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segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

A SITUAÇÃO DA CLASSE TRABALHADORA NO ABC PAULISTA

Resistência e avanços políticos operários em meio
a ofensiva dos patrões e seus governos no início de 2015
Erwin Wolf

Em decorrência dos ataques sofridos durante o governo Dilma 1 e dos recentes ataques do governo Dilma 2 com cortes de direitos previdenciários (pensão/seguro desemprego), aumentos de impostos e juros, visando a obtenção do superávit primário de 1,2% do PIB (Produto Interno Bruto) para dar ainda mais lucros aos banqueiros e grandes capitalistas, os trabalhadores do ABC Paulista estão retomando as suas lutas de maneira intensa, com a vitória parcial na greve dos 10 dias dos trabalhadores da Volkswagen de São Bernardo do Campo, com a greve de solidariedade dos trabalhadores da Quasar de Mauá, com a vitória da greve dos motoristas e cobradores ônibus da Vipe (Viação Padre Eustáquio) de São Caetano, com a vitória na resistência da ocupação da favela Skaf, no Bairro Batistini, em São Bernardo do Campo.
O ABC Paulista (expressão que alguns não concordam, porque dizem que não há somente um ABC) é formado por sete cidades: Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra (não confundir com Riacho Grande que é um bairro de São Bernardo do Campo, possuindo uma Sub-prefeitura).

No dia 16 de janeiro p. p., o Diário do Grande ABC, em matéria assinada por Soraia Abreu Pedrozo, noticiou que

“As indústrias das sete cidades demitiram 20.550 profissionais ao longo dos 12 meses, volume que representa o total de trabalhadores na fábrica da General Motors em São Caetano, de cerca de 11 mil, mais o equivalente a duas Ford em São Bernardo do Campo, onde a montadora emprega 4.500 pessoas... “O montante de demissões é o maior de que se tem registro na região pelo menos desde 2008, ano em que eclodiu a crise econômica, e é o dobro dos cortes registrados em 2009, marcado pelo auge da turbulência. De lá para cá as indústrias do seguimento amargam a perda de 37.742 postos de trabalho. As informações são do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) com suas associadas.”

O Diário do Grande ABC assinala também que “O baque não se restringiu à região, já que em todo Estado houve a eliminação de 128,5 mil vagas em 2014, o pior resultado desde o início da série histórica, em 2006.”

Diadema foi a cidade que mais perdeu postos de trabalho: 7.200 (-13,14%); São Bernardo: 6.500 (-6,36%); Santo André, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra,
A Ciesp de Santo André aponta como motivos da crise o endividamento da população que necessitou reduzir o consumo e o endividamento dos pequenos fabricantes em razão da concorrência com os produtos importados.

“O ano passado foi marcado por férias coletivas, lay-ofss e PDVs (Programas de Demissão Voluntária) nas montadoras.” (idem)

Já o Diretor do Ciesp de São Bernardo do Campo, Hitoshi Hiodo, acrescentou que "Para completar, a Copa do Mundo e a eleição reduziram mais o ritmo da economia. Muitas indústrias apostaram no campeonato e tiveram produtos encalhados. A falta de confiança generalizada piorou a situação”.

Já no dia 24 de janeiro, o Diário do Grande ABC, em matéria assinada por Pedro Souza, “Indústria faz maior demissão da história”, com o subtítulo “Ministério do Trabalho aponta que o setor encerrou 15.093 postos na região no ano passado”, onde acrescenta outros problemas que geraram a crise como: “Crédito mais restrito. Argentina com barreiras comerciais fechadas e economia em desaceleração.”, informado que

“Este é o pior resultado desde o início da série histórica do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do TEM, em 2003. E contribuiu ainda, em grande parte, para o saldo de empregos da região encerrasse o ano passado negativo em 11.230 – igualmente o menor saldo de vagas, ou seja, contratações menos demissões com carteira assinada.”

Nessa matéria, é informado que

“Apenas em dezembro, a região perdeu 8.489 postos de trabalho, tendo em vista que a indústria teve saldo negativo de 3.340, o comércio, 453, o setor de serviços, 3.215., e a construção, 1.299.”

Todavia, toda esta ofensiva patronal fabricou elementos extremamente progressivos e inéditos nas últimas décadas, a saber: a volta das greves operárias de massas e por tempo indeterminado na maior fábrica do país contra as demissões e a volta das greves de solidariedade de classes entre categorias operárias,


A classe operária neste início do ano entrou em movimento com a greve parcialmente vitoriosa da Volkswagen, onde obteve o retorno dos 800 companheiros demitidos. Infelizmente, a vitória foi parcial porque não se garantiu o emprego dos companheiros terceirizados e foi estabelecido PDV (Programa de Demissões Voluntária).

A “derrota na vitória” se deveu à atuação da burocracia que dirige o Sindicato do ABC, ligada ao Partido dos Trabalhadores, que adota uma política de colaboração de classes, sendo que durante vários anos sequer realizou uma greve durante as campanhas salariais. A burocracia cutista, inclusive, boicotou a luta dos trabalhadores da Mercedes-Benz, onde foram demitidos 240 operários, não apontando à unificação da com os operários da Volks e das demais montadoras, o que colocaria em xeque a política de Dilma-Levy.

A GREVE DE SOLIDARIEDADE DOS METALÚRGICOS DA QUASAR (MAUÁ E GUARULHOS)

Os operários da Quasar, do bairro Sertãozinho, em Mauá estão em greve de solidariedade aos 770 metalúrgicos demitidos por outra empresa do grupo, em Guarulhos, a MTP (Metalúrgica de Tubos de Precisão), desde sexta-feira, 23.

Os operários da MTP estão em greve por não receberem salários e foram demitidos por telegrama.

GREVE DOS MOTORISTAS E COBRADORES DE ÔNIBUS
DA VIPE - VIAÇÃO PADRE EUSTÁQUIO (SÃO CAETANO DO SUL)

Os motoristas e cobradores da Viação Padre Eustáquio é responsável por oito linhas em São Caetano do Sul.

A greve foi deflagrada por melhores condições de trabalho, correção salarial e a recontratação de um funcionário que sofreu perseguição política. A greve terminou no dia 14 de janeiro, com os trabalhadores conquistando a volta de cobradores em 5 linhas e que os motoristas que recebiam como condutores de micro-ônibus teriam seus registros e salários corrigidos (ou seja, receberiam como motoristas de ônibus, e não de micro-ônibus).

Aqui também, com certeza, a vitória poderia ser completa, se não fosse a burocracia sindical.

A VITÓRIA DA RESISTÊNCIA DA OCUPAÇÃO
DA FAVELA SKAF (SÃO BERNARDO DO CAMPO)

Mais uma vez, a exemplo, do que ocorreu com a ocupação Devanir José de Carvalho, no ano passado, outra vez o Prefeito Luiz Marinho do PT, soltou a sua guarda civil contra os moradores da Favela Skaf, no Bairro Batistini, em São Bernardo do Campo, só que desta vez se deu mal, quebrou a cara, porque resultou em confronto entre a GCM (Guarda Civil Municipal) e os moradores do terreno.

“A intenção da Prefeitura era desocupar 25 barracos instalados aos fundos da comunidade há cerca de 5 dias. A ação, no entanto, saiu de controle durante a entrada da guarda, o que culminou na suspensão da reintegração.” .(ABCD MAIOR, de 21/01).

É importante assinalar que houve as barbaridades de sempre, com criança sendo ferida na boca com bala de borracha.

Assim, a situação da classe trabalhadora do ABC Paulista agravou-se em razão da política do Partido dos Trabalhadores, de superávit primário, inflação, juros, arrocho salarial, demissões, lei de responsabilidade fiscal, combinada com igual política do PSDB de Alckmin, em São Paulo, ou seja, o que estava ruim poderá piorar, com o pacote de maldades de Dilma 2 – Levy, superávit primário de 1,2% do PIB, cortes de direitos previdenciários (pensão/seguro-desemprego). Todavia, constatamos que a classe operária do ABC Paulista está entrando em movimento – de forma defensiva ainda – e já vem infringindo derrotas aos patrões e à burguesia, apontando que não será nada fácil ao governo implementar o pacote de maldades do governo Dilma 2 e do ministro Levy.

Essas ações acontecem ao mesmo tempo que a juventude está lutando pelo passe livre, enfrentando a brutal repressão do governo Alckmin, em São Paulo, e Pezão, no Rio de Janeiro. É uma tendência muito importante que deve ser impulsionada, visando uma frente única com as organizações operárias e populares, visando a construção de uma alternativa a que se apresenta pela direita golpista pró-imperialista, a edificação de uma oposição operária e revolucionária ao governo Dilma-Levy. Para tanto, é necessário lutarmos pela construção de um partido operário marxista revolucionário, tarefa essa que no momento a Liga Comunista desenvolve no seio do Comitê Paritário, juntamente com os camaradas do Coletivo Lenin e da Resistência Popular Revolucionária, e no seio do Comitê de Ligação pela Quarta Internacional (CLQI).



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