Toda solidariedade ao proletariado guineano contra a multinacional “brasileira”*! Pela expropriação da Vale sem indenização e sob o controle da população trabalhadora!
Menos de um mês após o massacre de Marikana, a serviço dos
interesses da mineradora britânica Lonmin, quando o aparato repressivo do
governo do CNA executou quase meia centena de mineiros sul africanos, outro
país africano foi palco de um novo massacre anti-operário. No último dia 04 de
agosto, foram assassinados por militares seis manifestantes da Guiné Bissau que
haviam protestado contra o regime de contratação de mão de obra pelo consórcio
multinacional, VBG, composto pela mineradora Vale “brasileira” e a BSG
Resourses, pertencente ao bilionário sionista Beny Steinmetz.
No dia 1º de agosto, os manifestantes da distrito de Zogota
ocuparam as instalações do consórcio, destruindo móveis e expropriando
equipamentos em protesto contra o não cumprimento por parte da Vale de uma
convenção trabalhista assinada com o governo da Guiné em troca da exploração de
minério do país. A convenção estabelecia que a multinacional ficaria obrigada a
contratar um percentual mínimo de mão de obra das etnias locais, os Guerzé e os
Tomas. No entanto, a Vale contratou três mil funcionários deixando de fora as
etnias da região e beneficiando a etnia Peuls, que compõe o setor majoritário
da burguesia do país e à qual pertence o atual presidente, Alpha Condé, eleito em
um processo fraudulento em 2010.
No dia anterior ao massacre, 03 de agosto, ministros do
governo Condé foram a Zogota em veículos da multinacional para tentar dissuadir
os manifestantes de sua luta contra a empresa. Por volta de 1h da madrugada do
dia 04, policiais e para-militares contratados pela empresa utilizando os
carros da própria, invadiram 300 casas do vilarejo de Zogota, procurando as
lideranças do movimento. A população reagiu, mas os criminosos a serviço da
Vale executaram 6 manifestantes, dentre eles o chefe do distrito, Nankoye Kolé.
“As mortes chocaram a Guiné e geraram revolta contra as
autoridades políticas e militares e também contra a direção da companhia” (O
Estado de São Paulo, 02/09/2012). Imediatamente, o governo Condé proibiu os
protestos marcados pelos moradores dos distritos de Zogota e N’zérékoré. No dia
07 de agosto, o ministro das Minas de Guiné, Lamine Fofana, enviou um telegrama
ao presidente da Vale, Murilo Pereira. O canalha Fofana nem sequer menciona o
massacre, mas lamenta pelos “dramáticos acontecimentos” que provocaram danos
materiais e depredação do acampamento da Vale, prometendo apurar os atos de
vandalismo. O direito de exploração das minas de Zogota, as quais a Vale
considera como a nova Carajás, foi comprado por US$ 2,5 bilhões, embora até
agora a empresa só tenha desenbolsado US$ 500 milhões. As “compensações
financeiras” pela exploração do minério guineano vão para o bolso dos
governantes e da classe dominante local, mas não chegam às comunidades de Zogota
e N’zérékoré.
A covardia da direção criminosa da Vale não tem limites. A
empresa nega tudo. Inclusive nega que tenha havido qualquer incidentes com os
moradores locais: “Soubemos pelos veículos de comunicação, que ocorrera uma
morte na sexta feira, dia 03 de agosto, num vilarejo distante, cerca de 5 km da
planta da VBG... Não procede a informação de que houve ‘recorrentes protestos
contra a Vale’” (idem).
O governo Dilma vem a público cinicamente mentir em defesa
da empresa, apresentando a vilã como vítima. O embaixador do Brasil na Guiné,
José Fiúza Neto, isentou a Vale de qualquer envolvimento no massacre: “A
percepção que temos é de que há uma motivação política de ir contra o governo,
e de que a Vale foi vítima nesta história.” (idem).
A ONU não fica atrás. O covil de bandidos imperialistas também
acoberta o papel da Vale no bárbaro crime e trata de fazer o velho mis en scene de que vai apurar os fatos: “A ONU, por
enquanto, poupa detalhes sobre o eventual envolvimento da Vale nas mortes”
(idem). Rupert Colville, porta-voz do Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos
declarou: “Para nós, isso é marginal por enquanto.” (idem).
A Liga Comunista exige das organizações de trabalhadores e
das que se reivindicam internacionalistas, principalmente as organizações de
esquerda do Brasil, que se posicionem contra esse massacre perpetrado pela Vale
e defendido pelo governo Dilma. As organizações que se dizendo defensoras dos
interesses dos trabalhadores silenciam diante deste bárbaro crime contra nossos
irmãos africanos, tornam-se cúmplices por omissão dos criminosos saqueadores
multinacionais das riquezas da Guiné.
Neste momento, nós não nos esquecemos do ensinamento do revolucionário alemão Karl Liebknecht: "O inimigo principal está dentro do próprio país" e por isto reivindicamos que se leve adiante a luta iniciada pelos guineanos oprimidos quando ocuparam as instalações e realizaram expropriações tendo como fim a expropriação de todo o consórcio VBG, sem nenhuma indenização, seu controle pelos trabalhadores e a luta pela derrubada do governo capacho de Condé.
Neste momento, nós não nos esquecemos do ensinamento do revolucionário alemão Karl Liebknecht: "O inimigo principal está dentro do próprio país" e por isto reivindicamos que se leve adiante a luta iniciada pelos guineanos oprimidos quando ocuparam as instalações e realizaram expropriações tendo como fim a expropriação de todo o consórcio VBG, sem nenhuma indenização, seu controle pelos trabalhadores e a luta pela derrubada do governo capacho de Condé.
* A Vale foi uma mineradora estatal
criada no governo Getúlio Vargas e privatizada no governo FHC, tornando-se o
maior exemplo da malfadada privataria tucana. Com matriz no Brasil, mas com 40%
de seu capital acionário pertencente a investidores estrangeiros, segundo
declaração formal da própria empresa, efetivamente, a maior fornecedora e
exploradora de minério de ferro do mundo para o imperialismo e para a China. http://www.vale.com.br/pt-br/investidores/perfil-vale/composicao-acionaria/Documents/Shareholder_structure_p.pdf