Derrotar
os criminosos de guerra imperialistas!
Declaração
do Comitê de Ligação Pela IV Internacional, CLQI
A
prisão de Julian Assange, fundador do Wikileaks, na embaixada equatoriana em
Londres, em 11 de abril, é outro crime imperialista e expõe mais uma vez que um
importante papel internacional da classe dominante imperialista britânica. Nas
palavras da amiga de Assange, Pamela Anderson, a Grã Bretanha está agindo como
"a vadia dos EUA".
Isso
depois de sete anos de asilo político diante de um processo de estupro falso.
Esse processo, fabricado na Suécia, sempre foi cobertura política para uma
tentativa imperialista de prender Assange por "crimes" políticos
contra o imperialismo. Assange contou com a colaboração do ex-soldado americano
e denunciante Chelsea Manning que expôs os crimes imperialistas no Iraque e no
Afeganistão.
As denúncias de Manning incluem o notório
vídeo "Homicídio Colateral" [1], que mostra tropas
norte-americanas assassinando jornalistas em Bagdá, sob o disfarce de
"combate ao terrorismo", matando civis que por acaso estavam perto de
um combatente da resistência.
Homicídio Colateral. 5 de abril de 2010 10:44 EST O WikiLeaks divulgou um vídeo militar
dos EUA classificando o assassinato indiscriminado de mais de uma dúzia de
pessoas no subúrbio iraquiano de Nova Bagdá - incluindo dois funcionários de
notícias da Reuters. A Reuters tem tentado obter o vídeo através do Freedom of
Information Act, sem sucesso desde o momento do ataque. O vídeo, tirado de um
helicóptero Apache, mostra claramente o assassinato não-provocado de um
funcionário ferido da Reuters e seus salvadores. Duas crianças pequenas envolvidas
no resgate também foram seriamente feridas.
A
prisão de Assange foi facilitada pelo suborno imperialista do regime
equatoriano do Presidente Lénin Moreno, com cerca de US $ 4,2 bilhões em
empréstimos / ajuda do FMI. Moreno foi denunciado por seu predecessor, o
nacionalista radical Rafael Correa, que deu asilo a Assange em 2012, como “o
pior traidor da história do Equador” por ter vendido Assange e ao próprio
Equador ao imperialismo norte-americano.
A
entrega de Assagen ao imperialismo pelo “traidor” Moreno, faz parte da caçada
aos lutadores anti-imperialistas promovida pelos os governos de direita que
hoje controlam a maioria dos países latino-americanos. O governo neonazista brasileiro de Jair
Bolsonaro revogou o direito ao asilo do ativista Cesare Batiisti, permitindo
sua prisão e deportação para a Itália. Moreno e Bolsonaro agem sob as ordens
diretas do imperialismo.
Em
uma etapa do capitalismo em que a grande imprensa está toda comprada pelo
grande capital financeiro e imperialista, o Wikileaks realizou uma missão
histórica fundamental para o jornalismo investigativo mundial.
Assange
e seus colaboradores anteciparam toda a conspiração do Golpe de Estado
judicial-parlamentar e a escalada da extrema direita pró-EUA ao poder no
Brasil. Em 2015, AssAnge revelou que os EUA espionaram 29 telefones do governo
Dilma, do Partido dos Trabalhadores, e até do avião presidencial. As
articulações para o Golpe se desenvolveram desde 2009 [2].
Conforme revelado pelo Wikileaks, a Conferência “Projeto Pontes: construindo
pontes para a aplicação da lei no Brasil”, foi realizada, entre 4 e 9 de
outubro de 2019, na cidade do Rio de Janeiro, por autoridades dos EUA para
membros do Judiciário, Ministério Público e Polícia Federal do Brasil.
Participou dessa Conferência o então juiz federal Sergio Moro, (hoje
presenteado com o cargo de Ministro da Justiça do governo Bolsonaro). O
“treinamento” foi continuado por várias visitas de Moro aos EUA. Essa frenética
articulação serviu para iniciar a grande operação judicial-policial conhecida
como “Lava Jato”.
O
objetivo central da megaoperação foi, em nome do combate a corrupção,
expropriar a petroleira brasileira Petrobrás e incriminar e prender a mais
popular liderança política de esquerda do Brasil, o ex-presidente Lula, embora
nada tinha sido provado contra ele. Tudo isso foi revelado previamente pelo
Wikileaks.
A
operação judicial montada pelo imperialismo foi inicialmente apoiada pelo PT.
Com a ajuda do próprio PT, o imperialismo preparou o caminho da derrubada do PT
e ascensão da extrema direita à presidência. Assange foi responsável por
filtrar milhares de documentos que apontavam uma intensa operação de espionagem
realizada pela National Security Agency (NSA) dos Estados Unidos contra o então
governo brasileiro.
Figuras
anômalas como a de Correa tendem a ser deixadas de lado por aquelas mais
afinados com os objetivos de classe da "burguesia nacional" em países
semi-coloniais oprimidos como o Equador. Mais uma vez, a "burguesia
nacional" mostra-se uma agência do imperialismo dentro desses países. Para
realmente combater o imperialismo, o próprio capitalismo tem que ser
desenraizado pelo proletariado como parte de um movimento revolucionário internacional
com a estratégia da revolução permanente.
As
acusações de estupro contra Assange são uma fachada política para a burguesia
liberal, para os reformistas traiçoeiros não tão esquerdistas e os quinta
colunas neoliberais do movimento operário para dar seu apoio à perseguição de
Assange.
A força motriz do caso foi uma figura neoconservadora, como o
laborista-neoliberal Blair [3], na
social-democracia sueca, Claes Borgstrom. A principal acusadora, Anna Ardin, é
uma ativista cristã dentro da social democracia sueca que esteve em Cuba em
contato com a oposição gusana. Como Craig Murray, o ex-embaixador britânico no
Uzbequistão e agora um ativista anti-guerra, Ardin foi a força motriz do caso e
coagiu a outra mulher envolvida a ingressaram com alegações que depois ela
disse terem sido fabricadas pela polícia. Veja "Por que estou convencido
de que Anna Ardin é uma mentirosa 1996[1]". Nenhuma força física ou não
física (por exemplo, drogas ou chantagem) foi usada ou mesmo alegada.
Agora
os EUA revelaram sua participação na trama. Ela expôs o que sempre foi
verdadeiro o tempo todo – que a
configuração de "estupro" era uma cobertura política para a
extradição para um campo de concentração estadunidense. É aí que Chelsea
Manning já foi jogado, indefinidamente, mais uma vez, por se recusar a
testemunhar um grande júri que está preparando novas acusações contra Assange.
Sofia
Wilen tem um caso contra ele, em que ele teve relações sexuais desprotegidas
com ela contra seus desejos, mas sua preocupação era com seu status de HIV, que
ele tolamente recusou fazer o teste quando ela perguntou a ele, e não por
estupro. Como Craig Murray registrou:
20 de agosto:
Depois de Sofia Wilen contatá-lo para dizer que está preocupada com DSTs,
incluindo HIV depois de sexo desprotegido com Julian, Anna a leva para ver a
amiga de Anna, membro social-democrata, ex-colega na mesma eleição de conselho
em campanha feminista a oficial de polícia, Irmeli Krans. Ardin diz a Wilen que
a polícia pode obrigar Assange a fazer um teste de HIV. Ardin participa de todo
o depoimento policial não-gravado de Wilen – um
procedimento ilegal. Krans prepara uma declaração acusando Assange de
estupro. Wilen se recusa a assinar.
No
dia seguinte, ela faz sua declaração à polícia, obviamente e com razão,
ofendida por sua recusa em fazer o teste. Mas ela não fará parte da tentativa
evidente de enquadrar Assange em vingança por suas atividades no WikiLeaks, ao
contrário de tantos outros esquerdistas que ignoram o que está em jogo, por sua
própria capitulação ao imperialismo em geral, e aos Estados Unidos em
particular.
É claro que Ardin estava mentindo sobre seu próprio caso, como com o preservativo rasgado que apresentou como prova contra Assange não tinha DNA, nem de Ardin, nem de Assange. Ela rasgou um preservativo não utilizado para tentar prejudicar Assange, muito claramente, para tentar para explorar o mal-entendido entre Wilen e Assange. Foi uma tentativa clara de falsificar provas, expostas pela polícia forense. Esse é o comportamento de um agente da polícia, que evidentemente ela é (como agente da CIA).
É claro que Ardin estava mentindo sobre seu próprio caso, como com o preservativo rasgado que apresentou como prova contra Assange não tinha DNA, nem de Ardin, nem de Assange. Ela rasgou um preservativo não utilizado para tentar prejudicar Assange, muito claramente, para tentar para explorar o mal-entendido entre Wilen e Assange. Foi uma tentativa clara de falsificar provas, expostas pela polícia forense. Esse é o comportamento de um agente da polícia, que evidentemente ela é (como agente da CIA).
21 de agosto:
Tendo ouvido a entrevista de Wilen e a declaração de Krans, Ardin faz sua
própria declaração policial alegando que Assange sub-repticiamente fez sexo
desprotegido com ela oito dias antes. [4]
Estamos
vendo a ressurreição da cantinela liberal de que Ardin, como suposta vítima de
agressão sexual, não deveria ser exposta, citada, por mais ultrajante que seja
a situação junto a Assange. No entanto, de acordo com a lei sueca, tanto a
suposta vítima quanto o suspeito devem permanecer anônimos. Mas, Assange foi
citado na mídia simultaneamente apenas com o início do caso. Ardin aproveitou
isso para atacá-lo na mídia desde o início. Dada sua história envolvendo Cuba,
e seu comportamento documentado em relação a Assange quando ele estava na
Suécia em 2010, as chances dela não ser uma agente imperialista parecem
insignificantes.
Para
os defensores dos direitos democráticos e oponentes do imperialismo, o direito
dos acusadores ao anonimato não está acima do dever de expor uma farsa judicial
montada pelas sinistras agências de
espionagem imperialistas. A CIA é muito mais perigosa para os direitos das
pessoas comuns do que qualquer suspeito individual em um caso criminal.
A
acusação contra Assange, que faz parte da demanda de extradição, acusa Assange
supostamente de "conspirar" com Manning para acessar materiais em
computadores do governo, juntamente com tais atividades jornalísticas
"normais", como buscar informações de domínio não público de fontes internas,
buscando proteger a confidencialidade das fontes, etc. Assim, os paladinos da
burguesia liberal como o Guardian, o New York Times e o Washington Post temem
que possam ser os próximos acusados. Mas estes conglomerados midiáticos
imperialistas participaram da campanha contra Assange no momento em que a CIA
tentou demonizá-lo com acusações de estupro.
A
traição deste tipo de pessoas é sintetizada pelo chamado Grupo Independente de
parlamentares britânicos, uma CPI formada pelo grupo Ummuna-Soubry, que assinou
uma carta ao governo do Reino Unido exigindo que Assange seja extraditado para
a Suécia como prioridade, enquanto os EUA deveriam estar em segundo lugar na
ordem de demandas judiciais e possíveis extradições. Na verdade, trata-se de
uma tentativa de abertura de uma grande possibilidade com o caso sueco, usado
como um meio para um fim de curta validade, que agora se esgotou, e os
imperativos do imperialismo dos EUA terão prioridade. As ferramentas da CIA na
Suécia não criarão obstáculos para os desejos do Tio Sam. Esses parlamentares
Tory-Blairites [ligados ao Partido Conservador e a direita neoliberal do
partido laborista] estão apenas buscando um álibi político para suas próprias
ações em apoio a ataques tão descarados ao jornalismo e a direitos democráticos
elementares por parte de seus aliados imperialistas.
É
progressivo que os dirigentes laboristas, Jeremy Corbyn e Diane Abbot, tenham
se pronunciado contra a extradição Assange para os EUA, mesmo que a declaração
deles tenha sido um pouco débil acerca da campanha de calúnias montada em torno
do suposto "estupro". Isso reflete como um espelho sua fraqueza
crônica em face da falsa campanha de difamação de 'anti-semitismo' no Partido
Trabalhista, seu fracasso em defender as flagrantes vítimas de abuso racista pelo
aparato racista de seu próprio partido, como Jackie Walker e Marc Wadsworth.
Mas pelo menos eles se manifestaram contra a extradição de Assange e isso
deveria colocar alguns obstáculos políticos no caminho da extradição de Assange
para os EUA. É preciso que haja uma campanha ampla internacional e
particularmente no interior do movimento operário e trabalhista para impedir
que Assange seja enterrado vivo pelo imperialismo dos EUA. Assange livre!
Manning livre! Derrotar o imperialismo britânico e estadunidense.
Notas
2. BRASIL: Conferência de finanças ilícitas usam a palavra "T", com sucesso. https://wikileaks.org/plusd/cables/09BRASILIA1282_a.html
3. Craig Murray, por que estou convencido de que Anna Ardin é uma mentirosa 11 de setembro de 2012 https://www.craigmurray.org.uk/archives/2012/09/why-i-am-convinced-that-anna- ardin-é-um-mentiroso / Funcionária da ala cristã do Partido Social Democrata da Suécia, Anna Ardin, de 30 anos, ajudou a organizar a visita de Assange a Estocolmo que culminaria na investigação por estupro em agosto. Fonte: Último Segundo - iG @ https://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/suposta-vitima-sexual-de-assange-e-ativista-crista-e-feminista/n1237874814129.html
4. Ibid.