Eleição de Trump: Uma ameaça
crucial para a classe trabalhadora organizada nos EUA e no mundo
Panfleto da Liga dos Trabalhadores Socialistas (Socialist Workers League) dos EUA, seção do Comitê de Ligação pela IV Internacional, distribuído em Washington, nas jornadas de lutas dos dias 20 e 21 de janeiro, por ocasião da posse de D. Trump
Nós, a classe operária, devemos
unir todos os oprimidos para se opor à classe dominante imperialista nos EUA e
às suas golpes imperialistas em todo o mundo!
Mais do que nunca é necessário
unificar nossa classe, mulheres, brancos, negros, muçulmanos, índios,
asiáticos, latinos, LGBTQ e imigrantes contra o crescente estado policial.
Donald Trump é um racista de extrema-direita, islamofóbico, sexista, misógino
homofóbico, o maior fanático que subiu ao poder sob o apoio de um grupo de
extrema-direita que inclui supremacistas brancos e grupos fascistas como Ku
Klux Klan. Sua vitória reforçou muito a ideologia desses grupos, como também
aconteceu na Grã-Bretanha após o Brexit, na Europa e internacionalmente. Os
ataques racistas contra os imigrantes estão proliferando e devem avançar
fortemente nos próximos anos. Nós defendemos a autodefesa negra, como os Panteras
Negras defenderam-se em sua luta contra o Estado policial que vai receber um
grande impulso sob Trump. Devemos lutar desta forma como parte da luta para construir
um partido revolucionário com base no proletariado multirracial em toda a
América do Norte.
A maioria dos Estados do cinturão
industrial no meio-oeste e no nordeste superior [chamado cinturão da ferrugem
pela desindustrialização das últimas décadas], onde a economia era uma vez
fortemente baseada na indústria e manufatura, votou para Obama, tanto em 2008 e
2012 sob a crença de que "A esperança estava no caminho!" A grande
maioria das pessoas nestes Estados não são mais racistas do que os ingleses do
Norte e os trabalhadores galeses na Grã-Bretanha são estes dias. Nem a maioria
dos eleitores de Hitler era fortemente antissemita ou anticomunista em 1932. No
entanto, tanto na Grã-Bretanha como nos Estados Unidos, uma grande parte dessas
pessoas está agora sob a influência política das forças de extrema-direita e
fascistas, que apelam à Lealdade dos elementos lumpens da classe. Esta é uma
tarefa clara, onde a direção revolucionária é necessária para enfrentar esta
crise. Sem uma compreensão clara da morte da manufatura americana como processo
capitalista e sem qualquer luta revolucionária contra o capitalismo e a classe
dominante, a classe operária desses velhos cinturões industriais comprou o
argumento de que livrar-se dos imigrantes permitiria que sobrassem mais
empregos para ela.
A eleição de Trump é uma indicação
da ascensão do nacionalismo econômico e do protecionismo e de seu consequente
controle da imigração, que conduziu no passado a Primeira e Segunda Guerras
Mundiais, uma catástrofe abominada pelos mais distintos representantes das
classes dirigentes globais como uma fase na história que nunca aconteceria
outra vez.
Trump diz para trás, nós dizemos
de voltar a luta!
Em um primeiro momento, a luta dos
oprimidos tem sido sobre questões sociais, o racismo em curso nos EUA, os
assassinatos e ocultações da polícia – ações que apontam, de fato, que para a
sociedade burguesa americana a vida negra não importa realmente tanto quanto as
vidas brancas. E tudo isso aconteceu sob o primeiro presidente negro da nação.
De fato, o fracasso de Obama em lidar com esse assalto às vidas negras, e muito
menos reverter o declínio dos padrões de vida e o desemprego terrível, que se
sentiu mais intensamente nos guetos negros da cidade, desencadeou o movimento
Black Lives Matter em 2013. O movimento nativo americano em Standing Rock
também é uma agitação dos mais pobres e mais oprimidos nos EUA. E está
recebendo apoio de todos os oprimidos do mundo, aumentando a solidariedade
entre a Black Lives Matter e os palestinos sob agressão assassina na Operação
Protective Edge em Gaza em julho e agosto de 2014. Esses dois agora estão
mostrando solidariedade à batalha dos nativos americanos, os índios Sioux em
Standing Rock sobre o oleoduto de Dakota.
As ameaças de Trump para construir
um muro ao longo da fronteira do México com os EUA tem o propósito de aterrorizar
e domesticar os imigrantes. É mais proveitoso criminalizá-los para aumentar a
exploração de classes do que livrar-se desta categoria de escravos do império.
Sob a ameaça de deportação muitos dos imigrantes oprimidos farão qualquer tipo
de trabalho por qualquer pagamento. Este é claramente o principal objetivo da
xenofobia. Para colocar uma parte da classe trabalhadora em competição contra
outra.
O que ainda não está claro para os
trabalhadores “legalizados” dos EUA é que, depois de associar-se com seu
inimigo de classe, a armadilha será lançada sobre eles em seguida. Esse é o
sistema. Mais do que nunca, nosso lema é "trabalhadores de todo o mundo,
uni-vos!"
Uma mudança que poderia inflamar a
luta pode vir dos jovens americanos que estão perdendo seu respeito pela figura
do presidente americano, divinizado na Constituição Americana, através de
protestos de rua que começaram imediatamente após Trump ter sido declarado
eleito. Dizer “Não a Trump!” simboliza um chamado a despertar para a luta para
todos os oprimidos e setores da classe trabalhadora. Esse chamado poderia se
materializar no renascimento da luta apaixonada como nos dias de protesto
contra a guerra do Vietnã. Embora Obama tenha liderado a agenda do imperialismo
há oito anos, ninguém jamais perguntou a ele quantos filhos ele havia matado em
um determinado dia, como fizeram a Lyndon Johnson. Eles poderão muito bem fazer
esta mesma pergunta a Trump na primeira oportunidade.
EUA: Imperialismo hegemônico
Embora a força política e
econômica dos Estados Unidos tenha se enfraquecido, eles ainda são a única
potência imperialista hegemônica no mundo desde o fim da Segunda Guerra
Mundial. Mesmo de má vontade, todas as outras potências imperialistas estão
subordinadas aos EUA. Isso não significa que o imperialismo global não possa
ser derrotado. Desde a sua derrota no Vietnã em 1975, o império tem confiado em
grande parte nas forças aliadas e mercenárias para fazer o seu trabalho sujo,
no entanto, essas forças têm muitas vezes volta contra os EUA. Osama Bin Laden foi
uma vez um agente da CIA e, apesar de a CIA ter celebrado a derrubada de Najibullah
no Afeganistão em 1996, suas criaturas (Al Qaeda e ISIS) se voltaram contra os
EUA na Líbia, no Iraque, na Síria e no Norte da África. A oposição da opinião pública
a política de "botas no chão" [tropas terrestres] suspendeu o
bombardeio sobre Damasco pelos EUA em 2013. O imperialismo ficou com medo de
amargar novamente a derrota humilhante da fuga desesperada em helicópteros de
milhões de dólares como em Saigon em abril de 1975. A libertação de Aleppo é
bem-vinda tanto pela derrota do imperialismo quanto por reanimar a Síndrome do
Vietnã.
Trump foi apoiado por setores das
frações mais reacionárias da classe dominante imperialista, evangelistas, racistas,
fundamentalistas cristãos, gusanos (como Fidel Castro chamou os exilados
cubanos de direita de 1959 concentrados em Miami, Flórida) e israelenses.
Israel espera que Trump cumpra sua promessa de campanha para rasgar os acordos
entre Obama e o Irã. O Estado sionista também espera que, a partir de agora, o
novo presidente tome uma postura mais tolerante sobre a guerra belicista de
Israel contra os inimigos do sionismo na região.
Por uma Frente Unida Internacional
Anti-Imperialista
Criticamos as ilusões pacifistas perigosas
que Putin e outros líderes nacionalistas burgueses e seus partidários depositam
em Trump. O imperialismo, com Trump, continuará a defender inflexivelmente seus
interesses expansionistas e neocolonialistas. Trump retoma o antigo slogan do
imperialismo romano "divide et impera" - dividir e dominar. Trump esforça-se
para dividir a Rússia da China, os trabalhadores brancos de negros, latinos, ao
México dos EUA.
A tarefa revolucionária é unificar
toda a luta oprimida e operária contra Trump e sua agenda ultrarreacionária no
coração do monstro imperialista e em qualquer outro lugar do planeta. Defendemos
uma Frente Única nos Estados Unidos e a uma Frente Única Internacional Antiimperialista
com todas as forças políticas que se unem na prática na luta contra o império,
suas multinacionais e seus agentes, sem alimentar nenhuma ilusão nos burocratas
sindicais ou na Burguesias que momentaneamente colidem com os EUA e a UE e sem
abandonar a luta pela revolução socialista e por um partido revolucionário
internacional.