Pela
reunificação do movimento sindical de esquerda brasileiro, em
defesa dos direitos e contra a direita!
FRENTE COMUNISTA DOS TRABALHADORES
A
ameaça da terceirização da atividade fim, um dos maiores ataques aos direitos
trabalhistas e sindicais no Brasil das últimas sete décadas, provocou um
reaquecimento do movimento operário e sindical. Essa aquecida obrigou a
ofensiva patronal a se reorientar, mas a mobilização atual é ainda insuficiente
para derrotar o ataque. Por sua vez, as direções burocráticas impediram o
avanço da luta consequente em defesa dos diretos como se notou pela passividade
cúmplice das direções da CUT e CTB na aprovação das MPs 664 e 665. As demais
centrais menores (reconhecidas ou não pelo Estado) também não fizeram nada.
Mas, a responsabilidade de cada uma das centrais deve ser cobrada de acordo com
a respectiva representatividade.
NOVAS
CENTRAIS, DIVISÃO, DERROTAS,
MAIS
BUROCRATAS E O CAPITALISMO SINDICAL
A
partir da industrialização da década de 1930, para controlar uma massa crescente
de operários, o sindicalismo brasileiro foi estatizado. A ditadura empresarial-militar
promoveu uma nova onda de industrialização e se viu obrigada a estatizar por
completo os sindicatos. Foi o período de maior peso do operariado industrial
dentro da classe trabalhadora. As greves metalúrgicas que deram origem ao PT e
a CUT marcaram o auge da luta contra a ditadura, os patrões e o peleguismo. Ao
assumir o governo do país, pouco mais do que três décadas de sua criação, o PT
promoveu a divisão do movimento sindical para melhor governá-lo, uma nova
reestatização do movimento sindical, estimulando o peleguismo cutista e
sobretudo, através da aposentadoria privada, potencializou o capitalismo
sindical, através da participação das burocracias na gerência dos fundos de
pensão.
Os
sindicatos também continuaram crescendo em número (em média, 250 por ano), mas
ainda representando uma minoria da classe trabalhadora brasileira. 16 milhões
de trabalhadores, 17,2%, (PNAD/IBGE 2011), ou seja, apenas as camadas mais qualificadas
e bem pagas. Isso significa que mais de 80% dos trabalhadores, entre os quais
dezenas de milhões de informais e precarizados, não possuem qualquer
organização sindical.
A
atual divisão do movimento operário e sindical brasileiro só tem favorecido aos
patrões e a proliferação de uma burocracia sindical não só associada ao Estado,
governos e patrões em geral, mas, através dos fundos de pensão (Funcesp, Previ,
Petros, Funcef, Postalis), ao capital financeiro. Daí, os interesses da camada
superior da burocracia se identificarem com a política neoliberal de
privatizações, terceirização, assédio moral para a venda de produtos
previdenciários, etc. A luta contra o aburguesamento da burocracia sindical
passa pela reestatização completa da Previdência, expropriando o capital
financeiro e seus fundos de pensão, pela previdência social controlada pelos
previdenciários e usuários (trabalhadores da ativa e aposentados), sobre a base
da mais ampla democracia operária.
PARTIDOS
SINDICALISTAS E
CENTRAIS DIVIDIDAS POR PARTIDOS
A
organização sindical, os sindicatos e as centrais que os agrupam, são
organizações da massa trabalhadora, seu caráter deve ser o mais amplo possível (1). Inversamente, a organização
partidária deve compreender somente uma parcela da vanguarda que concorda com
um determinado programa. Mas, no Brasil, cada central pertence a um partido ou
corresponde a um programa – (CUT-PT, Força Sindical-PDT, UGT-PSDB, CTB-PCdoB,
Intersindical-PSOL, Intersindical-ASS, NCST-PMDB, Conlutas-PSTU...). Deste modo,
os partidos e seus programas são sindicalistas, comprometendo a organização da
luta pela conquista do poder político pela classe trabalhadora, e as centrais
são partidarizadas, dividindo a classe, subtraindo sua força coletiva.
Sendo
assim, além de serem subordinadas e financiadas pelo Estado, através do imposto
sindical (2) e de mecanismos como o
Fundo de Amparo ao Trabalhador, a divisão burocrática e partidarizada é outro
obstáculo imposto pelos patrões e seus agentes no interior do movimento, as
burocracias, contra a unidade na luta imediata dos trabalhadores e também
contra a clarificação de seus objetivos estratégicos. A luta imediata é
dividida e a estratégica não existe. Uma fórmula ideal para que os explorados
não conheçam sua própria força, não se eduquem na escola da luta de classes,
como Lenin chamava os sindicatos, e não tenham objetivos mais amplos nos
enfrentamentos contra os patrões. Defendemos a participação ativa e aberta dos
partidos nas disputas sindicais, mas através da frente única operária, classe
contra classe, sem que o sectarismo divida o nosso exército em favor dos
patrões.
Nenhuma
das rupturas da CUT (CTB, CSP-Conlutas, Intersindical-PSOL, Intersindical-ASS)
conseguiu superar os desvios burocráticos da matriz. Prova disto são os acordos
escravocratas e as derrotas históricas realizados pelas “novas centrais” como o
que a CSP-Conlutas realizou com a multinacional GM em 2013, que aumentou a
jornada de trabalho, reduziu os salários e permitiu a demissão de centenas de
operários pais de família.
O
enfraquecimento gerado pela divisão, burocratismo e conciliação de classes vem
provocando a perda de direitos trabalhistas e sindicais históricos. Nadando de
braçada os patrões resolveram impor um amplo plano de precarização e escravidão
assalariado através da terceirização e da aprovação das MPs 664 e 665
justamente quando amentam o desemprego e se deterioram as condições de vida dos
trabalhadores.
A
reunificação do movimento sindical de esquerda contra os pelegos históricos e
contra o neopeleguismo dentro da CUT e das novas centrais, não seria apenas uma
reversão da diáspora sindical ou uma anexação das centrais menores pela CUT,
teria que ser produto de um novo ascenso das massas, se estabelecer sobre bases
superiores de organização da luta econômica e não será obra da conciliação dos
próprios burocratas encastelados em seus feudos sindicais, mas da luta sem
tréguas das bases trabalhadoras pela redemocratização da CUT.
A
unidade não é um princípio dentro das centrais sindicais. No entanto, nós a
defendemos como forma de potencializar as lutas contra os patrões, os governos
e os próprios burocratas sindicais.
INDEPENDÊNCIA
POLÍTICA,
DEMOCRACIA OPERÁRIA E
ORGANIZAÇÕES AUTÔNOMAS
Para
derrotar as direções reacionárias, fascistas, reformistas, governistas no
interior dos sindicatos e federações realizamos frentes únicas: 1) pela
independência total e incondicional dos sindicatos em relação ao Estado
capitalista e aos patrões; 2) pela completa democracia operária sindical em
todos os fóruns e congressos.
Enquanto
esta unificação estratégica não ocorre, nós participaremos de todos os
congressos das centrais que agruparem os sindicatos onde nossos militantes
forem filiados. Devemos construir sim oposições classistas em todas as centrais
sindicais.
Os
revolucionários devem atuar também nos sindicatos mais reacionários e até
fascistas como nos ensinaram Lenin e Trotsky. Devem atuar em todos os
sindicatos e centrais pelegas, reacionárias e pró-imperialistas como a Força
Sindical, obviamente clandestinamente, defendendo a unidade de toda a classe
para a luta de seus interesses imediatos, a unidade de toda a classe em uma só
central sindical.
Devemos
defender que os sindicatos abarquem o mais amplamente possível a base de
trabalhadores de seu ramo produtivo, independente de serem ou não precarizados,
lutando para a efetivação plena dos mesmos, ou seja, para avançar na luta
contra a terceirização da “atividade meio”.
Em
2014, garis, condutores e outras categorias precarizadas, ou cujos sindicatos
estão nas mãos dos piores pelegos, impulsionaram, espontaneamente, a criação de
organizações autônomas, independentes e em oposição aos burocratas sindicais,
realizando greves históricas e arrancando aumentos salariais que chegaram a
37%. Ao mesmo tempo que defendemos a reunificação das centrais, estimulamos a
criação destas organizações autônomas (comitês de lutas, comandos de greve,
conselhos populares, etc.) que, sem substituir os sindicatos, pontualmente arrastam
para a luta econômica e política parcelas mais amplas da classe trabalhadora,
normalmente hostilizadas pela burocracia sindical.
Notas:
(1) Não devem fazer parte desta organização sindical os
policiais, que para nós NÃO são trabalhadores fardados, mas repressores
diretos, torturadores, assassinos dos trabalhadores, parte do destacamento
especial de homens armados em defesa do regime e da propriedade capitalista.
(2) Defendemos a manutenção do imposto sindical, com cobrança
incidente sobre toda a categoria -sindicalizados ou não- haja vista que são
recursos altamente necessários para as demandas dos trabalhadores, inclusive no
que diz respeito à própria existência material de muitos sindicatos. Todavia,
lutamos pelo controle operário sobre a arrecadação, distribuição e aplicação de
tais receitas, bem como denunciamos as burocracias sindicais que se locupletam
às suas custas. Igualmente, defendemos que o sindicato deve ter como objetivo
seu próprio autofinanciamento, de modo que sua dependência do imposto sindical
se faça menos presente.