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segunda-feira, 20 de junho de 2011

MOTIM DE BOMBEIROS – RJ

Nenhum apoio às reacionárias "greves" policiais
nem defesa da “desmilitarização” do 
aparato repressivo burguês!
Por comitês sindicais e populares de
socorro mútuo e auto-defesa das massas!
dO Bolchevique #5
CSP-Conlutas aborta a greve por melhores condições de trabalho nos metroviários-SP
e reivindica "melhores condições de trabalho" para nossos repressores
PM e Bombeiros, a repressão 'unida'
fica mais difícil de ser vencida
19/06/2011 Imediatamente após o motim dos bombeiros,
o conjunto do aparato repressivo realiza nova operação de guerra
contra os bairros proletários. Com o auxílio dos bombeiros, coluna de
blindados invadem o Morro da Mangueira (RJ) para a impor a 18ª UPP
http://www.jb.com.br/rio/noticias/2011/06/19/blindados-e-helicopteros-sao-usados-na-ocupacao-da-mangueira/
Enquanto sabota a unificação das greves dos trabalhadores, a esquerda revisionista fortalece a luta de seus algozes. Nos referimos especialmente à traição feita pelo Sindicato dos Metroviários de São Paulo, dirigido pelo PSTU-PSOL(CSOL e CST)-PPS, que abortou a que seria a maior greve unitária do Estado de São Paulo dos últimos anos. A greve estava marcada para iniciar no dia 1º de junho, quando os metroviários se unificariam com os trabalhadores da Companhia Paulista de água e esgoto (SABESP), com os ferroviários e com os rodoviários do ABC paulista. Todavia, estes mesmos senhores, através da CSP-Conlutas e da Intersindical, realizaram uma grande unidade com os bombeiros e a PM em torno do apoio à reacionária "greve" dos primeiros.

Para os marxistas, e fundamentalmente para Trotsky, um operário que se torna policial a serviço do Estado capitalista é um policial burguês e não um “trabalhador fardado”. Isto é assim porque um policial, independente de sua classe de origem, faz parte de um destacamento especial de homens armados que exerce o monopólio da violência a serviço da classe dominante contra o proletariado. Mas, a esquerda revisionista do trotskismo (PSTU, CST, OT, EMPT, MR, CL) apoia os reacionários motins policiais, que reivindicam o aumento dos soldos e o incremento do aparato repressivo (‘melhores condições de trabalho’, como na faixa acima ao lado da bandeira tremulante da CSP-Conlutas).

O motim, ocorrido em tempo de corte de gastos e ajuste fiscal, se deve ao desprezo do Estado burguês com um setor secundário de seu aparato repressivo. Os bombeiros, que para o senso comum existem apenas para prestar socorro em enchentes, apagar incêndios e tirar gatos de árvores, são na verdade uma corporação militar que faz parte da PM, um destacamento destinado a operações especiais do Estado burguês. Em tempos de ascenso, de muitas manifestações de massa, são invocados para a repressão com jatos d´água contra greves e manifestações de rua. Por sua especialização com explosivos, é dos bombeiros que saem as forças paramilitares da extrema-direita (como no atentado a bomba no show contra a ditadura militar que reuniu os melhores cantores brasileiros no primeiro de maio de 1981 no Riocentro). As mafiosas e criminosas milícias são compostas mais de bombeiros do que de PMs, como até a CPI das milícias concluiu. Os bombeiros são uma força auxiliar do BOPE, Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Federal e das Forças Armadas na invasão dos bairros proletários, como foi o caso da ocupação do Morro da Mangueira, na zona Norte do Rio, no último dia 19 de junho, para a ocupação do Morro pela 18a “Unidade de Polícia Pacificadora” (UPP). Uma angustiante lição para aqueles moradores da Mangueira que apoiaram o motim dos bombeiros, os quais correm o risco de dar de cara, arrombando a porta de seus casebres, com aqueles bombeiros que ontem, de forma ingênua, parabenizaram por sua "greve".

As correntes de esquerda que apoiam o motim desses policiais, por puro espontaneísmo sindicalista, apoiam compulsoriamente o aprimoramento da máquina assassina dos inimigos da classe trabalhadora. Por isto, a LC foi contra esta "greve", mas também não defende a prisão ou o processamento dos grevistas, medidas que também fortalecem a autoridade coercitiva do Estado capitalista.

LER E LBI DEFENDEM A REFORMA
DO APARATO REPRESSIVO

A LER, que foi contra o motim, se opôs sectariamente a chamar a libertação e o desprocessamento dos grevistas, reconhecendo tacitamente o direito repressivo de Cabral. Por sinal, embora posem de principistas, tanto a LER quanto a LBI declinam diante desta força policial, reivindicando a desmilitarização desta corporação. No auge de sua declamação de ortodoxia, a LER vacila “Apoiaríamos, se houvesse, um movimento dos bombeiros pela sua desmilitarização mas não um movimento que fortalece esta força que pode ser repressora e menos ainda por levar ao fortalecimento do conjunto das forças repressoras do Estado.” (Nenhum apoio ao repressor Sérgio Cabral nem ao motim dos bombeiros, site da LER, 5/06/2011).

A LBI, por sua vez, vende gato por lebre no “combate” às posições da LER e do PSTU e acompanha a ambos em sua enorme capitulação à própria manutenção deste aparato policial, pondo hierarquicamente a consigna socialdemocrata: “Pela desmilitarização do Corpo de Bombeiros!” (site da LBI, 06/06/2011) como a primeira, ou seja, como a mais importante no título de seu artigo sobre o motim bombeiro, seguindo os passos da corrente mãe, o PCO, que defende a democratização das PMs assim como a corrente revisionista-mor, o PSTU. Quem defende tais posições, não busca a destruição, mas a reforma do aparato repressivo.

Esta proposta é tão reacionária que até as organizações Globo e o patronato da indústria armamentista brasileira a defendem: “Para especialistas, a desmilitarização dos bombeiros - frequentemente associados a milícias - é uma necessidade urgente. Na opinião de todos os consultados pelo GLOBO, a rotina militar desvia o foco da atividade fim, além de comprometer a profissionalização e a autonomia... Até empresário de arma acha um "erro histórico". Tratar como urgentes a desmilitarização do Corpo de Bombeiros e o fim da autorização de porte de arma para seus integrantes é consenso. O advogado e oficial da reserva do Exército Fernando Humberto, presidente da Confederação Brasileira de Tiro e Caça do Brasil e empresário da indústria de armamento, afirmou que bombeiro militar e armado é um erro histórico que o país precisa corrigir: ‘- Defendo que todo cidadão brasileiro tenha o direito de possuir uma arma, mas considero um absurdo a militarização dos bombeiros. Eles deveriam ter só status civil, como acontece em outros países. Bombeiro também não precisa de arma, de andar armado. Precisamos corrigir já esse erro histórico.’” (O Globo, Repercussão: Especialistas defendem desmilitarização dos bombeiros, 18/06/2011) http://oglobo.globo.com/rio/mat/2011/06/18/especialistas-defendem-desmilitarizacao-dos-bombeiros-924720354.asp

Somos pela destruição dos bombeiros porque são uma polícia burguesa, por serem, repetindo mais uma vez os ensinamentos do velho Engels, um destacamento especial de homens armados do Estado capitalista, não simplesmente por serem militarizados. Aliás, a reivindicação da desmilitarização, neste caso, parte de concepções de reformas liberais-pacifistas do aparato repressivo do Estado capitalista, que nada têm a ver com o marxismo.


DESARMAMENTO E DISSOLUÇÃO DE TODAS AS TROPAS POLICIAIS E
AUXILIARES ESPECIAIS DE GUERRA DA BURGUESIA
CONTRA A POPULAÇÃO TRABALHADORA

Nós da LC, que reivindicamos o legado da luta revolucionária das Internacionais comunistas contra o aparato repressivo burguês, entendemos que, como demonstram as UPPs, as milícias, grupos de extermínio e desde as "operações especiais" da ditadura militar, os bombeiros cumprem a função de “tropas especiais de guerra da burguesia” contra a população trabalhadora. Sendo assim, reivindicamos as formulações da III Internacional para a questão militar elaboradas por Iossif Stanislavovitch Unschlicht:

“Reivindicações a serem levantadas no domínio da organização das forças armadas:
(1) Dissolução das forças armadas mercenárias, tropas de quadros e comandos profissionais;
(2) Desarmamento e dissolução da polícia civil, da polícia militar e de outras tropas especiais de guerra da burguesia (...)”

Trabalho Militar Revolucionário entre as Forças Armadas da Burguesia,
Unszlicht, 1928. [1]


As milícias operárias revolucionárias que combaterão ao conjunto das polícias militarizadas e não militarizadas necessitarão ser militarizadas e hierarquizadas para poderem vencer o inimigo. Por sua vez, os bombeiros são militarizados no Brasil e não militarizados nos EUA, Japão e Austrália, e nem por isto deixam de ser uma força coadjuvante da repressão policial nestes países. Com esta política, jamais “revolucionários” do quilate de uma LER ou LBI poderiam realizar uma revolução, pois além dos bombeiros, estes pseudotrotskistas certamente deixariam então intacta a arqui-reacionária, corrupta e assassina polícia civil, que não faz parte da corporação da PM, não é militarizada, mas é parceira da PM em todas as atrocidades deste esquadrão patronal assassino contra a classe trabalhadora. Por tudo isto defendemos, nenhum apoio ao motim dos bombeiros, contra as medidas de Cabral de repressão a esse movimento, destruição de TODAS as polícias e substituição das mesmas por comitês sindicais e populares de auto-defesa e socorro mútuo da classe trabalhadora!

Nota:
[1] O presente texto em língua portuguesa foi traduzido a partir do idioma alemão conforme UNSCHLICHT, IOSSIF STANISLAVOVITCH. Die Arbeit unter den Streitkräften der Bourgeoisie (O Trabalho entre as Forças Armadas da Burguesia) (1928), in: A. Neuberg. Der bewaffnete Aufstand. Versuch einer theoretischen Darstellung(A Insurreição Armada. Tentativa de uma Apresentação Teórica), Frankfurt a. M. : Georg Wagner, 1971, pp. 149 e s.
Iossif Stanislavovitch Unschlicht foi um bolchevique da velha guarda e revolucionário profissional. Durante a Revolução Proletária de Outubro, Unschlicht tornou-se membro do Comitê Militar Revolucionário (CMR) do Soviete de Petrogrado – presidido por Pavel Lazimir –, órgão militar esse situado sob a presidência geral do Soviete Petrogrado, exercida por Léon D. Trotsky. Em janeiro de 1925, por ocasião da nomeação de Frunze como Comissário do Povo para a Guerra – em substituição a Léon Trotsky – e Presidente do Conselho Militar-Revolucionário da URSS, Unschlicht foi indicado para assumir o cargo de Vice-Presidente desses órgãos de direção militar do Estado Soviético, já em processo de crescente e irreversível burocratização.
Nesse posto, permaneceu até junho de 1930.
A seguir, alcançou a patente de General do Exército Vermelho e tornou-se coordenador da conexão mantida entre o Estado-Maior Geral desse exército e a Internacional Comunista (Komintern).
Após a morte de Felix Dzerjinky, ocorrida em 1926, foi nomeado, além disso, chefe da Polícia Política Soviética (Tcheca).
Por fim, sob as traiçoeiras acusações de “inimigo do povo” e “sabotador terrorista trotskysta”, formuladas por Stalin e seus asseclas, foi liquidado, em lugar e circunstâncias inteiramente desconhecidas, durante a “Depuração Stalinista” dos anos de 1936 a 1938, que aniquilou massivamente a vida de milhares de revolucionários bolcheviques, antigos companheiros indobráveis de luta de Lenin, Sverdlov e Trotsky. (Fonte: http://www.scientific-socialism.de/ArteUnschlicht1.htm)