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domingo, 30 de agosto de 2020

GUERRA HÍBRIDA NO LÍBANO, BIELORÚSSIA, ARGENTINA

LÍBANO, BIELORRÚSSIA, ARGENTINA: Operações de guerra híbrida do imperialismo estadunidense, europeu e sionista!

Declaração do Comitê de Ligação pela IV Internacional

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A crise econômica, agravada pela recessão derivada da pandemia de coronavírus, desatou quase uma nova “primavera” intercontinental de revoluções coloridas no segundo semestre de 2020. Esse processo está mais avançado em três países: Líbano, Bielorrússia e Argentina.

A guerra de classes não cessa durante as tragédias. Pelo contrário, quando as condições de vida de suas vítimas se debilitam é quando os predadores do grande capital se aproveitam para desferir golpes mais profundos. Redução de salários e demissões em massa foram quase uma regra mundial das empresas durante a pandemia.

Grandes monopólios da alta tecnologia, varejo on line e indústria farmacêutica, viram disparar suas vendas e ações, como foi o caso da Amazon, Microsoft, Apple, Tesla, Tencent, Facebook, Nvidia, Alphabet (Google), Paypal, TMobilie, para citar as dez primeiras com maior lucratividade. Em plena pandemia, o governo dos EUA orquestrou uma tentativa de invasão marítima, por mercenários, da Venezuela, acusou Maduro de narcotraficante e ofereceu um prémio de 15 milhões por informações que levassem a sua prisão. Também nesse período, o governo Trump manteve ou recrudesceu sanções contra a Venezuela, Irã, Cuba, Coreia do Norte, Rússia e China. Israel atacou os palestinos da Faixa de Gaza, impiedosamente, com ataques aéreos e fogo de artilharia. Internamente, os governos burgueses aproveitam para confiscar direitos, realizar contrarreformas, reduzir investimentos sociais.

Em 2019, Evo Morales foi reeleito com larga vantagem de votos. A candidatura da direita pró-imperialista não admitiu o resultado e deu início a um processo golpista com manifestações populares, ataques fascistas, chantagem militar-policial até que o golpe de estado foi consumado com a renúncia de Evo Morales, que sequer chegou a terminar o mandato em curso. No dia 24 de julho de 2020, em resposta a uma postagem nas redes sociais que mencionava os interesses de Elon Musk em impedir que Morales continuasse no poder, o bilionário, dono da multinacional automobilística de alta tecnologia, Tesla, e fornecedor de equipamentos para a Força Aérea dos EUA, escreveu em sua conta no Twitter: “Vamos dar golpe em quem quisermos! Lide com isso”. A maior reserva de lítio do mundo está na Bolívia. Íon de lítio é o componente principal das baterias dos veículos elétricos da Tesla.

Líbano

No dia 4 de agosto, uma enorme explosão ocorreu no Porto de Beirute. O ataque destruiu boa parte do Leste da capital libanesa, matou aproximadamente duas centenas de pessoas, feriu mais de 6 mil, desabrigou 300 mil. Formou-se um grande “cogumelo”, muito diferente do que pode ser visto nas explosões convencionais.

Dentre as hipóteses levantadas para a explosão está a de que se trata de um ataque de sabotagem imperialista com uma nova arma, similar a explosão que foi registrada na Síria em janeiro de 2020.

Não é segredo para ninguém que as duas principais derrotas militares de Israel no século XXI tiveram influência direta do grupo guerrilheiro e partido político libanês Hezbollah.

Em 2006, a infantaria israelense foi vergonhosamente derrotada em sua invasão do sul do Líbano para desarmar e esmagar o Hezbollah.

Desde 2011 foi desencadeada pelos EUA e Israel uma guerra híbrida contra a Síria, como parte da “primavera árabe”. Nessa última guerra, o Hezbollah foi uma das principais forças da resistência, juntamente com o próprio Exército sírio, a Guarda Revolucionária Iraniana e o aparato militar russo. Foi derrotada a guerra híbrida contra a Síria, que teve como aliado do imperialismo inclusive o sanguinário ISIS, o chamado Estado Islâmico. Essa foi uma grande vitória do proletariado mundial contra o expansionismo do capital financeiro imperialista no Oriente Médio.

A muito tempo a direita israelense identifica o Porto de Beirute como uma zona controlada pelo Hezbollah. Benjamin Netanyahu havia denunciado exatamente o mesmo local como depósito de armas do Hezbollah na Assembleia da ONU no dia 27 de setembro de 2018. Se Israel esteve por trás do atentado, é bem provável que a inteligência militar sionista tenha planificado que uma explosão de grandes proporções nesse depósito da região portuária jogada no colo do governo libanês, poderia, com um só golpe, impor perdas políticas e militares ao Hezbollah.

Se a explosão foi produto da irresponsabilidade política ou sabotagem intencional de algum serviço secreto, ainda não se sabe. Isso está no terreno da especulação. Mas é fato comprovado que a tragédia proporcionou aos defensores dos interesses imperialistas no Líbano, apoiados socialmente em frações da burguesia e setores das classes médias, reativarem protestos contra o Hezbollah e a coalizão governante que o abriga. Os imperialismos estadunidense e sionista puseram em movimento sua máquina de fake news para plantar suas versões do acontecido.

O canal de notícias da TV Al-Arabiya afirmou que a explosão ocorreu em um depósito de armas pertencente ao grupo terrorista Hezbollah. A Fox News relatou que muitas das operações do porto são controladas não oficialmente pelo Hezbollah. Manifestantes foram as ruas de Beirute com bandeiras libanesas, cartazes em inglês com dizeres: "Socorro! "Somos reféns de um governo corrupto e de uma milícia religiosa iraniana" (Líbano, a Contrarrevolução laranja após a tragédia). Sob intensa pressão, todo o governo do primeiro-ministro, Hassan Diab, que foi obrigado a renunciar. A primeira batalha política dessa guerra híbrida iniciada com a explosão foi vencida pelo imperialismo.

Bielorrússia

No dia 9 de agosto ocorreu eleição na Bielorússia (antiga Bielorrússia ou Rússia Branca). Os resultados deram vitória ao ex-burocrata estalinista Alexander Lukashenko contra sua rival, a candidata "independente" Svetlana Tikhanovskaya, representante de um programa neoliberal e pró-OTAN. O resultado, com a esmagadora maioria de 80% dos votos, provavelmente adulterados, deu origem a um novo movimento de protesto no país.

O regime da Bielorússia é uma anomalia. O governo burocrático local de Lukashenko chegou ao poder após o colapso da URSS em 1991, mas conseguiu evitar, por meio da declaração de independência, o tratamento de choque neoliberal massivo e a destruição econômica que afligiu a Rússia sob o regime de Yeltin.

A Bielorússia pode talvez ser descrita como o único lugar na ex-URSS onde a velha oligarquia stalinista conseguiu se agarrar ao poder após o golpe de agosto de 1991. Lukashenko veio para personificar essa facção burocrática local. Não é possível defender que a Bielorússia conseguiu permanecer um estado operário deformado, mas, como um feudo burocrático local, desacelerou o processo de restauração capitalista, mais ou menos da mesma forma que 'Gangue dos Oito' dirigida por Yanayev queria em agosto de 1991 na antiga URSS, mantendo-a sob o controle de setores da burocracia. O projeto Yanayev era semelhante ao da burocracia chinesa, a restauração capitalista, mas de uma forma orgânica, planejada e controlada por um partido de estado cujas origens eram as de um Estado operário degenerado / deformado.

Como observou a Wikipedia:

“Após a eleição de Alexander Lukashenko em 1994 como o primeiro presidente da Bielo-Rússia, ele lançou o país no caminho do 'socialismo de mercado' (em oposição ao que Lukashenko considerava como 'capitalismo selvagem', escolhido pela Rússia na época). Em consonância com esta política, foram introduzidos controles administrativos sobre preços e taxas de câmbio. Além disso, o direito do estado de intervir na gestão da empresa privada foi ampliado, mas em 4 de março de 2008, o presidente emitiu um decreto abolindo a regra da golden share em um movimento claro para melhorar a classificação internacional de Belarus em relação ao investimento estrangeiro. ” (Economia da Bieolorússia)

Não temos ilusões no regime de Lukashenko, mas o movimento de protesto segue a cartilha de todos os golpes de Estado recentes: foi orquestrado após a contestação dos resultado eleitoral, manifestantes de direita, contra a corrupção, bandeiras nacionais e nazistas, predominância de classe média e alguns poucos trabalhadores desorganizados. Algo que é um tanto preocupante é a presença de bandeiras vermelhas e brancas da "Bielorússia", usadas por elementos pró-nazistas na Segunda Guerra Mundial, nas manifestações, nas ligações dos líderes com a Ucrânia e os Estados Bálticos, e a evocação do movimento Maidan na Ucrânia como um exemplo a ser imitado.

Ao contrário da Ucrânia, onde havia sob o czarismo e o stalinismo, uma opressão nacional real, na Bielorússia isso não tem sido historicamente verdade, já que o sentimento nacional da Bielorússia era geralmente pró-russo e enfatizava a afinidade da Bielorússia com a Rússia, mesmo sob o czarismo. Portanto, o uso de símbolos usados por uma franja de colaboradores nazistas nessas manifestações hoje tem muito menos história por trás disso do que a Ucrânia, e realmente indica que a inspiração desse movimento vem de fora, de tendências neoliberais, e não de algo profundamente enraizado entre as massas, apesar do despotismo de Lukashenko.

Por trás do pelotão de choque nazista-neoliberal fica claro o que os imperialistas querem com isso. A prescrição do Banco Mundial para o país é a seguinte:

“Mais urgentemente, o setor empresarial estatal da Bielo-Rússia precisa de uma reestruturação abrangente. E o que isso implicaria?
• Em primeiro lugar, mantenha públicas as empresas estatais com fins lucrativos ou privatize-as de forma transparente a preços de mercado justos.
• Em segundo lugar, manter os provedores de serviço público e reguladores públicos, mas definir claramente o que eles devem fornecer em troca de fundos públicos.
• Terceiro, reestruturar as estatais deficitárias que poderiam se tornar rapidamente lucrativas, proporcionando um bom retorno sobre qualquer investimento extra.
• E para todo o resto: encerramento ou privatização.
A classificação das empresas nessas categorias deve ser feita por especialistas independentes, a fim de obter avaliações objetivas de quais negócios são viáveis ou não. ” (Why economic reforms in Belarus are now more urgent than ever)


Apesar de toda a corrupção e despotismo antidemocrático de Lukashenko, seu governo é o mal menor. Vimos a queda massiva na expectativa de vida na Rússia causada pelo choque econômico de Yeltsin naquele país. O mesmo acontecerá na Bielo-Rússia se os neoliberais tomarem o poder. Não damos apoio político a ele; de fato, o proletariado com consciência de classe na ex-URSS precisa ser rearmado politicamente por meio da criação de um novo Partido Bolchevique-Leninista na região, mas defendemos os ganhos sociais fragmentários que ainda foram mantidos na Bielo-Rússia desde o período soviético, mesmo que pela inércia burocrática. Defendemos a Bielo-Rússia e a Rússia, como países capitalistas relativamente atrasados e não imperialistas. Consideramos a Bielo-Rússia como país semicolonial e a Rússia como país dependente. Defendemos esses dois países contra os representantes imperialistas que buscam "mudança de regime" e "revoluções coloridas" como as que agora estão ocorrendo na Bielorrússia.

Contra essa ofensiva de nossos piores inimigos, nós defendemos uma frente única antifascista e antiimperialista, com Lukashenko e Putin, contra essa revolução made in CIA, para defender as conquistas sociais ainda existentes na BieloRussia, a propriedade estatizada, contra a privatização neoliberal. Esse é um lado dos objetivos de nossa tática da FU Antifascista e Antiimperialista. O outro lado, essa tática é parte da luta por superar as ilusões das massas em Lukashenko e Putin, que assim, como na Ucrânia, por seus interesses burgueses, Putin não é consequente na luta antiimperialista nem no apoio a luta contra a insurreição fascista da OTAN.

Argentina

Em meio ao declínio da hegemonia e divisões no interior do imperialismo estadounidense, sectores do próprio establishment político republicano abandonam Trump.

O kichnerismo e seus aliados aproveitam a crise de dominação para aprofundar as negociações entre o PJ e o PC chinês, impulsionando a adesão da Argentina a Rota da Seda e o financiamento chinês a obras de infraestrutura na Argentina. Já em 2019 a China se converteu no principal comprador da Argentina.

Em 6 de agosto de 2020, 43% das reservas do banco central argentino constituíam de swap em yuanes negociado com a China. Nessa operação financeira de swap, o Banco Central da China entra em cena garantindo que investirá bilhões de dólares para cobrir a desvalorização da moeda argentina que por ventura ocorram nos próximos três anos.

Hoje, depois da Venezuela, Argentina é o país mais próximo do núcleo russo-chinês na América do Sul. É por isso que o imperialismo estadunidense avança com métodos de guerra hibrida como de forma embrionária foram vistos na mobilização de 17 de agosto, para pressionar e desestabilizar o governo de Alberto Fernández.

Também Alberto Fernández avançou em medidas como o congelamento das tarifas de internet, telefonia celular e televisão a cabo, declarando-os serviço público. Essas medidas prejudicam ao grupo multimidiático “Clarín”, o principal consorcio mediático da Argentina.

Por último, desde a coalizão oficialista da Frente de Todos, se impulsiona uma reforma judicial que joga o papel de medida preventiva frente a guerra jurídica, o lawfare, impulsionado em distintos países pelo imperialismo, como foi a chamada operação Lava Jato que deu início ao processo de golpe de estado no Brasil em 2016.

Nesse contexto, as tendências que haviam se manifestado desde as mobilizações contra a expropriação de Vicentin deram um salto de qualidade e demonstram já na Argentina uma incipiente guerra hibrida impulsionada pelo imperialismo e seus agentes locais. Setores de oposição, principalmente vinculados ao ex-presidente Macri e sua coalizão de direita “Juntos por el Cambio”, com uma importante representação da classe média alta ao governo que convocam e são convocados a manifestar-se contra o governo Fernandez. Macri apoiou a manifestação e sua ex-ministra da Segurança Patricia Bulrrich foi uma das principais impulsionadora e participante da manifestação.

Até a manifestação de 17 de agosto, o eixo das convocatórias foi a oposição a reforma judicial de Fernandez. Nessa guerra fica evidente a manipulação do uso das redes sociais, incentivadas por todos os meios de comunicação opositores pela desinformação, com notícias que superestimam, nacional e internacionalmente a verdadeira magnitude da convocatória opositora. Além desse eixo político central, a marcha do 17 de agosto também apostou no reacionário descontentamento de setores comerciantes, da pequena, média e grande burguesia contra a quarentena.

Sob essa mesma dinâmica foi convocada uma nova mobilização para o dia 26 de agosto, quando o senado votará a reforma judicial.

A guerra híbrida é uma arma do imperialismo que, em última instancia, visa acentuar o parasitismo da exploração da mais valia sofrida pelos trabalhadores. Seus aliados nativos que estão concentrados em mudanças políticas que melhor representem seus interesses de classe, como o fim do isolamento social, no âmbito imediato.

Taticamente, os trabalhadores invocam uma frente única anti-imperialista contra os EUA e seus agentes macristas locais porque se opõem ao aumento desse parasitismo. Mas é preciso organizar-se de forma politicamente independente, criticando os próprios limites patronais do governo de Fernandez na luta de libertação nacional contra o grande capital internacional, inclusive quanto aos custos sociais, econômicos e políticos do endividamento argentino com a China.

A luta contra as guerras híbridas do imperialismo, a questão nacional e Revolução Permanente

O imperialismo perdeu quase todas as guerras de ocupação militar colonial. Seu maior trauma foi o Vietnã, em 1975. Então, sofisticou seus métodos de guerra contra os oprimidos com agentes internos, desenvolvendo as guerras híbridas, operações de falsa bandeira, lawfare, “revoltas populares” contrarrevolucionárias, etc.. Então, a CIA e seus tentáculos estimulam "revoluções" com programas anticorrupção, pela democracia e até com um programa trade-unista, como em alguma medida na Bieolorússia agora. Essas guerras de posição, servem para dividir as nações subalternas, evitar o repúdio nacional unificado dos povos oprimidos, como ocorre com a heróica resistência palestina a mais de setenta anos.

O imperialismo articula campanhas de guerra híbrida com ofensiva midiática e jurídica para demonizar seus adversários por “corrupção”, “fraude eleitoral”, “Golpes de Estado” e “ditaduras”. Mas é o próprio imperialismo que exerce a ditadura do capital em escala planetária e é o maior corruptor do planeta. Estrategicamente, o imperialismo busca privatizar, saquear, ampliar seu parasitismo limitado de alguma forma por esses obstáculos imediatos.

Ao final, trata-se de uma luta entre o imperialismo e o proletariado dos países oprimidos. Nessa luta contra o imperialismo, os revolucionários buscam superar as limitações impostas a própria luta por direções burguesas nacionalistas, pelos PCs.

Os revolucionários tratam de impulsionar a estratégia da revolução permanente. Através da luta comum contra o imperialismo, auxiliam aos trabalhadores a reconhecerem, através da experiência, que as direções nacionalistas burguesas ou aburguesadas dos povos oprimidos são incapazes de medidas consequentes contra o imperialismo. Essas direções tradicionais buscam sempre um acordo de convivência com o grande capital internacional. Tais acordos implicam em renegociações acerca do reparto da mais valia explorada do proletariado das nações oprimidas entre a burguesia do país oprimido e os monopólios opressores das metrópoles imperialistas. Por isso, os revolucionários marxistas mantêm sua inteira independência política e organizativa frente as direções burguesas e nacionalistas dos países oprimidos, desmascaram o patriotismo quando ele é usado para ocultar a exploração de classe pelos exploradores nacionais.

“A única ‘condição’ para qualquer acordo com a burguesia, pois cada acordo separado, prático e conveniente deve ser adaptado a cada caso concreto, consiste em não permitir que tanto as organizações quanto as bandeiras se misturem diretamente ou indiretamente por um único dia ou sequer uma hora; consiste em distinguir entre o vermelho e o azul, e em não acreditar por um instante sequer na capacidade ou vontade da burguesia em realizar uma luta genuína contra o imperialismo ou não colocar obstáculos para a organização política dos operários e camponeses". (Leon Trotsky, A III Internacional depois de Lenin, Balanços e perspectivas da Revolução chinesa, suas lições para os países do oriente e para toda a Comitern, setembro de 1928).

Mas, hoje, muitas organizações da esquerda mundial, inclusive que se reivindicam revolucionárias, trotskistas, emprestam seu apoio político as manobras de guerra híbrida do imperialismo, as revoluções coloridas, como se não conhecessem seus resultados no Líbano, Ucrânia, Brasil, Bolívia. Com essa política traidora, tais organizações de esquerda se somam a campanha de guerra do imperialismo. Essas organizações, além de atuarem como correia de transmissão do imperialismo, renunciam, dentro das nações semicoloniais ou dependentes, a disputa pela consciência dos povos oprimidos contra a influência das direções neostalinistas e nacionalistas burguesas, teocráticas.

Como dizia Lenin, referindo-se as direções nacionalistas, chauvinistas, oportunistas do movimento operário, dentro das nações imperialistas, “a luta contra o imperialismo é uma frase oca e falsa se não for indissoluvelmente ligada a luta contra o oportunismo.” (V.I. Lenin. O imperialismo, fase superior do capitalismo, 1916).

O nacionalismo das nações opressoras é reacionário, é a “máscara da bandidagem mundial”, como dizia Trotsky, referindo-se ao patriotismo japonês na guerra contra a China,

“o patriotismo chinês é legítimo e progressivo. Quem põe os dois patriotismos no mesmo plano não leu nada de Lenin, quem não compreendeu a atitude dos bolcheviques durante a guerra imperialista e quem não faz mais do que comprometer e prostituir os ensinamentos do marxismo... Os efeilistas e oehleristas opõem a política “nacional e socialpatriótica” a política da luta de classes. Durante toda a vida, Lenin combateu essa política abstrata e estéril. O interesse do proletariado mundial lhe dita o dever de ajudar ao povo oprimido contra seus opressores, em sua luta nacional e patriótica contra o imperialismo. Aquele que não compreendeu isso até hoje, quase um quarto de século desde a guerra mundial e vinte anos depois da revolução de outubro, deve ser implacavelmente apartado da vanguarda revolucionária, como seu pior inimigo interior”. (O ultraesquedismo na questão nacional, 23 de setembro de 1937).

Aqueles esquerdistas que em nome da “luta de classes” apoiam as revoluções coloridas made in CIA são agentes inconscientes ou conscientes do imperialismo. São traidores e inimigos internos da luta pela libertação nacional dos povos oprimidos. Depois das experiências recentes na Líbia, Síria, Ucrânia, Brasil, Bolívia, tais “revolucionários” ultraesquerdistas são inimigos que atuam dentro das organizações dos trabalhadores, que precisam ser tratados pela atual geração de lutadores como de fato são: elementos funcionais a ofensiva golpista, a serviço do imperialismo a da reação.