Ditadura do Capital e peleguismo:
Dilma, banqueiros e burocracia sindical unidos contra as greves
Dilma, banqueiros e burocracia sindical unidos contra as greves
As duas fortes greves contaram com a participação de 80% de adesão dos trabalhadores (nos bancos públicos, no caso do bancários). Foram greves nacionais e houveram importantes marchas coletivas destas categorias que vem enriquecendo suas experiências políticas ao lutarem todos os anos contra os governos do PT. O governo de Dilma e os burocratas dos sindicatos de tudo fizeram para liquidar o movimento. O Banco do Brasil impetrou um “interdito proibitório” (instrumento jurídico para forçar os bancários a voltar ao trabalho) antes mesmo do primeiro dia de greve. Mas isto não intimidou aos bancários que sabiam que o BB havia lucrado às suas custas R$6 bilhões só no primeiro semestre de 2011. Em seguida foram ameaçados de descomissionamento e corte dos dias parados, mas isto só fortaleceu a greve bancária.
Nos correios, os trabalhadores derrotaram o golpe do Comando de Negociações da Fentect que no dia 04/10 fechou acordo criminoso com a Justiça, que abria mão dos dias parados.
Apesar da Fentect orientar a aprovação da proposta nas assembléias do dia seguinte, todas as assembléias dos 35 sindicatos que compõem a Federação rejeitaram o acordo. O acordo também previa um reajuste miserável, desconto dos dias parados e banco de horas. Os trabalhadores continuaram a greve porque também sabiam que com sua derrota passaria a privatização da ECT. Em seguida, a Ministra do Planejamento, Miriam Belchior, ameaçou cortar os dias parados da mesma forma como Lula fazia: “O presidente Lula já dizia, greve não é férias”. O governo do PT tornou-se claramente inimigo do direito dos trabalhadores a fazerem greve. Mas os bancários e carteiros não se intimidaram e continuaram em greve. Os trabalhadores resistiram heróica e bravamente a todos os ataques desferidos pelo governo, banqueiros e burocratas contra sua luta.
Mas, apesar de toda esta resistência heróica, e da busca desesperada dos trabalhadores por uma alternativa política para superar os golpes dos pelegos governistas, as burocracias sindicais anãs da CSP-Conlutas (PSTU) e Intersindical (PSOL) mostraram que não passam de auxiliares na traição, sugerindo a divisão das assembléias por banco, apoiando os acordos criminosos da burocracia maior com o governo e comemorando em conjunto com os pelegos a nossa derrota.
DILMA, DITADORA DO CAPITAL CONTRA TRABALHADORES
Fica claro que o “direito” de greve, na prática, não existe e as greves são proibidas pelos órgãos da “justiça burguesa” como o Tribunal Superior do Trabalho (TST). Hoje, o que foi assegurado no artigo 9º da lei nº 7.783/89 na Constituição Federal não passa um mecanismo formal para domesticar o movimento sindical brasileiro e retirar-lhe sua autonomia. Na prática, quando os trabalhadores se levantam em defesa de melhores condições de vida, é letra morta, mostrando que a “democracia” no capitalismo é o direito dos ricos super-explorarem os operários, portanto, uma ditadura do capital sobre o povo pobre. Isso ficou patente nesta greve onde o governo Dilma através do TST interveio atacando os trabalhadores com total cumplicidade das centrais, federações e sindicatos burocratizados.
28 DIAS NOS CORREIOS
Esta categoria é composta por 110 mil trabalhadores braçais do serviço público que recebem como salário base 807 reais. Depois de 28 dias de greve -- a maior dos últimos 15 anos -- e com adesão de mais de 70% da categoria, a burocracia sindical da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos, FENTECT, controlada por PT, PC do B, PSTU e PSOL, compactuou com a proposta miserável da direção dos Correios e do TST de reajuste de 6,87%, aumento linear de R$ 80, desconto de sete dias parados e compensação dos outros 21 aos sábados e domingos, com o valor da hora de trabalho equivalente a da semana, sem receber as porcentagens acrescidas às horas, por ser fim de semana como manda a lei. Nem se discutiu a revogação da MP 532 que impulsiona a privatização da empresa, que era justamente uma das principais pautas dos trabalhadores, significando uma derrota da categoria não pela falta de combatividade, mas pela política traidora e conciliatória da burocracia da FENTECT.
Apesar de julgar que a greve não era abusiva, o TST interveio atacando o direito dos ecetistas. O presidente do TST estipulou multa diária de R$ 50 mil sobre a FENTECT caso continuasse a greve, significando que, ao contrário do que diz os apologistas do governo petista, não existe nem sombra de governo progressista, o que temos é sim um governo totalmente comprometido com os interesses do grande capital imperialista de olho na privatização dos Correios que significará um dos maiores saques à nação em todos os tempos.
21 DIAS DOS BANCÁRIOS
No Brasil existem 484 mil bancários que realizaram a maior greve dos últimos 20 anos, fechando 9.254 agências em todo o país. A greve foi encerrada após 21 dias de paralisação, por obra da política traidora dos burocratas do CONTRAF/CUT, onde apesar de grande mobilização dos trabalhadores, a burocracia traidora aceitou um acordo miserável de 9 %, abaixo até mesmo da já ultra rebaixada pauta inicial de 12,8 %, significando um “aumento real” de 1,5 %. Uma vergonha! Insultante se compararmos este índice miserável aos estratosféricos lucros dos banqueiros da CEF e do BB; Só no 1º semestre de 2011, os sete maiores bancos do país lucraram R$ 26 bilhões, graças as políticas pró-banqueiro do governo entreguista de Dilma, através das taxas de juros mais altas do planeta e das péssimas condições de trabalho dos bancários; alto índice de denúncias contra o assédio moral, diminuição no número de agências, significando acumulo de funções aos funcionários e super-exploração, além do grande arrocho salarial que sofre a categoria, onde em alguns bancos as perdas salariais chegam aos absurdos 100%.
Mas tudo isto ainda vai piorar, assim como os carteiros, os bancários terão que “compensar” os dias parados até 15 de dezembro, com 2h de trabalho a mais por dia, medida que contribui para aumentar o já insuportável assédio moral nos bancos.
OS PELEGOS, ESPINHA DORSAL DA DOMINAÇÃO CAPITALISTA
O maior saldo destas duas greves para as categorias foi o desgaste político sofrido pelo governo, pelo PT e PCdoB e seus auxiliares sindicais do PSOL e PSTU, por um lado, e pelas passeatas unificadas intersindicais por outro, o que abre a perspectiva futura de assembléias comuns contra o governo que é o patrão da CEF, BB e ECT.
Por sua vez, como de costume, os burocratas sindicais da FENTECT (PT, PC do B, PSTU e PSOL) e da CONTRAF/CUT, serão premiados com cargos e verbas na direção das empresas estatais e fundos de pensão.
Em ambas categorias, as comissões de negociação não votadas pelas bases realizaram uma ação de sabotagem articulada com a arqui-reacionária justiça burguesa, patrões e governo, decretando burocraticamente o fim das greves antes sequer da consulta aos bases nas assembléias.
No FdT#2 alertamos “Greve vitoriosa começa com organização de base radicalizada para derrotar as manobras da burocracia sindical testa-de-ferro de Dilma e dos banqueiros!”. A greve foi derrotada exatamente pelas manobras das burocracias completamente livres do controle de suas bases e contra as mesmas.
Fica claro que a burocracia sindical, independente de qualquer categoria profissional, é agente dos patrões e do governo infiltrada em nossas lutas para derrotá-las e precisa ser expulsa como fura-greves e sabotadora inimiga da vitória de nosso movimento pela organização democrática e de base dos trabalhadores.
Nos últimos meses, devido a degradação crescente do nível de vida das massas exploradas, vêm crescendo a quantidade de greves no país, porém, os burocratas são sempre capazes de desviar as revoltas para a via morta da conciliação de classes, resultando na derrota completa inclusive da luta imediata e econômica, como ocorre em outros países como Grécia, Portugal, Inglaterra e etc., onde apesar das diversas greves gerais e manifestações espontâneas das massas, a burocracia consegue manobrar no sentido de manter intacto a sociedade burguesa pela falta de uma direção revolucionária proletária.
O QUE FAZER?
Assim, a lição que a classe operária deve tirar disso tudo, é que é preciso logo no primeiro momento radicalizar as greves e ocupar com a greve o local de trabalho.
Alguns dirão que estas medidas não fazem parte da cultura dos trabalhadores brasileiros. Terão que passar a fazer, do contrário se arruinará a única classe progressista e capaz de tranformar esta miséria em que vivemos em uma vida digna e justa.
Também não é verdade que os trabalhadores de nosso país sempre foram cordeirinhos bobos e alegres, tivemos centenas de lutas heróicas em nossa história como Canudos, Palmares, a revolta dos marinheiros e esta luta dos carteiros e bancários foi um exemplo de luta e resistência tenaz.
A libertação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores, isto implica na necessária organização independente de nossa classe frente aos patrões, seu Estado, seus partidos e seus agentes em nosso meio que são os burocratas sindicais.
Para conquistar esta independência é urgente construir um partido revolucionário dos trabalhadores, como foi o Partido Bolchevique da Rússia, para organizar uma revolução socialista no Brasil, tomar o poder das mãos dos exploradores, como primeiro passo para a construção de uma nova sociedade, voltada para as satisfações das necessidades humanas.