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segunda-feira, 4 de maio de 2015

ARGENTINA

Calendário eleitoral e golpismo

Nota da Tendência Militante Bolchevique, seção argentina do Comitê de Ligação para a Quarta Internacional, do qual nossa Frente Comunista dos Trabalhadores é a seção brasileira, sobre a tática imperialista de investir no jogo eleitoral, com destaque para as eleições presidenciais argentinas deste ano.

Tudo indica que o imperialismo mudou de tática. Os candidatos da direita pró-imperialista tem se apresentado de forma cada mais "moderada" e, portanto, com maiores chances eleitorais. Tal é o caso de Caprilles, na Venezuela, Scioli, na Argentina, e quiçá algum peemedebista no Brasil. Nessa nova tática, o jogo do imperialismo é aguardar o calendário eleitoral. Não se pode esquecer que Maduro esteve a ponto de perder as eleições na Venezuela.

Tudo isso coincide com os métodos da Era Obama, que conjugam o calendário eleitoral latino-americano com golpes parlamentares. A tática golpista não foi abandonada pelo imperialismo, passou a fazer parte de um plano de várias ramificações. Sendo assim, se nem nas primárias (1) do partido de Cristina, a "Frente para la Victória", nem nas eleições presidenciais posteriores saírem vencedores os candidatos imperialistas, como [Sergio] Masa (da Frente Renovador), [Daniel] Scioli (da Frente para la Victoria) ou [Mauricio] Macri (do PRO [Propuesta Republicana]), o imperialismo tratará de reforçar as tendências golpistas no Brasil, como parte do esforço para manter o controle sobre a América do Sul. 

Não se pode esquecer que a alternativa dos candidatos pró-imperialistas não chegarem à Casa Rosada na Argentina coincidirá, cronologicamente, com o fim da Era Obama e o ascenso da direita republicana já em transição abertamente fascista nos EUA.

O discurso de Lula no 1º de Maio precisa ser visto nesta perspectiva, a do recrudescimento das tendências golpistas no Brasil depois de uma possível derrota (2) da direita pró-imperialista na Argentina, mais do que de uma preparação para 2018.

Notas

(1) Votações internas onde se escolhem os candidatos de cada partido. No caso da coalizão do partido governante, "Frente para la Victoria", histórico Partido Justicialista, de Peron, onde atualmente os principais competidores são Scioli, governador da província de Buenos Aires, e [Florencio] Randazzo, atual Ministro do Interior & Transporte.

(2) A probabilidade da derrota de algum candidato pró-imperialista é algo que não se pode mensurar, haja vista a quantidade de manobras e a velocidade do processo político.