Acordo
escravocrata entre Sindicato do PSTU e a multinacional GM aumenta a jornada de
trabalho, reduz o salário e permite a demissão de centenas de operários pais de família
Mais
uma vez o PSTU faz das suas em São José dos Campos-SP, depois das mais de 4 mil demissões na Embraer
em 2009, depois do culto à justiça burguesa e à ilusão da intervenção do governo federal petista que levaram à derrota da resistência no Pinheirinho, agora, o PSTU vende os trabalhadores em layoff da GM, permitindo sua demissão
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Contratar pagando aos novos metalúrgicos quase metade (apenas 58%) do que paga aos que vai demitir era o grande objetivo da empresa, conquistado graças ao “combativo” Sindicato da CSP-Conlutas. Em outras palavras, foi fechado um acordo escravocrata para aprofundar a exploração da mais valia absoluta (extensão da jornada de trabalho e horas extras) e garantir a contratação de novos trabalhadores com salários muito menores para substituir as centenas de operários pais de família que foram ou que serão demitidos.
Desde
a crise de 2008, a GM teve como meta reduzir os salários e operar uma
rotatividade de mão de obra, livrando-se de boa parte dos antigos e “caros”
funcionários e substituindo-os por novos mais baratos. Por isto, choramingava
contra o alto custo da mão-de-obra chantageando desde julho com o fechamento do
setor de Montagem de Veículos Automotores (MVA) ou até ameaçando o fechamento
de toda a fábrica que possui sete mil operários. Em 2012 a planta deixou de
produzir três dos quatro modelos do MVA: Meriva, Zafira e Corsa hatch, mantendo
apenas a produção do Classic. O MVA operava com 3.000 funcionários, mas depois
da abertura de um primeiro Programa de Demissões Voluntárias (PDV), demissões avulsas e transferências para outros setores, em agosto este número
caiu a cerca de 1.840 funcionários. Nos últimos meses, 940
trabalhadores foram pressionados a ingressar em PDVs e 780 submetidos ao layoff (suspensão
temporária do contrato de trabalho). Agora, com mais centenas de demissões previstas, a
GM chegará próximo de sua meta e ainda conseguirá impor ritmos de produção e um
piso salarial que considera ideal.
A direção da empresa ficou tão feliz que o diretor de relações internacionais da GM, Luiz Moan, declarou saltitante um investimento de R$ 500 milhões na planta ressaltando que “até este acordo, não estava previsto um centavo de investimento para a planta de São José” (Do G1 Vale do Paraíba e Região, 28/01/2013) [3]. O desânimo da montadora para não investir nem “um centavo”, graças ao PSTU, converteu-se em euforia com o novo acordo trabalhista e ela resolveu enfiar o pé na jaca e investir 500 milhões!
A direção da empresa ficou tão feliz que o diretor de relações internacionais da GM, Luiz Moan, declarou saltitante um investimento de R$ 500 milhões na planta ressaltando que “até este acordo, não estava previsto um centavo de investimento para a planta de São José” (Do G1 Vale do Paraíba e Região, 28/01/2013) [3]. O desânimo da montadora para não investir nem “um centavo”, graças ao PSTU, converteu-se em euforia com o novo acordo trabalhista e ela resolveu enfiar o pé na jaca e investir 500 milhões!
Antes
do acordão “a direção [da GM] considerava a planta de São José pouco
competitiva por conta do elevado custo da mão de obra em comparação com a
concorrência.” (idem), mas agora a multinacional fez barba e cabelo e conseguiu
que, em nome do combate às demissões, o Sindicato fizesse lobby a seu favor
junto à prefeitura de SJC e o governo federal, garantindo não apenas benesses,
financiamentos e mais isenções fiscais (redução do IPI) mas sobretudo ganhando em
competitividade graças ao acordo escravocrata que ampliará a jornada, reduzirá
o piso salarial e possibilitará trocar um trabalhador “velho e caro” por 2
jovens e baratos que além de custarem quase a metade à patronal, ainda trabalharão duas horas a mais
por dia.
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Para o PSTU o combate às demissões não se faz com greve mas com ilusões em Dilma |
Neste
meio tempo ocorreu a campanha salarial unificada dos metalúrgicos de São José,
Campinas, Santos e Limeira, todavia, por pressão da GM, o Sindicato da
CSP-Conlutas fez um acordo antecipado e rebaixado, prejudicando o acordo nas
bases metalúrgicas de Campinas, Santos e Limeira, e contribuindo para nivelar
por baixo os acordos dos outros sindicatos. Vale destacar que o PSTU rompeu a
campanha salarial unificada para fazer sua base aprovar em SJC um índice de
reajuste salarial e um abono tão miseráveis que foram rechaçados pela base
metalúrgica da GM de São Caetano cuja direção é da Força Sindical. O PSTU
conseguiu aprovar junto à sua base o que nem os pelegos da Força Sindical
conseguiram impor a sua em São Caetano!
Esta
é uma derrota de proporções enormes para todo o operariado brasileiro, pois, a
partir de agora, tanto o conjunto do patronato multinacional instalado aqui e
os empresários locais, quanto os pelegos de todos os matizes e em particular os da
CUT e da Força Sindical, se sentirão muito mais a vontade para trair também sua
base e empurrar goela abaixo o Acordo Coletivo Especial defendido pelo
Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista, ligado a CUT pelega.
Afinal, este
acordo do PSTU não é apenas mais um acordo, este é “O” acordo por excelência do
sindicato mais forte dirigido pelo PSTU, ao operariado metalúrgico da maior
indústria automobilística do planeta, a GM [5]. O oportunismo da coligação comEdmilson (PSOL) e o PCdoB em Belém é nada (embora seja complementar) frente aisto. O apoio aos “rebeles” da CIA na Líbia e na Síria também são
complementares a esta trajetória assumida pelo PSTU contra os interesses dos trabalhadores e em favor das multinacionais imperialistas (sejam elas automobilísticas ou petroleiras).
Com esta política, que se somam as mais 4.000 demissões da Embraer e a derrota
da ocupação do Pinheirinho dentre tantas outras menores, o PSTU consolidou um
curso de derrotas para os setores da classe trabalhadora para quem o partido
assumiu alguma responsabilidade política dirigente.
Zé Maria do PSTU/CSP-Conlutas e o pelego Paulinho da Força Sindical "contra as demissões na Embraer", resultado: 4.300 demissões |
Para
reverter esta derrota, e evitar outras futuras, os trabalhadores da GM e das demais fábricas da região precisam
organizar-se por fora do controle dos patrões e do PSTU, a partir de CIPAs e comissões de fábricas combativas, na luta pela reconquista do sindicato tanto para a
defesa das reivindicações mais elementares como o emprego, o salário e a
redução da jornada de trabalho quanto dos interesses históricos da classe
trabalhadora, ou seja, a construção de um partido revolucionário dirigido pela
vanguarda mais consciente e classista do operariado e que tenha por finalidade
a nossa emancipação da exploração imposta pelo capital, seu Estado e seus pelegos,
incluindo os que se disfarçam de esquerda.
Notas
[1] Vale lembrar que um dos primeiros acordos em que os metalúrgicos conseguiram reduzir a jornada de trabalho foi através da greve da GM de São José dos Campos em abril de 1985, quando os metalúrgicos fizeram uma ocupação da empresa que prenderam inclusive a chefia da empresa. Agora é o PSTU quem ajuda a GM a destruir as conquistas operárias e no sentido contrário a ampliar a jornada de trabalho.
[1] Vale lembrar que um dos primeiros acordos em que os metalúrgicos conseguiram reduzir a jornada de trabalho foi através da greve da GM de São José dos Campos em abril de 1985, quando os metalúrgicos fizeram uma ocupação da empresa que prenderam inclusive a chefia da empresa. Agora é o PSTU quem ajuda a GM a destruir as conquistas operárias e no sentido contrário a ampliar a jornada de trabalho.
[2]
150 dos quais estão em situação menos ruim porque estão lesionados, com auxílio acidente (código b-94) ou estão
próximos a aposentadoria
[3]
http://g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/noticia/2013/01/acordo-entre-gm-e-sindicato-possibilita-corte-de-650-funcionarios.html
[4] Como agora em que os trabalhadores que estão de layoff e estiveram na linha de frente da luta (foram a Brasília, trancaram a Dutra, fizeram protesto em SJC debaixo de chuva, etc.) sentem-se usados como isca e traídos pelo Sindicatos que não garantiu seus empregos quando assinou o acordo, esta sequência de derrotas causa desconfiança na base em relação a direção e gera um ciclo vicioso que a própria direção se utiliza para alegar que a base não quer fazer greve. Há um ano a Liga Comunista cantou a bola em meio ao despejo do Pinheirinho e
início da ofensiva da GM no artigo: Lições da derrota: O papel da direção - o
PSTU - e do Estado capitalista no Pinheirinho -
http://lcligacomunista.blogspot.com.br/2012/02/especial-pinheirinho-especial.html
[5] Leia abaixo os principais pontos do acordo:
· Investimento de R$ 500 milhões direcionados às áreas do Powertrain (motores e transmissão), Estamparia e S10, no período de 2013 e 2017.
· Produção do Classic até dezembro, com 750 trabalhadores. Após esse período, haverá nova negociação.· Férias coletivas entre os dias 29 de janeiro a 14 de fevereiro para os trabalhadores da produção do Classic.
· Quem está em layoff terá extensão do processo por dois meses. Ao final, se a empresa demitir, terá que pagar uma multa de três salários. O trabalhador poderá optar por sair imediatamente e receberá cinco salários, além dos direitos trabalhistas.
· Renovação das cláusulas sociais na data-base da categoria para 2013 a 2015. As cláusulas econômicas serão negociadas em setembro. Nesse período não haverá abono.
· PLR igual a de 2012 mais R$ 3.200, totalizando cerca de R$ 16 mil. Em maio, haverá negociação das metas. A primeira parcela será de R$ 6,6 mil.
· Discussão entre GM e Sindicato sobre formas de antecipação da aposentadoria para quem estiver prestes a se aposentar.
· A GM se compromete a negociar, em primeiro lugar, com o Sindicato, caso haja projeto de investimento em um novo veículo no Brasil.
· Nova grade salarial para funcionários admitidos a partir da assinatura do acordo, apenas na fábrica de componentes (Powertrain, Estamparia e Plástico), com piso de R$ 1.800.
· Jornada de trabalho que possibilita duas horas extras por dia e trabalho extraordinário aos sábados, alternadamente. Poderá haver folga em até 12 dias por ano, que serão compensados posteriormente.
· Reaproveitamento de lesionados em atividades compatíveis, devendo ser definidas em conjunto com o sindicato.
· Garantia do nivel de emprego até dezembro de 2013 no MVA e dezembro de 2014 para o restante da planta de São José dos Campos.
· Ajuste na cláusula de nível de emprego da área de manuseio de materiais, de 1203 para 900 empregados.
· Garantia de renovação/extensão dos acordos de jornadas diferenciadas de trabalho (6 x 1; turno de revezamento e jornada de domingo mediante pagamento de hora extra e com folga na semana) pelo período de dois anos.
· Inclusão em cláusula de acordo coletivo, reconhecendo que o período de minutos que antecedem e sucedem a jornada contratual, limitados a 40 minutos diários, não serão considerados como tempo a disposição da empresa. Na hipótese de ocorrer desligamento da fábrica, o Sindicato ajuizará ação referente ao período anterior a esta negociação.
· O acordo terá duração de dois anos.
(Fonte: Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região)
[5] Leia abaixo os principais pontos do acordo:
· Investimento de R$ 500 milhões direcionados às áreas do Powertrain (motores e transmissão), Estamparia e S10, no período de 2013 e 2017.
· Produção do Classic até dezembro, com 750 trabalhadores. Após esse período, haverá nova negociação.· Férias coletivas entre os dias 29 de janeiro a 14 de fevereiro para os trabalhadores da produção do Classic.
· Quem está em layoff terá extensão do processo por dois meses. Ao final, se a empresa demitir, terá que pagar uma multa de três salários. O trabalhador poderá optar por sair imediatamente e receberá cinco salários, além dos direitos trabalhistas.
· Renovação das cláusulas sociais na data-base da categoria para 2013 a 2015. As cláusulas econômicas serão negociadas em setembro. Nesse período não haverá abono.
· PLR igual a de 2012 mais R$ 3.200, totalizando cerca de R$ 16 mil. Em maio, haverá negociação das metas. A primeira parcela será de R$ 6,6 mil.
· Discussão entre GM e Sindicato sobre formas de antecipação da aposentadoria para quem estiver prestes a se aposentar.
· A GM se compromete a negociar, em primeiro lugar, com o Sindicato, caso haja projeto de investimento em um novo veículo no Brasil.
· Nova grade salarial para funcionários admitidos a partir da assinatura do acordo, apenas na fábrica de componentes (Powertrain, Estamparia e Plástico), com piso de R$ 1.800.
· Jornada de trabalho que possibilita duas horas extras por dia e trabalho extraordinário aos sábados, alternadamente. Poderá haver folga em até 12 dias por ano, que serão compensados posteriormente.
· Reaproveitamento de lesionados em atividades compatíveis, devendo ser definidas em conjunto com o sindicato.
· Garantia do nivel de emprego até dezembro de 2013 no MVA e dezembro de 2014 para o restante da planta de São José dos Campos.
· Ajuste na cláusula de nível de emprego da área de manuseio de materiais, de 1203 para 900 empregados.
· Garantia de renovação/extensão dos acordos de jornadas diferenciadas de trabalho (6 x 1; turno de revezamento e jornada de domingo mediante pagamento de hora extra e com folga na semana) pelo período de dois anos.
· Inclusão em cláusula de acordo coletivo, reconhecendo que o período de minutos que antecedem e sucedem a jornada contratual, limitados a 40 minutos diários, não serão considerados como tempo a disposição da empresa. Na hipótese de ocorrer desligamento da fábrica, o Sindicato ajuizará ação referente ao período anterior a esta negociação.
· O acordo terá duração de dois anos.
(Fonte: Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região)