Aumenta da crise econômica e social, do terror estatal e paraestatal e também da resistência da juventude e da população trabalhadora
Por
Davi Lapa
Como
nos ensinou Malcom X “não existe capitalismo sem racismo” e cada tipo de
capitalismo tem sua forma particular de impor seu racismo. De forma dissimulada
ou escancarada tudo nasce de uma necessidade do capital de superexplorar o
trabalho negro. O racismo foi maior na África do Sul justamente porque a
minoria branca estava ilhada em meio uma imensa massa negra (1 branco / 6 negros) que só podia
explorar sob a base da extrema opressão policial fascista. O aumento da tensão
social derivada da chegada da crise econômica no Brasil vem fazendo que tanto o
Estado burguês e a burguesia como setores da classe média acomodada mostrem
cada vez mais os dentes para a classe trabalhadora em geral e os seus setores
mais oprimidos, em particular, para aterrorizar, conter qualquer expressão de
resistência a fim de acentuar a exploração necessária para que seja a nossa
classe a que paga pela crise capitalista. Neste sentido, o aumento da
segregação social e racial corresponde também às necessidades do barateamento
do valor da força de trabalho, da precarização em tempos que o governo comemora
como de “pleno emprego” no país.
O
crescente do terror estatal e a histeria da classe média preconceituosa, com
respaldo da mídia têm incentivado a formação de grupos de ditos “Justiceiros”,
vagabundos de classe média que se acham no direito de turbinar o terrorismo de
classe, bater e torturar os filhos e membros em geral da população
trabalhadora.
O
caso do desaparecimento do operário da construção civil, Amarildo, que foi
torturado e morto pelos “anjinhos” da UPPs na Rocinha/RJ, os pelourinhos
recriados em Copacabana, no Flamengo ou no Cariri nordestino, onde negros são acorrentados,
realizado por quadrilhas da classe média (apoiadas pela mídia como “homens de
bem” pela mercenária midiática como a “jornalista” Rachel Sheherazade, do SBT) são
uma expressão brasileira da “Ku Klux Klam” dos EUA.
A
discriminação que vem acontecendo com jovens pobres, filhos da classe
trabalhadora e negros nos shoppings do Brasil, sempre aconteceu e nunca teve
atenção da mídia, era tratado como coisa normal. Jovens de periferia sempre são
abordados por seguranças que os ameaçam de chamar a policia e acusa-los de
roubo que o lugar deles não é ali, prática comum nos shopping.
Mas,
o ascenso das greves em 2012, seguido pelas manifestações de massa em todo país
em 2013, animou a juventude da periferia a reagir a esta opressão coletivamente,
ainda que a maior parte dela não tenha consciência política deste processo. Os
rolezinhos estas manifestações pacificas de jovens de periferia que aconteceram
em shoppings perto de suas comunidades, “para zoar, dar beijo, rolar umas
paquera, ou tumultuar, pegar geral, se divertir, sem roubos”. Eles não roubaram,
não destruíram, não portavam drogas, mas mesmo assim 23 deles foram levados à delegacia,
como se nada justificasse a detenção. Mas mesmo assim o aparato de repreensão
do governo Alckmin a serviço dos capitalistas donos dos shoppings onde se deu
os chamados “Rolezinhos” agrediu e agiu de forma violenta contra esses jovens
que se manifestavam pacificamente.
Se
não há crime, porque os jovens negros e pobres das periferias da Grande São
Paulo estão sendo criminalizados? Os seguranças passaram, a mando da
administração dos shoppings controlarem quem podia entrar segregando assim
jovens da periferia principalmente negros, a moda da “Apartheid” (política de
segregação racial) da África do Sul ou do tipo de racismo existente até a
década de 1960 nos EUA (agora, tanto a África do Sul quanto os EUA possuem
racismos mais camuflados). Nos EUA, a juventude negra vem realizando seus rolezinhos desde então. Sendo um marco da luta contra o racismo. No Brasil, o primeiro que se tem notícia ocorreu em 2000, em um shopping da zona sul do Rio de Janeiro.
“Parte
da classe média brasileira consumidora desses shoppings mostrou todo seu
preconceito contra a população pobre e negra, definindo os “rolezeiros” de “maloqueiros,
prostitutas e negros”. Negros aqui surgem como palavra de ofensa.
A
resposta violenta da administração dos shoppings, das autoridades publica, da
clientela e de parte da mídia demonstram estão despreparados para lidar com
manifestação pacifica e democrática. Mas
a violência era justamente o fato de não estarem lá para roubar, o único lugar
em que se acostumaram enxergar jovens
negros e pobres. Preferiram concluir que havia intenção de furtar e destruir, o
que era mais fácil de aceitar a admitir que apenas queriam se divertir nos
mesmos lugares que a classe média,desejando os mesmos objetos de consumo que
ela.
Esta
na moda agora a mídia brasileira taxarem qualquer participante de manifestação como
vândalos baderneiros, porque assim enquadram na lei como crime comum, quando na
verdade as manifestações são políticas.
Assim também tentaram enquadrar os jovens participantes dos “Rolezinhos”
como criminosos. Apesar de esses jovens serem os maiores consumidores desses
shoppings, de acordo com pesquisas são responsáveis por 56% do consumo.
Os
“rolezinhos” é apenas uma das insatisfações dos jovens da periferia, que não
tem espaço de lazer,cultura e esporte,quando quer se divertir e é obrigado a
fazer “Pancadão” bailes “Funks”,que é perseguido pela policia. Resta então aos
jovens as drogas e a marginalidade sendo brutalmente assassinado pela policia
corrupta do estado e grupo de extermínio muitos deles formados por policiais.
Os
ônibus queimados na periferia de São Paulo expressam a revolta da população que
cansaram de ver seus filhos sendo mortos e continuar a impunidade desses
criminosos pagos pelo estado para matar jovens pobres e negros em sua maioria.
A
RESISTÊNCIA PROLETÁRIA PRÉ-CARNAVAL
No
Brasil, as classes dominantes, a burocracia sindical e também a esquerda
pequeno burguesa impulsionaram por anos o mito de que só existia luta de
classes depois do carnaval. De fato, até 2014, sempre no início do ano, a
buruguesia realizava os maiores ataques econômicos contra as massas, com
aumentos de transportes, IPTU, cobrança de dívidas, etc, enquanto os
sindicalistas e ativistas vinculados a burocracia sindical andavam de férias.
Desde o final de 2013 e sobretudo em 2014, o quadro vem mudando, com o “natal
dos rolezinhos”, os protestos contra a repressão policial e contra a copa, mas
principalmente com a entrada em cena de alguns setores da classe operária como
a greve nacional dos correios em defesa de suas condições de saúde,
excepcionalmente fora da campanha salarial, contra e apesar da orientação
política das direções sindicais do Rio de Janeiro ou de São Paulo (PCdoB) que
controla os dois maiores sindicatos do país e sabotam a greve, bem como o Sindicato
da Bahia, do PT, que foi obrigado a fazer greve, não conseguindo acabar com a
mesma mesmo levando gente do partido para acabar com ela. Também merecem
destaques a combativa greve dos condutores de Porto Alegre, passando por cima dos
acordos impostos pela patronal e o Sindicato pelego da Força Sindical, cujos
burocratas quase foram linchados pela base, e dos professores do Rio Grande do
Norte.
Nos
bairros proletários é preciso destacar que não apenas aumenta a repressão, mas,
de forma cada vez mais clara vem aumentando a resistência, tanto quando o MTST
suplanta um papel de mobilização política urbana que na década de 1990 era
ocupado pelo MST, mas também quando as massas politicamente desorganizadas saem
a luta como na rebelião de Vila Medeiros, zona norte de São Paulo, ocasionada pelo
assassinato a queima roupa de um morador, que rebelou a região. Fenômeno similar ao que ocorreu em fevereiro de 2014 em Jacarepaguá, zona Oeste do Rio de Janeiro, depois que a polícia matou a dois jovens, se desencadeou um protesto com queima de ônibus, caminhão, banheiro químico, máquinas usadas em obras de empreiteiras. A propósito, como expressão do descontentamento popular
contra a repressão policial, o sistema de transporte e o empresariado, nos
protestos nos bairros proletários tem havido um importante crescimento de
queima de dezenas de ônibus nas principais capitais do país.
O
conjunto do aparato burguês, mídia, polícia e justiça, organiza estrangulamento
da resistência popular e criminalizar aos manifestantes, seja atirando com
balas de chumbo nos manifestantes contra a Copa em São Paulo, seja infiltrando
P2 nas manifestações para armar situações, como a morte do jornalista Santiago
Andrade no Rio, que justifiquem o recrudescimento do combate a resistência, como
armaram contra o catador de rua Rafael Vieira, condenado a 5 anos em regime
fechado por participar dos protestos de rua, acusado de portar coquetéis
molotvs, quando somente portava desinfetantes e água sanitária.
Nesta
conjuntura, o governo do PT se esmera por prestar o melhor serviço possível a
reação, afim de continuar capitaneando o comitê gestor dos negócios do
imperialismo e da grande burguesia brasileira. Não por acaso, o senador petista
Jorge Viana (PT-AC) fez o pedido pedido para que o projeto de lei
antiterrorista seja colocado em votação imediatamente, aproveitando a comoção
popular em torno do assassinato do jornalista por agentes policiais.
Ainda
que em alguns casos, provavelmente, neste primeiro momento, a revolta popular dos
bairros proletários e cadeias venha sendo capitalizada pelas poucas
organizações que existem como o PCC e Cia. isto apenas expressa a carência da
organização política da população através de organizações da esquerda
revolucionária, através de um programa claro de enfrentamento contra o conjunto
do capital, suas empresas (legais ou ilegais) e seu Estado. Para
verdadeiramente dar uma saída progressiva a resistência popular somente organizando
um partido revolucionário que lute pelo passe livre, principal bandeira que
impulsionou as mobilizações do ano passado, contra os despejos e incêndios
causados pela especulação imobiliária e pela Copa, pela dissolução da PM, pelo fora
UPPs e constituição de comitês de autodefesa pelos sindicatos e associações de
moradores dos bairros proletários, em defesa do direito de greve e de
manifestação, jornada de trabalho de 7h diárias-35h semanais, da redução da
jornada sem redução salarial e com reposição das perdas históricas, atraindo o
proletariado para as ruas. Toda esta agitação deve combinar-se a explicação
paciente da necessidade de um governo próprio da classe, um governo operário e
dos trabalhadores.
Sabemos
que só a sociedade Socialista pode proporcionar aos jovens melhores condições
de vida com boas escolas, esporte cultura e lazer aos filhos da classe
operária. Ao capitalismo interessa proporcionar bem estar à burguesia e seus filhos,
chegou a hora dos jovens de periferia engajar nas lutas políticas em direção a
uma sociedade igualitária, o comunismo.
Mais artigos da Liga Comunista sobre o tema:
SADISMO
MIDIÁTICO
Do
Folha do Trabalhador #12 maio de 2012
http://lcligacomunista.blogspot.com.br/2012/05/sadismo-midiatico.html