Reproduzimos a seguir um artigo do camarada Donovam, membro do
Socialist Fight britânico, acerca da crescente instrumentalização dos protestos de Hong
Kong (HK) pelo imperialismo anglo-estadunidense como parte da guerra híbrida contra a China. Esse último, um regime apoiado em formas de propriedade monopolistas burguesas, controladas por uma flexível planificação econômica, onde o capital financeiro se encontra majoritariamente estatizado e convive com zonas econômicas e administrativas especiais, como Hong Kong, dependentes do imperialismo. Incapaz de vencer a China na guerra comercial, o imperialismo usa Hong Kong para pressioná-la. Assim, os protestos transcendem as demandas iniciais, já atendidas por Pequim, de retirada da lei de extradição.
O movimento de protestos de Hong Kong, hoje região
Administrativa Especial de pertencente a China, eclodiu em abril contra uma nova
lei de extradição foi alimentado por queixas e medos legítimos. A lei ameaçava
a população de Hong Kong a ser diretamente subjugada por um regime político
muito mais draconiano de Pequim [como
por exemplo, a adoção da pena de morte, válida na China, mas não em Hong Kong], do qual HK atualmente tem um certo grau de
autonomia e proteção como resultado do fim do domínio colonial
britânico. Mas o movimento radicalizou-se deformadamente e agora é
abertamente instrumentalizado em favor do Ocidente, pró-Reino Unido, pró-imperialismo dos Estados Unidos
e se envolveu em atos arbitrários de violência provocativa, como destruir o
parlamento de Hong Kong.
A própria lei de extradição foi suspensa e agora foi
completamente anulada pela governante de Hong Kong, Carrie Lam, pró-Pequim. Mas
o movimento continua, e as manifestações em massa e os confrontos continuam
entre os manifestantes e a polícia de Hong Kong. Grupos estranhos,
parapoliciais pró-Pequim, em alguns casos gangues mafiosas, atacaram os
manifestantes. Eles também entraram em choque com oponentes imprudentes de
Pequim, que pretendem usar a força, com transeuntes comuns envolvidos no
conflito, enquanto dirigentes da oposição acenam com os Stars and Stripes (símbolos
da bandeira dos EUA) e pedem que Trump “libere” HK de Pequim, algo que poderia
provocar uma Terceira Guerra Mundial.
O movimento de Hong Kong nesse pequeno território não é
atualmente uma grande ameaça à independência da China. E não somos apoiadores
do regime brutal, ex-stalinista, agora capitalista, em Pequim, cujo grande
setor estatal, deixado pelos antigos estado operário deformados, está sendo
usado agora para fortalecer a crescente e poderosa burguesia chinesa
continental, para não reprimir capital como estava sob o regime stalinista.
Mas é legítimo temer que o movimento de Hong Kong possa ser
um cavalo de Tróia para o imperialismo e potencialmente ser usado como uma
vanguarda para algo maior que poderia ser a base um dia para o imperialismo
tentar o tipo de 'revolução das cores' que eles usaram em outros lugares para
derrubar um regime recalcitrante de que não gostam e substituí-lo por um regime
pró-imperialista mais complacente. Como na Ucrânia, Geórgia ou Líbano.
Somos a favor de uma revolução da classe trabalhadora na
China, baseada em organizações de trabalhadores em massa e conselhos de
trabalhadores, que têm um precedente real na China, retomando à revolução
sabotada dos trabalhadores em 1926-7 e, até certo ponto, à revolta da classe
trabalhadora em torno da Praça de Tien-An-Mein, em 1989, delimitando-nos de uma
fração daquele movimento, predominantemente estudantil que expressava ilusões
covardes na "democracia" do imperialismo dos EUA.
Nos opomos a qualquer ofensiva pró-imperialista contra a semicolonia
avançada da China pelas forças pró-imperialistas, e, embora não defendamos o
esmagamento da revolta da Hong Kong pelo regime de Pequim [o que poderia fortalecer a burocracia contra os trabalhadores chineses em geral], neste momento, no
entanto, se esse movimento ganhar uma dimensão maior que realmente ameace a
China, defenderemos o país asiático contra esse ataque imperialista “por
procuração”.