Declaração do SF: Vote Labor!
01/06/2017
01/06/2017
Ian
O grupo Socialist Fight [Luta Socialista, seção britânica do CLQI], defende
que os trabalhadores votem nos trabalhistas na Inglaterra, na Escócia e no País
de Gales. Ao mesmo tempo, como parte da nossa oposição ao imperialismo
britânico, nos opomos ao Partido Trabalhista britânico na Irlanda do Norte.
As pesquisas de opinião mostram uma corrida eleitoral apertada. Corbyn,
líder do trabalhismo, é um político imperialista, mas ele não é um conservador
e está à frente de um movimento da classe trabalhadora que agora está
rejeitando a austeridade com a candidatura mais a esquerda já produzida pelo
trabalhismo.
Não temos ilusões, ele não é revolucionário como nenhum dos dirigentes
anteriores do Partido Trabalhista foi, mas Corbyn é a expressão política de um
movimento que obteve duas vitórias eleitorais massivas na direção do
trabalhismo contra todo o establishment capitalista, incluindo a maioria dos deputados
do Partido Trabalhista.
Não devemos nos concentrar apenas em avaliar o fenômeno Corbyn
individualmente, mas na significativa mudança para a esquerda de uma fração
política na Grã-Bretanha. Thatcher girou incisivamente para a direita com a
fundação da ofensiva neoliberal e pôs em crise cada um dos grupos de extrema
esquerda e as correntes revolucionárias conduzindo-as a confusão política e a
marginalização.
A derrota da greve dos mineiros em 1985, após a derrota da greve de
fome dos lutadores republicanos irlandeses em 1981, e os avanços eleitorais do
Sinn Féin não alteraram isso, mas pioraram de muitas maneiras, estabelecendo um
curso que drenou de forma maciça a riqueza dos pobres para os ricos como vimos
desde então.
Todos os valores sociais do neoliberalismo agora estão sendo postos em
cheque e isso permite uma alteração progressiva em um quadro político em que “o
mar não estava para peixe”. Essa situação nova permite que os revolucionários
possam ter água suficiente para voltar a nadar depois que Thatcher drenou esse
tanque e fez com que perdêssemos uma geração inteira de socialistas
revolucionários.
Vote no Partido trabalhista por uma maré que conduzirá todas as
correntes esquerdistas, incluindo os verdadeiros socialistas revolucionários
que querem derrotar o imperialismo e o sionismo britânicos e americanos e
expulsá-los da Irlanda e de qualquer outro lado. Mas sabemos que os monstros só
podem ser derrotados em profundidade em suas terras, é só lá que é possível
cortar suas cabeças. E as únicas forças que podem fazer isso são a classe
trabalhadora britânica, americana, francesa, alemã e japonesa.
Claro que Corbyn não é revolucionário como já destacamos e nunca conduzirá
a futura revolução, mas uma vitória para ele ou pelo menos uma votação maior
que Brown ou Milliband conseguirá sinalizar o aumento da maré da revolução. E,
claro, simultaneamente esse movimento é uma crítica a todas as suas
capitulações ao capitalismo e ao imperialismo. Apesar de criticarmos o
laborismo não cometemos o equívoco de pôr um sinal de igual entre Corbyn e May,
de modo que tudo o que nos resta é o slogan tolo e ingênuo. “A solução é a
revolução".
Se o discurso de Corbyn sobre o atentado de Manchester localizando a
origem do ataque nas guerras promovidas pelo imperialismo no Oriente Médio
ajudou a conquistar votos na eleição, será porque existe um mínimo de verdade
nele e que o mesmo tocou a classe trabalhadora.
Embora seja ele um político imperialista, ele é um líder trabalhista apoiado
pelas massas da classe trabalhadora, que agora estão se entusiasmando. Seria
impossível para um líder Tory fazer esse discurso. "A solução é a
revolução" absolve o esquerdista da obrigação de militar pela evolução
política da classe trabalhadora enquanto ela evoluiu.
Uma vitória esmagadora dos Torys seria um desastre para essa tarefa.
Uma vitória trabalhista avançaria a consciência de classe da classe para a
revolução. Mesmo que Corbyn tenha apenas uma porcentagem maior do que tiveram
seus antecessores Brown ou Milliband, como dissemos, será uma vitória. Deslocar
o corpo político à esquerda fornece significativamente a água para o peixe
revolucionário nadar. Thatcher sabia disso e assim secou o aquário fazendo com
que perdêssemos toda uma geração de socialistas revolucionários.
Outro sintoma desse processo foi o aumento da audiência televisiva acerca
dessa eleição que registrou o maior nível de discussão há décadas entre os
membros do público.
POR QUE DIZEMOS QUE CORBYN É UM POLÍTICO IMPERIALISTA?
Um político genuinamente anti imperialista sempre defenderia a
"derrota de seus próprios e de todos os outros poderes em todas as
guerras" (citação de Trotsky). Um "pacifista empedernido" (outra
expressão de Trotsky) é simplesmente contra todas as guerras ao contrário de um
revolucionário que reconhece que a guerra é endêmica do capitalismo em crise e
não pode ser evitada, mas deve ser usada para quebrar a ideologia pró-imperialista
dos trabalhadores das metrópoles, convencidos por seus patrões a apoiar as guerras
contra outros povos "no interesse nacional", uma concepção falsa que
só beneficia os saqueadores imperialistas.
Por esta razão, Trotsky defendia a derrota da Itália na invasão da
Abissínia em 1936, do Japão em relação à China, em 1937 e, hipoteticamente, a
derrota da Grã-Bretanha contra o Brasil em 1938, embora em todos os três casos
os governos rivais [Hailé Selassié, Chian Kay Chek e Getúlio Vargas,
respectivamente] aos dos países imperialistas fossem regimes reacionários e bárbaros,
muito piores do que Gaddafi ou Assad. Já vimos o suficiente sobre as campanhas do
imperialismo humanitário, civilizando os nativos para saquear e rapina. Gaddafi
não estava prestes a exterminar a população de Benghazi, mas ele reconheceu que
por trás dos “rebeldes” estavam a CIA e a OTAN, instrumentalizados pelo imperialismo
ocidental para derrubar o governo do país com os mais altos padrões de vida na
África, que simplesmente não fazia o que lhe diziam. O fato de que alguns dos que
o derrubaram fossem jihadistas não incomodava ao imperialismo desde que seu
embaixador conseguisse concluir a estratégia.
O ataque imediato contra negros africanos, o linchamento em massa
caracterizou imediatamente os rebeldes de Benghazi como vil reacionários.
A simbologia dos “rebeldes” ostentando a bandeira do Rei Idris em todos
os lugares desde o início do Golpe mostrou que a maior ambição daquele
movimento era o de ser fantoches do Ocidente, como Idris o era antes de Gaddafi
derrubá-lo em 1969.
Agora, o bombardeio de Manchester e as subsequentes prisões estão
expondo esse relacionamento corrupto.
Vimos debates de alto nível do público na televisão, público que não se
deixava aprisionar pelos temas da xenofobia contra a imigração ou o apoio ao Brexit.
O próprio discurso de Corbyn sobre o atentado de Manchester deixou para
trás muitos esquerdistas. Embora não fosse mais que um discurso pacifista, no
entanto, esse discurso desmascara a posição pro-imperialista do Secretariado
Unificado (SU) da IV Internacional, de grupos sul-americanos como a LIT, da
Alliance for Workers Liberty, do Workers Power / Fifth International, do RCIT
austríaco e todos os grupos Grantistas como o CWI e o IMT [Esquerda Marxista],
os SWP britânicos e americanos e seus pares internacionais. Nesse momento, estão
todos esses grupos à direita do discurso pacifista de Corbyn, que se mostrou
muito popular entre os eleitores porque contém um mínimo de verdade contra toda
a esquerda pró-imperialista.
O imperialismo global cujo epicentro é Wall Street e suas corporações
transnacionais aliadas e imperialismos subordinados na Europa e no Japão etc.
são o inimigo central de toda a humanidade e suas derrotas fortalecem os
oprimidos em todos os lugares. A libertação de Aleppo foi o que impulsionou
Jeremy Corbyn, apesar de ser pacifista, a reconhecer que a "política
fracassada" na Líbia gerou o ataque de Manchester.
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