A prisão de um inimigo de classe
por orientação do maior de todos os inimigos
por orientação do maior de todos os inimigos
E UMA PRISÃO BASTANTE EXCEPCIONAL
Marcelo Odebrecht é o maior patrão a ser preso na história
do Brasil. A regra da luta de classes no capitalismo é que só os pobres vão
para a cadeia. As do Brasil estão superlotadas de trabalhadores e setores
oriundos da nossa classe que foram empurrados para a marginalidade social pelo capitalismo.
Mas, até para parecer que “defende os interesses públicos” a
justiça dos ricos contra os pobres abre uma ou outra exceção, levando para as
grades um ou outro playboy ou funcionário público também quando enfiam o pé na
jaca. Há ainda caso mais excepcionais quando em uma disputa interburguesa
encarniçada, o derrotado cai em desgraça, é expulso da classe e ainda preso. Afora
isso, banqueiros e empresários só vão para a cadeia por alguma pirotecnia
jurídica-midiática de curtíssima duração.
A prisão de Marcelo Odebrecht, presidente da maior
construtora do país (e de outros membros da mesma empresa e da Andrade
Gutierrez), possui claramente elementos pirotécnicos, mas vai muito além disto.
Marcelo é o dono da maior empresa do país em quantidade de funcionários [ 1 ], emprega 125 mil trabalhadores, cinco vezes mais
trabalhadores que a Fiat de Betim (MG), a maior indústria automotiva do país, e
em 2013 chegou a empregar até mais que a ECT, a empresa pública com a maior
quantidade de funcionários no país.
COMO É POSSÍVEL QUE UM BURGUÊS TÃO GRANDE
FIQUE PRESO POR TANTO TEMPO SEM QUE ISTO
SEJA OBRA DE UMA REVOLUÇÃO SOCIALISTA?
O empresário é herdeiro de um império que ele expandiu na
era Lula, está entre os 10 mais ricos do Brasil, possui fortuna pessoal
estimada em R$ 15 bilhões, canteiro de obras em 21 países e atingiu o
faturamento de R$ 100 bilhões. Como então é possível, sem que tenha havido uma
revolução socialista no Brasil, que ele fique preso por mais de uma semana, sem
sequer direito a habeas corpus?
Esta prisão revela que a operação Lava Jato é a operadora de
um esquema golpista dirigido por setores do grande capital que estão, na cadeia
alimentar do capitalismo, em um nível superior ao preso ilustre, um nível que
transcende as fronteiras nacionais, ou seja, foi o imperialismo que mandou
prendê-lo.
Durante a campanha eleitoral, a candidatura do operário da
construção civil Levi, da Liga Comunista denunciou que as empreiteiras [ 2 ], grandes financiadoras das campanhas das candidaturas
patronais, e em particular a Odebrecht, eram as maiores responsáveis pelo
trabalho escravo no Brasil. Esta corporação escraviza ilegalmente muitos dos milhares
de seus funcionários [ 3 ]. Mas não foi por
isso que o bilionário foi preso. Todavia, engana-se que foi pelos supostos
pagamentos de propinas na corrupção da Petrobrás, como alega formalmente o Juiz
Sérgio Moro, o novo herói fabricado pela direita nacional. O bilionário foi
preso por representar o setor da burguesia nacional que mais profundamente
associou-se aos governos do PT, e agora está sendo pressionado para “abrir o
bico” e fornecer provas que incriminem Lula.
AS MANOBRAS DO IMPERIALISMO
POR TRÁS DA LAVA JATO
Um tubarão deste quilate só vai preso pela intervenção do
imperialismo no processo. Assim, a operação “Lava Jato terá ajuda dos EUA para
investigar Odebrecht”. [ 4 ].
A prisão do dono da construtora Odebrecht e o envolvimento
direto do imperialismo neste cerco a Lula significam, nada menos, que os EUA
estão jogando pesado para disputar o Brasil na guerra fria mundial, onde o
empresário e seu faturamento fazem parte de um ciclo cujo apogeu foi a era
petista na presidência, ciclo ligado a especulação imobiliária, aos
mega-eventos, PACs e exportação de obras financiadas pelo BNDES, associado a uma
logística pró-BRICS, como foi o porto de Mariel, em Cuba.
Os efeitos da crise econômica sobre o Brasil vêm sendo
potenciados por manobras do imperialismo que visa abreviar o ciclo econômico e
político do PT no governo federal para retomar o controle político e
diplomático sobre o Brasil como parte da atual guerra fria contra a China e Rússia.
PT: CÚMPLICE E VÍTIMA DA ESCALADA GOLPISTA
O PT é o principal partido político da luta de classes no
Brasil. Mesmo não sendo numericamente maior em filiados formais, administrações
ou parlamentares que o PMDB, é em função do PT, de sua influência na classe
trabalhadora, que se aliam, contra ou a favor, os demais partidos políticos há
pelo menos 30 anos. Sendo assim, o PT é um condicionante da luta de classes no
Brasil. Mas o PT não representa os interesses dos trabalhadores, sua direção
optou por aprimorar a democracia dos ricos aliando-se aos setores que mais
pragmáticos da burguesia.
Cada fase da operação Lava Jato faz parte de um jogo de
dominó que tem como objetivos a criminalização de Lula e do PT, uma vez que
através das eleições, mesmo apelando para o jogo baixo e fazendo um frentão
reacionário como em 2014, a direita não tem conseguido voltar ao poder federal
desde o início deste milênio. Em uma operação de pinça o imperialismo e seus
agentes golpistas locais acossam o governo Dilma, seu partido e seu sucessor.
Como parte da profunda integração degenerativa do PT ao regime
burguês, o partido e seus dirigentes reagem ao achaque capitulando às pressões
da direita, tornando-se cúmplices contra os trabalhadores e seus direitos
sociais, trabalhistas, previdenciários.
A presidenta negocia a prorrogação de seu mandato executando
medidas neoliberais contra as massas que lhe elegeram, em favor de um ajuste
fiscal pró-imperialista. A tática vergonhosa do PT, ratificada no último
Congresso nacional é ganhar tempo a qualquer custo, renuncia de forma suicida a
qualquer resistência, entrega os anéis para não perder os dedos, os dedos para
não perder o braço, o braço para manter a cabeça,... apoia pragmaticamente ao
governo e seu ajuste fiscal contra as massas. Este acovardamento é resultado do
aburguesamento do partido, que confia mais na política de conciliação
permanente com os inimigos dos trabalhadores e nas estruturas carcomidas do
regime do que na organização de uma resistência de massas para defender-se da
direita.
A prisão do empreiteiro pretende pressioná-lo até ele
colabore com a criminalização de Lula. [ 5 ]. O objetivo dos
golpistas é quebrar a perna do Neymar do PT antes da partida de 2018. Lula sabe
disto, encena a mudança de apoio incondicional para apoio crítico ao governo
Dilma e sua política antioperária mas caminha passivamente para a derrota.
Em distintas situações históricas e bem menos covardes, mas também
oferecendo uma defesa tímida ou reagindo muito tardiamente, caminharam para a
derrota diante do adversário imperialista Allende, Milosevic, Saddam Hussein,
Kadafi, ... Mesmo com suas cabeças ameaçadas, as direções burguesas nacionais
preferem ser massacradas do que armar a população trabalhadora para reagir a
tempo e esmagar o Golpe de Estado armado pelo imperialismo. Isso é assim porque
tais direções possuem um pacto de morte com o capital contra a revolução
socialista, temem mais ao proletariado organizado que a seus próprios
executores.
Objetivamente, o pragmatismo petista, sob orientação de
Lula, que já entregou sem resistência para a direita a direções históricas do
partido como Dirceu e Genuíno, tende a fazer o mesmo com o próprio Lula.
Mesmo que essa manobra imperialista, por algum motivo, não
alcance ao resultado esperado agora e o bilionário seja liberado antes de atender
as expectativas de seus carcereiros, a manobra já cumpriu parte de tem sido
útil à direita por permitir que a escalada golpista dê um passo adiante no
sentido de colocar a prisão de Lula como uma possibilidade real, reanimando simultaneamente
os defensores do impeachment de Dilma. [ 6 ]
FRENTE ÚNICA CONTRA O GOLPISMO IMPERIALISTA E
OPOSIÇÃO OPERÁRIA CONTRA OS ATAQUES DO GOVERNO DILMA-LEVI
A classe trabalhadora, que já está sendo vítima da ofensiva
da direita, e da política cúmplice desta ofensiva executada pelo governo
Dilma-Levi não pode ficar a mercê da covardia do PT e da CUT. Para o
imperialismo, derrotar Lula e o PT através de um Golpe de Estado é meramente tático,
aumentar de sobremaneira a exploração da classe trabalhadora, o extermínio da
juventude e a liquidação dos direitos de toda a população explorada é a sua estratégia.
Para isso, chantageiam seus sócios menores, ilegalizam partidos (como
praticamente acabam de fazer com o PSTU, PCB e PCO), reduzem a maioridade
penal, golpeiam governos, fazem o que for necessário.
Quando o Estado capitalista se torna mais rigoroso, no caso,
supostamente contra a corrupção, é sempre para voltar-se, no final das contas,
com mais crueldade contra o conjunto da classe trabalhadora. Nós não
reconhecemos a legitimidade desta operação policialesca e sabemos que nossa
classe mais uma vez é o alvo da caçada. Se os golpistas forem bem sucedidos, legalizarão
o trabalho escravo da terceirização, ampliarão enormemente a política de
extermínio da juventude e de encarceramento em massa do proletariado.
Nenhum dos martírios impostos por esse mega-patrão aos
explorados da Odebrecht foi minimamente atenuado com esta ação judicial.
Somente incuráveis oportunistas podem crer que os trabalhadores podem pegar
algum tipo de atalho através da ação da escalada golpista do imperialismo e de
seus agentes reacionários. Não temos nada a comemorar se por trás da prisão
deste capo do capitalismo nacional está o poderoso chefão do capitalismo
mundial interessado em impor um regime de exploração infinitamente maior sobre
nós.
É preciso impulsionar uma ampla frente para esmagar o
golpismo imperialista, simultaneamente construímos uma oposição operária e
comunista ao governo Dilma-Levi e seus aliados escravocratas, para superar as
ilusões das massas no PT e construir uma nova direção para a luta em defesa de
nossos direitos e a serviço da revolução socialista.
Notas: