram uma série de derrotas no chamado "velho mundo".
Hafter tem todas as características de um mercenário e,
portanto, em busca de melhores condições de remuneração e de segurança também
podem entrar em conflito com seus patrões imperialistas, como no passado
aconteceu com Bin Laden e seu exército guerrilheiro da Al Qaeda.
Por enquanto,
os fatos apontam que o LNA de Haftter tornou-se autônomo de todas as frações
pró-imperialistas no conflito.
Assim como na Síria na Líbia hoje o imperialismo está sendo encurralado e a seguir esta tendência será derrotado na Líbia. O enfraquecimento do imperialismo coincide com o ressurgimento do movimento operário.
A vitória da greve petroleira na National Oil Corporation possibilita que o movimento operário e popular líbio se fortaleça contra o imperialismo e seus fantoches. Sem depositar qualquer confiança em Hafter, pode-se fazer uma frente única militar contra o imperialismo com o LNA. Todavia, essa não passa de uma tática que deve estar subordinada a estratégia da construção de uma alternativa proletária e socialista para a Líbia com o controle operário e estatal do petróleo e do país de conjunto.
A vitória da greve petroleira na National Oil Corporation possibilita que o movimento operário e popular líbio se fortaleça contra o imperialismo e seus fantoches. Sem depositar qualquer confiança em Hafter, pode-se fazer uma frente única militar contra o imperialismo com o LNA. Todavia, essa não passa de uma tática que deve estar subordinada a estratégia da construção de uma alternativa proletária e socialista para a Líbia com o controle operário e estatal do petróleo e do país de conjunto.
A derrota dos EUA na Líbia, debilita seus planos de intervenção militar na Venezuela e sua intervenção golpista neonazista no Brasil.