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segunda-feira, 14 de março de 2011

BANCÁRIOS - SÃO PAULO


Por uma oposição de verdade para a APCEF!

dO Bolchevique #3
do Boletim sindical bancário da Liga Comunista distribuído na convenção da chapa de oposição à APCEF-SP

O método de análise que utilizaremos nas próximas linhas em relação às eleições para a diretoria da Associação de Pessoal da Caixa Econômica Federal - APCEF/SP deve ser estendido também para os processos eleitorais da FENAE (Federação Nacional das Associações de Pessoal da Caixa Econômica Federal) e do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região, a serem realizados nos próximos meses.

Nós da Liga Comunista, consideramos que a APCEF/SP não representa os interesses nem políticos nem econômicos dos trabalhadores bancários da Caixa. A sua atual diretoria não passa de uma extensão da Articulação/CUT/PT que há décadas está encastelada em nosso Sindicato e em nossa Associação. Essas instituições representam os interesses do capital financeiro e de seus governos, sejam tucanos ou petistas. “Nunca antes na história desse país” os banqueiros tiveram a seu serviço melhores testas-de-ferro do que os governos do PT apoiados na CUT e demais centrais sindicais.

Hoje, os sindicatos funcionam como verdadeiras empresas capitalistas contra seus associados trabalhadores. O sindicato dos bancários, a APCEF e a FENAE converteram-se em empresas com estruturas capitalistas que se associam aos banqueiros e especuladores, participando do mercado financeiro través dos fundos de pensão. E não só isto, através de parcerias como a FENAE/PAR CORRETORA, CAIXA e grupo CAIXA SEGUROS, os dirigentes sindicais se associam ao capital financeiro para aumentar as metas de lucratividade e venda de produtos, ao assédio moral sobre os próprios bancários. Por fim, as entidades sindicais que deveriam nos representar e nos defender contra o assédio moral e a exploração, passam a nos superexplorar também. Não é a toa que estes vendidos entregam nossas campanhas salariais e apenas fingem lutar contra o assedio moral. Há muito estes pelegos são sócios de nossos patrões, recebendo gordas comissões de sua parceria empresarial pela superexploração que massacra os bancários.

Nas ultimas greves, nossas fortes mobilizações não têm conseguido arrancar as mínimas reivindicações de nossa categoria, pois nos momentos decisivos as nossas lutas são vergonhosamente traídas pelos dirigentes dos organismos que deveriam representar os interesses dos bancários: as diretorias do Sindicato, da APCEF e da FENAE.

A derrota das nossas greves interessa ao governo Dilma e aos banqueiros

Foi o presidente da APCEF/SP quem defendeu na última assembleia da campanha salarial de 2010 o rebaixado acordo proposto pela diretoria da CEF e pelos banqueiros, iludindo a categoria, defendendo que os míseros 7% oferecidos eram uma “conquista histórica”, enquanto nossas “perdas históricas” nos últimas quatro governos (dois de FHC e dois de Lula) já ultrapassam 90%! Tão criminosa quanto à defesa do ínfimo reajuste é a da PLR, que leva o bancário a aceitar que o “grão de areia numa praia” que recebe diante dos lucros bilionários dos banqueiros privados e estatais são uma vitória, deixando-se explorar mais e mais.

Qual a atitude da APCEF e do Sindicato em relação aos problemas que vivemos? Hoje estão presentes na maioria das agências do país as jornadas extensivas e exaustivas, coação para marcação do ponto de saída e permanência nas unidades trabalhando, marcação de uma hora de almoço e volta antes desse período, coação para se gozar apenas 20 dias de férias, falta de número suficiente de empregados, cumprimento de metas abusivas, más condições gerais de trabalho, que tem como consequência, além das constantes diferenças de caixa, doenças como a LER, a depressão, o estresse, o alcoolismo, etc.

Esse “moinho satânico”, que diariamente esmaga o bancário da CEF, tem seus fins alcançados por uma prática ostensiva de assédio moral. Com a ameaça constante de perdas de função (comissão) e transferências, tudo isso dirigido pelos governos do PT, que prometiam melhores condições de trabalho e melhores salários, apenas para se diferenciar, demagogicamente, do discurso anti-operário e pró-imperialista de FHC. Essa situação de extrema violência contra os trabalhadores é apenas observada cada vez mais à distância, pelos cúmplices Sindicato dos Bancários e APCEF. Quanto aos terceirizados, setor mais explorado da empresa que é cotidianamente humilhado por chefetes e gerentes, nossas instituições sindicais os ignoram por completo, tratando-os como se fossem fantasmas.

Temos observado que a disposição de luta existe, tanto é que há vários casos de revoltas espontâneas nas agências contra essa situação ultrajante, mas os companheiros acabam não encontrando nenhum respaldo nos organismos sindicais.

Nossa associação, para posar que “faz alguma coisa”, resume-se a algumas vezes comparecer com faixas e tirar fotos nas agências onde os empregados reclamam, para estampar em seu site e boletins, fazendo um marketing de si mesma.

É por isso que consideramos que essa atual gestão da APCEF/SP, que se mostra frontalmente contrária aos anseios do conjunto dos empregados da Caixa, deve ser destronada do cargo que ocupa há anos, constituindo-se num entrave para a organização e o avanço de nossas lutas.

Por que não apoiar a chapa encabeçada pelo MNOB (CONLUTAS/PSTU), pela Alternativa Sindical Bancários na Luta (INTERSINDICAL/PSOL e atual diretoria do Sindicato), para as próximas eleições da APCEF/SP?

Em primeiro lugar porque acreditamos que é necessário, para combater efetivamente as direções que acima denunciamos por seu papel traidor, construir uma chapa com uma COMPOSIÇÃO e um PROGRAMA político consequentes com as tarefas necessárias nossa categoria no combate à política do governo federal e dos banqueiros.

Para nós a questão da composição da chapa neste caso precede a questão do programa, uma vez que “no papel cabe tudo” e elaborando um programa “mais a esquerda do que o da Articulação” (o que convenhamos, não é uma tarefa difícil) possamos estar camuflando em uma frente sindical pelegos e cumplices de pelegos e enganando a categoria. Deste modo, uma chapa “de oposição” com lobos em pele de cordeiro só servirá para impedir uma verdadeira reconquista da APCEF pela categoria.

Até com os pelegos do PPS?

Na 2ª reunião para a formação da chapa de oposição, ocorrida em 19/01, os principais organizadores (MNOB e Intersindical), que já haviam se recusado na 1ª reunião (12/01) a discutir a composição da chapa e resistiam a aprofundar a questão do programa – afirmado que o principal era, o mais rápido e possível, arrecadar finanças e conseguir apoiadores – após serem questionados, confessaram que pretendiam trazer para a chapa o arquipelego Sindicato dos bancários de Campinas, dirigido por muitos anos pelo famigerado Davi Zaia, líder do clã Zaia, que também controla a também arquipelega Federação de Bancários de São Paulo e MS, que sempre traiu explícita e vergonhosamente os bancários, sendo os primeiros a trair as greves e assinar os acordos mais espúrios.

Se o PPS do pelego Zaia não compõem a chapa encabeçada pela Conlutas e Intersindical não é por nenhuma postura principista destas duas centrais, mas única e exclusivamente porque o PPS viu mai$ vantagem em apoiar a Articulação e cia.

Com a diretoria psolista do sindicato traidor dos bancários não se constrói uma oposição de verdade

A discussão da composição da chapa de oposição, que consideramos fundamental, não para por aqui. Estamos nos referindo ao PSOL e sua colateral sindical, a Intersindical. Essa corrente faz parte da diretoria do pelego Sindicato dos Bancários de São Paulo. Tenta se apresentar como uma espécie de oposição, mas essa tentativa não passa de fachada, pois a Intersindical no Sindicato dos bancários nada mais é do que a pata esquerda da Articulação. Na reunião de 12/01 um membro do MNOB/Conlutas/PSTU afirmou que no acordo para formar a chapa de oposição foi fechado que nas discussões “Não se fala em Sindicato dos Bancários” (???!!!). O conteúdo dessas decisões são óbvios. O PSTU/Conlutas não pode em hipótese nenhuma melindrar o PSOL/Intersindical, pois estes últimos são os parceiros preferenciais do PSTU tanto no campo político como no sindical.

É nos subterrâneos do Sindicato dos Bancários de São Paulo, do qual a Intersidical é diretoria, que são engendrados os desmontes das greves bancárias em todo o país, tanto nos bancos privados como nos públicos. Se queremos de fato uma chapa de oposição de verdade, não podemos trocar seis por meia dúzia, ou na menos ruim das hipóteses, o gelado pelo frio. Temos que construir um movimento que nos leve, a partir das discussões com os trabalhadores de base da CEF e a partir de seus anseios, a uma direção alternativa para nossos organismos de luta, que conduza os trabalhadores à vitória.

Quanto ao PSTU (MNOB/Conlutas), dirigente majoritário da pretensa oposição à APCEF, é uma organização que tem se caracterizado essencialmente pelo oportunismo político. Em seu voraz apetite por aparatos sindicais não se poupa de utilizar todo tipo de prática para atingir seus objetivos. Na reunião de 12/01 o membro do PSTU que abriu os trabalhos fez uma exposição inicial “demonizando” as políticas da Articulação (APCEF/SP), mas se “esqueceu” de falar que na categoria dos Correios (ECT) em São Paulo, esteve de braços dados com a mesma Articulação governista para tentar tomar o importante aparato sindical que está e vai continuar nas mãos do PCdoB também governista. Resultado da manobra oportunista: além de perder as eleições sindicais, o PSTU foi menos votado que na eleição anterior.

O Coletivo Bancários de Base

Por fim, gostaríamos de estabelecer um debate com as posições programáticas dos companheiros do Coletivo Bancários de Base. Este agrupamento, constituído por trabalhadores honestos e combativos, tem sido, nas últimas campanhas salariais, uma força que faz um enfrentamento de oposição contra a política traidora das direções da APCEF, e do Sindicato dos Bancários.

Na nossa visão os companheiros se equivocam ao relegarem a um segundo plano a questão da composição de uma chapa de oposição à atual diretoria da APCEF. Para nós é inaceitável a participação numa verdadeira frente opositora, de setores que fazem parte da direção traidora do Sindicato dos Bancários (Intersindical/PSOL). Consideramos que foi um erro, aceitar, no início do processo de discussões, um acordo em que “não será tocado na questão do Sindicato” durante as plenárias para construção da chapa de oposição.

Quanto a alguns pontos do programa exposto pelos companheiros, concordamos, por exemplo, que as últimas gestões merecem uma devassa, mas não uma “auditoria externa e independente” privada ou sabe-se lá de onde, e sim a abertura de suas contas e fiscalização completa das mesmas sob controle dos bancários, a partir de um conselho fiscal de delegados eleitos em assembleia dos trabalhadores da CEF. Por tudo isto, chamamos os companheiros a romper com este engodo de chapa de oposição e a discutir a construção de uma oposição de verdade e classista para a APCEF.

Ismael Costa, Bancário da CEF e membro da LC