Teoria apresentada no 1º Foro Mundial do Pensamento Crítico, promovido pelo Conselho Latino Americano de Ciências Sociais, CLACSO, Buenos Aires, 23/11/2018
Leon Carlos e Humberto Rodrigues
A história da humanidade não se desenvolve de forma linear, nem em ciclos que se repetem, mas em ondas espiraladas. Em sua obra "O 18 Brumário de Luis Bonaparte", Marx compara as revoluções burguesas e proletárias até o século XIX. As revoluções burguesas teriam vida curta enquanto as proletárias corresponderiam a um longo processo de ascenso e refluxo, revolução e contrarrevolução, um processo cumulativo de crítica das experiências passadas.
Com Hegel, Marx destacara o conceito de Aufheben, que expressaria determinações opostas e contraditórias, negação, conservação (no sentido de manter) e superação (ou elevação) [1]. O caráter de processo e não de ato, toma uma dimensão mais ampla que nos processos revolucionários burgueses. Marx importará a dialética para o estudo das relações sociais de forma materialista, fundando uma sociologia dialética. Método que consideramos fundamental para o estudo de qualquer campo das ciências sociais e as humanidades. Os ritmos das revoluções obedeceriam seu caráter de classe. Nas revoluções burguesas o processo tem curta duração, nas proletárias, não.
As revoluções burguesas [...] tem vida curta, chegam rapidamente ao seu apogeu e logo uma longa depressão toma conta da sociedade, antes de aprenderem a assimilar serenamente os resultados de seu período impetuoso e agressivo. Em contrapartida, as revoluções proletárias como as do século XIX, se autocriticam constantemente, interrompem-se continuamente em sua própria marcha, voltam ao que parecia estar acabado, para recomeçar de novo, zombam profunda e cruelmente das indecisões, da frouxidão e da mesquinhez de suas primeiras tentativas, parece que apenas para derrubar seu adversário para que ele retire novas forças da Terra e se erga novamente mais gigantesco diante delas, retrocedem constantemente perante a indeterminada enormidade de seus próprios fins, até que é criada uma situação que não permite voltar atrás e as próprias circunstâncias gritam:
Hic Rhodus, hic jumps! Aqui está a rosa, dança aqui! [2]As revoluções proletárias, a partir do século XIX, criticaram a experiência que lhe antecedeu e lhes inspirou, zombam da indecisão e das debilidades das primeiras tentativas revolucionárias. O “adversário”, o espectro do comunismo, é derrotado e a história cria circunstâncias que gritam para que a nova onda revolucionária realize um feito superior e até então inacreditável, de retomada do que parecia ter terminado, começando de novo com um ímpeto mais poderoso, se negando, se conservando e se superando.
A fase revolucionária da burguesia logo se esgota, dando lugar no máximo a uma modernização conservadora, integrada ao parasitismo do capital financeiro mundial. Em muitas nações oprimidas, o período revolucionário sob uma direção burguesa mal se manifesta, precocemente é sufocado por forças externas ou internas, intervenções militares e / ou golpes de Estado. A burguesia dos países semi-coloniais é também semi-dirigente e semi-oprimida. Logo, essa classe renuncia a seu protagonismo em troca de uma associação vassala com o grande capital mundial em favor da exploração do proletariado.
A incapacidade das burguesias vassalas faz com que muitas tarefas democráticas (reforma agrária, eliminação das desigualdades regionais, erradicação da miséria e do analfabetismo, continuidade democrática) não sejam realizadas e fiquem como dívidas pendentes, de herança para a revolução proletária, que terá de combinar as tarefas democráticas burguesas com as socialistas em um processo de revolução permanente.
Se olharmos com a devida paciência histórica, podemos perceber claramente o espiral revolucionário.
A revolução de 1848 na França foi abortada com a ascensão ao poder de Luís Bonaparte, sobrinho de Napoleão, que em 1852 realizará um autogolpe para reinstaurar a monarquia e autodeclarar-se imperador dos franceses. Dezenove anos após esse Golpe de Estado de Luís Bonaparte, pele primeira vez, o proletariado tomou o poder em uma cidade do mundo e a governou por 72 dias – a Comuna de Paris. A Comuna é a primeira manifestação do que virá a ser uma determinação integrante da era imperialista do capitalismo, as revoluções proletárias. Ela surge na esteira da crise econômica de 1870-71, a que marcou a transição do capitalismo concorrencial ao capitalismo monopolista, que dará início a era imperialista do capitalismo.
A Comuna foi derrotada, dezenas de milhares de communards foram assassinados pela contrarrevolução. Quarenta e seis anos depois, triunfou a revolução de outubro de 1917, já não apenas em uma cidade, mas na maior nação da Terra. Essa revolução grandiosa impactou o mundo e dividiu a história humana em antes e depois da URSS. O primeiro Estado operário do planeta não durou somente 72 dias, mas já 74 anos (seu fim foi em agosto de 1991). A revolução de outubro de 1917 provou definitivamente que é possível a existência de um Estado soberano sem propriedade privada dos meios de produção.
A terceira onda revolucionária mundial
Entre a revolução Russa e a revolução chinesa foram 32 anos, com a Segunda Guerra Mundial no meio. Entre 1946 (Albânia) e 1975 (triunfo anti-imperialista no Vietnã e em seguida Camboja) ocorreu um dos maiores ciclos expansivos do capital, os chamados "30 anos dourados", simultaneamente foi o momento de maior expansão do ciclo de novos Estados que passaram por processos de expropriação da propriedade privada dos meios de produção. Da China à Cuba, da Iugoslávia à Coréia do Norte, da Alemanha Oriental ao Iêmen do Sul, dezenas de países ou regiões passaram por períodos de anos ou décadas de extinção da burguesia enquanto classe social.
No plano geográfico, a revolução proletária teve sua primeira vitória na tomada do poder em uma cidade (Paris), sua segunda onda no maior país do planeta (URSS) e sua terceira onda alastrou-se por nações cujas populações reunidas corresponderam a 1/3 da população planetária. Sem dúvida a revolução proletária renasce mais forte, mas a maioria de nós com uma visão encurtada por sua própria curta existência não consegue perceber suas ondas de contração e expansão. Essa miopia é acentuada por vivermos agora em uma época de contração, que favorece a perda da esperança, deixamo-nos adaptar a expectativas opostas às que conduzem a revolução.
Entre a vitória da última revolução social, a do Vietnã e nós, se passaram apenas 43 anos. No Vietnã, homens franzinos de uma das mais pobres nações asiáticas derrotaram o maior império do planeta em toda a história, os EUA que depois Hiroshima e Nagazaki eram considerados invencíveis e mesmo matando cinco vezes mais gente no Vietnã do que com as bombas atômicas que soltou no Japão, foram vergonhosamente derrotados.
Assim como a revolução de outubro foi o evento mais importante da história da luta dos trabalhadores, a reconquista daquele país e de sua massa de trabalhadores para novamente ser explorada pelo capital foi uma derrota histórica para nossa luta que animou o imperialismo a ofensiva que sentimos hoje. Com o fim da experiência soviética e da quase totalidade dos estados operários, o imperialismo aproveitou-se para saquear em maior escala aos proletariado através do que chamou de neoliberalismo e globalização. Mas logo o capital esbarrou em uma nova crise econômica em 2008. Sob a retração da participação dos EUA e Europa no mercado mundial se abriu espaço para novas potências como Rússia e a China. Graças as revoluções que passaram, esses dois países resolveram tarefas burguesas como a reforma agrária, a independência energética e nuclear, tarefas que a restauração capitalista não eliminou e, por conservarem esses avanços fundamentais em seu desenvolvimento estrutural, aproveitaram a brecha para se inserir no mercado mundial capitalista como sucessores do “declínio do império americano”, aí se abriu uma nova guerra fria.
Todavia, nada nos assegura caminhar em uma linha reta para o socialismo. Nada a não ser a luta e o triunfo proletário nessa luta. Como reação burguesa ao impasse da crise do imperialismo, se recoloca novamente a disjuntiva de Rosa Luxemburgo entre o socialismo e a barbárie, ao que Lenin agregou, “barbárie capitalista”. A grande fome de 1848-1949 foi a maior catástrofe demográfica a atingir a Europa entre a Guerra dos Trinta Anos e a Primeira Guerra Mundial, matando mais de um milhão de pessoas só na Irlanda. Muitos elementos de barbárie capitalista afloram no século XX. A Primeira Guerra Mundial, o nazifascismo, a Segunda Guerra Mundial, a bomba atômica, a guerra contra a Indochina, as ditaduras latino-americanas, o parasitismo crescente com a financeirização da economia desde a década de 70 são fortes indícios dessa barbárie.
O retardo da nova onda revolucionária mundial, fez renascer como cogumelos sementes do nazifascismo, que assumem políticas de Estado, como em Israel, ou crescem na atualidade com vários sintomas mórbidos da extrema direita em governos como na Ucrânia, Filipinas, Áustria, Polônia, Itália, EUA, Brasil. Como dizia Gramsci “A crise consiste precisamente no fato de que o velho está morrendo e o novo ainda não pode nascer. Nesse interregno, uma grande variedade de sintomas mórbidos aparecem”. Todavia, após o declínio de momentos de barbárie atrozes já no capitalismo, as ondas revolucionárias revitalizaram a humanidade.
Pelo que foi dito anteriormente, é possível que no contexto da sociedade global do século XXI, a quarta onda revolucionária seja mais ampla e internacionalista, tende a ser mais planetária do que a terceira onda, quando o poder foi tomado em nações atrasadas, talvez mais do que países, desta vez sejam expropriados os monopólios, que segundo Lenin é o germe de uma economia “de transição do capitalismo para um regime superior” (LENIN, 2002, p. 67). Nesse sentido, a financeirização e a concentração de riquezas, por mais reacionárias que sejam, e apesar de seus resultados perversos contra o proletariado mundial, os povos oprimidos e a própria vida no planeta, contraditoriamente cavam sua própria cova e realizam uma parte do trabalho econômico necessário a luta pelo socialismo, que “inevitavelmente” suprimirá o imperialismo:
As relações sociais de produção que mudam continuamente. Quando uma grande empresa se transforma em empresa gigante e organiza sistematicamente, apoiando-se num cálculo exato duma grande massa de dados, o abastecimento de 2/3 ou 3/4 das matérias-primas necessárias a uma população de várias dezenas de milhões; quando se organiza sistematicamente o transporte dessas matérias-primas para os pontos de produção mais cômodos, que se encontram por vezes separados por centenas e milhares de quilômetros; quando, a partir de um centro, se dirige a transformação sucessiva do material, em todas as suas diversas fases, até obter as numerosas espécies de produtos manufaturados; quando a distribuição desses produtos se efetua segundo um plano único a dezenas e centenas de milhões de consumidores (venda de petróleo na América e na Alemanha pelo trust do petróleo americano), então percebe-se com evidência que nos encontramos perante uma socialização de produção, e não perante um simples "entrelaçamento", percebe-se que as relações de economia e de propriedade privadas constituem um invólucro que não corresponde já ao conteúdo, que esse invólucro deve inevitavelmente decompor-se se a sua supressão for adiada artificialmente, que pode permanecer em estado de decomposição durante um período relativamente longo (no pior dos casos, se a cura do tumor oportunista se prolongar demasiado), mas que, de qualquer modo, será inelutavelmente suprimida.A supressão do imperialismo não atingirá apenas as corporações, mas também os bancos que controlam o capital mundial, incluindo, obviamente, as corporações. A concentração de capitais da época de Lenin ao nosso tempo deu um salto de qualidade exponencial. Hoje, 28 bancos constituem um oligopólio financeiro que controla o dinheiro do mundo, como bem destacou o economista François Morin, professor emérito da Universidade de Toulouse e membro do conselho do Banco Central francês, em sua obra: L’Hydre Mondial [A Hidra mundial], lançado em 2015.
Segundo Morin, o balanço total desses 28 bancos do oligopólio (50,341 trilhões de dólares) é superior, em 2012, à dívida pública global (48,957 trilhões de dólares)! E, por sua vez, apenas metade desses bancos, portanto 14, têm uma seleta importância “sistêmica” capaz de “fabricar” produtos financeiros, também conhecidos como “derivativos”, cujo valor imaginário (o montante dos valores segurados) chega a 710 trilhões de dólares — ou seja, correspondem a mais de 10 vezes o PIB mundial.
Seja como for, sua expropriação ocorrerá, o marxismo, como teoria de libertação da humanidade do capitalismo, triunfará. Ainda que essa emancipação seja formalmente diferente (como não poderia deixar de ser) do que Marx esperava, como prognostica os últimos parágrafos da obra de Lenin:
Seja como for, sua expropriação ocorrerá, o marxismo, como teoria de libertação da humanidade do capitalismo, triunfará. Ainda que essa emancipação seja formalmente diferente (como não poderia deixar de ser) do que Marx esperava, como prognostica os últimos parágrafos da obra de Lenin:
Schulze-Gaevernitz, admirador entusiasta do imperialismo alemão, exclama:"Se, no fim de contas, a direção dos bancos alemães se encontra nas mãos de uma dúzia de pessoas, a sua atividade é já, atualmente, mais importante para o bem público do que a atividade da maioria dos ministros" (neste caso é mais vantajoso esquecer o "entrelaçamento" existente entre banqueiros, ministros, industriais, rentistas, etc.). "... Se refletirmos até ao fim sobre o desenvolvimento das tendências que apontamos, chegamos à seguinte conclusão: o capital-dinheiro da nação está unido nos bancos; os bancos estão unidos entre si no cartel; o capital da nação, que procura a maneira de ser aplicado, tomou a forma de títulos de valor. Então cumprem-se as palavras geniais de Saint-Simon: "A anarquia atual da produção, conseqüência do fato de as relações econômicas se desenvolverem sem uma regulação uniforme, deve dar lugar à organização da produção. A produção não será dirigida por empresários isolados, independentes uns dos outros, que ignoram as necessidades econômicas dos homens; a produção encontrar-se-á nas mãos de uma instituição social determinada. O comitê central de administração, que terá a possibilidade de observar a vasta esfera da economia social de um ponto de vista mais elevado, regulá-la-á da maneira mais útil para toda a sociedade, entregará os meios de produção nas mãos apropriadas para isso, e preocupar-se-á, sobretudo, com a existência de uma harmonia constante entre a produção e o consumo. Existem instituições que incluíram entre os seus fins uma determinada organização da atividade econômica: os bancos. Estamos ainda longe do cumprimento destas palavras de Saint-Simon, mas encontramo-nos já em vias de o conseguir: será um marxismo diferente do que Marx imaginava, mas diferente apenas na forma."
Não há dúvida: excelente "refutação" de Marx, que dá um passo atrás, que retrocede da análise científica exata de Marx para a conjectura - genial, mas mesmo assim conjectura - de Saint-Simon.A crença na possibilidade da próxima onda revolucionária nada tem de fatalismo. Está alicerçada na ciência da história, na possibilidade da humanidade escapar da barbárie capitalista, da perspectiva distópica, de alguma forma piorada de escravidão dos homens como aspira a atual onda neonazista da fração dominante da burguesia mundial.
Não sabemos que forma a nova onda assumirá. Sabemos que o sujeito revolucionário segue sendo o proletariado, por mais precarizado que ele se encontre. Seus setores de vanguarda inevitavelmente instrumentalizarão as mais modernas tecnologias de comunicação a favor da luta. Mais uma vez, sem teoria revolucionária não haverá movimento revolucionário. Dito movimento precisará de um programa unificador da luta dos escravos modernos, dos distintos movimentos. O partido revolucionário internacional terá de possuir a habilidade para adaptar sua forma às necessidades da luta e do próprio inimigo.
As atuais marchas migratórias da África e Ásia em direção a Europa ou da América Latina em direção aos EUA, por mais que se pareçam apenas como manifestações transnacionais de despossuídos buscando sobreviver e melhores condições de venda de sua força de trabalho em países imperialistas, podem ser embrião de um dos novos movimentos anti-imperialistas e antifronteiras nacionais capitalistas se se superarem cada vez mais politicamente.
Não percamos a paciência histórica, enquanto houver propriedade privada dos meios de produção e exploração do homem pelo homem a revolução socialista renascerá em proporções mais gigantescas!
Notas
1. Em “A Ciência da Lógica’, G. W. F. Hegel destaca que Aufheben “representa uno de los conceptos más importantes de la filosofía, una determinación fundamental” (1982, pp. 50).
2. Hic Rhodus, hic saltus! Nota da edição brasileira da Editora Expressão Popular, de O” 18 de Brumário de Louis Bonaparte, Karl Marx, Dezembro de 1851 a Março de 1852, página 211. “Hic Rhodus, hic salta! (Aqui está Rodes, salte aqui!): expressão de uma fábula de Esopo sobre um fanfarrão que, invocando testemunhas, afirmava que uma vez, em Rhodes, conseguira dar um salto enorme. Os que o escutavam responderam-lhe: "Para que é preciso testemunhas? Aqui está Rodes, salta aqui!" No sentido figurado significa: aqui é que está o essencial, aqui é que é preciso demonstrar.
A conhecida, mas pouco compreendida, máxima provém da tradicional tradução latina da piada da fábula de Esopo, O Atleta Vaidoso, que tem sido o tema de alguns erros de tradução.
Em grego, a máxima diz:
“Ιδού η ρόδος,
ιδού και το πήδημα ”
A história é que um atleta se vangloria de que quando estava na cidade grega de Rodes, capital da ilha homônima. O atleta vaidoso fala em voz alta que realizou um salto estupendo, e que havia testemunhas que poderiam comprovar sua história. Um espectador então comentou: "Tudo bem! Digamos que aqui seja Rodes, demonstre o salto aqui e agora. ”A fábula mostra que as pessoas devem ser definidas por seus feitos, não por suas próprias reivindicações. No contexto em que Hegel o utiliza, isso poderia ser entendido como significando que a filosofia do direito deve corresponder a atualidade da sociedade moderna ("O que é racional é real; o que é real é racional"), não as teorias e ideais que as sociedades criam para si, ou algum ideal contraposto às condições existentes: "Apreender o que é a tarefa da filosofia", como Hegel continua a dizer, em vez de "ensinar ao mundo o que deveria ser".
O epigrama é dado por Hegel primeiro em grego, depois em latim (na forma “Hic Rhodus, hic saltus”), no Prefácio à Filosofia do Direito, e ele então diz: “Com pouca mudança, o dito acima seria lido. (em alemão): “Hier ist die Rose, hier tanze”:
“Aqui está a rosa, dance aqui”
Isto é tomado como uma alusão à "rosa na cruz" dos Rosacruzes (que afirmavam possuir conhecimento esotérico com o qual eles poderiam transformar a vida social), implicando que o material que torna possível entender e mudar a sociedade é dado na própria sociedade, não reside em alguma teoria do outro mundo. As palavras são usadas também em sentido amplo para desdobrar o significado da expressão, primeiro no grego (Rhodos = Rhodes, rhodon = rosa), então no latim (saltus = salto [substantivo], salta = dança [imperativo]).
No 18º Brumário de Louis Bonaparte, Marx cita a máxima, primeiro dando o latim, na forma:
“Hic Rhodus, hic salta!”,
- uma mistura distorcida das duas versões de Hegel (salta = dance! Em vez de saltus = jump), e então imediatamente adiciona: “Hier ist die Rose, hier tanze!”, Como se fosse uma tradução, o que não poderia ser, desde o grego Rhodos, muito menos do latim Rhodus, não significa "rosa". Mas Marx parece ter compreendido o significado de Hegel, como é usado na observação que, intimidada pela enormidade de sua tarefa, as pessoas não agem até que:
“É criada uma situação que torna tudo impossível,
e as próprias condições clamam: aqui está a rosa, dance aqui!
e nos lembramos da máxima de Marx no Prefácio à Crítica da Economia Política:
“A humanidade, assim, inevitavelmente, estabelece apenas tarefas que pode resolver, uma vez que um exame mais detalhado sempre mostrará que o problema em si só surge quando as condições materiais para sua solução já estão presentes ou pelo menos no curso da formação!”
Assim, Marx evidentemente apoia a orientação de Hegel de que não deveríamos "ensinar ao mundo o que deveria ser", mas ele acentua mais ativo do que Hegel faria quando fecha o Prefácio, observando:
“Para tal propósito, a filosofia sempre chega tarde demais. ...
A coruja de Minerva só voa ao anoitecer, quando as sombras da noite estão se formando.
Marx também usa a frase, mas com salta em vez de saltus, mas usa praticamente o significado pretendido por Esopo no Capítulo 5 do Capital.
Referencias Bibliográficas
HEGEL, G. W. F. Ciencia de la Lógica - PRIMERA PARTE, Traducción directa del alemán de Augusta Y Rodolfo MONDOLFO, Ediciones Solar, 1982, pp. 50.
LENIN, Vladmir I. Imperialismo, fase superior do capitalismo, Fonte on line, Disponível em https://www.marxists.org/portugues/lenin/1916/imperialismo/cap10.htm Acesso em 13/01/2018.
MARX, Karl. O 18 Brumário de Luis Bonaparte, Escrito: Diciembre de 1851 - marzo de 1852. Primera Edición: En la revista Die Revolution, Nueva York, EEUU, 1852, con el título "Der Achtzehnte Brumaire des Louis Bonaparte". Fuente:C. Marx y F. Engels, Obras escogidas en tres tomos, Editorial Progreso, Moscú 1981, Tomo I, páginas 404 a 498. Edición Digital:Por la Red Vasca Roja; digitalizado y preparado por José Julagaray, Donostia, Gipuzkoa, Euskal Herria, 25 de septiembre de 1997. Esta Edición: Preparada por Juan R. Fajardo para el MIA, abril 2000. Fonte on line, Disponível em https://www.marxists.org/espanol/m-e/1850s/brumaire/brum1.htm Acesso em 13/01/2018.
MORIN, François. Os 28 bancos que controlam o dinheiro do mundo, entrevista a Vittorio De Filippis, publicado por Outras Palavras, 22-09-2015. Disponível em: http://www.ihu.unisinos.br/169-noticias/noticias-2015/547171-os-28-bancos-que-controlam-o-dinheiro-do-mundo